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Dedo na ferida
As reaes ao manifesto dos advogados expem as diferenas
entre Justia e justiamento
por Rodrigo Martins publicado 26/01/2016 04h34
Valim destaca ainda que boa parte dos signatrios do manifesto no representa rus
da Lava Jato. Esto, porm, preocupados com as implicaes desses mtodos sobre
o sistema judicial.
Verifico uma perigosa influncia da mdia nos rumos dessa operao. um
processo que se retroalimenta. De um lado, agentes da Polcia Federal ou
procuradores municiam os jornalistas de informaes, muitas delas sigilosas. De
outro, a mdia faz um noticirio que legitima essa operao espetacularizada.
O manifesto faz aluso, por exemplo, capa da ltima edio da revista Veja, a
estampar fotografias de rus extradas indevidamente de seus pronturios na
Unidade Prisional em que aguardam julgamento.
Para o grupo de advogados, a estratgia de massacre miditico visa construir a
crena coletiva de que os acusados so culpados antes mesmo do julgamento, alm
de legitimar a manuteno de desnecessrias medidas restritivas e prises
provisrias, engrenagem fundamental do programa de coero estatal destinado
celebrao de acordos de delao premiada.
Professor de Direito Constitucional da PUC de So Paulo, Pedro Estevam Serrano
tambm contesta a acusao de que os advogados se valem de acusaes
genricas.
H quase dois anos, revelou-se a existncia de um grampo na cela de Alberto
Youssef, mas as sindicncias conduzidas pela Polcia Federal e pelo Ministrio da
Justia ainda no apresentaram concluses. Todos os dias vemos trechos de
delaes sigilosas nas pginas dos jornais. No compete aos advogados fazer o
trabalho da polcia ou do Ministrio Pblico, afirma.
H rus que j foram condenados no processo da Lava Jato sem que essas
questes tivessem sido esclarecidas.