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MAXWELL: De Centro Digital de Referência a Repositório Institucional
Ana M. B.Pavani1
Resumo
O Maxwell é um sistema da PUC-Rio que foi criado com o objetivo inicial de ser um ambiente
de educação assistida por TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação, cujo ‘núcleo’ da
gestão da informação educacional é uma biblioteca digital. As demais funções foram
previstas para fazer o ‘material educacional chegar ao aluno e o aluno chegar ao material
educacional’, apoiando-se na tutoria, para quem foram implementadas as ferramentas de
tutoria e comunicação entre os atores do processo.
Como tem mais de 10 anos, foi evoluindo com o uso e incorporando novas facetas e
funcionalidades, até chegar ao que hoje é – um sistema de apoio à educação baseado em um
repositório institucional. Este trabalho apresenta as premissas básicas do sistema, sua
evolução e como ele se tornou um repositório institucional, atuando junto a todos os
segmentos da universidade.
Ele foi definido, inicialmente quando criado, como um Centro Digital de Referência – um
ambiente integrado de ensino assistido por TIC, baseado na Web, com ambiente de
biblioteca/arquivo digital, recriando-se a associação de uma instituição com a sua biblioteca,
sob forma virtual. A integração entre bibliotecas digitais e educação assistida por TIC foi
apresentada por Pavani (1999, 2000 e 2002).
No início os materiais eram todos voltados às disciplinas, fossem elas totalmente a distância,
dos cursos de pós-graduação lato-sensu, ou presenciais, para as quais o Maxwell servia de
apoio.
Desde a sua implantação e em todas as versões (está na 3a), a gestão dos materiais é
totalmente baseada na biblioteca digital. Isto se deveu a necessidades específicas de
materiais educacionais – agregação, desagregação, seqüência e compartilhamento, além do
reaproveitamento de um período para o outro e entre disciplinas e/ou cursos.
1
Professora Associada e Coordenadora do LAMBDA – Laboratório de Automação de Museus,
Bibliotecas Digitais e Arquivos - Departamento de Engenharia Elétrica - Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro - apavani@lambda.ele.puc-rio.br
Essas são características muito específicas dos materiais educacionais e grande parte dos
sistemas de educação baseada na Web, na época, não as contemplava por não serem
baseado em bibliotecas digitais.
Estas leis podem ser utilizadas para os materiais educacionais, ainda acrescentando que o
tempo dos criadores dos materiais, ou seja, os professores e tutores, também não deve ser
desperdiçado. Esta é a razão pela qual o reaproveitamento de materiais educacionais é de
extrema importância na educação assistida por TIC. Este aspecto do Maxwell foi apresentado
por Pavani & Luckowiecki (1999) e por Cardoso & Pavani (2000).
As bibliotecas digitais ainda trazem muitas discussões, mesmo no que diz respeito às leis de
Raganatham, como no artigo de Cloonan & Dove (2005), no qual questionam a terceira lei no
novo contexto.
A biblioteca digital é a ferramenta perfeita para a gestão dos materiais educacionais, pois
incorpora a disciplina herdada das bibliotecas à flexibilidade que o seu lado digital
proporciona.
O lado digital trouxe novidades que permitem fazer a integração (on-line) de vários tipos de
materiais, facilitar a navegação com buscas mais fáceis, ligar vários repositórios e
reaproveitar módulos de conhecimento em múltiplos cursos e/ou disciplinas. Além disso,
permitiu tratar os nascidos digitais – os conteúdos multimídias, os módulos interativos e os
simuladores – como quaisquer outros materiais em suporte tradicional, já que todos eles,
quando em formato digital viram ‘bits & bytes’.
A utilização de uma biblioteca digital deu ao material educacional uma vida própria – ele é
catalogado segundo as práticas das bibliotecas digitais, pode ser buscado e recuperado, além
de poder ser usado em disciplinas. Ao mesmo tempo, permitiu incorporar materiais que,
inicialmente, visavam a complementação do material didático – artigos, pre-prints, manuais
técnicos, etc. e que são de uso corrente pelos professores e alunos.
Durante a década de 1990 e nos primeiros anos da de 2000, as bibliotecas digitais evoluíram
rapidamente. Apareceram, também, novidades na área dos materiais educacionais digitais –
nasceram os learning objects.
Na segunda metade da década de 1990, grupos atuantes em educação assistida por TIC
estenderam os metadados para a caracterização dos objetos educacionais (learning objects)
e cunhou-se o termo LOM – Learning Object Metadata. Remontam a esta época as iniciativas
do Instructional Management System Project (IMS Project) e dos Learning Objects Metadata
(LOM) do IEEE Learning Technology Standards Committee (IEEE LTSC). Especificações
funcionais e técnicas para sistemas foram, também, introduzidas.
Ainda nos anos 1980 e, mais fortemente, na década seguinte, a Virginia Tech (VT) iniciou o
projeto de disponibilização de teses e dissertações, on-line, em texto completo. Cunhou-se,
então, o termo ETD – Electronic Theses and Dissertations. Em 1999, a UNESCO promoveu
reunião em Paris visando integrar esforços existentes na área de ETDs e incluir novos
parceiros e projetos na atividade. A Networked Digital Library of Theses and Dissertations
(NDLTD), criada e organizada pela Virginia Tech, assumiu a liderança internacional tendo
apresentado o padrão de metadados An Interoperability Metadata Standard for Theses and
Dissertations (ETD-ms).
A cada nova especificação, o Maxwell passava por um processo de adequação. Assim, foram
introduzidos os novos metadados, as novas funções e um banco de dados completamente
neutro em termos de línguas. O sistema passou a comportar tantas interfaces quantas eram
as línguas escolhidas para a operação. Atualmente, ele está utilizando o português, o
espanhol e o inglês.
O trabalho junto aos departamentos acadêmicos havia começado com o material educacional
e de apoio. Ele tornou-se mais próximo e mais intenso com as ETDs, já que em agosto de
2002 a PUC-Rio as tornou obrigatórias; todos os programas passaram a usar o Maxwell,
além dos 5 ou 6 que haviam aderido em 2000 e 2001.
