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Introdução
Este projecto da unidade curricular Argumento foi concebido para ser ilustrado
numa banda desenhada digital sobre saúde ambiental, para o departamento de
saúde ambiental da ESSB.
Foram analisados e interpretados os vários conteúdos sobre saúde ambiental e de
cada um seleccionamos alguns temas chave para desenvolver o nosso
argumento.
Os vários conteúdos analisados são: resíduos, água para consumo humano,
águas residuais, segurança alimentar, ruído, salubridade das praias e piscinas,
segurança nos parques, urbanismo, qualidade do ar interior e exterior, saúde no
trabalho, radiações.
O público-alvo são crianças dos 6 aos 12 anos.
Os cenários utilizados são: o parque e a casa (cozinha e quarto do Tito).
Os personagens são: Tito, O pai Francis, a mãe Madalena, o cão Ty, a gata Buda,
E, a Rita, técnica de saúde ambiental dos quais Tito e o cão Ty serão os
protagonistas.
Na elaboração deste argumento já estavam pré definidas as personagens, os
conteúdos, o público-alvo e os cenários.
Prefácio
- Olá! Eu sou o sábio Ty, tenho 3 anos que equivalem a 21 anos na vida
humana e, se me consegues ouvir, és de certo uma criança entre os 6 e os 12
anos. Sou um cão de raça Labrador, de pêlo amarelo-torrado com uma mancha
mais clara, mas discreta, em forma de asas junto à nuca, que ganham vida
sempre que um problema ou solução existem. Tenho um olho azul e um olho
verde, e, ao contrário dos outros cães, consigo ver com os dois olhos. Sempre que
um problema existe, ambos os meus olhos ficam verdes, como se a sinalizar um
problema de saúde ambiental e permanecem assim até serem solucionados.
Nessa altura ganham um tom azul por cinco segundos e, em seguida, voltam ao
seu normal.
Os amiguinhos que eu fui ajudando chamam-me Ty, porque todos eles me
conheceram no parque Totyl. Tenho a missão de ajudar o ambiente e, por esse
motivo, sou de todos e não sou de ninguém. Tento manter a minha amizade para
com todas as crianças que conheci até hoje e recebo visitas de todos eles com
frequência, pois vivo num local privilegiado, o parque Totyl.
Desde que me conheço, vivo neste parque e, que me lembre, não fui
abandonado! Não querendo ser vaidoso mas já sendo, sou um cão muito especial.
Pode parecer estranho mas eu não como, não tenho sede, não tenho qualquer
tipo de necessidade e o mais incrível, não durmo.
Vivo somente para vocês e acredito que ensinando-vos aos poucos e
sensibilizando-vos para um bem-estar geral e pessoal no vosso dia-a-dia vocês
vão aprender e passar a mensagem a todos os outros.
A situação que vos vou contar agora passa-se do outro lado da rua. Daqui
consegue ouvir-se e ver-se a Madalena, mãe de Tito, na cozinha, muito zangada.
Vou contar-vos tudo …Mais à frente claro…
Madalena, tem trinta e quatro anos, é alta e com aspecto muito esguio.
Cabelo azulão eléctrico encaracolado que lhe bate nos ombros, e olhos verdes
garrafa que sobressaem devido à sua pele tão branca. Madalena é Portuguesa
mas descendente de ingleses e, por isso, todos os dias, coloca não um, mas sim
dois relógios no braço esquerdo, um perto do outro. Ambos os relógios tocam
pontualmente e diariamente - um pelas 16horas e outro pelas 16.05h, hora em que
Tito sai da escola.
É uma mulher muito meiga e é nos seus olhos que as pessoas mais
próximas encontram tranquilidade e segurança. Fica vermelha quando se
envergonha, treme quando está nervosa e, quando se irrita, num acto involuntário,
o seu cabelo levanta no ar como se alguma força magnética o puxasse e os seus
olhos verdes ficam maiores como se saíssem da órbita.
É uma mulher muito inteligente, assertiva, organizada, responsável e
determinada. Características típicas da descendência inglesa. Trabalha numa
empresa de fiscalização de segurança no trabalho, gosta de se vestir com cores
muito fortes, mas normalmente a roupa que veste de segunda a sexta-feira são
umas calças de ganga clara, justas ao corpo cuja bainha lhe toca no tornozelo.
