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Organizadora

Cássia Damiani

Comitê Editorial
Cássia Damiani - SE
Gianna Lepre Perim SNEED
Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto - SNDEL
Marco Aurélio Ravanelli Klein - SNEAR

Colaboradores
Ana Cristina Gonçalves dos Santos
Andréa Nascimento Ewerton
Cyro Viegas
Fernando Marinho Mezzadri
Juliana de Oliveira Freire
Micheli Ortega Escobar
Rossana Valeria Souza e Silva

Fotógrafos do Ministério do Esporte:


Aldo Dias
Bruno Carvalho
Francisco Medeiros

Coletânea Esporte e Lazer: Políticas de Estado (1.: 2009: Ministério do


Esporte DF): Caderno I: Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano

Brasília: Ministério do Esporte, 2009.


52 p.

1. Esportes Congresso. 2. Conferência Nacional de Esporte . 3. Política


Pública. Título.

CDU 796 (042,3)


Sumário

Palavra do Ministro................................................................................................07
Apresentação.........................................................................................................09
Documento Final da I Conferência Nacional do Esporte........................................11
Carta de Brasília..............................................................................................13
Resolução de Criação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer..........................15
Propostas de Ação aprovadas na Plenária Final.................................................17
Política Nacional do Esporte..................................................................................25
Considerações Finais..............................................................................................49
Palavra do Ministro

O Brasil vive o momento em que o desenvolvimento social e a redução das desigualdades se concretizam
em consonância com o crescimento econômico e com ampliação de liberdades democráticas. Assim, o país
conquistou definitivamente o reconhecimento e a confiança internacional. Isso eleva a qualidade de vida e a
esperança do povo brasileiro.

Nos últimos anos, tivemos também avanços e conquistas no esporte nacional. Os resultados, antes de
serem espontâneos, espelham a determinação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em 2003,
pela primeira vez na nossa história, criou um ministério exclusivo para o setor e com isso, o esporte e o
lazer firmaram-se como direitos de cidadania. O Brasil definiu como centro da política de esporte a inclusão
social e o desenvolvimento humano, e criou programas esportivos e sociais que o projetaram no cenário
internacional.

A vitória do Rio de Janeiro como cidade sede para as Olimpíadas e Para-olimpíadas de 2016, concretiza os
esforços do governo federal para colocar o país no centro dos grandes eventos esportivos mundiais. Um
marco decisivo foi a realização, em 2007, no Rio, dos melhores Jogos Pan-Americanos da história. Trouxemos
a Copa de 2014 e agora as Olimpíadas 2016, um feito inédito. A conquista de sediar os maiores eventos
esportivo do mundo se sustenta no paradigma dos legados que contribui com o crescimento do Brasil, a
transformação urbana das cidades e o desenvolvimento social sustentável por meio do esporte.

Isso significa impulso às ações da Política Nacional do Esporte, maior acesso das crianças e da juventude ao
esporte e ao lazer, ampliação da formação esportiva e do desenvolvimento da carreira de atletas, elevação
dos resultados esportivos e da qualidade dos programas sociais, como o Segundo Tempo e o Esporte e Lazer
da Cidade.

O Ministério do Esporte quer consolidar o esporte e o lazer como políticas de estado que, além de fomentar
a cadeia produtiva do esporte, possibilitarão novas oportunidades de trabalho e renda, e aumentarão a
capacidade administrativa e tecnológica do país para realizar grandes eventos esportivos.

Esse conjunto de fatores torna a política do esporte estratégica para o desenvolvimento do país que pretende
ser a quinta potência econômica em 2016 e, figurar entre as dez maiores potências olímpicas do mundo.

Fazer o esporte participar do desenvolvimento do Brasil implica na estruturação do Sistema Nacional de Esporte
e Lazer, tema que merece nossa atenção porque representa mais órgãos próprios de gestão nos estados e
municípios, mais orçamento para o esporte e lazer e o aperfeiçoamento dos mecanismos democráticos e de
instâncias como a Conferência Nacional do Esporte e o Conselho Nacional do Esporte, que contribuem com
o controle social das políticas públicas.

Amadurecemos e tornamos pujante o Ministério do Esporte, agora apresentamos ao debate sua trajetória no
campo institucional. A coletânea “Esporte e Lazer: Políticas de Estado” é um convite para o leitor conhecer o
espaço de materialização da Política Nacional do Esporte.
Apresentação

O Ministério do Esporte criado em 2003 com a missão de “Formular e implementar políticas públicas inclusivas
e de afirmação do esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos, colaborando para o desenvolvimento
nacional e humano”, apresenta esta coletânea, que objetiva sistematizar as experiências do Governo Federal
na gestão de políticas públicas de esporte e lazer.

Nesse sentido, para qualificar e aperfeiçoar o trato com conhecimento e a execução dos programas e ações,
considerando a evolução conceitual, a formação, os instrumentos administrativos e os mecanismos de
participação social, bem como fazer resgate histórico e democratizar o acesso à informação e documentação
dessas Políticas Públicas, a presente coletânea está organizada em três volumes. Dois volumes tratam dos
debates ocorridos na Conferência Nacional do Esporte - CNE, instituída por Decreto Presidencial em 2004,
um marco histórico para área do esporte e lazer no Brasil, e o terceiro volume apresentará os programas e
ações do Ministério do Esporte.

O Caderno I - Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano, traz as produções da I CNE, desde a Carta de Brasília,
que sintetiza o conteúdo debatido e aprovado por milhares de pessoas em todo Brasil, indica subsídios para
construção da Política Nacional do Esporte e a resolução de Criação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer
e finaliza esse volume com a apresentação da Política Nacional do Esporte, aprovada pelo Conselho Nacional
do Esporte no ano de 2005.

O Caderno II – Construindo o Sistema Nacional de Esporte e Lazer apresenta três textos preparatórios da II CNE,
elaborados para orientar os debates nas conferências municipais e estaduais, culminando nas deliberações da
Etapa Nacional, sendo eles: Fundamentação sobre o Sistema Nacional de Esporte e Lazer, Relatório do I Fórum
do Sistema Nacional de Esporte e Lazer, Considerações sobre o Projeto de Lei do Estatuto do Esporte. Ainda
nesse volume serão apresentados: Documento final com as resoluções da II CNE, como também o documento
síntese de elaborações teóricas de Especialistas (Pesquisadores de IES e institutos, dirigentes esportivos,
professores, gestores, e outros), após os debates da Reunião sobre o Sistema Nacional de Esporte e Lazer,
promovida pelo Ministério do Esporte, de 03 a 07 de dezembro de 2007. Esta reunião deliberou a criação de
um Fórum Virtual para problematizar o tema, que deu origem ao último texto desse volume: Subsídios para
concepção do Sistema Nacional de Esporte e Lazer.

O Caderno III – Programas e Ações do Ministério do Esporte é um espaço de socialização das ações das
Secretarias Finalísticas do Ministério, apresentando as diretrizes, os principais programas e projetos, seus
conceitos, funcionamento, formas de acesso e abrangência. Neste Caderno preparando o debate para a III
Conferência, será apresentado um diálogo com outras áreas que construíram e/ou estão construindo seus
respectivos sistemas. E por fim apresenta as linhas para um debate em torno da construção de um Plano
Decenal do Esporte e do Lazer.

Espera-se que essa coletânea seja uma contribuição aos gestores de esporte e lazer municipais e estaduais,
bem como a todos que direta ou indiretamente formulam, implementam, pesquisam ou participam de políticas
públicas de esporte e lazer para atender com qualidade os anseios da população brasileira.

Comitê Editorial

9 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


Foto: Francisco Medeiros - ME
Documento Final da I Conferência Nacional do Esporte
Organizadores da i conferência nacional do esporte

Ministério do Esporte
Ministro: Agnelo Santos Queiroz Filho (na época)
Secretário-Executivo: Orlando Silva de Jesus Júnior (na época)
Chefe de Gabinete do Ministro: Francisco Cláudio Monteiro (na época)
Secretário Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer: Lino Castellani Filho (na época)
Secretário Nacional de Esporte Educacional: Ricardo Leyser Gonçalves (na época)
Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento: André Almeida Cunha Arantes (na época)

Equipe Organizadora da I Conferência Nacional do Esporte


Coordenação-Geral: Orlando Silva de Jesus Júnior
Coordenação-Executiva: Gianna Lepre Perim
Coordenação de Texto: Jaime Sautchuk
Coordenação-Operacional: Cláudia Rodrigues da Silva
Coordenação de Publicidade e Marketing: Tatiana Martinewski Bicca
Coordenação de Mobilização: Andréa Nascimento Ewerton e Marcelo Pereira de Almeida Ferreira
Coordenação de Sistematização: Ronaldo Tadeu Formiga e Luiz Fernando Camargo Veronez
Coordenação Geral de Informática: Jorge Andrade
Coordenação de Regulamento e Regimento: Douglas Morato Ferrari
Coordenação Administrativa: Alex Sandro de Mattos
Coordenação de Comunicação: Adeildo Bezerra
Assessoria de Imprensa: Christiane Cuesta Telles Pereira, Rafael Godoi e André Diniz
Assessoria de Informática: Glauco Monte
Assessoria de Sistematização: Sandra Dantas e Thaís Pena

Equipe de Apoio
Andréia Alves de Jesus, Danielle Rodrigues de Lima, Liane Santana Matsunaga, Marco Antônio da Silva Gurtler,
Nágila Marie Curi Falcão Borba, Patrícia Alves de Lima, Rodrigo Marcelo Simões.
Carta de Brasília
Momento Histórico

Este 20 de junho de 2004 já é parte importante da história do esporte e lazer brasileiros. Nós, participantes
da I Conferência Nacional do Esporte, com muita alegria em nossos corações, vemos que nossos sonhos
começam a virar realidade. Estamos criando as condições para fazer do esporte e do lazer atividades essenciais
na vida de todos os brasileiros e brasileiras.

A própria realização da Conferência já é uma vitória. Jamais em nossa história tivemos, como temos agora,
ampla participação da sociedade no processo de formulação das políticas públicas para o esporte e o lazer. É
uma forte mobilização que se transforma num entendimento nacional pelo esporte e pelo lazer, num sentido
amplo e democrático.

Foram quatro dias de debates, deflagrados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ato no belo Teatro Nacional
de Brasília. Vínhamos com o respaldo de 83 mil pessoas que se mobilizaram em 873 municípios, 26 estados e
Distrito Federal. Não representamos apenas o chamado segmento de esporte e lazer, mas toda sociedade.

Aprovamos a política de esporte e lazer que vem sendo implantada, com foco na inclusão social. Estamos
convictos de que é a política mais adequada para o nosso tempo.

O tema “Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano” propiciou um debate amplo sobre todos os aspectos
do esporte e lazer. E ficou claro: esta luta não tem donos. É de todos os brasileiros e brasileiros em favor de
uma sociedade melhor.

Desse intenso processo de debates, surgiu a vigorosa proposta de criarmos o Sistema Nacional de Esporte e
Lazer, com eixos em políticas nacionais de gestão participativa e controle social, de recursos humanos e de
financiamento. Será um sistema descentralizado e regionalizado.

No campo do financiamento, pelo momento em que vivemos, desde logo destacamos nosso apoio à criação
de uma Lei de Incentivo ao Esporte e o nosso desejo de rápida aprovação, pelo Senado Federal, da lei que
cria a Bolsa-Atleta.

Nos recursos humanos, sustentamos que todas as atividades esportivas e de lazer, quando orientadas, o sejam
por trabalhadores qualificados. Isto, em caráter multiprofissional e multidisciplinar.

No controle social, é unânime a tese de que a democracia participativa é que deve reger as ações também
neste campo da vida em nosso país.

As teses e propostas resultantes desta Conferência irão referenciar, a partir de agora, a Política Nacional do
Esporte e Lazer.

Brasília, 20 de junho de 2004

13 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


Resolução de Criação do
Sistema Nacional de Esporte e Lazer
A I Conferência Nacional do Esporte aponta para Objetivos
a construção do Sistema Nacional de Esporte e
Lazer, a partir de princípios, diretrizes e objetivos • Promover a cidadania esportiva e de lazer, na sua
estruturantes que visam unificar a ação do conjunto dimensão científica, política e tecnológica, com
dos atores compreendidos no segmento do esporte ênfase nas pesquisas referenciadas socialmente;
e do lazer em todo o território nacional. • Garantir a democratização e a universalização
do acesso ao esporte e ao lazer, na perspectiva
da melhoria da qualidade de vida da população
Princípios brasileira;

1. O projeto histórico de sociedade comprometido • Descentralizar a gestão das políticas públicas de


com a reversão do quadro de injustiça, exclusão e esporte e lazer;
vulnerabilidade social ao qual se submete grande • Detectar e desenvolver talentos esportivos em
parcela da nossa sociedade; potencial e aprimorar o desempenho de atletas e
paraatletas de rendimento;
2. O reconhecimento do esporte e do lazer como
direitos sociais; • Fomentar a prática do esporte educacional
e de participação, para toda a população, e o
3. A inclusão social compreendida como a garantia fortalecimento da identidade cultural esportiva a
do acesso aos direitos sociais de esporte e lazer partir de políticas e ações integradas com outros
a todos os segmentos, sem nenhuma forma de segmentos.
discriminação, seja de classe, etnia, entre religião
gênero, nível socioeconômico, faixa etária e O Sistema Nacional de Esporte e Lazer compreende
condição de necessidade especial de qualquer as esferas de atuação pública e privada e considera
espécie; a existência de uma ampla rede de gestores,
entidades de representação do esporte, do lazer,
4. A gestão democrática e participativa, com ênfase prestadores, profissionais, atletas e a população
na transparência no gerenciamento dos recursos. atendida.