O termo Institutional Repository foi cunhado por Clifford Lynch (2003) e é definido como:
A partir de 2003, o Maxwell deixou de ser um Centro Digital de Referência para ser um
Repositório Institucional – sem nada haver feito, visto que já tinha esta utilização. Sem
dúvida, mudou de nome devido ao cenário internacional.
3 Enquanto Isso...
Ao mesmo tempo, o Maxwell está indexado no Registry of Open Access Repositories (ROAR),
que coleta as informações sobre o sistema e seus objetos digitais, sem disponibilizar os
metadados.
A exposição aos cenários nacionais e internacionais fez com que o sistema se tornasse muito
acessado, assim como os seus conteúdos.
Para avaliar a produção dos conteúdos digitais e seus acessos, um conjunto de ferramentas
foi desenvolvido para quantificar estas características, como apresentado na próxima seção.
As Estatísticas são divididas em dados de Produção dos conteúdos digitais e de Acesso aos
mesmos. A Produção apresenta um panorama geral dos conteúdos, na parte de Estatísticas
Gerais. Além disso, existem dados específicos de produção de Periódicos On-line, de
Publicações (artigos, pre-prints, relatórios técnicos, etc.), de ETDs e de Trabalhos de
Conclusão de Graduação.
As Estatísticas de Produção segmentam as instituições produtoras, suas unidades, tipos de
materiais e anos em que foram produzidos e/ou disponibilizados. Nos casos das ETDs, ainda
são avaliados os números de orientações pelo corpo docente.
No mês de junho de 2006, 102 países acessaram ETDs no Maxwell. Os maiores resultados,
em geral, são do Brasil, dos Estados Unidos, de Portugal e dos países latino-americanos.
5 Outro Produto
Ele analisa os conteúdos das referências bibliográficas das ETDs. No campo quantitativo, são
feitas análises por tipo (de referência), ano, língua, programa de pós-graduação e nível. No
qualitativo, examinam-se referências dos orientadores, de outros alunos do mesmo
orientador, de professores do programa e de outros professores da PUC-Rio; uma análise das
referências constantes na lista Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do
Ensino Superior (CAPES) também é feita.
Maiores informações sobre este projeto podem ser encontradas na página de Teses e
Dissertações do Maxwell, mostrada na figura 4, ou em Pavani (2006).
Figura 4 – Tela de abertura do módulo de ETDs do Maxwell
6 Conclusão
7 Referências
Biblioteca Universia
http://biblioteca.universia.net/colecciones.do
CyberTesis Net
http://www.cybertesis.net/
D-Space
http://dspace.org/
Lynch, Clifford A
Insitutional Repositories: Essential Infrastructure for Scholarship iin the Digital Age
ARL Bimonthly Report 226
Estados Unidos da América, 2003
http://www.arl.org/newsltr/226/ir.html capturado em junho de 2006-07-05
Maxwell
http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/
Mey, Eliane S A
Introdução à catalogação
Briquet Lemos/Livros
Brasil, 1995
MIT – Massachussets Institute of Technology
http://www.mit.edu/
Pavani, Ana M B
Some Considerations on the Cataloging of Learnig Objects in a Digital Library
Proceedings of the 2000 ICECE – International Conference on Computer and Engineering
Education
Brasil, 2000
Pavani, Ana M B
Some Considerations on the Cataloging of Learnig Objects in a Digital Library
In: Digital libraries and virtual workplaces: Important Initiatives for Latin America in the
Information Age organizado por Johann van Reenen
Editado pela Organização dos Estados Americanos
Estados Unidos da América, 2002
Pavani, Ana M B
International Accesses to a Digital Library of ETDs
Proceeedings of the ETD 2005 – 8th International Conference on Electronic Theses and
Dissertations
http://adt.caul.edu.au/etd2005/papers/064Pavani.pdf
Austrália, 2005
Pavani, Ana M B
Getting to Know the Contentsof Bibliographic References of ETDs
Proceeedings of the ETD 2006 – 9th International Conference on Electronic Theses and
Dissertations (ainda não publicados)
Canadá, 2006
OAIster
http://www.oaister.org/o/oaister
SCIRUS
http://www.scirus.com/
Descreve os procedimentos que vêm sendo adotados pela Biblioteca Setorial de Informática -
BS/INF para disponibilizar os relatórios de pesquisa e as teses e dissertações apresentadas ao
programa de pós-graduação do Departamento de Informática – DI da PUC-Rio em sua home-
page, com o objetivo de divulgar, mais amplamente, o conhecimento gerado pelo Programa,
em seus mais de 35 anos do funcionamento. Pioneiro na pós-graduação em Informática, na
América Latina, e classificado com o “melhor programa” em Ciência da Computação, no país,
pela avaliação trienal da CAPES de 2004, esta é também uma maneira de dar maior destaque
ao seu relevante valor histórico, apresentando um panorama significativo da evolução da
pesquisa científica e tecnológica na área, através da análise dos temas e da profundidade do
seu tratamento, desde as origens do Programa. A proposta para a constituição de uma política
nacional de memória da ciência e tecnologia veio reforçar esta ação, no sentido de que cada
instituição envolvida na produção do conhecimento científico e tecnológico, entre elas
universidade e centro de pesquisa, precisa preservar seus acervos, desenvolver seus próprios
arquivos ou centros de memória e difundir o conhecimento gerado. A memória técnico-
científica do DI sempre foi considerada atividade importante pela Congregação e pela
biblioteca setorial, a quem foi confiada a responsabilidade pela publicação da série de
relatórios de pesquisa, pelo repertório das teses e dissertações aprovadas pelo programa de
pós-graduação do DI e, ainda, pelo inventário da produção acadêmica, visando ao preparo de
relatórios de atividades, levantamentos e estudos da produção científica. São apresentados os
procedimentos adotados em um processo que culmina com a disponibilização dos textos
completos dos trabalhos, em meio digital, em páginas vinculadas à home-page do DI. Ao final,
contribuindo com os esforços da Biblioteca Setorial de Informática nesta empreitada, são
destacados o apoio da Biblioteca Central da PUC-Rio, na qualidade de memória da produção
da científica da universidade, impressa e digital, e do Projeto Maxwell, Centro Digital de
Referência da PUC-Rio. Os resultados dessas ações, visando a divulgação e difusão do
conhecimento gerado no Departamento, já podem ser observados, através da recuperação de
informações e de documentos, em resposta a buscas realizadas na World Wide Web e do
crescimento em número de consultas às teses e dissertações do DI, revelado por estatísticas
do Projeto Maxwell.