Usa chinelos com meia por dentro, e uma camisa vermelha cintada com duas
dobras nas mangas que deixam ver a sua pele tão branca e ainda uma pequena
saliência na barriga devido à sua gravidez de três meses. Ainda não sabe se é
menino ou menina. Mas prefere uma menina.
O Francis, seu marido e pai de Tito, tem trinta e dois anos. É alto, tem o
cabelo muito crespo, quase parece africano mas, no entanto, é escocês. Usa
sempre kilt que deixa destacar as suas pernas repletas de pêlos vermelhos!
Fuma bastante, e já percebi que isso incomoda Madalena e a impertinente da
gata.
Ah! É verdade, ainda não vos falei da Buda. Buda é a gata mais mimada
que eu conheço, como já devem ter percebido não nos damos muito bem. Aquele
pêlo todo, típico da sua raça, faz-me confusão. Sim, ela é uma gata de raça persa,
de pêlo branco e olhos amarelos, incomoda qualquer um e principalmente ao Tito
que é alérgico.
O Tito é o menino que venho ajudar desta vez. Tito tem sete anos, cabelo
vermelho, olhos castanhos debaixo dos óculos com lentes de fundo garrafal, de
massa verde. Tem algumas sardas nas bochechas e anda sempre com o nariz
cheio de ranho devido às alergias provocadas pelos pêlos da gata, é um rapaz alto
e muito magro, veste sempre calções, t-shirts, meias brancas e sandálias, usa um
curioso chapéu com a sigla “I LOVE NY”. É muito energético, está sempre a ser
chamado à atenção pelos professores e os seus pais estão constantemente a
serem convocados à escola devido ao seu comportamento. No entanto, Tito é um
rapaz muito esperto e atinge sempre bons resultados na escola. É muito famoso
entre os colegas, mas sente-se um pouco sozinho, devido à falta de atenção por
parte dos pais.
Tito e os pais vivem numa rua bastante ruidosa, devido ao trânsito. Nessa
rua situam-se algumas superfícies comerciais e é constante o barulho de carros e
de camiões a fazerem cargas e descargas. Para piorar a situação a rua agora
anda em obras e o barulho tornou-se insuportável. A casa, na entrada, tem uma
placa com o nome da família, Ericsson. Madalena não quis abdicar do nome do
seu pai. É uma enorme vivenda de três andares, o último andar é o sótão e depois
de várias guerras em casa, o Tito conseguiu fazer lá o seu quarto.
Cena 1
Cozinha
Vista a construção da casa por fora, parece uma casa assombrada porque
é uma estrutura antiga e sem reformas, mas daqui consigo ver a cozinha, toda
remodelada, com móveis brancos e uma grande mesa de madeira preta rodeada
por quatro cadeiras.
Em cima da mesa está o jornal Times e uma comprida jarra com um grande
ramo de flores de plástico, para não murcharem, que Francis deu a Madalena num
jantar romântico. Apesar de serem de plástico, tem um ar tão verdadeiro que
encanta qualquer um. Por cima do frigorífico está uma televisão completamente
nova comprada em promoção na Worten. A cozinha é bastante iluminada por uma
janela enorme, com vidros aos quadradinhos onde, Buda, a gata mimada da
família passa a vida. Todos os dias, pelas dezanove horas, Madalena cozinha o
jantar para a família, sempre com a sua gata por perto. Madalena é uma excelente
cozinheira, sendo a sua especialidade soufflé de camarão, que deixa qualquer um
de água na boca, pois, segundo as suas visitas, é de comer e chorar por mais. A
cozinha é bem equipada, com todo o tipo de utensílios necessários aos bons
cozinheiros. Parece mesmo uma cozinha de restaurante, de tão grande que é.
Na cozinha, Madalena furiosa e com o cabelo azul todo em pé grita:
- Tito!! Vai já para cima secar esse cabelo meu menino e só voltas cá para baixo
na hora de jantar!
Até consigo ouvir daqui, com as minhas maravilhosas orelhas! Madalena
está chateada pois, mais uma vez, foi chamada pelo director devido ao mau
comportamento do pequeno Tito. Hoje, mais uma vez, Tito foi à natação e, como
sempre, no balneário anda descalço e não se preocupa em usar chinelos. O
professor de natação farta-se de ralhar com ele por causa disso porque não quer
que os seus alunos apanhem „pé de atleta‟. No entanto, Tito nunca liga ao que o
professor diz e deixa sempre os chinelos no balneário.