A construção do Sistema Nacional de Esporte e


Diretrizes Lazer deverá observar a indicação de competências
1. Política esportiva e de lazer descentralizada; das esferas nacional, estadual e municipal.

2. Gestão participativa; O Sistema Nacional de Esporte e Lazer pressupõe


um processo integrado que compreende um
3. Acesso universal;
corpo unificado de políticas públicas da União, dos
4. Controle social da gestão pública; Estados e dos Municípios.
5. Desenvolvimento da nação; O conjunto das políticas nacionais e a legislação do
6. Integração étnica, racial, socioeconômica, reli- segmento devem estar consolidados como partes
giosa, de gênero e de pessoas com deficiência e constituintes do Sistema Nacional de Esporte e Lazer.
com necessidade especial de qualquer natureza;
Serão consideradas como Eixos do Sistema Nacional
7. Desenvolvimento humano e promoção da inclu- de Esporte e Lazer, a Política Nacional de Recursos
são social. Humanos, a Política Nacional de Financiamento

15 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


e o Controle Social, que pressupõe a existência 1. Recursos públicos diretos da União, dos Estados
de mecanismos democráticos e participativos de e dos Municípios;
gestão, como os conselhos do esporte e do lazer 2. Recursos públicos de órgãos e instituições da
administração indireta nas três esferas: Municípios,
e as Conferências Nacionais, que assegurem a Estados e União;
participação de todos os envolvidos. 3. Recursos provenientes da vinculação de parte
das receitas de impostos e taxas nas três esferas:
A Política Nacional de Recursos Humanos deve Municípios, Estados e União;
indicar como se articulam e se constituem os 4. Recursos provenientes de medidas de incentivo
recursos humanos necessários ao Sistema Nacional fiscal;
de Esporte e Lazer. 5. Recursos provenientes da vinculação de parte
das receitas de concursos de prognósticos, loterias
Três aspectos devem ser considerados na elaboração e outras modalidades de apostas;
da Política Nacional de Recursos Humanos: 6. Recursos provenientes de Fundos e outras
medidas de fomento ao esporte e ao lazer;
1. O caráter multiprofissional (diversos profissio- 7. Recursos provenientes de linhas de crédito e
nais) e multidisciplinar (diversas áreas do conheci- incentivos a toda a cadeia produtiva vinculada ao
mento) desses recursos humanos; segmento.
2. A necessidade de capacitação dos recursos hu- As diretrizes de aplicação dos recursos destinados
manos já inseridos no segmento;
ao financiamento do Sistema Nacional de Esporte
3. A necessidade de formação de novos recursos
humanos qualificados. e Lazer são:

A política Nacional de Financiamento deve 1. Assegurar a permanência e continuidade do


indicar as fontes de recursos e as diretrizes de financiamento;
financiamento. 2. Atender às três esferas: Municípios, Estados e
União a partir das competências de cada uma;
Serão consideradas como fontes de financiamento 3. Atender ao conjunto das entidades do esporte
nacionais, estaduais e municipais, os atletas e
do Sistema Nacional de Esporte e Lazer:
a população atendida no âmbito do Sistema
Nacional de Esporte e Lazer;
4. Assegurar a implementação das políticas que
Foto: Francisco Medeiros - ME visem à inclusão social e ao atendimento das
pessoas com deficiências e com necessidades
especiais;
5. Atender à infra-estrutura e aos equipamentos
necessários à implementação das políticas e
programas;
6. Atender à capacitação dos recursos humanos
já inseridos no segmento e à formação de novos
recursos humanos qualificados;
7. Atender ao fomento e desenvolvimento
científico e tecnológico;
8. Contemplar a multiplicidade de experiências
e especificidades regionais de todo o território
nacional e a eqüidade na aplicação dos recursos.
As demais políticas nacionais já existentes e/ou
formuladas – esporte educacional e escolar, esporte
e paraesporte de alto rendimento, esporte social
e outras - visando o atendimento aos princípios,
diretrizes e objetivos já definidos, deverão estar
referenciadas no Sistema Nacional de Esporte e
Lazer.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 16


Propostas de Ação aprovadas
na Plenária Final
Em complemento ao Sistema Nacional de Esporte e e paraatletas e programas anti-drogas, desde a
Lazer, a I Conferência Nacional do Esporte, indicou base até o treinamento de alto rendimento. Estas
as seguintes propostas de ação: estruturas devem ser dotadas de equipamentos,
recursos humanos, científicos, médicos, fisiote-
rapeutas e profissionais de Educação Física, e ins-
Esporte e Alto Rendimento talações apropriadas, de forma regionalizada e
• Definir e implementar uma Política Nacional descentralizada em diversos municípios de todos
do Esporte contemplando o desenvolvimento do os Estados brasileiros, priorizando a utilização e
esporte olímpico, paraolímpico e não-olímpico; adequação de espaços ociosos já existentes em
estabelecer um sistema nacional de capacitação entidades esportivas, sem fins lucrativos ou eco-
profissional para professores de Educação Física, nômicos, instalações militares, escolas etc.
técnicos, preparadores físicos e dirigentes de es-
• Garantir junto às agências de bacias hidrográ-
portes de base e alto rendimento, por intermédio
ficas a destinação de uma porcentagem mínima
de incentivos à pesquisa, intercâmbio e cursos.
de 3% dos recursos oriundos da cobrança pelo
• Aumentar, descentralizar e fiscalizar os recur- uso da água potável, existentes nos rios e lagos
sos financeiros destinados ao esporte de alto ren- brasileiros para subsidiar os esportes em geral.
dimento em todas as suas vertentes – olímpico,
paraolímpico e não-olímpico – por meio da cria-
Esporte Educacional
ção de leis de incentivo fiscal; destinação de 3%
dos recursos arrecadados das multas de trânsito, • Os investimentos federais, estaduais, distritais
do fundo de defesa do consumidor e do DPVAT; e municipais devem contemplar: a) aquisição de
participação na arrecadação de loterias, bingos e material esportivo, implementos paradesportivos e
outros jogos legalizados ou a serem legalizados, cadeiras de rodas paradesportivas; b) construção,
como mecanismo de financiamento para a auto- restauração, manutenção, ampliação e conclusão
nomia do esporte de alto rendimento, priorizan- de infra-estrutura necessária à educação física, ao
do os investimentos em categorias de base. esporte educacional e ao lazer, nas escolas e em
espaços municipais urbanos e rurais com a consulta
• Garantir que os recursos da Lei Agnelo/Piva se-
ao profissional de educação física; c) assegurar
jam destinados também às entidades estaduais
transporte para os alunos de zonas rurais e
e municipais de administração do esporte olím-
periféricas; d) aproveitamento de espaços físicos já
pico, paraolímpico e não-olímpico, bem como
existentes nos municípios e estados, com parcerias
às entidades formadoras – clubes e associações
públicas e privadas que promovam a ampliação
– beneficiando também técnicos e atletas para
da oferta da prática esportiva para os alunos das
que o Esporte de Base seja contemplado e prio-
escolas públicas e comunidade em geral no país
rizado.
com a consulta ao profissional de Educação Física;
• Implementar Centros de Formação, Treina- e) práticas didático-pedagógicas em educação
mento, Pesquisa e Excelência esportiva por in- física/esporte para desenvolver o conhecimento
termédio de parcerias com Universidades, For- no âmbito do ensino, pesquisa e extensão, do
ças Armadas e entidades afins, com estrutura esporte formal e não-formal; f) criação de fundos
especializada para o desenvolvimento de atletas e incentivos fiscais orientados, principalmente

17 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


àqueles que desenvolvem programas e projetos do Esporte e o MEC no sentido de revogar a Lei
sociais e ações interdisciplinares, integradas com 10.793/03, já que a mesma fere o caput citado aci-
outros setores sociais, voltadas para o Esporte ma. Possibilitar a ampliação da prática pedagógica
Educacional. no contra-turno escolar, orientada no esporte edu-
cacional escolar, enquanto atividade extracurricular,
• Reformular e implementar política de eventos
garantindo a obrigatoriedade da Educação Física no
esportivos e científicos (jogos, seminários,
período noturno.
conferências, etc), de acordo com a proposta
do esporte educacional, organizada com a • A Política de Esporte e Lazer desenvolvida nos
participação dos segmentos envolvidos, na forma âmbitos Federal, Estadual e Municipal, deverá garantir
de um Calendário Nacional que servirá de base a ampliação, desenvolvimento e aperfeiçoamento
para a organização nos níveis estadual e municipal, dos Programas já existentes no âmbito do Esporte
envolvendo as comunidades escolar e universitária e Lazer, beneficiando o maior número de crianças,
e entidades estudantis. Implementar, desenvolver jovens, trabalhadores e idosos que estejam
e apoiar campanhas de sensibilização e divulgação incluídos no ensino regular ou não, bem como as
do esporte educacional nas comunidades, em pessoas com necessidades especiais, garantindo
articulação com outros ministérios e segmentos a organização de espaços, com acessibilidade
sociais. Estas campanhas devem ressaltar os universal, onde estes possam ter participação,
benefícios e a importância da prática esportiva conduzidos por profissionais qualificados. Implantar
como direito social para elevação da qualidade de um programa nacional de bolsa atleta para alunos
vida do homem. carentes do ensino básico e universitário. Garantir o
repasse dos recursos destinados pela Lei 10.264/01
• O Sistema Nacional de Esporte e Lazer contem-
(Agnelo/Piva), referente ao financiamento do
plará a criação, legitimação e fortalecimento de es-
desporto escolar e universitário diretamente para
paços políticos da sociedade civil organizada, como
a Confederação Brasileira de Desporto Educacional
fóruns populares e sociais, e a criação de conselhos,
- CBDE e Confederação Brasileira de Desporto
secretarias, autarquias e programas nacionais, esta-
Educacional - CBDU.
duais e municipais, promovendo a articulação em
consonância entre as Diretrizes do Esporte Educa- • Que os Ministérios da Educação, da Cultura e do
cional/Escolar. Potencialização do desenvolvimento Esporte fomentem campanhas para que os cursos
do Esporte Educacional, principalmente no que se de Educação Física revisem seus currículos atentando
refere ao processo de controle público e social, no para a formação profissional em Educação Física na
acompanhamento dos programas, promovendo perspectiva do Esporte Escolar, enquanto cultura
aprofundamento da articulação com ações conjun- corporal. E ainda orientem diretrizes considerando
tas entre o Ministério do Esporte, o Ministério da os aspectos pedagógicos e metodológicos do
Educação, outros Ministérios afins e as secretarias esporte escolar como parte integrante do projeto
estaduais e municipais, sendo necessário a garan- pedagógico da escola nos níveis fundamental,
tia da Educação Física escolar em todos os níveis de médio e superior, com carga horária específica,
ensino, conforme previsto pela LDB (Lei 9.394/96), considerando a manutenção das aulas de educação
assegurando o caput do artigo 26, que evidencia ser física; e também estabelecer Política Nacional do
a Educação Física componente curricular da Base Esporte Educacional/Escolar, assegurando, por
Nacional comum, mobilizando assim o Ministério meio de relações interinstitucionais, a formação e

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 18


Foto: Francisco Medeiros - ME

valorização do profissional de Educação Física pelo cursos públicos seja garantido percentual para o
poder público, nos diferentes níveis de ensino, com o atendimento gratuito às comunidades e ligas de
provimento de concursos públicos, garantia de melhor futebol amador.
remuneração e formação continuada. A elevação da
qualificação deverá acontecer com ações integradas • Implementar um plano de desenvolvimento
com as Instituições de Ensino Superior, facilitando do futebol feminino com especial atenção na
a participação dos profissionais em eventos desta formação de novas atletas por meio da ampliação
área, bem como, na descentralização da União para da oferta de escolinhas de futebol feminino,
os estados e municípios com o compromisso de aumentando o numero de competições e inclusão
priorizar a contratação de recursos humanos com dessa modalidade nos campeonatos, promovidos
formação na área, contribuindo para o processo por confederações, federações e ligas. Formular
de geração de emprego, elevando o número de uma política de investimento para integração
escolas e de alunos atendidos, usando como base e entre escolas, clubes e entidades comunitárias na
referência, o texto final da Conferência. formação de atletas nas categorias de base nas
esferas municipal, estadual e federal, convênios
e parcerias com empresas. Estimular a criação
Futebol de ligas de futebol feminino e departamento
específico nas confederações e federações.
• Criação de um sistema nacional de financia-
Bem como aperfeiçoar a legislação incluindo
mento do futebol amador, por meio de um fundo
a modalidade futebol feminino nos jogos
nacional, estadual e municipal que garanta o re-
passe de recursos às ligas e entidades esportivas promovidos pelo Ministério do Esporte.
sem fins lucrativos e que participam do processo • Estimular a participação das entidades promo-
de formação e prática do futebol e que estejam
toras do futebol - federações e associações de
aptas com as suas obrigações estatutárias e de
cronistas do futebol - e das empresas que se be-
acordo com a legislação em vigor. Que nas cons-
neficiam dele, num esforço conjunto para racio-
truções e eventos que forem subsidiados por re-
nalizar e otimizar as ações capazes de melhorar