_____________________________________________________
* Bibliotecária (UNIRIO), Mestre em Ciência da Informação (IBICT/UFRJ), Assessora de Biblioteca,
Documentação e Informação do Departamento de Informática – PUC-Rio e Bibliotecária Supervisora
da Biblioteca Setorial de Informática no Sistema de Bibliotecas da PUC-Rio. E-mail: rosane@inf.puc-
rio.br
1 INTRODUÇÃO
3 UM POUCO DE HISTÓRIA
4 A LITERATURA CINZENTA
6 EM TEMPOS DE INTERNET
8 CONCLUSÕES
CAMPELLO, B.S. Relatórios técnicos. In: CAMPELLO, B.S.; VALADARES, B.C.; KREMER,
J. M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissonais. Belo Horizonte:
UFMG, 2000. p. 105-110.
CAMPELLO, B.S. Teses e dissertações. In: CAMPELLO, B.S.; VALADARES, B.C.;
KREMER, J. M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissonais. Belo
Horizonte: UFMG, 2000. p. 121-128.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLOGICO. Política
nacional de memória da Ciência e da Tecnologia. Brasília, 2003. 10 p. Disponível em: <
http://ghtc.ifi.unicamp.br/SBHC/Memoria-CT.pdf >. Acesso em: 28 jun. 2006.
GOMES, S.L.R.; MENDONÇA, M.A.R.; SOUZA, C.M. Literatura cinzenta. In: CAMPELLO,
B.S.; VALADARES, B.C.; KREMER, J. M. (Org). Fontes de informação para pesquisadores
e profissonais. Belo Horizonte: UFMG, 2000. p. 97-104.
MACHADO, R.R. Representação e recuperação dos relatórios de pesquisa da FIOCRUZ:
proposta de metodologia para a ampliação do acesso. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo
Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, 2005. Dissertação de Mestrado
Profissional.
MUELLER, S.P.M. O periódico científico. In: CAMPELLO, B.S. Relatórios técnicos. In:
CAMPELLO, B.S.; VALADARES, B.C.; KREMER, J. M. (Org). Fontes de informação para
pesquisadores e profissonais. Belo Horizonte: UFMG, 2000. p. 73-96.
Sites na Internet
RESUMO
ABSTRACT
This is a course on Information Competence offered to all graduate students of the School of Chemistry
(Escola de Química) / UFRJ who take part in the PRH13 program, sponsored by the Petroleum National
Agency (Agência Nacional de Petróleo). A presentation of bibliographical search for scientific purposes,
as well as its importance as a research tool for scientific and technological projects is initially covered.
The concepts of Information, Scientific Information, Metadata, Knowledge, Science, Technology,
Scientific Journals, Patents, Information and Knowledge Management are then discussed. Information
Competence, its concept, importance, dynamics and encompassed subjects are further detailed.
Finally, the students are introduced to the concept of Information Systems and to the Bibliographical
Search System (Sistema de Busca Bibliográfica), maintained by the SiBI for physical and electronic
access to scientific and technological information in the UFRJ, and allowing evaluation, organization,
production and distribution of scientific and technological knowledge, both through referential and
textual databases.
KEYWORDS: Bibliographic Search System. Information Literacy. Referential and Textual Databases.
Information Research System. Scientific and Technology Information.
1
Vânia Lisbôa da Silveira Guedes, M.Sc. em Ciência da Informação – UFRJ, Doutoranda em
Lingüística – UFRJ, Membro da Comissão de Implantação do CBG e Coordenadora das Atividades da
Biblioteca da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária –
Centro de Tecnologia – Bloco E, Rio de Janeiro – RJ – Brasil, guedes@eq.ufrj.br
2
Ana Maria de Carvalho Carreiro, M. Sc. em Ciência da Computação – UFF, Coordenadora de
Informática da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária –
Centro de Tecnologia – Bloco E, Rio de Janeiro – RJ – Brasil, carreiro@eq.ufrj.br
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO
3 METODOLOGIA
Os dois últimos módulos do curso ficam reservados para tratar de uma ferramenta de
busca em desktop: SciFinder Scholar. Trata-se de um serviço de acesso ao
Chemical Abstracts On-line, base de dados da American Chemical Society – ACS,
para pesquisa científica publicada, em especial, na área de química e outras, como:
Engenharia, Física, Ciências Médicas, Polímeros, Ciências dos Materiais, Ciências
Geológicas, Agricultura. Sua cobertura retroage a 1907, incluindo referências de
artigos de periódicos, patentes, palestras, teses, relatórios técnicos entre outros. A
base de dados contém mais de 25 milhões de substâncias orgânicas e inorgânicas,
milhões de seqüências de aminoácidos e de proteínas, fontes comerciais de mais de
6 milhões de substâncias químicas e mais de 228 mil registros de substâncias
catalogadas, em inventários de diversos países. Diferente das demais bases de
dados, apresentadas até o momento, que utilizam a interface web para seu acesso, o
SciFinder consiste em uma ferramenta de busca em desktop, ou seja, um software
especial, disponibilizado para as instituições devidamente cadastradas como usuárias
do sistema. Este software deve ser instalado, localmente, em um computador
pertencente à rede de computadores das instituições cadastradas e, assim, o usuário
terá disponíveis, os recursos especiais, que proporcionam, por exemplo, a busca na
base de dados, a partir de estrutura e subestrutura de molécula das substâncias,
entre outros. O módulo adicional, que permite a pesquisa de estruturas e
subestruturas químicas (SSM – SciFinder Substructure Module) (Figura 4) é um
diferencial nesta base, em relação às demais apresentadas, pois ele oferece aos
usuários a possibilidade de desenhar uma estrutura química e recuperar documentos
que, por exemplo, tratem da própria estrutura desenhada, ou de estruturas mais
complexas, que possuam a estrutura desenhada, ou ainda reações que envolvam
esta estrutura. Além das possibilidades de buscas tradicionais, por nome de autor,
título do documento, assunto, etc, esta base permite a recuperação de informação, a
partir de nome de empresas, organizações, institutos e universidades. O Software
SciFinder Scholar recupera as informações contidas nos bancos de dados produzidos
pelo Chemical Abstracts Service (CAS) e pelo MEDLINE®, da Biblioteca Nacional de
Medicina dos Estados Unidos. Todos os registros estão em idioma inglês. O banco de
dados CAplus contém mais de 23 milhões de documentos, de mais de 9.000
periódicos, de 150 países.