Tito respondeu muito indignado:
- Mas mãe... a culpa não foi minha, os meus colegas é que me roubaram os
chinelos. (que desculpa mais esfarrapada!).
- Tito, nem mais uma palavra, e leva uma barra de cereais para o teu quarto. Não
respondas mais. À hora do jantar a mãe chama-te. Agora sobe!
- Mas mãe….
- Faz já o que a mãe te diz Tito! (grita o pai por entre as folhas do jornal, que lia
calmamente, sentado no sofá).
O pequeno rapazito subiu as escadas muito triste e nem deu muita
importância a Buda, como de costume.
Apesar de muito inteligente, curioso e de tirar boas notas, Tito é um menino
irrequieto, que perturba muito as aulas devido à sua hiperactividade
Como seria de esperar, Tito não ia ficar fechado a tarde toda no quarto
como a mãe mandou. Pega na chave que estava na mesa da cozinha e sai
gritando:
- Mãe, pai! Vou para o parque!
Madalena estava tão ocupada com a preparação do jantar que nem prestou
atenção ao Tito e muito menos o seu pai que não tirava os olhos do jornal.
Buda viu o menino a sair sorrateiramente e pôs-se à janela, para ver onde o
pequeno iria e, aproveitou, para apanhar ar nos seus longos bigodes.
Cena 2
Parque
Tito atravessou a estrada a correr sem olhar e quase foi atropelado por um
carro cujo condutor não viu a sinalização de passadeira que estava encoberta por
uma árvore, e travou bruscamente. Tito continuou a correr sem dar a mínima
atenção ao sucedido e foi brincar sozinho no parque, que ficava relativamente
perto de sua casa. O parque Totyl é um parque muito especial. Tem dois bancos
duplos em forma de bananas amarelas bem chamativas, onde normalmente os
pais se sentam enquanto vigiam as brincadeiras dos meninos. O caixote de lixo,
verde, é bem sinalizado, mas os amigos que frequentam o meu parque não têm
muita pontaria. Os dois escorregas pretos são enormes e cobertos, como se
tratasse de um parque de diversões aquático. As crianças adoram a adrenalina de
escorregar no escuro. O chão, de betão, pintado de verde a imitar a relva, aquece
muita em dias Verão. As várias corridas de triciclo, na pista que fica junto dos
escorregas, traz muita animação a este parque. O pequeno minigolfe entre os
escorregas e os bancos estão um pouco destruídos porque, a vedação verde de
rede de dois metros que rodeava o parque, foi forçada por alguns adolescentes
alcoolizados e, não foi arranjada desde então. O chafariz, no meio do parque, tem
uma escultura de uma criança a fazer chichi.
Na entrada do parque, no portão do mesmo material da vedação, há uma
placa vermelha que avisa que só é permitida a utilização de crianças dos três aos
doze anos, mas muita boa gente não deve saber ler. Existem, ao redor do parque,
plantas fictícias a imitar girassóis, que dão mais cor ao mesmo. O castelo de
madeira construído em cima do chafariz é a atracção do parque, com vários
compartimentos e pontes. Todos os pontos altos são protegidos sem qualquer
perigo de queda. Os dois baloiços, que ficam à frente do escorrega, são cor-de-
rosa. A música, dos cavalinhos de mola, é abafada pelo barulho dos carros que
passam na estrada que está mesmo em frente ao parque. No entanto, as crianças
não deixam de brincar neles. É, sem dúvida, o local mais concorrido do parque.
Tito sabia que, se a mãe fosse à janela, o poderia ver, mas não estava
preocupado pois ela estava muito atarefada.
Decidiu aproveitar a tarde e brincar no parque. A primeira coisa que fez foi
sentar-se no baloiço e balançou para a frente e para trás durante cinco minutos,
muito alegre porque sentia o vento a bater-lhe na cara. Tito não se apercebeu,
mas eu já o estava a observar. Fartou-se rapidamente dos baloiços e, decidiu, que
iria atirar pedras às árvores para ver se acertava em algum passarinho! De
repente, no meio da sua brincadeira, eu apareci e Tito subiu para cima do banco
que ali estava.