19 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


a situação desta modalidade no país, bem como portadores de necessidades especiais) e de diferen-
formular uma política de investimento para inte- tes interesses e necessidades.
gração entre escolas, clubes, ligas, federações e
entidades de práticas comunitárias na formação • Propor, formular, implantar, apoiar, executar e
de atletas - categorias de base e amadoras – nas financiar ações intersetoriais, envolvendo os mi-
esferas municipais, estaduais e federal. nistérios, secretarias estaduais e municipais do
esporte, saúde, cultura, educação, meio ambien-
• Aperfeiçoar a estrutura organizacional no fu-
te, ciência, tecnologia e turismo. Ações estas de
tebol garantindo a gestão democrática e trans-
promoção do esporte e do lazer, articuladas pelo
parente nas suas entidades organizadoras, bem
princípio da inclusão social, envolvendo governos
como a criação de um sistema único de esporte
estaduais e municipais e organizações da socieda-
e lazer com dotação orçamentária da união, dos
de civil, direcionadas à população, especialmente
estados e dos municípios, com controle social,
onde os poderes constitutivos possam fiscali- aquelas em situação de vulnerabilidade ou de ex-
zar as eleições e os repasses financeiros para clusão social. Estas ações portanto, devem valori-
as confederações, federações, ligas e entidades zar as práticas do esporte e do lazer, da educação
envolvidas nas ações do futebol. Fica determi- ambiental, a promoção da saúde, a educação para
nado às Confederações, Federações, Clubes, a formação cidadã e a qualidade de vida.
Ligas, Conselhos, Comitê Olímpico Brasileiro -
COB, e todas as entidades desportivas em geral • Realizar diagnóstico da estrutura esportiva e de
que poderá haver apenas uma reeleição para lazer e propor ações articuladas entre os diversos
cada eleição dos seus presidentes e respectivos níveis da administração pública e ou em articu-
membros. lação com a iniciativa privada e organizações da
sociedade civil, para construção, modernização,
• Regulamentar e fiscalizar as atividades dos
revitalização, preservação, otimização e maximi-
empresários de atletas e garantir os direitos fe-
zação de espaços e equipamentos para o espor-
derativos aos atletas das escolinhas de esporte
te e lazer com segurança e qualidade, visando o
de várzea, dos clubes amadores e profissionais,
interesse e necessidades da população, contem-
e das ligas filiadas às federações de futebol,
plando a acessibilidade de pessoas com deficiên-
imputando o percentual de 100% da venda do
atleta. cia e idosos, flexibilidade de horários e utilização,
descentralização e desconcentração dos espaços
e equipamentos públicos e privados, tais como
Esporte, Lazer e Qualidade de Vida escolas, passeios, parques , ginásios, entidades
esportivas, sem fins lucrativos e/ou econômicos,
• Elaborar, propor e implementar ações de quali-
estádios, creches e universidades, instituições de
ficação profissional, em nível de formação inicial,
continuada e de capacitação para profissionais e longa permanência, priorizando comunidades
gestores que atuam nos setores de esporte e lazer, com populações em situação de vulnerabilidade
articulados com instituições de ensino superior e ou exclusão social. Estas ações devem ser promo-
outras entidades, devendo atender a atuações nos vidas por profissionais, agentes sociais, animado-
diferentes segmentos da população (crianças, jo- res culturais e voluntários da sociedade civil capa-
vens, adultos, idosos e pessoas com deficiências e citados e qualificados.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 20


• Incentivar e apoiar a criação de órgãos públicos Direito ao Esporte e ao Lazer
de administração do esporte e do lazer, nos níveis
municipal e estadual, e órgão de controle social • Criar o fundo nacional com fontes de recursos
das políticas públicas de esporte e de lazer, demo- públicos para o esporte em todas as suas
cráticos e com ampla participação de setores or- manifestações, para o lazer e para as atividades
ganizados da sociedade civil que demandam por esportivas de criação nacional e identidade cultural
esse tipo de política, mediante a criação de um garantindo o acesso às pessoas com deficiência
sistema nacional de esporte e lazer com dotação e idosos. A responsabilidade pela fiscalização
orçamentária da União, dos estados federados e dos fundos ficará a cargo dos conselhos de
dos municípios, com controle social por meio de esporte e lazer estaduais e municipais, buscando
conselhos populares. a desburocratização na liberação das verbas
destinadas a esse fim.
• Definição de papéis e responsabilidades nas
diferentes instâncias, federal, estadual e municipal • Criação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer
no sentido de garantir aplicação equânime no com dotação orçamentária da União, estados
mínimo de 1,5% do orçamento da União e de cada e municípios (de no mínimo 1%), garantindo o
estado e município, na elaboração, implantação, controle social e gestão pública consubstanciados
manutenção, avaliação e controle das ações de nos princípios da participação popular e gestão
esporte e de lazer. democrática para manutenção e viabilização de
Foto: Francisco Medeiros - ME

21 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


políticas públicas de esporte e lazer com base considerando a norma 9050, nas escolas, clubes,
ao princípio do parágrafo 52 da tese guia da Iº praças, parques e outros e garantir a implantação,
Conferencia Nacional do Esporte, fortalecendo e independentemente da fonte de financiamento,
estimulando e parcerias com o terceiro setor entre de políticas de esporte e lazer voltadas para as
vários entes públicos e setores privados. pessoas com deficiência, especialmente o esporte
de base.
• Criação, construção, revitalização, ampliação,
reestruturação, reforma e manutenção de espaços
para a prática do esporte e do lazer baseadas no Esporte, Economia e Negócios
Estatuto das Cidades que definiu o plano diretor
do esporte e do lazer a todos os municípios • Vinculação mínima de 1% do orçamento
independentemente do número de habitantes, federal, estadual, e municipal, através de
respeitando as diferenças regionais. Garantir a emenda constitucional, para o esporte, em suas
utilização dos prédios de escolas e universidades quatro manifestações definidas no texto básico
públicas, levando se em conta a acessibilidade e sistematizado,ou seja, esporte educação, esporte de
adaptabilidade para as pessoas com deficiência, participação (ou de lazer), esporte de rendimento
pessoas idosas e mulher mãe, para quem a e esporte social.
prática do esporte e do lazer demanda uma • Criar leis de incentivos fiscais em nível municipal,
estrutura paralela de atendimento aos seus filhos estadual e federal.
(as), além da participação popular na discussão • Criação de um Fundo para o Desenvolvimento
e formulação das ações a serem executadas na do Esporte e Lazer vinculado ao Ministério do
utilização desses espaços. Esporte, com a destinação de recursos prioritária
• Incentivar e fomentar a prática do esporte para os municípios, condicionando o repasse das
e do lazer na dimensão do esporte de criação verbas à existência de Conselhos de Esporte e Lazer
nacional e de identidade cultural em todo que exercerão fiscalização sobre a aplicação dos
território brasileiro e em todas as comunidades, recursos.
privilegiando sobretudo, as de baixa renda e • Regulamentar sistemas de consórcios e sorteios
respeitando as peculiaridades regionais e as bem como outras modalidades de apostas que
características nacionais. financiem o Esporte e Lazer.
• Elaborar, implantar, avaliar e financiar políticas • Criar programa de Esporte e Lazer na programação
de esporte e lazer sendo que 15% do valor total de rádio e TV do Sistema Radiobrás, para divulgação
arrecadado pela nova loteria timemania seja de políticas, temas e eventos do esporte e do lazer,
destinado para investimento ao segmento do assim como fomentar a veiculação de eventos
desporto de base das pessoas com deficiência e esportivos, estimulando as modalidades na sua
necessidades especiais, sejam elas ONG´S, escolas, base e nas divisões inferiores com o uso de janelas
entidades estudantis e outros segmentos que de Libras e legendas.
desempenhem projetos sociais com deficientes
e portadores de necessidades especiais. Garantir Esporte, Administração e Legislação
a acessibilidade em espaços e equipamentos
públicos e privados de esporte e lazer a partir • Criação e implementação de um Sistema Único
de um diagnóstico em todo território brasileiro, de Esporte e Lazer para o Brasil contemplando:

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 22


gestão, ordenamento legal, participação popular um Fundo Nacional do Desporto e Lazer, destinado
(conselhos e conferências) e financiamento do ao fomento e viabilização através do aumento de
esporte e lazer. recursos para o esporte e lazer e do aumento na
participação dos recursos provenientes das loterias
• Exigência e apoio para a criação: de órgãos estaduais
e demais jogos legalizados; que ao regulamentar
e municipais específicos para o desenvolvimento do
os bingos direcione percentual para o esporte,
esporte e do lazer; de fundos estaduais e municipais
mantendo vinculado a entidade esportiva; que
de esporte e lazer vinculados aos conselhos estaduais
destine percentual sobre os royalties do petróleo
e municipais de esporte e lazer respectivamente;
para o esporte e lazer; que crie e implemente fundos
das ouvidorias de esporte e lazer nos Estados e
e /ou leis de incentivo ao esporte e lazer a nível
Municípios e Distrito Federal; legislação antidoping
municipal, estadual, distrital e federal; que destine
para o desporto de alto rendimento.
parte dos impostos , taxas e contribuições cobradas
• Desenvolvimento do desporto, do paradesporto e sobre qualquer atividade esportiva, para aplicação
do lazer mediante destinação orçamentária e inclusão no lazer e no esporte de base; que instrumentalize
nos planos diretores municipais de recursos que gestores públicos e privados para a captação de
garantam a construção e manutenção de espaços recursos; criando um plano anual de desporto e
e a infra-estrutura destinada ao setor, com garantia lazer e o Sistema Único do Desporto e Lazer; que
de destinação orçamentária priorizando as regiões inclua as entidades de administração e promoção do
norte e nordeste, considerando o fator amazônico desporto e lazer, sem fins lucrativos ou econômicos,
e os desequilíbrios regionais, e especificando, ainda, dentre as beneficiadas pela imunidade tributária
subvenção para operacionalidade administrativa referida no artigo 150,VI,c, da Constituição Federal.
e estrutural das federações, ligas e associações Aprovação do abatimento no IRPF e IRPJ das doações
esportivas não profissionais. Alteração do Estatuto ao Esporte e ao Lazer, à semelhança das deduções já
da Cidade para destinar espaços exclusivos para o existentes para o Estatuto da Criança e Adolescente
esporte e o lazer nos aglomerados residenciais. e à produção audiovisual.
• Aprovação de legislação, em caráter de urgência:
que regulamente a lei Agnelo/Piva; que proporcione Esporte e Conhecimento
políticas de ação de incentivo por todos os entes
federados, viabilizando espaço, recurso, projetos • Promover a formulação, o fomento, o apoio, o
para o desenvolvimento do desporto e paradesporto incentivo e o financiamento a políticas públicas
social, do lazer, de rendimento e educacional; que de formação continuada, descentralizadas e
garanta instrumentos para o aperfeiçoamento desconcentradas, articuladas com as instituições de
técnico dos profissionais que atuam na área ensino superior públicas e privadas e instituições
desportiva; que incentive a criação de secretarias científicas, ONG`S, associações de moradores para
/ órgãos / departamentos e conselhos de esporte, qualificar o trabalho de gestores de esporte e lazer,
com a participação de todos os segmentos que profissionais e acadêmicos da área de Educação
regulamente a destinação de recursos provenientes Física, Esporte e Lazer, agentes sociais de esporte
de empresas estatais, autarquias e fundações e lazer e ex-atletas, visando o desenvolvimento
públicas; que altere a Lei 9615/98, disciplinando científico da Educação Física, do Esporte e Lazer,
acerca do processo eleitoral das entidades que priorizando o atendimento das demandas sociais,
compõem o Sistema Nacional do Desporto; que crie principalmente nas regiões norte, nordeste e

23 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


Foto: Francisco Medeiros - ME

centro-oeste, onde ainda não existem cursos de lazer. Estas políticas deverão contemplar a criação
mestrado e doutorado na referida área. de uma rede nacional de documentação e informa-
ção, um diagnóstico do esporte e do lazer, apoio à
• Incentivar, apoiar e financiar políticas públicas preservação de documentos, formação de recursos
descentralizadas e desconcentradas, que promovam humanos, a criação de listas de discussões técnico-
a produção de conhecimento e estudos científicos científicas e de um banco de dados de informações
visando o desenvolvimento do lazer, da Educação do esporte e do lazer e, finalmente, apoio à criação
Física e do esporte em suas diversas manifestações. de bibliotecas virtuais que disponibilizem a produ-
Essas políticas deverão contemplar a iniciação cien- ção científica e o acervo literário.
tífica, a criação e manutenção da infra-estrutura e
• Implementar ações de políticas públicas de difu-
modernização de equipamentos para o desenvol-
são de conhecimento em Educação Física, esporte
vimento de centros, núcleos e grupos de pesquisa,
e lazer, através do financiamento de eventos cientí-
preferencialmente em universidades. O produto des-
ficos e culturais em âmbito nacional e internacional
ta ação deverá levar em conta os problemas sociais e de publicação de periódicos científicos e livros na
e a diversidade regional, promovendo a cooperação área, bem como apoiar e incentivar a implantação
técnica, científica e o intercâmbio em nível munici- de cursos de mestrado e doutorado nas regiões Nor-
pal, estadual, nacional e internacional. te, Nordeste e Centro-Oeste, na área de Educação
• Elaborar, fomentar, apoiar e incentivar políticas Física, esporte e lazer.
públicas de informação e documentação, visando • Elaborar e implementar ações que permitam maior
a socialização do conhecimento, o aperfeiçoamen- controle público dos programas do Ministério do Es-
to da gestão pública e o desenvolvimento científico porte, visando à sua democratização, desburocrati-
e tecnológico da Educação Física, do esporte e do zação e participação da sociedade.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 24


Política Nacional do Esporte
Comissão de elaboração da Política Nacional do Esporte:
Coordenação: Gianna Lepre Perim
Secretaria Nacional de Esporte Educacional: Cássia Damiani
Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento: Silvio Humberto Viana Diniz
Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer: Roberto Liáo Junior
Colaboração: Micheli Escobar

Política Nacional do Esporte


Resolução nº 5, de 14 de Junho de 2005 publicada no D.O.U. em 16 de Agosto de 2005.
Preâmbulo
“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais;
como direito de cada um (...)” Constituição Federal; artigo 217 .