Segue, abaixo, a figura 4 apresentando a janela do módulo de pesquisa por estrutura e
subestrutura química do SciFinder (SCIFINDER, 2005).
Inicialmente, foram oferecidas vinte vagas aos alunos bolsistas do projeto PRH13 da
ANP. Entretanto, foram aceitas inscrições de alunos não participantes do referido
programa, inclusive de um professor da Escola de Química.
5 CONCLUSÃO
RESUMO
Foram necessários quatro séculos de história para surgirem, no Brasil, nossas Universidades.
Dos debates iniciais para a definição do local , à efetivação das obras daquele que seria
nosso primeiro modelo de Cidade Universitária, passaram-se ainda quatro décadas. A
“inauguração” de nossa cidade universitária, na ilha do Fundão, deu-se “simbolicamente” em
duas datas : em 01 de outubro de 1953, por Getúlio Vargas e, posteriormente, a 7 de
setembro de 1972, pelo General Médici. Este longo período de discussões, obras e
interrupções já evidencia a problemática deste empreendimento. Num período de embates e
polarizações ideológicas, a construção do campus de nossa universidade se mistura à própria
história de nosso país.
1
Sistema de Bibliotecas e Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SIBI/UFRJ),
Bacharel e Licenciado em História, Especialista em História do Brasil e Mestre em História
Comparada.
cidade universitária da Ilha do Fundão e denotariam intenções claras dos
governos militares. Nesta perspectiva, a cidade universitária da Ilha do Fundão
é vista somente como uma construção intencional que levasse ao
enfraquecimento do movimento estudantil e da própria instituição universitária,
através de um “isolacionismo” premeditado. Os que assim pensam,
desconsideram (ou desconhecem) as intenções daqueles que a projetaram,
bem como a distribuição espacial previstas nos projetos originais, datados dos
anos de 1950. Desta forma, as idéias esparsas que se tem a respeito da
construção , consideram somente um dado período – década de 60 - e ,
desconsiderando um outro que lhe é anterior e substancialmente rico,
escondem importantes conhecimentos a respeito das intenções e expectativas
que aquela grandiosa obra despertava, bem como de aspectos contraditórios
da própria organização da instituição universitária em nosso país.
Pioneira e modelar para as demais universidades, já criadas ou que
viessem a sê-lo, a construção da cidade universitária da Universidade do Brasil
ocupou, sistematicamente, espaços nos mais diversos jornais cariocas por,
pelo menos duas décadas. Durante um período (anos de 1950) , pela sua
grandiosidade e pelos benefícios que traria ao moderno ensino universitário do
país. Em outro período, menos grandioso (toda a década de 1960), pelas
sucessivas interrupções e paralisações, que fizeram da futura cidade
universitária uma “cidade fantasma”. Em jornais cariocas como O Globo, O
Popular, A Manhã, Jornal do Comércio, Diário do Povo, O Nacional e A Noite, o
tema da construção da cidade universitária foi manchete em diversas edições.2
No conceito de universidade que se tinha já nos anos 30, era consenso
entre autoridades políticas e acadêmicas, a opinião de que faltava à
universidade, no Brasil, um corpo que, unindo espacialmente seus centros,
viesse finalmente possibilitar a existência do espírito universitário, ainda
inexistente à época. Além disso, as faculdades e institutos que foram sendo
incorporados à universidade, funcionavam precariamente , com instalações
inadequadas, espaços insuficientes para alunos e inexistência de laboratórios
para a prática da pesquisa, aspecto fundamental na produção de novos
conhecimentos. Pretendia a universidade constituir-se não mais somente num
2
Estamos organizando a transcrição de matérias de jornais cariocas dos anos de 1950 a 1955
com a temática da construção da cidade universitária .
espaço de transmissão de saberes, como também em pólo de produção de
novos conhecimentos, padrões culturais e tecnologias, num momento em que o
Estado brasileiro procura desenvolver-se industrialmente. Sem condições
materiais adequadas e sistematizadas seria a universidade apenas uma
expressão burocrática.3
A adoção do modelo de centralização das universidades, através do
ideal de cidade universitária, baseava-se nos seguintes argumentos:4a)
centralização das fontes bibliográficas, já que diversas tinham caráter múltiplo,
interessando a várias unidades de ensino; b) reconhecimento de que o ensino
não pode deixar de ser aliado à pesquisa científica e, nestas condições, é
indispensável o intercâmbio entre professores; c) conveniência de intercâmbio
entre estudantes como único meio de se formar o espírito universitário; d)
vantagem de intercâmbio de material científico; e) possibilidade de
centralização de alguns serviços hoje duplicados ou multiplicados, como por
exemplo: no Instituto de Matemática, Astronomia e Física poderiam ser feitos
todos os cursos de física e matemática da Universidade. Será criada, nestes
casos, uma grande organização com aparelhamento necessário, de custo
elevadíssimo; f) centralização do esporte. Os jovens, justamente quando estão
no período da educação superior e também em função dos horários de estudo,
têm mais necessidade de esporte. Os esportes seriam conduzidos e
coordenados pela Escola de Educação Física e pelo Departamento de
Biotipologia, conhecido também como Ciência da Individualidade ; e, finalmente
g) possibilidade de maior ação da Reitoria.
