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Por q u e so mo s ate us ?
Henrique Carneiro, professor do Departamento de Histria
da USP e membro do Conselho Editorial da Revista Outubro
A idia de deus, desde o surgimento do Estado, tornou-se o
fundamento do poder. A palavra hierarquia significa, nos seus
radicais gregos hieros e arqu, poder do sagrado. Os
sacerdotes foram os primeiros agentes do aparelho coercitivo
do Estado. Duvidar dos deuses, portanto, sempre foi, na histria
das civilizaes, um crime contra o Estado. Por isso, o atesmo
sempre foi uma doutrina clandestina, perseguida, denunciada,
estigmatizada, e seus porta-vozes so, por milnios,
praticamente inexistentes na histria do pensamento.
Apenas a partir da poca moderna da Ilustrao que o livrepensamento, o direito dvida e a descrena e, at mesmo, a
afirmao da inexistncia de deus, tornaram-se pblicas,
mesmo com a continuidade da vigncia da censura policial dos
livros e da perseguio aos ateus. Na verdade, s mesmo no
sculo XX, e assim mesmo tardiamente, que o atesmo pode
tornar-se uma opinio to legtima como qualquer crena
religiosa. Mesmo hoje em dia, praticamente nenhum estado
efetivamente laico, havendo sempre concesses no campo da
iseno de impostos, do acesso educao, etc. H cruzes nos
parlamentos e tribunais e jura-se sobre bblias oficialmente.
materialista.
2) a f um princpio de erro;
7) deus no existe;
8) a alma no imortal.
Voltaire, conhecendo o Testamento de Meslier ajudou a divulglo, mas sob uma forma atenuada, adulterando e traindo o
pensamento de Meslier. O baro DHolbach, mais coerente,
tambm se inspirou em Meslier e em seu Sistema da
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