Mais do que um preceito constitucional, o acesso favorecer o desenvolvimento social por meio de
ao esporte é um direito a ser garantido ao cidadão políticas de prática esportiva.
brasileiro. Embora a tendência histórica da legislação
O Brasil, por meio de iniciativas governamentais e
esportiva, das proposições das políticas anteriores
da sociedade em geral, já iniciou essa caminhada. A
e do desenvolvimento de ações efetivas, ao longo
potencialização desses esforços articulados em uma
dos anos, demarque esforços nessa direção, o
política consistente pode ser garantia do direito ao
esporte está longe de ser um direito de todos.
esporte a todos os cidadãos brasileiros. Além da
O Esporte brasileiro tem hoje projeção internacional necessária atualização da legislação esportiva, da
pelos resultados que vem obtendo nos eventos definição do esporte e de suas dimensões, entre
olímpicos, paraolímpicos e não olímpicos. É outras questões que a exigem, tornam-se urgentes
importante que se possa oferecer condições cada a reorganização e a articulação das ações dos
vez melhores aos atletas e paraatletas de alto governos e da sociedade de forma a traçar metas
rendimento, mas é fundamental que se ofereça adequadas às necessidades do País, que também
possibilidade de acesso à prática esportiva a toda são tratadas no Estatuto do Esporte.
a população brasileira. O olhar para a história permite reconhecer a
tendência da intervenção do Estado e o caráter
Os organismos internacionais reforçam a
das contribuições para o desenvolvimento do
importância do esporte para o desenvolvimento
Esporte. O Estado brasileiro está presente na
humano sustentável. O relatório da Força Tarefa
definição das políticas de Esporte há mais de seis
entre Agências das Nações Unidas sobre o Esporte
décadas, por meio do Decreto-Lei nº 3.199/44, que
para o Desenvolvimento e a Paz2, divulgado em
criou o Conselho Nacional de Desportos – CND
2003, coloca o esporte em uma posição estratégica
e deu poderes ao Estado para intervir nos entes
para o alcance das “Metas de Desenvolvimento
desportivos, durante o Estado Novo. Essa relação foi
do Milênio” estabelecidas pela Organização das
inaugurada no momento histórico de um conflito
Nações Unidas. O esporte, entendido como direito
bélico internacional, no qual o fenômeno esportivo
humano, reafirma seu potencial no desenvolvimento
foi utilizado, reiteradamente, como veículo para a
social e econômico de uma nação, especialmente
propagação de ideários totalitários. A alteração
nas áreas de saúde, educação e meio-ambiente.
desse Decreto, promovida por meio da Lei 6.251/755,
A UNESCO também valoriza a importância que instituiu normas gerais sobre desportos durante
do esporte no desenvolvimento dos povos na
convicção de que o esporte e a educação física
1
Constituição da República Federativa do Brasil,
promulgada em 5 de outubro de 1988.
podem contribuir positivamente nas problemáticas 2
Esporte Para o Desenvolvimento e a Paz:
de saúde e de bem-estar, na diminuição de Em Direção à Realização das Metas de
desigualdades, no resgate de valores e de Desenvolvimento do Milênio - ONU, 2003.
3
Declaração da IV Conferência Internacional de
princípios, entre outras questões. A Declaração da
Ministros, Altos Funcionários e Responsáveis pela
IV Conferência Internacional de Ministros, Altos Educação Física e Esporte, UNESCO, 2004.
Funcionários e Responsáveis pela Educação Física e 4
Decreto-Lei nº 3.199 de 14 de abril de 1941,
publicado no D.O.U., em 17 de abril de 1941.
Esporte3, realizada em Atenas, em 2004, apresenta 5
Lei 6.251 de 8 de outubro de 1975, publicada no D.O.U.,
questões prioritárias e recomenda aos governos em 09 de outubro de 1975, regulamentada dois anos
que sejam essas implementadas nos países para depois pelo Decreto 80.228 de 25 de agosto de 1977.

27 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


o regime militar, não alterou substantivamente a esportivas à população, e a participação esportiva
legislação que já durava mais de trinta anos. se diversificou. A constituição de 1988, artigo 217,
em seu preâmbulo, assegurou a prática esportiva
Enquanto as demandas esportivas atendidas pelo como o “direito de cada um”, considerando-se,
Estado, até a década de 60, caracterizaram-se desse modo, rompida a tutela do Estado sobre
por ações que privilegiavam a prática esportiva a sociedade em relação à área esportiva. Dados
mais diversificada, como a realização dos Jogos apresentados em pesquisas recentes na população
Pan-Americanos em São Paulo, em 1963, com a brasileira demonstram que mais de 110 milhões de
participação de 22 países e mais de 1.600 atletas6, indivíduos praticam habitualmente alguma atividade
nos anos setenta a gestão estatal é demarcada por física, para uma população superior a 184 milhões de
um forte caráter patrióticomilitar. Nesse período habitantes. Do total da população, aproximadamente
houve movimentos nacionais que tendiam à 134 milhões de indivíduos encontram-se na faixa
massificação esportiva, como é o caso do programa etária acima de 10 anos de idade e com plena
“Esporte para Todos”, ou ao esporte de alto capacidade de praticar e desenvolver o hábito da
rendimento, expresso no cunho atribuído aos jogos prática esportiva e do lazer. Quanto à especificidade
estudantis e no reforço às modalidades esportivas do esporte de rendimento, somente 750 mil atletas
que projetavam o país, como o Futebol. e paraatletas encontram-se ligados a instituições
esportivas8. Esses indicadores demonstram a mesma
No movimento “Esporte para Todos” foram
tendência apontada no período anterior. Observa-se
mobilizados mais de 9 mil voluntários no ano de
ainda que, não obstante a ênfase dada pelo Estado
seu lançamento (1977), número expressivo, mesmo
ao esporte de alto rendimento, a demanda de
considerando-se a realidade atual dos programas e
atletas desse nível não chegou a ser atendida, sendo
projetos de esporte7. O Futebol desponta como a
plausível a suposição de que tenha aumentado o
modalidade esportiva mais acessível e praticada. São
número de participantes e não de atletas9.
construídos estádios com capacidade superior a 100
mil espectadores em diversos estados e é criado o A participação esportiva estudantil esteve restrita
campeonato brasileiro de clubes, com representantes aos jogos escolares e universitários – JEBs e
de todos os estados da federação. Evidencia-se JUBs. Registra-se um esforço de reestruturação,
que, a partir dessas ações, não foi possível alcançar em meados dos anos 80, que visava ampliar a
níveis de freqüência que permitissem à população participação tendo a competição sob uma nova
apropriar-se do hábito da prática esportiva. ótica10. Nos anos subseqüentes observa-se um
declínio tanto dos preceitos democráticos da
A Constituição Cidadã de 1988, ao inserir no seu
organização, quanto da participação estudantil nos
texto, de forma inédita, deveres do Estado no
jogos. Nas décadas de 80 e 90 e, principalmente, a
que concerne à afirmação do Esporte e do Lazer
partir de 1995, quando foram criados os Jogos da
como direitos, assim como na sua perspectiva
Juventude, a participação estudantil situou-se na
emancipatória, defende um conceito de cidadania
que inclui, necessariamente, o direito a essas
práticas sociais e exige o protagonismo do poder
6
Fonte: Atlas do Esporte no Brasil, 2005.
7
Idem.
público na garantia de sua efetivação. 8
Fonte: O Esporte como Indústria. CBV, 2002.
9
Fonte: Atlas do Esporte no Brasil, 2005.
Nos anos 80 e 90 as políticas públicas de esporte 10
Esporte na Escola: os XVII jogos escolares
privilegiaram o acesso das diversas práticas brasileiros como marco reflexivo, 1989.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 28


Foto: Francisco Medeiros - ME

faixa média de 2.000 a 2.500 alunos11 por evento, não proporcionou as condições adequadas para a
para uma população estudantil que oscilou entre proteção dos clubes formadores no contexto do
30 e 40 milhões de estudantes no ensino básico12. fim do passe, bem como não fez todos os ajustes
necessários na legislação trabalhista para adequá-la
Nos marcos da democracia representativa na década às particularidades do futebol profissional.
de noventa é elaborado um novo ordenamento do
Sinais evidentes de democratização nas relações
Esporte no país, pela Lei 8.672/9313, conhecida
como Lei Zico, que propôs princípios e diretrizes do Esporte em nosso país têm lugar na instalação
para a organização e funcionamento das entidades de Comissões Parlamentares de Inquérito, tanto
esportivas, permeados pela aparente contradição na Câmara dos Deputados, quanto no Senado
entre interesses liberais e conservadores em um Federal, deflagrados pela constatação de relações
momento de ascensão explícita das políticas sociais degradadas pelos interesses do capital no interior
rumo à “modernização” conservadora. do Futebol profissional brasileiro. Nesse contexto,
A elaboração da Lei 9.615/9814, popularizada como instrumentos legais inéditos se fazem presentes:
Lei Pelé, apresentou como idéia central a eliminação a Lei 10.671/0315 – Estatuto do Torcedor –, que
do passe de atletas do Futebol, a mais expressiva
e representativa modalidade do país, criando de 11
Fonte: Arquivos do Ministério do Esporte, 2004.
fato as condições de livre arbítrio para estabelecer 12
Fonte: Censo Escolar -MEC/INEP, 2004.
relações trabalhistas, não obstante sujeitas ao jugo 13
Lei 8.672 de 06 de julho de 1993, publicada no D.O.U., em
de empresários, seus novos patrões. A superação 07 de julho de 1993, regulamentada pelo Decreto 981/93.
14
Lei 9.615 de 24 de março de 1998, publicada no D.O.U., em
da instância centralizadora, o então “Conselho
25 de março de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.574 de 29
Nacional do Desporto”, materializa a autonomia das de abril de 1998, publicado no D.O.U., em 30 de abril de 1998.
entidades de administração e de prática do esporte, 15
Lei 10.671 de 15 de maio de 2003, publicada
bem como os direitos dos atletas. No entanto, no D.O.U., em 16 de maio de 2003.

29 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


estabelece normas de proteção e defesa com Ministério das Cidades e Ministério da Defesa,
procedimentos e regras para os clubes, donos de com diversas empresas estatais, e ainda com um
estádios, dirigentes, bem como para os próprios diálogo transparente com as Entidades Nacionais
torcedores; e a Lei 10.672/0316 – Moralização do de Administração e de Prática do Esporte, com
Futebol –, que fixa regras de transparência para os Instituições de Ensino Superior integrantes de Redes
clubes e dirigentes. constituídas pelo Ministério do Esporte, entre outros
parceiros.
Outras iniciativas importantes criaram condições
materiais para que as Entidades de Administração do Uma outra ação nesse campo, articulada com a
Esporte agissem com autonomia – A Lei 10.264/0117, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, possibilita
denominada Agnelo-Piva, que destina 2% dos o financiamento de projetos esportivos sociais por
concursos prognósticos aos Comitês Olímpico e meio de incentivo fiscal legal, previsto no Art.260 do
Paraolímpico, e a Lei 10891/0418, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, efetivando,
Bolsa Atleta, que possibilita aos protagonistas após treze anos, uma conquista importante para
do espetáculo esportivo – os atletas – melhores o esporte no Conselho Nacional dos Direitos da
condições materiais de trabalho. Criança e do Adolescente – CONANDA –, com a
publicação de Resoluções20 desse Conselho, que
O compromisso político do Governo Federal com o dispuseram sobre a criação da Comissão de Chancela
Esporte, no início da gestão do Presidente Lula, foi aos Projetos Esportivos Sociais e sobre o repasse dos
traduzido na criação do Ministério do Esporte, que recursos captados para a viabilização de projetos
tem como missão “formular e implementar políticas esportivos dessa natureza destinados à infância e à
públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do adolescência, financiados pelo Fundo Nacional para
lazer como direitos sociais dos cidadãos, colaborando a Criança e o Adolescente – FNCA. Esse benefício
para o desenvolvimento nacional e humano”19. é fruto da parceria firmada entre o Ministério do
Esporte e o CONANDA e tem como objetivo principal
Atualmente, o Ministério do Esporte coordena
a inclusão social de crianças e adolescentes através
uma Política de Estado reconhecendo as ações
do esporte.
desenvolvidas ao longo da história e criando
condições para a implementação de uma política Ao eleger a inclusão social como núcleo central
que não se restrinja ao quadriênio da gestão, mas de suas ações, a atual gestão se compromete em
se comprometa com a efetivação de uma Política agregar força, de forma institucional, na direção
Pública de Esporte e Lazer frente à qual assume a da superação do quadro de injustiça, exclusão e
posição de proponente, formulador e articulador, vulnerabilidade social que caracteriza a estrutura
responsabilizando-se pela realização de Programas histórica da sociedade brasileira.
que respondam às demandas sociais geradas num
momento histórico de garantia e de ampliação do
16
Lei 10.672 de 15 de maio de 2003, publicada
no D.O.U., em 16 de maio de 2003.
conjunto dos direitos. 17
Lei 10.264 de 16 de julho de 2001, publicada no D.O.U., em
17 de julho de 2001 e regulamentada pelo Decreto 5.1139 de 12
O papel articulador do Ministério materializa-se, de julho de 2004, publicado no D.O.U., em 13 de julho de 2004.
entre outras formas, nas ações desenvolvidas com 18
Lei 10.891 de 09 de julho de 2004, publicada
outros Ministérios, como o Ministério da Educação, no D.O.U., em 12 de julho de 2004.
19
Medida Provisória nº 103, de 01 de janeiro de 2003.
Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da 20
Resoluções CONANDA nº 90, de 23 de junho
Justiça, Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, de 2003, e nº 94, de 11 de março de 2004.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 30