Em 1930, antes mesmo de Capanema chegar ao Ministério da
Educação e Saúde, o urbanista francês Alfred Agache apresentou seu plano de
urbanização da cidade do Rio de Janeiro, onde já se encontrava registrada a
área da Praia Vermelha como local propício a sediar a cidade universitária,
3
Estas críticas eram formuladas, principalmente, à Universidade do Rio de Janeiro (URJ),
criada em 1920, pela união “fictícia” das Faculdades de Mecina, Engenharia e Direito.
4
Argumentos apresentados por Ernesto de Souza Campos, à Comissão de Professores do
Plano da Universidade, em 1935. Sob o nome de cidade universitária, o professor não
considera o conceito francês, isto é, do lugar onde habitam os estudantes e sim como o
conjunto de todos os edifícios universitários: reitoria, faculdades e zonas residenciais. Este
conceito estaria bem representado no tipo das Universidades dos Estados Unidos da América
do Norte e da Europa (Espanha e, particularmente, nas novas instalações da Universidade de
Roma.)
ainda a ser construída. Sobre os motivos justificadores para a escolha,
argumentava Agache sobre as condições favoráveis :
proximidades e comunicações fáceis com o centro da cidade,
permanecendo, ao mesmo tempo, afastados do barulho e do tráfego
em consequência da configuração topográfica dos sítios; benefícios
de uma situação pitoresca maravilhosa ao pé do Pão de Assucar,
aproveitando os esportes náuticos oferecidos pelo oceano e a baía,
terão à sua disposição exclusiva uma praia que ocupa um dos mais
belos recantos da margem e são, além disso, favorecidos pela
constante frescura proveniente da correnteza de ar que passa entre o
morro da Babilônia e o penedo da Urca.5[sic]
5
REVISTA DA DIRECTORIA DE ENGENHARIA, Rio de Janeiro:s.n.t In ALBERTO, Klaus
Chaves. Três Projetos para uma Universidade do Brasil. Dissertação de Mestrado apresentado
no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ
(PROARQ/UFRJ), 2002.
6
O Ministério da Agricultura estava instalado no prédio projetado em 1881 pelo Engenheiro
Antônio de Paula Freitas para sediar a Universidade Pedro II, nas proximidades da Praia
Vermelha. Hoje é sede da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM).
7
CPDOC /FGV – Arquivo Gustavo Capanema - GC g 1935..03.09 r. 29 f.516
8
O prédio que abrigava o antigo Hospício de Alienados foi restaurado e transformou-se no
Palácio Universitário, sede da Reitoria da Universidade até a década de 1960. Hoje abriga o
Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, bem como diversas de suas unidades acadêmicas.
9
CPDOC /FGV – Arquivo Gustavo Capanema – GC g 1935.03.09 r. 29 f. 519
incumbida de elaborar o plano de organização da “Universidade padrão dos
institutos universitários brasileiros.” A comissão foi instalada em 22 de julho,
tendo o próprio Capanema como Presidente da 1ª Sessão. Em discurso,
afirmava “ser propósito do Governo, positivo e simples, fazer uma Universidade
que deixe de ser o que tem sido até hoje no Brasil : um postulado
regulamentar, uma aspiração de lei. Quer que ela se converta em uma
realidade viva, em uma comunidade escolar verdadeira. Para isso torna-se
necessária a criação daquilo que hoje se tem chamado de uma cidade
universitária. Portanto, a comissão vai elaborar as bases da Universidade...”
(MELLO JR.,1985, p.54) Caberia à comissão conceituar a universidade,
localizá-la espacialmente e , finalmente, projetar a sua construção. Inicialmente
a Comissão foi composta pelos seguinte professores: Raul Leitão da Cunha ,
reitor da Universidade do Rio de Janeiro; Juvenil da Rocha Vaz, professor da
Faculdade Medicina;Philadelfo de Azevedo, professor da Faculdade de Direito;
Inácio de Azevedo do Amaral; professor da Escola de Engenharia; José
Carneiro Felipe, professor da Escola de Química; Flexa Ribeiro, professor da
Escola Nacional de Belas-Artes; Antônio de Sá Pereira, professor do Instituto
Nacional de Música; M.B Lourenço Filho, professor da Faculdade Nacional de
Filosofia (ex-diretor do Instituto de Educação do Rio de Janeiro); Edgar
Roquette, ex-diretor do Museu Nacional; Ernesto de Souza Campos, da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ex-diretor da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras da USP); Jonathas Serrano, professor do
Colégio Pedro II e Newton Cavalcante, General do Exército (para o setor de
esporte).
A Comissão deveria ser composta de pessoas que representassem todos
os setores da cultura brasileira, sendo presidida pelo Reitor da Universidade do
Rio de Janeiro. Todos os professores, exceto o Prof. Ernesto de Souza
Campos, eram da própria Universidade. Na ata da sessão de sua instalação,
já podemos observar as preocupações referentes à definição do modelo da
universidade-modelo, bem como das características centrais da instituição
universitária a se consolidar.
o que deseja fazer é uma obra modesta e singela, chã, que seja um
padrão, mas ao alcance de nossas possibilidades. (...) Mesmo uma
obra simples como esta, não pode ser obra de um governo, nem de
uma geração ou de uma época. Uma Universidade é uma
construcção permanente. O Governo actual quer lançar as bases
dessa Universidade.(...)
10
CPDOC/FGV – Arquivo Gustavo Capanema – GC g 1935.03.09 r.33 f.273
11
CPDOC/FGV – Arquivo Gustavo Capanema – GC g 1935.03.09 r.33 f. 274
um instituto de elite. Por isso deve ficar no centro, onde a população
é mais densa e mais culta.12
13
Idem
3 UM ARQUITETO E UM LUGAR PARA A CIDADE UNIVERSITÁRIA DA
UNIVERSIDADE DO BRASIL: NAS PRANCHETAS, AS IDEOLOGIAS SE
MATERIALIZAM.
14
CPDOC/FGV – Arquivo Gustavo Capanema – GC g 1935.03.09 r.29 f 530/532
específicos, não necessitando, assim, de sua permanência ininterrupta durante
toda a obra.
