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at
Renascimento.
No
nosso
caso,
isso
se
deu
at,
um
gnero;
em
decorrncia,
tampouco
podem
exemplificar
sabe que no deve esperar um soneto. que, acima de tudo, arte forma. Para
elucidar isso, consideremos a pedra na natureza e depois talhada. De pedra, vira
esttua, p. ex., e desse modo passa a ser tratada; no mais pedra, mas esttua. O
exemplo conhecido do personagem Pinquio tambm eloquente: o que faz da
madeira Pinquio no a madeira, mas a forma.
Examinemos agora a concepo da gnese do texto literrio. Vou
experimentar expor uma possibilidade. O produtor do texto l o mundo concretosensorial e o imaginrio social (da sua cultura ou doutras) e os transforma em
tecido de palavras, com as caratersticas peculiares ao que designamos como
literrio: o conjunto de marcas que constroem o que no sculo 20 se chamou de
literaridade. O leitor do texto, por sua vez, o l e o relaciona com o mundo
concreto-sensorial que ele conhece e ao imaginrio que o envolve culturalmente.
Com isso constri o que Carlos Fuentes (1969) denominou o real. Noutras
palavras: a realidade mais o imaginrio elaboram o real, que o mbito em que
atuam as artes. Dizer realidade mais imaginrio pode esconder simplificao.
Esse , na prtica, de fato, um processo complexo, em que, a exemplo da trama
do tecido do texto, tudo se trana indelevelmente e assim permanece. A
habilidade no tranar que costumamos chamar de arte. Toda essa reflexo leva
a outra concluso interessante: como arte principalmente forma e como literatura
arte, literatura principalmente forma. Por isso os gneros so principalmente
formas. Analisemos um exemplo comum: um texto jornalstico (prioritariamente
comunicativo), sobre qualquer assunto, ao ser reescrito literariamente (marcas
predominantemente expressivas), passa a ser outra coisa (impura). Ao alterar-lhe
a forma do tecido o discurso literrio especfico de cada texto possvel
classificar esse texto como literrio e no mais como jornalstico. Que houve com
ele? O que houve com ele foi que, para alm do mundo concreto-sensorial,
empregou-se o imaginrio social e se acrescentaram a imaginao do produtor do
texto e, depois, a do leitor. Sobretudo, o discurso foi trabalhado de forma peculiar.
Por exemplo: ele ganhou em opacidade e polissemia. A leitura em cada uma
dessas condies no se processa da mesma maneira. No se entenda, porm,
que o texto jornalstico ou mesmo o hoje por vezes mtico texto cientfico no