No início desta gestão governamental estabelecem- para a proposição de políticas, tanto na área do esporte
se medidas que asseguram a democratização e a de rendimento, como da saúde.
efetivação do controle social no esporte, como a
regulamentação da Lei Agnelo-Piva, a efetivação O conhecimento produzido e acumulado
do Estatuto do Torcedor e da Lei de Moralização historicamente pela humanidade qualifica a
do Futebol, que possibilitaram regras claras para elaboração das políticas públicas. O fomento à
preservar a transparência na prestação de contas e produção e à difusão do conhecimento científico
assegurar o planejamento das entidades esportivas. e tecnológico, voltado para a gestão de políticas
de esporte e lazer, ganha significado tanto na
A nova concepção voltada para a inclusão social perspectiva do subsídio ao processo de elaboração
também se materializa nos Programas e Ações do
e implementação com dados sobre a situação do
ME, apresentados no Plano Pluri-Anual 2003-2007,
esporte no país – número de praticantes, instalações
“Brasil um País de Todos”, que prioriza o atendimento
esportivas, profissionais atuantes, programas em
aos problemas sociais.
desenvolvimento, investimentos, relação custo/
Delineados por iniciativas empenhadas em inserir benefício, entre outros –, como da produção de novos
e valorizar o esporte, os programas e ações conhecimentos necessários ao desenvolvimento da
apresentam-se, prioritariamente, na escola pública ciência e tecnologia do esporte, além da perspectiva
de ensino fundamental, como um direito social que de formação continuada dos gestores e dos agentes
cabe às crianças e aos adolescentes na condição de sociais de esporte e lazer, responsáveis de fazer
cidadãos. Cria-se uma rede de cooperação entre chegar à população o resultado da produção
diversas entidades esportivas e outros Ministérios, científica na forma de serviços públicos de qualidade
inaugurando a prática de um esforço coletivo em prol oferecidos na área.
do desenvolvimento do esporte no país. O caráter
democrático e participativo dessa gestão manifesta- O Ministério do Esporte tem estimulado a
se, no tocante à popularização da prática esportiva constituição de redes envolvendo grupos de pesquisa
na comunidade, na introdução de mecanismos – consolidados ou em consolidação –, pólos ou
de consulta e deliberação popular sobre as ações segmentos produtores do conhecimento vinculados
esportivas, corporificados nos Conselhos Gestores. a instituições de ensino superior e/ou institutos
Também tem buscado intensificar a participação de pesquisa e sociedades científicas, Centros de
do Estado e investir no esporte de base, criando Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer
propostas específicas para a formação esportiva, – Rede CEDES –, Centros de Excelência Esportiva
dando oportunidade a crianças e adolescentes de – Rede CENESP –, buscando o desenvolvimento
vivenciarem a prática do esporte orientada pelo da ciência e tecnologia do esporte, traduzido na
referencial do alto rendimento, favorecendo o qualidade de metodologias de educação esportiva e
desenvolvimento de modalidades esportivas e para- lúdica, teoria e prática do treinamento esportivo e da
esportivas. excelência esportiva, avaliação de políticas públicas
de esporte e lazer, protocolos de monitoramento da
Para ampliar o acesso ao esporte de rendimento está execução dos projetos, capacitação de gestores do
sendo elaborado, nas escolas, clubes esportivos sociais esporte e lazer, entre outros.
e na comunidade em geral, um diagnóstico científico
das condições e habilidades de crianças e adolescentes, O Ministério também cumpre o papel de articulador
visando à criação de um banco de dados indispensável dos setores de informação e documentação

31 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


esportiva, promovendo uma interação que impeça importância desses dados, ainda é necessário coletar
a sobreposição de esforços e recursos e preserve a informações para elaborar um quadro referencial que
especificidade da ação de cada um dos envolvidos sustente hipóteses para implementação correta da
e a sua intercomunicação. Na mesma linha, Política, porque aqueles existentes são insuficientes,
através do CEDIME – Centro de Documentação e ou defasados, a exemplo dos fornecidos por um
Informação do Ministério do Esporte –, estabelece diagnóstico elaborado sob responsabilidade do
as linhas de ação para a composição de um Sistema antigo Ministério do Planejamento e Coordenação
Nacional de Informação e Documentação Esportiva Geral, em parceria com o então Ministério da
formado por centros existentes e em formação, Educação e Cultura, no ano de 197122.
de modo a garantir um padrão de comunicação
O Ministério está desenvolvendo um Diagnóstico
rápido, seguro e de qualidade aos pesquisadores,
Esportivo Nacional em parceria com o Instituto
gestores e demais usuários. Além de democratizar
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – e
o acesso à informação e à documentação alusivas
com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
ao esporte e ao lazer, o Ministério constrói as
Educacionais Anísio Teixeira – INEP –, buscando
diretrizes para uma política nacional de informação
obter elementos de informação fidedignos e
e documentação em Ciência do Esporte.
representativos da real estrutura esportiva e da prática
Com o intuito de fortalecer a interlocução da das diferentes manifestações esportivas, por meio
comunidade acadêmica e dos gestores esportivos de pesquisa realizada junto às 5561 prefeituras do
com seus congêneres internacionais, o Ministério país. Tal iniciativa, de abrangência nacional, atualiza
do Esporte coordena a realização, em 2006, do I as informações dos entes municipais e federativos,
Congresso Brasileiro de Informação e Documentação apresentando a infra-estrutura, a natureza dos
Esportiva, paralelo à Reunião do Comitê Executivo Programas, Projetos e Eventos desenvolvidos, o
da IASI – International Association for Sport ordenamento legal e os recursos destinados para o
Information –, entidade que, há mais de 30 anos, Esporte e o Lazer. O Diagnóstico Esportivo Nacional
aglutina especialistas da área. deverá ser ampliado com informações provenientes
Com o processo de redemocratização do país, a de pesquisas realizadas em parceria, por exemplo:
constatação da degradação das condições sociais sobre as estruturas e a prática esportiva dos clubes
da população fez com que a área acadêmica sociais esportivos com a Confederação Brasileira de
desenvolvesse estudos qualitativos dos problemas Clubes – CBC; sobre as estruturas e prática esportiva
sociais do Esporte e do Lazer, hoje à disposição das unidades militares das forças armadas com
nas entidades científicas. Entretanto, os dados o Ministério da Defesa -MD e sobre as estruturas
obtidos não têm sido sistematizados com vista a esportivas do sistema nacional de educação básica
constituir um diagnóstico da prática de esporte no e superior com o Ministério da Educação e Instituto
país. Outros elementos de informação necessários Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
à compreensão e à avaliação do desenvolvimento Teixeira - MEC/INEP.
do esporte brasileiro estão apresentados no “Atlas
Dessa forma, obter-se-á um mapeamento nacional
do Esporte no Brasil21“, que, publicado em 2004,
da infra-estrutura e da prática esportiva no país
tem por objetivo criar um sistema de informação
gerencial para o esporte brasileiro e integrar Atlas do Esporte no Brasil, 2005.
21

informações relativas ao Esporte, à Educação Física e Diagnóstico do Ministério do Planejamento e Coordenação


22

às Atividades Físicas de Saúde e de Lazer. Sem negar a Geral e Ministério da Educação e Cultura, 1971.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 32


que será incrementado com estudos qualitativos em todos os estados e no Distrito Federal, mobilizando
referentes à participação: das esferas da União, dos 2.500 municípios e indicando os delegados para a etapa
Estados e dos Municípios; dos poderes da República; nacional, que contou com a participação de 1.500
das entidades de prática e de administração pessoas, entre delegados e convidados. Envolveram-se
esportiva; da iniciativa privada; do terceiro setor e nesse processo cerca de 83 mil pessoas.
da comunidade esportiva em geral. Ademais, serão A primeira edição da Conferência Nacional do Esporte
utilizados estudos relativos à cadeia produtiva teve como resultados a indicação das potencialidades
do esporte, que possibilitarão a identificação do e dificuldades do Esporte Nacional23, a aprovação dos
seu impacto no Produto Interno Bruto brasileiro. referenciais para uma nova Política Nacional do Esporte,
A institucionalização desses estudos e pesquisas a Resolução de criação do Sistema Nacional de Esporte
e sua atualização sistemática poderão indicar os e Lazer24 e, ainda, as Propostas de Ação para cada
rumos do esporte nacional e permitir a avaliação um dos eixos temáticos que integram o Documento
constante da Política do setor. Por outro lado, Final da Conferência25. Essas indicações, somadas
importante se faz ouvir a sociedade e manter um aos resultados do Diagnóstico Esportivo Nacional,
canal permanente de comunicação, de forma a a outros estudos existentes e à consulta à legislação
ampliar e garantir a participação popular. esportiva, formam uma base consistente para levantar
os pilares da nova Política Nacional do Esporte, que
Em 2004 foi instituída, como instância deliberativa
se legitima democrática pela sua construção em
e consultiva para a formulação de Políticas Públicas
parceria com a comunidade esportiva (entidades de
de Esporte e de Lazer, a Conferência Nacional do
prática e de administração esportiva, atletas, técnicos,
Esporte, que teve como temática central “Esporte,
dirigentes), com os gestores das esferas municipal,
Lazer e Desenvolvimento Humano”, ampliando o
estadual e federal, com as universidades, entidades de
diálogo não só com a comunidade esportiva, mas
classe, sindicatos, associações, movimentos sociais e
envolvendo representantes de diversos setores,
sociedade em geral.
entre eles os movimentos sociais, as entidades de
classe, as universidades, os movimentos estudantis É imprescindível, dentro de uma Política Nacional,
e entidades esportivas brasileiras. A Conferência indicar os fundos que serão destinados a dar apoio aos
foi criada com os objetivos de promover ampla programas de esporte, em todas e cada uma das três
mobilização, articulação e participação popular em manifestações reconhecidas – Esporte Escolar, de Lazer
torno das questões do Esporte e do Lazer, contribuir ou Recreativo e de Alto Rendimento –, destinadas a
para o Diagnóstico Situacional do Esporte e do atender as prioridades da estratégia traçada.
Lazer no Brasil, em todas as suas manifestações,
O Ministério do Esporte tem cumprindo os
e apresentar propostas para a elaboração de
dispositivos constitucionais de aplicação de
Programas e Projetos Nacionais nas áreas de Esporte
recursos pelas fontes atuais, mas a dinamização
e Lazer sintonizados com necessidades e identidades
e a diversificação das fontes são essenciais para o
locais. A Conferência permitiu a mais alta
desenvolvimento dos programas e seus propósitos.
expressão do princípio democrático de participação
popular na construção dos rumos do esporte e 23
Caderno de Potencialidades e Dificuldades do
lazer no país. Na primeira fase foram realizadas Esporte Nacional. Ministério do Esporte, 2004.
conferências municipais e regionais, responsáveis 24
Resolução de criação do Sistema Nacional
pelo envolvimento de mais de 800 municípios. Na de Esporte e Lazer – CNE/ME, 2004.
25
Documento Final da Conferência Nacional do
segunda, foram realizadas conferências estaduais Esporte. Ministério do Esporte, 2004.

33 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


As fontes de recursos atuais são o orçamento esporte, financiamentos decorrentes de convênios
da União, recursos específicos para a Formação internacionais esportivos que contribuam para
Esportiva, recursos oriundos da Lei Agnelo - Piva, o desenvolvimento de modalidades específicas,
da Bolsa Atleta e da Loteria Time-Mania. Outras motivos desses acordos, ou patrocínios e
fontes são constituídas por parcerias com empresas investimentos das empresas de responsabilidade
na busca de captação de recursos, com incentivo da União para as entidades esportivas e ações da
fiscal pelo CONANDA, através do Fundo de Política Nacional.
Incentivo a Projetos Esportivos Sociais.
Políticas sociais requerem constantemente novos
Frente às justas demandas da população, que recursos públicos. A atividade governamental
exigem do Estado o acesso à melhor qualidade de constitui-se em uma luta permanente por obter
vida, faz-se necessário alterar a legislação vigente, recursos e distribuí-los, considerando que são sempre
com vistas a elevar os recursos advindos de receitas escassos e não atendem à magnitude da demanda.
tributárias destinadas ao esporte, incrementar as Para obter fundos extraorçamentários é preciso
rendas públicas não tributárias e obter incentivos utilizar, de forma racional, os recursos disponíveis,
fiscais para o desenvolvimento de atividades bem como multiplicá-los. A coordenação e interação
esportivas. das ações do governo e da sociedade na execução da
política será um passo importante na racionalização
Todavia, devem ser envidados esforços conjuntos, desses recursos. Para tanto, as ações referentes ao
com a comunidade esportiva e outros setores financiamento do esporte e do lazer precisam estar
da sociedade, para dinamizar e ampliar os coordenadas, organizadas e estruturadas numa
recursos e o investimento no esporte e no lazer. É política nacional de financiamento que articule os
fundamental a diversificação das fontes, tais como recursos advindos do esforço da comunidade esportiva
as provenientes da própria indústria nacional do e da sociedade em geral. Essa política deverá estar
Foto: Aldo Dias - ME

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 34


diretamente ligada
à estrutura do
Sistema Nacional
de Esporte e Lazer
que será constituído
tendo como centro
a mobilização e
dotação de recursos
para o esporte,
em parcerias com
gestores estaduais
e municipais do
esporte e lazer
e, quando for o
caso, gestores da
educação, além
das parcerias
público-privadas.
Contudo, deve estar
construído sobre
Foto: Aldo Dias - ME
sólidos preceitos de
controle público e A tese fundamental que embasa essa Política
transparência na gestão. é o esporte como questão nacional. O esporte
deve ser entendido como uma política de Estado
O Ministério do Esporte estabelece vínculos
com vista ao desenvolvimento da nação, ao
com um universo composto de crianças, jovens,
fortalecimento da identidade cultural, da cidadania,
adolescentes, adultos, idosos, com pessoas com
da autodeterminação de seu povo e com vista à
deficiências ou com necessidades educativas
defesa da soberania do País.
especiais, com o sistema esportivo nacional e com
o sistema educacional brasileiro que articula a O Esporte, construção humana historicamente
educação básica e superior. A importância desse criada e socialmente desenvolvida, é abordado como
universo, considerando-se sua complexidade, integrante do acervo da cultura da humanidade, e
amplitude e heterogeneidade, demanda do o Lazer, como uma prática social contemporânea
Ministério uma responsabilidade social, que deve resultante das tensões entre capital e trabalho,
se concretizar em ações balizadas, rigorosamente, que se materializa como um tempo e espaço de
por princípios humanísticos fundamentais, vivências lúdicas, lugar de organização da cultura,
inequivocamente democráticos. A realização da I perpassado por relações de hegemonia. O esporte
Conferência Nacional do Esporte validou a visão é um direito de todos e assim é considerado pela
política que orienta a atual gestão e que se legitima UNESCO26 desde 1978. Este Ministério, que alarga
nas teses, conceitos e preceitos que orientam a
Política Nacional do Esporte. 26
Carta Internacional da Educação Física
e do Esporte, UNESCO, 1978.