Com relação ao Governo Italiano, deveriam ser reforçadas as vantagens
do empreendimento , já que teria “alto e expressivo significado, para a Itália em
geral , e do regime fascista, em particular, uma obra do vulto e da natureza da
que se projecta levantar no Brasil, como a cidade universitária, traçada e
executada pela mão de um architecto italiano.” Não haveria “melhor e mais
duradoura propaganda para a cultura italiana no Brasil do que essa, que
deverá impressionar não somente a geração actual dos nossos universitários,
mas ainda as que de futuro virão, dado o caracter por assim dizer imperecível
da futura cidade dos estudantes brasileiros.” O desejo pela presença de
Marcello Piacentini é tão definido que, terminando o Despacho, Macedo Soares
autoriza os interlocutores com o arquiteto a recorrerem a quaisquer outros
meios de persuasão, “que viessem alcançar o fim desejado.”
O convite feito a Piacentini gerou contestações junto à comissão de
arquitetos e engenheiros. O Presidente do Sindicato Nacional de Engenheiros,
Sampaio Lacerda, encaminhou telegrama a Capanema, em 19 de julho de
1935, protestando contra o pedido do governo brasileiro para a autorização da
vinda de Piacentini, já que no Brasil existiam “técnicos nacionais capazes de
realizarem tal projeto, honrando qualquer nação.”15O Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro encaminhou carta ao Ministro
Capanema referindo-se ao Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933,
que estabelecia que o governo, em todos os seus níveis, só poderia contratar,
para serviços de engenharia, arquitetura e agrimensura, profissionais
diplomados pelas escolas oficiais ou equiparadas no país e que a Constituição
de 1934 vedava aos estrangeiros o exercício de profissões liberais no país.”
Em telegrama de 25 de julho, Capanema informava ao Dr. Sampaio Lacerda
que Piacentini havia sido “convidado a visitar o nosso país para expor-nos os
trabalhos que realizou ao projectar a Cidade Universitária de Roma,
offerecendo assim, dados e sugestões para iniciativa a ser levada affeito, com
os mais altos propósitos do Governo Brasileiro.”16 Vê-se, facilmente, que esta
justificativa de Capanema, na verdade, ocultava as suas reais intenções em
15
CPDOC /FGV – Arquivo Gustavo Capanema – GC g 1935.03.09 r. 29 f. 543
16
CPDOC /FGV – Arquivo Gustavo Capanema - GC g 1935..03.09 r. 29 f.547.
relação aos serviços profissionais do arquiteto, já expressas desde os primeiros
contatos junto a Embaixada Brasileira em Roma, através de Macedo Soares.
O arquiteto Marcello Piacentini chegou ao Rio de Janeiro em 13 de
agosto de 1935, expondo suas idéias e experiências já no mesmo dia à
Comissão de Professores. Após visitar as diversas áreas cogitadas, Piacentini
considerou ser a Praia Vermelha, no bairro da Urca, o local ideal para receber
a Cidade Universitária, embora ressaltando a insuficiência de seu terreno.
Voltou à Itália em 24 do mesmo mês, com o compromisso de retornar ao Brasil
em outubro. Considerando que o bairro da Urca, já durante muitos anos, era
visto como “naturalmente destinado” a receber a Universidade Pedro II, a
indicação de Piacentini não trouxe maiores inovações. Era este local, inclusive,
o preferido pelo próprio Capanema. Além de Piacentini, o engenheiro José
Otacílio de Saboya Ribeiro, em maio de 1935, já afirmava que a Praia
Vermelha seria o local mais indicado “pela tendência histórica, pelas vastas
áreas disponíveis para a instalação dos prédios escolares, campos de
esportes, pavilhões de estudantes, bibliotecas, pelo seu isolamento natural,
pelas proximidades do Centro e pela facilidade de comunicação.” (MELLO
JR.,1985, p.55). Considerando-se que a região preferida apresentava alguns
inconvenientes, sobretudo aqueles referentes à exigüidade do terreno e altos
custos com desapropriações, foi sugerida como segunda possibilidade de
localização, a área próxima à Quinta da Boa Vista.
Para se contrapor à reação negativa junto aos profissionais de
engenharia e arquitetura quanto à vinda de Piacentini, Capanema constituiu
uma Comissão de Arquitetos e Engenheiros brasileiros que deveria dar forma
final ao projeto proposto pelo arquiteto italiano. Esta comissão, que deveria
trabalhar em consonância com a Comissão de Professores, tomou a iniciativa
de sugerir a vinda ao Brasil do arquiteto francês Le Corbusier, grande
influenciador de arquitetos brasileiros, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Após diversas análises, a Comissão de Estudos do Plano da Universidade
reconheceu que o local mais adequado à construção seria aquele
compreendido pelas áreas próximas à Quinta da Boa Vista.
As características do terreno da Quinta que a colocariam em posição
privilegiada em relação à Praia Vermelha seriam a maior extensão da área; a
economia no custo de aquisição e de preparação do tereno, quase todo já
pertencente à União; a facilidade de execução do trabalho por estar quase todo
o terreno livre; a posição em relação à cidade, já que a região era quase o
baricentro da metrópole; e facilidades de vida mais barata para os estudantes
pela comunicação com os subúrbios, já que haveria uma estação ferroviária no
interior da Cidade Universitária.
Em 02 de junho de 1936, o Ministro Gustavo Capanema apresentou sua
Exposição de Motivos ao Presidente da República, Getúlio Vargas, a fim de
obter autorização para os trabalhos iniciais da construção da Cidade
Universitária, o que se deu em 16 de junho do mesmo ano. Procurou,
sobretudo, fundamentar a necessidade da autorização para a vinda de
arquitetos como Piacentinni e Le Corbusier, o que possibilitaria maiores
conhecimentos à nossa arquitetura e engenharia. Ainda aqui o padrão
civilizatório europeu influenciava o Estado brasileiro, que procurava expressar
na arquitetura os valores da civilidade e , sobretudo, da modernidade.