Tito, habitualmente não tinha medo de cães mas eu era diferente, era
grande, cheirava mal, e tinha um aspecto sujo. Fiquei a olhar para ele e ele para
mim. Olhamo-nos durante alguns segundos até que Tito gritou:
- O meu pai é o senhor Francis e a minha mãe, Madalena, é fiscal de saúde no
trabalho e, se eu quiser, eles mandam-te prender e tu nunca mais voltas aqui.
Portanto, ai de ti que me mordas.
Eu nem me mexi. Continuei ali quieto e sentado a olhar para o menino que,
de repente, perdeu o medo e desceu do banco. Foi ao bolso do casaco, que
estava perto do baloiço, tirar a barra de cereais que a mãe lhe dera para lanchar,
caso tivesse fome enquanto estivesse no quarto.
Voltou para o mesmo local mas, desta vez, sentou-se a dois bancos de
distância de mim pois acho que o deixava um pouco desconfortável. Comeu a sua
barrita a correr e engasgou-se com o ultimo pedaço. Como não tinha trazido nada
para beber foi beber água do chafariz que estava a deitar água constantemente, e
eu gritei:
- NÃÃOO. Não bebas essa água!
Ao que o Tito respondeu:
- Não! Porquê? Respondeu, sem se aperceber que não estava ali ninguém a não
ser a minha cãossoa (um cão que se considera uma pessoa).
Quando pôs a água na boca cuspiu-a imediatamente pois, a água, tinha um
sabor a terra estranho. Até que eu disse novamente:
- Vês, eu avisei-te. Essa água é imprópria para consumo, está cheia de micróbios.
Podes ver que a sua cor é acastanhada e não incolor como deveria ser. Não é
tratada! Podes apanhar dores de barriga, diarreia e infecções.
O Tito diz:
- Podias ter dito isso antes, não era?!
Quando olhou para baixo, viu-me a olhar para ele e, pela sua expressão, deve ter
pensado: -“Não, isto foi imaginação minha”. Até que eu lhe disse com um sorriso
no focinho:
- O meu nome é Ty. Muito prazer. Muito simpático, estiquei a pata direita e o Tito
disse:
- Mas, mas isto não é possível!!? Um cão que fala?? E, pensava eu, que já tinha
visto tudo.
Dá uma risada enquanto treme as pernas compridas que tem.
- Pois é, eu sou assim e sou muito esperto.
O Tito afastou-se de mim em pezinhos de lã e pegou no pacote da barrita que
tinha na mão e tenta acertar no caixote do lixo azul que ali estava, como sempre,
muito cheio, pois o camião do lixo já não o vinha recolher há uma semana. Sendo
assim, o pequeno atira o pacote e falha. O pacote cai no chão, num monte de lixo
que ali estava e, Tito, nem se preocupou com o que tinha feito.
Eu, muito indignado, olhei para o pequeno Tito. Os meus olhos ficaram
imediatamente verdes e perguntei-lhe:
- Quantos anos tens tu?
Ao que o Tito respondeu:
- Sete anos, quase oito. Já sou grande. Porquê?
- Tens pouca pontaria?
- Porque dizes isso?
- Não sabes que não se deve atirar lixo para o chão?
- Mas está tudo cheio, só me resta atirar para o chão!
- Tito, é esse o teu nome não é? Se atirares o lixo para o chão e se todos fizerem
o mesmo, já viste como vai ficar o parque? Tu ao colocares lixo no chão vais
prejudicar o ambiente, os bichos vão-se acumular e vai cheira mal… e agora
imagina que cais em cima disto tudo, não te ias sentir mal?
- Sim, é verdade. Tens razão!
Neste momento os meus olhos ficaram azuis durante cinco segundos e depois
disso voltaram ao normal e disse-lhe:
- Vá, agora vai para casa, que já esta a ficar tarde. A tua mãe deve estar
preocupada. Se precisares de alguma coisa, assobia, que eu vou ao teu encontro.
Adeus, até logo!
Cena 3
Cozinha
Cena 4
Quarto do Tito
Depois do jantar e de toda aquela confusão o Tito foi para o sótão, o seu
quarto que ficava no terceiro andar daquele casarão majestoso. Como estava
aborrecido decidiu deitar-se na cama pois teve um dia muito agitado. Aprendeu
muita coisa e conseguiu transmitir aos pais tudo aquilo que eu lhe ensinei. Pois
bem, mas estamos aqui para falar do Tito e não para me gabar! (esboçou um
sorriso e as suas asas abanaram de alegria).