35 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


sua visão do esporte à luz de um preceito humano apresentam limites que a nova Política se propõe
fundamental, a “cidadania”, como garantia de um superar à luz das suas teses, conceitos e preceitos.
conjunto de direitos civis, políticos e sociais, não
A legislação vigente conceitua o “desporto
o dissocia – juntamente com o lazer – do direito
educacional” como aquele “...praticado nos sistemas
à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, à
de ensino e em formas assistemáticas de educação,
segurança, à previdência social, à proteção da
evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade
maternidade e da infância e à assistência aos
de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desamparados. Portanto, o acesso às atividades
esportivas é direito de cada um e dever do Estado. desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação
para o exercício da cidadania e a prática do lazer”28. Este
Um preceito demarcante das ações do Ministério conceito dificulta reconhecer o esporte como atividade
é o da “diversidade”, que se expressa por uma humana historicamente criada, socialmente construída
concepção concreta e dinâmica na relação humana, e produto da cultura humana, configurando-se como
na qual a “diferença” é um importante elemento um obstáculo para a elaboração de uma política de
de conhecimento que deve ser explicitado e desenvolvimento do esporte assentada numa clara
defendido, ao mesmo tempo em que se denunciam compreensão dos diferentes níveis ou formas em que
e se combatem permanentemente as mazelas da ele se dá na vida real.
desigualdade. Para dar consecução à Política de
Esporte sob esses preceitos, o Ministério advoga Para atribuir um sentido educativo ao esporte
que todas as pessoas, sem distinção de cor, etnia, é preciso espelhar objetivos educacionais nos
gênero, ou condição socioeconômica, devem princípios da cidadania, da diversidade, da inclusão
ter garantia de acesso ao esporte nas suas mais social e da democracia, que perpassam esta Política,
diferentes dimensões e manifestações, em especial as porque eles representam valores, hábitos e atitudes
populações empobrecidas e os que são considerados possíveis de serem formados por meio da prática
como menos hábeis para a prática. É dever do Estado do esporte. Nessa ótica, o Ministério do Esporte
garantir e multiplicar a oferta de práticas esportivas, entende que o esporte é educacional, quando
competitivas e de lazer a toda a população. efetiva a participação voluntária e responsável
da população, concretizando a autoorganização
Destacamos como tese importante aquela que e a autodeterminação com práticas que não
reconhece que as práticas esportivas são atividades comprometam o caráter genuinamente nacional
imprescindíveis ao “desenvolvimento humano” e e popular. Deve promover o desenvolvimento da
por isso exigem condições específicas para atender Cultura Corporal nacional, cultivar e incrementar
à diversidade presente na sociedade. Também atividades que satisfaçam às necessidades lúdicas,
devem ser observados os limites colocados pelos estéticas, artísticas, combativas e competitivas do
conceitos empregados na Lei 9615/9827 – “desporto povo, tendo como prioridade educá-lo em níveis
educacional”, “desporto de participação” e mais elevados de conhecimento e de ação que se
“desporto de rendimento” –, principalmente,
porque legitimam uma hierarquização que pode 27
Lei 9.615 de 24 de março de 1998, publicada no D.O.U., em
apresentar obstáculos à atenção de prioridades. 25 de março de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.574 de 29
de abril de 1998, publicado no D.O.U., em 30 de abril de 1998.
Esses conceitos empregados na Lei, talvez, por 28
Lei 9.615 de 24 de março de 1998, publicada no D.O.U., em
refletirem determinações históricas e a correlação 25 de março de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.574 de 29
de forças presentes na época da sua elaboração, de abril de 1998, publicado no D.O.U., em 30 de abril de 1998.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 36


reflitam na criação de possibilidades de solução do esporte nacional deve contemplar os locais
dos problemas sociais que, no momento, impedem e meios adequados – que não a escola – para a
o progresso social. Essas atividades devem ser realização de um trabalho de base assentado numa
orientadas por trabalhadores qualificados. visão de futuro e num programa especializado na
formação de pequenos iniciantes.
O esporte é educacional quando pode ser
usufruído como um bem cultural, tanto na ótica A prática pedagógica do esporte corporifica idéias e
do gosto pessoal, como na busca da maximização valores educativos quando não submete os alunos à
do rendimento, garantido o direito ao uso das apropriação de técnicas separadas do seu conteúdo
instalações e materiais adequados a ambos fins. social, preservando a natureza lúdica do jogo. Na
visão do Ministério do Esporte o lúdico abre o jogo à
A amplitude do conceito “educacional”, sustentado participação de todos e torna o jogo democrático.
nesta Política, reconhece a relação intrínseca do
geral de um projeto de educação com o específico O Esporte de Lazer ou Recreativo — na Lei vigente
do conteúdo do esporte que se dá nos âmbitos “Esporte de Participação” — expressa, na adjetivação
da instituição escolar, da comunidade e do alto do conceito de Esporte, a compreensão de que em
rendimento. sua realização deve prevalecer o sentido lúdico,
caracterizado pela livre escolha, busca da satisfação
Desse modo, para este Ministério, o esporte escolar e construção, pelos próprios sujeitos envolvidos,
é o esporte praticado na escola no âmbito da dos valores ético-políticos a serem materializados.
educação básica e superior, seja como conteúdo Ele se realiza em limites temporais e espaciais do
curricular da Educação Física ou atividade lazer como expressão de festa e alegria. Por meio
extracurricular, conforme a Lei 9.394/96-LDB, e que dele o ser humano só vivencia situações esportivas
deve atender os objetivos dos respectivos projetos lúdicas e prazerosas, seja em pequenos grupos ou
político-pedagógicos. em multidão.

Uma vez que o esporte é um conhecimento O Esporte como parte integrante da cultura, em sua
inalienável de todo cidadão, na escola todos os dimensão de lazer, tem por finalidade atender aos
alunos têm o direito de aprendê-lo, na perspectiva interesses e necessidades sociais dos cidadãos a partir
da autonomia, e praticá-lo independente de da prática das suas manifestações lúdico-esportivas,
condições físicas, de raça, de cor, sexo, idade de fruição do espetáculo esportivo e do conhecimento
ou condição social, através de atividades auto- dela emanado. A prática do Esporte Recreativo tem,
organizadas e autodeterminadas. As modalidades ainda, como finalidade atender aspectos do conceito
selecionadas devem ter um maior potencial de ampliado de saúde29 sintonizados com a Política
universalidade e compreensão dos elementos Nacional de Promoção da Saúde.
culturais brasileiros – futebol de campo e de
areia, vôlei de areia, futevôlei, capoeira e outras A partir do entendimento presente nessa Política, as
semelhantes. Portanto, o ensino na escola não práticas corporais são expressões individuais e coletivas
deve orientar-se, apenas, para a formação de 29
Conceito definido como resultado dos modos de organização
uma futura elite esportiva, o que não significa a social da produção, no contexto histórico de uma sociedade,
exigindo a formulação e a implementação de uma política que
eliminação da possibilidade do desenvolvimento
invista na melhoria da qualidade de vida de sujeitos, pois a saúde
de atletas a partir do ensinamento das práticas é um direito fundamental para a vida e garantia de cidadania.
esportivas na escola. A esse respeito, a estrutura Projeto de Núcleos de Saúde Integral. Ministério da Saúde, 2003.

37 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


advindas do conhecimento e da experiência do jogo, O “desenvolvimento humano” é uma tese que
da dança, do esporte, da luta, da ginástica e outros. permeia toda ação do Ministério do Esporte.De
Com essa compreensão, o “campo da atividade física” acordo com o PNUD31, as capacidades humanas
amplia as possibilidades de organização e escolha básicas para o alcance do desenvolvimento humano
das práticas corporais, entendidas como benéficas sustentável são: “conduzir vidas longas e saudáveis,
à saúde de sujeitos e coletividades, constituindo ter acesso ao conhecimento, ter acesso aos recursos
mudanças nos modos de produção da saúde, tanto necessários para manter um padrão de vida decente
nas unidades que compõem o Sistema Único de e poder participar na vida da comunidade”. Esse
Saúde - SUS, quanto nos núcleos de esporte e lazer parecer é corroborado pelas Nações Unidas no
integrantes dos projetos sociais fomentados pelo documento “Esporte para o Desenvolvimento e a
Ministério do Esporte. Paz32”, divulgado em 2003, no qual se afirma que o
esporte pode ser o caminho para a construção dessas
O Esporte de Alto Rendimento é outra manifestação
capacidades.
que a Lei 9615/9830 preceitua e que o Ministério do
Esporte entende como sendo a prática esportiva O Esporte e o Lazer como práticas sociais estão
que busca a máxima performance do atleta, visando também vinculados à saúde. Nesse sentido, ações
recordes nas modalidades em que é praticado. A conjuntas entre o Ministério do Esporte e o Ministério
maximização do rendimento é alcançada a partir da da Saúde vêm sendo desenvolvidas desde 2003,
prática sistemática, própria do processo de formação formalizadas através de Portaria Interministerial nº
esportiva, treinamento e aperfeiçoamento técnico 2.255/0333 e configuradas, em 2005, no Projeto
de atletas e paraatletas. Esse esporte é regido por de Núcleos de Saúde Integral, sintonizado com o
normas dos altos organismos esportivos, nacionais movimento voltado para a saúde das populações.
e internacionais e pelas regras de cada modalidade,
respeitadas e utilizadas pelas respectivas Entidades Conforme o Projeto mencionado, a promoção
Nacionais de Administração e de Prática do de saúde é entendida como forma de analisar o
Esporte. processo saúde-doença na articulação das políticas
e práticas estratégicas, voltadas à redução da
Foto: Aldo Dias - ME vulnerabilidade dos sujeitos e coletividades ao
adoecimento, disponibilizando informações e opções
de cuidado e autocuidado favorecedores da saúde,
ao mesmo tempo em que, em situações de danos
ou agravos instalados, venham propiciar a redução
dos mesmos, do uso abusivo de medicamentos, do
risco de co-morbidades, de interações excessivas e/ou
evitáveis, entre outros. Essas políticas devem ampliar

30
Lei 9.615 de 24 de março de 1998, publicada no D.O.U., em
25 de março de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.574/98.
31
Esporte como Estratégia de Desenvolvimento Social e Econômico.
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2001.
32
Esporte Para o Desenvolvimento e a Paz: Em Direção à Realização
das Metas de Desenvolvimento do Milênio, ONU, 2003
33
Portaria Interministerial nº 2.255, de 20 de novembro de
2003, publicada no D.O.U, em 26 de novembro de 2003.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 38


as possibilidades de co-responsabilização e co-gestão
entre os diferentes atores, instituições e movimentos
sociais na criação de intervenções que contribuam
para a efetivação da integralidade do cuidado,
levando em consideração a diversidade cultural e
regional dos territórios e comunidades.

Uma outra questão a ser considerada na dimensão


do Esporte e Saúde é o problema do doping
esportivo. Desde os Jogos Olímpicos realizados na
Grécia antiga, por volta do ano 300 a.C., há relatos
da utilização de estimulantes por parte de atletas
para melhorar o desempenho. A busca constante por
resultados excepcionais e pelo reconhecimento no
mundo esportivo movimenta um expressivo mercado
científico e tecnológico de novas descobertas,
extrapolando todas as formas de controle. Mesmo
com o constante monitoramento das entidades
internacionais e nacionais de prática de desportos,
ocasionalmente, o mundo esportivo é surpreendido
negativamente pela revelação de uma nova droga ou
tipo de doping.