Há que se observar, no entanto, que, “dado o clima político da época, é
obvio que o confronto entre as duas comissões, (Professores e Arquitetos e
Engenheiros) , que se reflete no convite duplo a Piacentini e a Le Corbusier,
não era somente em função das diferenças estilísticas entre os dois arquitetos
– o italiano com um estilo tradicional, monumental e pesado, o francês
revolucionando a arquitetura moderna em tantos aspectos, em sua busca de
formas puras e funcionais. Havia um componente profissional, já que Le
Corbusier mantinha contatos com o grupo de arquitetos brasileiros liderados
por Lúcio Costa; e um componente ideológico inegável, dada a dificuldade de
separar a arquitetura italiana daqueles anos do fascismo.”
(SCHWARTZMAN,2000, p.117)
Não foi fácil conseguir a permissão para a vinda de Le Corbusier, já que,
no ano anterior, Piacentini aqui estivera, retornando à Itália com compromissos
firmados junto ao Ministro Capanema. Entretanto, o Ministro, pelas suas
relações próximas a Lúcio Costa, (que participava dos projetos para a
construção do Palácio da Cultura, Sede do Ministério da Educação e Saúde e
era Diretor da Escola de Belas Artes) acabou por levá-lo à presença do
Presidente que, “entre divertido e perplexo diante de tanta obstinação, acabou
por concordar, como se cedesse a um capricho.” (MALHANO,2002, p.166) Le
Corbusier chegou ao Brasil em 13 de julho de 1936. Sua vinda também esteve
ligada à construção do plano do edifício destinado a sediar o Ministério da
Educação e Saúde.17 Suas conferências, orientações e contatos com arquitetos
admiradores de seus trabalhos foram bastante produtivos. Entre eles estava
Jorge Machado Moreira, que anos mais tarde, se tornaria o arquiteto
responsável pela construção dos prédios da Cidade Universitária, na Ilha do
Fundão. Foram diversos os encontros e apresentações entre Le Corbusier e as
Comissões de Arquitetos e Professores da Universidade.
Após diversas análises o arquiteto francês emite parecer sobre a
construção da Cidade Universitária nos terrenos próximos à Quinta da Boa
Vista:
17
Atual Palácio Gustavo Capanema, no Castelo, área central da cidade do Rio de Janeiro.
Trata-se de símbolo mundial da arquitetura modernista.
Em setembro de 1936, representando o Instituto Central de Arquitetos,
Lúcio Costa apresentou projeto para a construção da cidade universitária sobre
a Lagoa Rodrigo de Freitas. Para tal, não seriam necessários aterros, já que os
edifícios seriam suspensos sobre estacas, devendo ter a mesma altura
standard com jardins suspensos, sendo cada um dos prédios ligado aos outros
por meio de pontes. Os jardins suspensos seriam cortados por uma grande
avenida aérea que, partindo da rua Humaitá, atravessaria todo o “maciço
universitário lacustre”.
Em carta enviada a Le Corbusier, assim relatou Lúcia Costa sobre seu
intento:
18
O Rio Jamais Visto – Exposição CCBB – 29/10/1998 a 03/01/1999. Concepção e
Coordenação Geral : Alfredo Britto, Ana Luiz Nobre e Lidia Kosovski.
referia-se à péssima qualidade do fundo da Lagoa para fundações, que iriam a
30 metros.
Ainda neste mesmo mês de setembro de 1936, Capanema designou
comissões para que definissem a localização, face as indecisões entre a Praia
Vermelha e a Quinta da Boa Vista. Para a primeira, foram considerados os
custos com aterros, transferências, construções, desapropriações de
propriedades particulares do bairro, remoções e demolições. Para os terrenos
próximos à Quinta da Boa Vista foram considerados os custos com construção
de um túnel, necessidade de desmonte do morro dos Telégrafos, remoções de
imóveis municipais e federais, além de desapropriações e remoções de favela.
Sobre esta área, a despeito da sua superioridade em extensão territorial, foram
muito consideradas as dificuldades com as desapropriações de imóveis
federais, a topografia irregular e, sobretudo, a malha ferroviária da Estrada de
Ferro Central do Brasil. Quanto à Praia Vermelha, pesavam negativamente a
escassez do terreno e o alto custo das desapropriações.
Os estudos implementados pela comissão concluíram que ambos os
locais estariam aptos a sediarem a cidade universitária, conforme também já
havia sido assinalado por Piacentini. Para tal, seriam gastos aproximadamente
41.000 contos com desapropriações na Praia Vermelha, contra 18.000 na
Quinta. Além deste aspecto, a área disponível na Quinta era de 2.300.000
metros quadrados, contra 1.300.000 da Praia Vermelha. Acrescente que o
preparo de terreno na primeira giraria em torno de 55.000 contos, e de 85 a
95.000 contos na segunda. Após estes levantamentos, a Comissão optou pela
construção nos terrenos da Quinta da Boa Vista : “Fazendo um balanço geral
das vantagens e desvantagens peculiares a cada um dos dois pontos indicados
a Comissão Especial inclinou-se para a solução dos terrenos anexados à
Quinta da Boa Vista19, atendendo sobretudo às condições práticas de
execução, naquele local, do programa construtivo elaborado. (...) São nossos
votos, porém, que estas realizações se efetivem dentro do mais breve prazo
possível.” (CAMPOS,1940)
19
Quinta da Boa Vista e adjacências : refere-se à zona compreendida entre a própria Quinta,
as ruas São Francisco Xavier, são Luiz Gonzaga e morro do Telégrafo, sendo este totalmente
ocupado.
Após a definição do local, foi instituída nova Comissão, formada por
engenheiros e arquitetos, a quem caberia a elaboração dos projetos e
orçamentos relativos à construção. Também foram designados juristas que se
encarregariam dos estudos legais sobre a questão de desapropriações das
áreas e imóveis. A subcomissão do Escritório do Plano da Universidade passou
a elaborar uma série de programas para a construção, distribuídos em diversas
fases. Na primeira fase estariam sendo providenciados os estudos e projetos
para as construções dos prédios da Escola de Filosofia, Ciências e Letras;
Escola de Educação; do Instituto de Psicologia Experimental; do Instituto de
Fonética; da Escola de Direito; Escola de Ciências Sociais, Políticas e
Econômicas; Escola de Medicina; Escola de Farmácia; Escola de Odontologia;
Escola de Saúde Pública; Escola de Enfermagem; do Instituto das Ciências
da Individualidade; Escola de Engenharia; Escola de Química; Instituto de
Física; Escola de Arquitetura; Escola de Belas Artes; Escola de Música;
Edifício da Reitoria; Edifícios da Biblioteca e da Imprensa Universitária; e
finalmente, dos Clubes e do Diretório Central dos Estudantes.