O Tito foi até lá cima e quando abriu a porta do quarto viu que se tinha
esquecido do telemóvel em cima da sua grande cama. Abriu a cama, foi vestir o
seu pijama branco com bolinhas rosas, verdes e azuis, lavou os dentes na casa
de banho do quarto com a sua escova a pilhas. Deitou-se e começou a jogar um
jogo no telemóvel, aquele tão conhecido da cobra. Vocês sabem como ele é
inteligente, vejam bem que já vai no quarto nível. (Grande plano na parte superior
do corpo do Tito, foca-se mais as mãos e a cara do rapaz muito entretido.)
- Isto é uma seca, esta cobra não morre de maneira nenhuma!
Vou dar-lhe mais oportunidades para ver se ela é mais esperta do que eu,
pensava.
Como era de prever, Tito acabou por adormecer e foi mais esperto do que
a pobre cobra. Sendo assim, vou ficar aqui do lado de fora até que o Tito acorde
para que possamos ir brincar, se é que me entendem, mais um pouco!
- Ai!!! Dói-me a cabeça! Põe as mãos à cabeça, como se esta fosse explodir.
Parece que o nosso amiguinho acordou. Vou entrar sorrateiramente pela
janela. Estas asas têm que servir para alguma coisa, mas “chiuuu” não contem a
ninguém. – Bate as asas pequenas até ao terceiro andar e, ao chegar ao
parapeito, salta lá para dentro num gesto muito rápido para que ninguém se
apercebesse de algo tão insólito.
- Bom dia Tito! Estás a chorar porquê?
- Porque não consegui dormir com o barulho dos carros, dói-me muito a cabeça e
o despertador do meu telemóvel ainda nem tocou!!! - Tirando-o de baixo de
almofada.
Como é óbvio fiz um focinho de muito espanto e os meus olhos
instantaneamente mudaram para a cor verde. Quando vejo aquele miúdo a puxar
do telemóvel, que estava debaixo da almofada, e, como bom conselheiro que sou,
repreendi-o de uma forma muito suave:
- Tito, não sabes que não se deve dormir com telemóveis? Talvez seja por isso
que te dói a cabeça! Sabes que as radiações nos fazem muito mal e podem
provocar certos sintomas, tais como cancro, tumores, lesões nos ossos, e muitos
outros, quando estamos constantemente expostos a elas.
- Não tinha pensado nisso. Tens toda a razão amigo! Nunca mais vou dormir com
o telemóvel.
- E as dores de cabeça devem-se ao barulho que está na rua, o ruído quando é
em excesso provoca diminuição de audição, insónias e infecções auditivas.
Porque não pedes ao teu pai para colocar uns vidros duplos para isolar o
barulho?! Vais ver que te vais sentir muito melhor e vais conseguir dormir à
vontade! Enquanto isso pede-lhe uns tampões para os ouvidos.
Nesse momento, os meus olhos ficaram azuis por cinco segundos e
voltaram ao normal.
- Vai agora tomar banho e despacha-te para ires tomar o pequeno-almoço. Hoje, é
sábado, mas sabes como a tua mãe é, muito pontual!
Enquanto ele foi tomar banho, desci novamente pela janela e voltei para o
parque pois já tinha combinado com ele que nos iríamos encontrar lá mais tarde.
Tito desceu para tomar o pequeno-almoço e fez o que Ty lhe tinha sugerido.
Cena 5
Cozinha
- Pai, sabes que, ultimamente, não tenho dormido quase nada por causa do
barulho das obras aqui ao lado. Será que me podes comprar e colocar uns vidros
duplos no meu quarto para abafar o som? Já agora enquanto não colocas os
vidros podias-me comprar uns tampões. É que o Ty disse-me que era o melhor.
-Ty?? Ahh sim, sim claro! – Virando-se para a mãe.
- Deve ser o tal amigo imaginário outra vez!!
Madalena abanou a cabeça e sorriu com a situação. É preferível que eles não
saibam quem eu realmente sou.
- Sim filho, o pai vai tratar disso para ti! Não te preocupes. Vá, agora vai-te calçar
para irmos os três brincar no parque!
-Fixee!!! Neste momento a sua faceta hiperactiva veio à tona!
Cena 6
Parque