Conceituado pelo Conselho Nacional de Esporte, por Foto: Francisco Medeiros - ME


intermédio da Resolução Nº 02/0434, no Capítulo I,
que promove a melhor capacitação e formação de
Art. 1º, como “a substância, agente ou método capaz
especialistas no assunto.
de alterar o desempenho do atleta, a sua saúde, ou
espírito de jogo, por ocasião de competição desportiva Em 2003, o Ministério do Esporte determinou a criação
ou fora dela”, o doping no esporte tem preocupado da Comissão de Combate ao Doping, no âmbito do
as autoridades esportivas em todo o mundo, não Conselho Nacional de Esporte. Essa comissão tem a
somente por suas conseqüências nocivas à saúde tarefa de zelar pelo cumprimento do Código Mundial
dos atletas usuários, mas também por propiciar a Antidoping da Agência Mundial Antidoping - WADA-
obtenção de resultados artificiais e comprometer a AMA, da qual o Brasil é membro. Atendendo às
lisura do processo no qual está inserida a prática do suas competências, já em abril de 2004, a referida
esporte de alto rendimento. comissão apresentou ao CNE um conjunto de normas
com o objetivo de adaptar a legislação nacional às
Devido à sua importância no contexto esportivo
regras internacionais e divulgar a lista de substâncias
mundial, o Brasil ocupa lugar de destaque nas
e métodos proibidos na prática esportiva. No final
instituições internacionais de combate ao doping,
de 2004 foi divulgada a primeira estatística sobre o
sempre buscando o melhor aparelhamento de
seus laboratórios de detecção e identificação de
possíveis novas modalidades, ao mesmo tempo em 34
Resolução Nº 02 do Conselho Nacional de
Esporte de 05 de maio de 2004.

39 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


à prática esportiva de qualidade, confirma-se nos
projetos sociais esportivos em desenvolvimento no
Ministério do Esporte, que buscam atender desde
a criança até o idoso, oferecendo-lhes atividades
diferenciadas e integradas, que abrangem todas
as manifestações esportivas, mantendo sempre
como preceitos fundamentais a “cidadania”, a
“diversidade” e a “inclusão”.

Essa política considera que o esporte é condição


essencial para o desenvolvimento humano. Embora
importantes organismos internacionais tratem o
esporte como direito, e as normas constitucionais
vigentes no Brasil assim o considerem, este é
freqüentemente negado, principalmente, às
camadas sociais de baixa renda. Reconhecida
sua importância no desenvolvimento integral
do indivíduo e na formação da cidadania, a
garantia de acesso ao esporte, prioritariamente, à
população carente e aos marginalizados constitui-
se num poderoso instrumento de inclusão social,
de favorecimento da sua inserção na sociedade
e de ampliação das suas possibilidades futuras.
Foto: Bruno Carvalho - ME Essa assertiva toma forma concreta a partir de
fortes iniciativas do atual Governo nessa área. O
“Controle Antidoping no Brasil: Resultados do Ano acúmulo de experiências sobre ações e programas
de 2003 e Atividades de Prevenção”35. consolidados pelo Ministério do Esporte permite
demonstrar resultados visíveis sobre o combate
Outro ponto que merece destaque na Política
à exclusão. Entre esses programas, destacam-se
Nacional do Esporte é a tese da “inclusão social”,
o Programa Segundo Tempo, que tem atuado
necessária à superação dos indicadores sociais
diretamente com crianças e jovens em situação
existentes com vistas à construção de uma vida
de vulnerabilidade social, na prevenção, tanto no
plena e digna. A conquista pelo conjunto da âmbito da saúde, quanto nas situações de risco e
sociedade do Estado Democrático de Direito impõe violência. Além disso, tem possibilitado o acesso ao
a presença do poder público como protagonista de conhecimento, à cultura, à prática esportiva e ao
Políticas Públicas Sociais que afirmem a equidade e reforço alimentar, desenvolvendo os valores mais
a condição humana como inalienáveis. elevados de auto-estima, confiança e tolerância dos
alunos de escolas públicas e de outras instituições
A materialização da inclusão social pelo esporte,
não-governamentais.
seja ampliando o acesso, seja promovendo a
qualificação dos indivíduos que atuam no Esporte 35
Controle Antidoping no Brasil: Resultados do Ano de 2003
Nacional pela obtenção das condições necessárias e Atividades de Prevenção. Ministério do Esporte, 2004.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 40


Vale salientar que o reconhecimento dessas Encarregados da Educação Física e do Esporte36,
iniciativas pela Organização das Nações Unidas realizada em Atenas, na Grécia, em 2004,
tem permitido ao Brasil destaque internacional na reforçam o esporte como fator de igualdade entre
área do esporte e do lazer. Nessa mesma linha, o homens e mulheres e assinalam a necessidade de
Programa Esporte e Lazer da Cidade, balizado pelo estudos e pesquisas para que cada país conheça
Estatuto da Cidade, atua na maioria dos estados a sua realidade no que diz respeito à participação
brasileiros. Volta-se para a consolidação do esporte da mulher no esporte, não só como praticante,
e lazer como direitos sociais e, portanto, como
mas também como profissional para subsidiar a
política pública de governo que viabilize e garanta o
implantação de ações afirmativas.
acesso da população às ações do esporte e lazer em
todos os seus segmentos - crianças, adolescentes, Alguns dos valores considerados fortemente
jovens, adultos, idosos, bem como pessoas com ligados ao esporte podem constituir-se, também,
deficiências e com necessidades educacionais em preceitos necessários para o desenvolvimento
especiais, numa perspectiva intergeracional. dos povos e para a paz. Por isso acredita-se que
Desenvolve ações contínuas que visam responder as as contradições presentes nas relações entre os
necessidades localizadas nesse campo da vida social
povos, resultantes das relações sociais conflitantes,
e que são desencadeadas a partir da estruturação
devem ser trabalhadas num esforço conjunto pelos
dos núcleos de esporte e lazer, cujo funcionamento
gestores de políticas públicas, sem tratar o esporte
obedece a lógica da gestão colegiada - via Grupo
idealmente como munido de poderes coesivos,
Gestor - e democrática, viabilizando a participação
mas atribuindo-lhe o devido papel de prática social
popular através de instâncias de controle social.
potencialmente formadora de valores, como o
A prática do esporte deve ter como objetivo o respeito a acordos convencionados coletivamente,
combate a todas as formas de discriminação, a cooperação, a solidariedade, a tolerância, o
aqui incluindo também as questões relativas espírito de equipe e a luta pelos ideais. Nessa
às pessoas com necessidades especiais, às ótica, o esporte poderá promover valores vitais
pessoas com deficiência, aos menos favorecidos para a convivência harmoniosa de um povo. As
economicamente e aos que são tidos como menos competições internacionais, assim como os Jogos
hábeis para a prática. As atividades esportivas, Olímpicos e ParaOlímpicos, e a Copa do Mundo
especialmente as que não visam o alto rendimento,
de Futebol podem ser, também, instrumentos
devem ter como princípio básico a integração de
potenciais de aproximação dos povos e de
seus praticantes. Precisa-se criar a igualdade de
fortalecimento das relações de paz.
oportunidades, principalmente para aqueles que
enfrentam preconceitos por parte da sociedade – A capacidade de mobilização social das causas e dos
negros, índios, deficientes e mulheres das camadas eventos esportivos pode e deve ser direcionada para
mais pobres –, e favorecer sua integração social. o desenvolvimento social da nação, estimulando
Nessa perspectiva, a questão de gênero deve a sociedade a alcançar coesão e estabilidade,
ser considerada. Assim como já vinham sendo inclusive por meio de ações voluntárias.
apontadas por organismos internacionais, as
Recomendações da Comissão III da IV Conferência 36
Recomendações da Comissão III da IV Conferência
Internacional de Ministros e Altos Funcionários
Internacional de Ministros e Altos Funcionários
Encarregados da Educação Física e do Esporte, 2004.

41 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


O esporte tem um enorme potencial econômico. efeitos e, para isso, é fundamental que haja
Seja na fabricação e comercialização de produtos articulação entre as esferas de governo – União,
esportivos, na construção ou reabilitação de Estados e Municípios –, os poderes – Executivo
instalações esportivas, na venda de serviços ou na e Legislativo –, as entidades esportivas e a
promoção de eventos, o esporte gera empregos sociedade, de forma que todos trabalhem
e renda. Ademais, deflagram-se ao seu favor em torno de objetivos comuns. Só assim será
os efeitos suplementares dos expectadores, evitada a duplicação de esforços e as ações
patrocinadores, vendedores, da mídia nacional passarão a ser coordenadas, ampliando-se
e internacional e da “indústria do turismo” que o foco de atuação. É nesta perspectiva que
gira em torno das grandes competições. será construído o Sistema Nacional de Esporte
e Lazer, visto na I Conferência Nacional do
À medida que novas formas de atividade são
Esporte como necessário para “...unificar a
geradas, exigem-se novos produtos e serviços
ação do conjunto dos atores compreendidos
que, por sua vez, geram mais empregos e criam
uma cadeia produtiva bastante eficaz. Assim, no segmento do esporte e do lazer em todo o
faz-se necessário explorar mais esse potencial território nacional” 37.
estimulando o crescimento econômico do
Para transformar o esporte efetivamente
país por meio da captação de eventos e da
em política de Estado é imperativo que se
valorização da indústria nacional e da cadeia
aprofundem os vínculos institucionais de
produtiva do esporte.
forma a estabelecer uma rede de intervenção
A democracia, como valor fundamental, é mais desenvolvendo, primeiramente, ações de
uma tese que alicerça os princípios e diretrizes colaboração e cooperação entre o Ministério
da Política Nacional do Esporte. Caracteriza- do Esporte e os demais Ministérios, entre a
se como democrática a gestão que favorece União, os Estados e os Municípios e entre os
o acesso às práticas esportivas e aos espaços entes governamentais, não governamentais
apropriados, que estimula a participação e a iniciativa privada. A aproximação dessas
popular com poder de decisão, que promove instituições poderá frutificar na consolidação
a organização de instâncias administrativas, a de parcerias, permitindo a potencialização das
formação de conselhos, a descentralização da iniciativas, evitando a fragmentação dos recursos
estrutura, da organização e da gestão, que e favorecendo a continuidade dos programas.
assegura o acesso a informações, o planejamento Concentrar esforços e otimizar a utilização dos
participativo, a avaliação, o respeito a instâncias recursos é o primeiro passo para o alcance dos
coletivas constituídas e defende a transparência objetivos pretendidos.
na gestão.

Uma política pública carece de racionalidade,


pois existem poucas maneiras de solucionar uma
situação em que aumentam as necessidades
sociais e as demandas organizadas, como é
o caso do esporte. A racionalidade das ações 37
Documento Final da I Conferência Nacional
e o controle social podem multiplicar seus de Esporte. Ministério do Esporte, 2004

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 42


Foto: Bruno Carvalho - ME

43 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


OBJETIVOS vas, competitivas e de lazer a toda a população,
combatendo todas as formas de discriminação e
• Democratizar e universalizar o acesso ao esporte e criando igualdade de oportunidades, prioritaria-
ao lazer, na perspectiva da melhoria da qualidade de mente, à população carente e aos marginaliza-
vida da população brasileira. dos, como negros, índios, deficientes e mulheres
das camadas mais pobres. A garantia de acesso
• Promover a construção e o fortalecimento
ao esporte será um poderoso instrumento de in-
da cidadania assegurando o acesso às práticas
clusão social, considerando sua importância no
esportivas e ao conhecimento científico-tecnológico
desenvolvimento integral do indivíduo e na for-
a elas inerente.
mação da cidadania, favorecendo sua inserção
• Descentralizar a gestão das políticas públicas de na sociedade e ampliando sobremaneira suas
esporte e de lazer. possibilidades futuras.

• Fomentar a prática do esporte de caráter educativo


e participativo, para toda a população, além de 2 • Desenvolvimento humano
fortalecer a identidade cultural esportiva a partir de
políticas e ações integradas com outros segmentos. Qualidade de vida e desenvolvimento humano
sustentável (PNUD, 2002: 13) são condições cuja
• Incentivar o desenvolvimento de talentos esportivos
construção é um dever do Estado em conjunto
em potencial e aprimorar o desempenho de atletas
com a sociedade, cabendo a este, portanto,
e paraatletas de alto-rendimento, promovendo a
oferecer à população, como direito inalienável,
democratização dessa manifestação esportiva.
práticas esportivas direcionadas à educação, ao
prolongamento de vidas saudáveis, ao acesso ao
PRINCÍPIOS conhecimento e ao desenvolvimento do potencial
intelectual, ao acesso aos bens culturais, científicos
• Da reversão do quadro atual de injustiça, exclusão e tecnológicos produzidos pela humanidade, à
e vulnerabilidade social. elevação da consciência social com ênfase no
respeito a si mesmo, ao outro e ao meio-ambiente
• Do Esporte e do Lazer como direito de cada um
e à participação na vida da comunidade.
e dever do Estado.

• Da universalização e inclusão social.


3 • Ciência e Tecnologia do Esporte
• Da democratização da gestão e da participação.
A produção e a difusão do conhecimento da ciência
e tecnologia, da informação e documentação
DIRETRIZES
constituem os pilares da nova Política Nacional do
Esporte, decorrendo daí a importância de incentivar
1 • Universalização do acesso e promoção da a pesquisa e socializar a produção de conhecimento,
inclusão social desenvolvendo ações e mecanismos para garanti-
la, assim como articular os setores de informação
O acesso ao esporte e ao lazer é direito de cada e documentação esportiva compondo um Sistema
um e dever do Estado, pelo qual deve se garan- Nacional de Informação e Documentação Esportiva.
tir e multiplicar a oferta de atividades esporti- Necessário se faz fomentar a consolidação de

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 44


redes para potencializar a produção e difusão do da paz. A solidariedade, a cooperação, o espírito
conhecimento científico e tecnológico do esporte e coletivo, a luta pelos ideais e o respeito às regras,
lazer, o qual deve ser voltado ao desenvolvimento entre outros valores vivenciados no cotidiano da
humano e do país, à descoberta de tecnologias prática esportiva, também são necessários para
específicas para atender à diversidade, à qualificação a convivência harmoniosa e o fortalecimento
de pesquisadores, gestores e agentes sociais de da auto-determinação de um povo. Portanto, a
esporte e lazer, à elaboração e implementação convivência e a aproximação de diversos povos,
de políticas públicas setoriais e à qualificação dos promovidas pelas competições internacionais, em
serviços públicos oferecidos à população. especial, os Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos,
indicam que o esporte pode ser um instrumento de
fortalecimento das relações de paz.
4 • Promoção da saúde
Os programas de esporte devem servir como 6 • Desenvolvimento Econômico
ferramenta eficaz para a promoção e preservação
O esporte tem um enorme potencial econômico
da saúde, especialmente, sendo integrados em
que gera empregos e renda, seja na fabricação
ações interdisciplinares de políticas públicas de
e comercialização de produtos esportivos, na
saúde coletiva. Devem envolver-se em ações
construção ou reforma de instalações esportivas,
de sensibilização e conscientização, tanto na venda de serviços ou na promoção de
sobre a importância da realização das práticas eventos. Devem-se considerar, ainda, os efeitos
esportivas num ambiente limpo e saudável, suplementares dos expectadores, patrocinadores,
como da preservação da natureza. Todavia, vendedores, da mídia nacional e internacional
as práticas esportivas devem ser planejadas em e da indústria do turismo que gira em torno das
consonância com as agendas de organismos grandes competições. Ações, programas e projetos
internacionais (Organização Mundial da Saúde, de esporte devem ser desenvolvidos de forma a
Organização Panamericana da Saúde, entre outros) explorar o seu potencial econômico, estimulando,
e nacionais, que recomendam priorizar temas para tanto, o desenvolvimento do conhecimento
como alimentação, nutrição e atividade física, científico e tecnológico para além das práticas
sensibilizando e conscientizando a respeito do esportivas em si, buscando novas formas de
cuidado e da atenção à saúde, de modo geral. atividades, novos produtos e serviços, que gerem
mais empregos e criem uma cadeia produtiva
5 • Paz e desenvolvimento da nação mais eficaz, capaz de incrementar o crescimento
econômico do país, com reflexos positivos na
A capacidade de mobilização social das causas e formação humana e na valorização da indústria
dos eventos esportivos pode e deve ser direcionada nacional e da cadeia produtiva do esporte.
para o desenvolvimento social, estimulando o
alcance da coesão e da estabilidade, inclusive
7 • Gestão democrática: participação e controle
por meio de ações voluntárias. Os programas de
social
esporte devem valorizar a auto-estima, visando
o fortalecimento do espírito patriótico e da Para transformar o esporte efetivamente
identidade nacional, reforçando os princípios em política de governo é imperativo que se
necessários para o desenvolvimento da nação e aprofundem os vínculos institucionais, de forma a

45 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


estabelecer uma rede de intervenção. Portanto, 2 - Garantia da oferta regular e da difusão da
é preciso, primeiramente, desenvolver ações de cultura das práticas esportivas escolar e de lazer
colaboração e cooperação entre o Ministério do para todas as pessoas, sem distinção de cor, raça,
Esporte e os demais Ministérios, União, Estados etnia, sexo, idade ou condição social.
e Municípios, poder Executivo e Legislativo, entes
3 - Ampliação e modernização de infra-estrutura
governamentais, não-governamentais, iniciativa
privada, entidades esportivas e sociedade, de esportiva, contemplando a diversidade das
forma que todos trabalhem em torno de objetivos práticas.
comuns, evitando duplicações e coordenando as 4 - Estruturação da Política Nacional de Recursos
ações com vistas a ampliar o foco de atuação. Humanos, articulada com Estados e Municípios,
Uma gestão democrática exige que os cidadãos para Capacitação e Formação com caráter
envolvidos estejam devidamente comprometidos
multiprofissional e multidisciplinar, em parceria
e com as suas competências claramente
com o MEC e IES, de Recursos Humanos atuantes
estabelecidas para poder influir nas decisões e
em atividades esportivas em todos os níveis, de
fiscalizar a forma como as ações são realizadas.
forma a atender o Sistema Nacional de Esporte
e Lazer.
8 • Descentralização da política esportiva e de 5 - Desenvolvimento do conhecimento, da ciência
lazer e da tecnologia do esporte.
O desenvolvimento da Política de forma 6 - Oferecimento regular de práticas esportivas
descentralizada, ao mesmo tempo em que
educacionais, de lazer e de alto rendimento,
integra as instituições, prioriza a transferência
especialmente voltadas para a população em
de competências aos entes federativos, inclusive
situação de vulnerabilidade social.
a iniciativa privada, quando for o caso, e exige
compromisso daqueles envolvidos no processo. 7 - Fortalecimento da participação da Mulher no
Para consolidar a gestão democrática, é necessário Esporte.
ampliar e institucionalizar canais de diálogo entre
8 - Promoção de práticas esportivas que atendam
o governo, as entidades esportivas e a sociedade,
pessoas deficientes e com necessidades especiais.
favorecendo as possibilidades de participação,
interação e colaboração. Além do Conselho 9 - Afirmação do esporte como meio de
Nacional de Esportes, da Comissão Nacional de promoção da saúde em ações interdisciplinares
Atletas e da Conferência Nacional do Esporte, os com o Ministério da Saúde, a ONU, o CONSEA,
Conselhos Locais e Regionais deverão ser espaços
entre outros, incluindo os órgãos congêneres nos
importantes de debates para a implementação e
Estados e Municípios.
acompanhamento sistemático das ações.
10 - Implementação de ações de combate ao
doping esportivo, bem como de prevenção ao
Ações Estratégicas
seu uso, respeitando as normas e regulamentos
1 - Ampliação do acesso ao esporte em cada dos organismos internacionais de combate ao
região do país como direito social. doping.

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 46


11 - Criação de sistema integrado de diagnóstico, em todos os níveis de execução, para direcionar e
avaliação e documentação esportiva, amplo e redirecionar seu processo de planejamento.
aprofundado.

12 - Garantia da democratização da informação BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


no âmbito esportivo.
BRASIL. Caderno de potencialidades e dificuldades
13 - Apoio e fortalecimento da gestão pública do do Esporte Nacional. Ministério do Esporte. Brasília,
esporte em todos os níveis. DF, 2004.

14 - Estruturação do Sistema Nacional de Esporte BRASIL. Censo Escolar. Ministério da Educação.


e Lazer no país, compreendendo as esferas de MEC/INEP. Brasília, DF, 2004.
atuação pública e privada, consolidando uma rede
de gestores federais, estaduais e municipais, as BRASIL. Controle Antidoping no Brasil: Resultados
entidades de prática e de administração esportiva, do Ano de 2003 e Atividades de Prevenção.
entidades representativas do esporte e do lazer em Ministério do Esporte, 2004.
geral, escolas públicas e privadas, universidades,
BRASIL. Diagnóstico. Ministério do Planejamento
prestadores de serviço e profissionais, técnicos,
e Coordenação Geral e Ministério da Educação e
atletas e a população atendida.
Cultura, 1971.
15 - Estruturação de uma política de financiamento BRASIL. Documento Final da Conferência Nacional
que esteja vinculada ao Sistema Nacional de Esporte do Esporte. Ministério do Esporte, Brasília, DF,
e Lazer e que mobilize, articule, diversifique, amplie 2004.
e dinamize recursos para essa área, coordenando
BRASIL. Esporte na Escola: os XVII jogos escolares
as iniciativas do setor público, em todas as esferas,
brasileiros como marco reflexivo.
e do privado, assentada sob princípios sólidos de
controle público e transparência. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Física e Desportos. Brasília: MEC/SEED, 1989.
16 - Modernização e fortalecimento das entidades
de administração e de prática do esporte com BRASIL. Projeto de Núcleos de Saúde Integral.
vistas à democratização das entidades e à Ministério da Saúde, 2003.
profissionalização da gestão. BRASIL. Resolução de criação do Sistema Nacional
de Esporte e Lazer. In: Documento Final da
17 - Ampliação da participação da comunidade
Conferência Nacional do Esporte. Ministério do
esportiva e da sociedade na implementação
Esporte. Brasília, DF, 2004.
da política, mantendo canais permanentes de
comunicação. DA COSTA, L. Org. Atlas do Esporte no Brasil. RJ:
Shape, 2005.
18 - Garantia de mecanismos de controle e avaliação
permanentes da Política Nacional do Esporte, GRAÇA, A. e KASNAR, I. O Esporte como Indústria:
com a participação dos Conselhos e dos Gestores solução para criação de riqueza e emprego.
Estaduais e Municipais, e mediante a Conferência, Confederação Brasileira de Voleibol. Rio de Janeiro,
visando o acompanhamento contínuo das ações 2002.

47 Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I


MASCARENHAS, F. Lazer como prática da liberdade: publicado no D.O.U. em 16 de novembro de
uma proposta educativa para a juventude. Goiânia: 1993.
Editora UFG, 2004.
Lei 9.615 de 24 de março de 1998, publicada no
OLIVEIRA, J. Org. Constituição da República D.O.U. em 25 de março de 1998, regulamentada
Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro
pelo Decreto 2.574 de 29 de abril de 1998,
de 1988. 9ª edição. São Paulo: Saraiva, 1994.
publicado no D.O.U. em 30 de abril de 1998.
ONU. Esporte Para o Desenvolvimento e a Paz: Em
Direção à Realização das Metas de Desenvolvimento Lei 10.671 de 15 de maio de 2003, publicada no
do Milênio - Relatório da Força Tarefa entre D.O.U. em 16 de maio de 2003.
Agências das Nações Unidas sobre o Esporte para o
Lei 10.672 de 15 de maio de 2003, publicada no
Desenvolvimento e a Paz. Organização das Nações
D.O.U. em 16 de maio de 2003.
Unidas, 2003.
PNUD. Esporte como Estratégia de Desenvolvimento Lei 10.264 de 16 de julho de 2001, publicada no
Social e Econômico. Programa das Nações Unidas D.O.U. em 17 de julho de 2001 e regulamentada
para o Desenvolvimento. Ministério do Esporte. pelo Decreto 5.1139 de 12 de julho de 2004,
Brasília, DF, 2001. publicado no D.O.U. em 13 de julho de 2004.
UNESCO. Carta Internacional de Educação Física e Lei 10.891 de 09 de julho de 2004, publicada no
do Esporte. 1978. D.O.U. em 12 de julho de 2004.
UNESCO. Declaração da IV Conferência
Medida Provisória Nº 103 de 01 de janeiro de
Internacional de Ministros, Altos Funcionários
2003.
Encarregados da Educação Física e do Esporte /
MINEPS IV. Atenas, Grécia, 2004. Portaria Interministerial nº 2.255 de 20 de
UNESCO. Recomendações da Comissão III da IV novembro de 2003, publicada no D.O.U. em 26 de
Conferência Internacional de Ministros, Altos novembro de 2003.
Funcionários Encarregados da Educação Física
Resoluções CONANDA nº 90, de 23 de junho de
e do Esporte. In: Declaração da IV Conferência
Internacional de Ministros e Altos Funcionários 2003, e nº 94, de 11 de março de 2004.
Encarregados da Educação Física e do Esporte Resolução Nº 02 do Conselho Nacional de Esporte,
MINEPS IV. Atenas, Grécia, 2004. de 05 de maio de 2004.

LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Decreto-Lei nº 3.199 de 14 de abril de 1941,
publicado no D.O.U. em 17 de abril de 1941.

Lei 6.251 de 8 de outubro de 1975, publicada no


D.O.U. em 09 de outubro de 1975, regulamentada
pelo Decreto 80.228 de 25 de agosto de 1977.

Lei 8.672 de 06 de julho de 1993, publicada no


D.O.U. em 07 de julho de 1993, regulamentada
pelo Decreto 981 de 11 de novembro de 1993,

Ministério do Esporte ••• Esporte e Lazer - Políticas de Estado ••• Caderno I 48


Considerações Finais

A realização da primeira Conferência Nacional do Esporte foi um marco nas Políticas Públicas de Esporte
e Lazer. Apresentar como se deu essa iniciativa pioneira de diálogo entre o estado e a sociedade civil, é a
intenção do Caderno I. Propõe-se ainda a demonstrar como o Ministério do Esporte procedeu para organizar
as demandas da área, projetando esporte e lazer nas gestões municipais e estaduais e nas organizações não
governamentais.

O principal desdobramento dos debates da I CNE foi a aprovação da Resolução de Criação do Sistema Nacional
de Esporte e Lazer e das linhas da Política Nacional do Esporte, que se mostrou um importante instrumento
orientador das ações das diversas secretarias do Ministério do Esporte e de outras esferas de gestão.

Diante dos desafios apresentados a partir desse debate, importa saber que ações são importantes para que a
agenda política em todas as esferas de governo possa materializar o direito social ao esporte e ao lazer.

A Política Nacional do Esporte, quando aponta como centro a promoção da inclusão social e o desenvolvimento
humano, visa a alcançar a universalização do acesso ao esporte e ao lazer e pretende tornar-se uma política
estruturante, perene, uma política de estado. Tal conquista requer que se promova, ainda, o desenvolvimento
econômico, científico e tecnológico, a gestão democrática e o controle social, no campo do esporte e do
lazer. Contudo, o que determina o futuro da Política Nacional do Esporte é a qualidade e a forma com que se
materializam suas ações, projetos e programas.

Um profícuo debate é deflagrado pela I CNE, que deixa para a II CNE a relevante tarefa de estabelecer as
bases do novo Sistema Nacional de Esporte e Lazer, que avance do Sistema que se tem para aquele capaz de
atender as necessidades atuais do setor.

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