Após o retorno de Le Corbusier, à França, Lúcio Costa, e sua equipe20
apresentaram, em 1937, anteprojeto para a construção, ainda na Quinta:
Primeiro, um conjunto de edifícios de caráter monumental, ricos de
expressão plástica; a seguir, entre a Quinta e o morro, em cadência,
as escolas, e, fechando a composição, a massa imponente do
hospital. (...) Diante de um partido tão simples, poder-se-ia recear
certa monotonia. Tal não se dá, porque, sem embargo da
uniformidade do conjunto – e na paisagem atormentada do Rio a
maior sobriedade plástica, com o predomínio do horizontal, se impõe
– a variedade de impressões para quem percorre a Universidade
desde o pórtico até o hospital, é grande. (...) A esquina da av.
Maracanã com a rua Derby é, evidentemente, mesquinha para dar
acesso à Cidade Universitária. Torna-se necessário criar ali uma
grande praça, ao fundo da qual será então erguido o pórtico de
grandes proporções e singeleza, marcado apenas por um figura de
caráter monumental. Já nos foi perguntado que significa tal figura.
Pode significar qualquer coisa – desde todo o Brasil até “um homem”,
simplesmente – é-nos completamente indiferente e se entrarmos
nestes detalhes é porque ilustram as considerações acima expostas:
o que nos interessa como arquitetos é que naquele ponto –
precisamente naquele ponto e não em outro qualquer – exista
determinado volume marcando a entrada (...) e esta figura não esta
ali apenas para enfeitar, como um simples objeto, mas porque não se
pode dela prescindir. Vencido o pórtico, estamos na grande praça
onde sobressaem o edifício da Reitoria e a Biblioteca, e o grande
Auditório de Le Corbusier e P. Jeanneret, vendo-se no último plano a
horizontal das primeiras escolas. A impressão de serenidade e
20
Lúcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer, Firmino Saldanha, José de Souza
Reis, Jorge Machado Moreira e Angelo Brunhs.
grandeza que se tem revela, ainda aqui, a presença da arquitetura.
Obedece o projeto à técnica contemporânea, por sua própria
natureza eminentemente internacional – poderá no entanto adquirir,
naturalmente, graças às particularidades de planta, como as galerias
abertas, os pátios etc., à escolha dos materiais a empregar e
respectivo acabamento (muros de alvenaria de pedra rústica, placas
lisas de gnaiss, azulejos sob os pilotis, caiação ou pintura adequada
sobre o concreto aparente, etc) e graças, finalmente, ao emprego da
vegetação apropriada – um caráter local inconfundível, cuja
simplicidade, derramada e despretensiosa, muito deve aos bons
princípios das velhas construções que nos são familiares.21
Agora que tudo já parece bem “arrumado”, venho lhe dizer o quando
dói ver uma idéia alta e pura como essa da criação da Cidade
Universitária, tomar corpo e se desenvolver assim desse jeito.
Quando, há dias, tomei conhecimento do relatório e verifiquei que
tudo não passava de pura mistificação, quis exigir um inquérito,
protestar, gritar contra tamanha injustiça e tanta má fé. Logo
compreendi, porém, a inutilidade de qualquer reação e que, quando
muito iria servir mais uma vez de divertimento à maldade treinada dos
“medalhões”. Não vejo, portanto, Dr. Capanema, neste meu
alheamento, a aceitação das críticas absurdas que o relatório contém,
nem a intenção, em outras circunstâncias louvável, de querer evitar
maiores embaraços à sua ação, mas, tão-somente, a certeza –
desamparado como me sentia- de que tudo seria vão. E o mais triste
é que enquanto se perseverar, durante anos e anos, na construção
dessa coisa errada, estará dormindo em qualquer prateleira de
arquiteto a solução “verdadeira” – a coisa certa. (SCHWARTZMAN,
2000, p.119)
21
O Rio Jamais Visto – Exposição CCBB
22
As Escolas e Faculdades eram : Filosofia, Ciências e Letras, Educação, Engenharia, Minas e
Metalurgia, Química, Medicina, Odontologia, Farmácia, Direito, Política e Economia,
Institutos colaboradores, que deveriam estar reunidos em um mesmo lugar,
mais precisamente, nas áreas da Quinta da Boa Vista, com cerca de dois
milhões e trezentos mil metros quadrados. Em sua Cidade Universitária
estariam também presentes a Reitoria, Biblioteca, Auditório, bem como as
áreas destinadas à Educação Física (incluindo um estádio e piscinas), além da
área residencial para funcionários e o equivalente a um décimo do corpo
discente. Os jardins da Quinta seriam incorporados à Universidade.
A mesma Lei, em seu artigo 15 do Capítulo IV – Da edificação
progressiva da Universidade do Brasil - também instituiu a Comissão do Plano
da Universidade do Brasil, composta de professores catedráticos e outros
técnicos. Caberia a esta comissão a superintendência da elaboração dos
programas, a organização dos projetos e a excecução das obras necessárias à
edificação dos prédios da Universidade. Tais projetos, dispunha a Lei,
deveriam ser feitos por engenheiros civis, arquitetos e urbanistas brasileiros.
Em outubro de 1937, já nas vésperas do golpe que instituiu o Estado
Novo, Capanema extinguiu a comissão de engenheiros e arquitetos. Retomou,
a partir daí, contatos com Marcello Piacentini, solicitando a elaboração final do
projeto para a construção da Cidade Universitária na Quinta da Boa Vista.
Piacentini, impedido de retornar ao Brasil, recomendou a Capanema o arquiteto
Vittorio Morpurgo, que aqui chegou em fins de 1937. Deveria ele rever os
projetos já apresentandos ou em andamento, elaborando os planos finais da
Cidade Universitária. Previu o arquiteto italiano em seu anteprojeto que a
Praça da Reitoria seria grandiosa, medindo 225 x 160 metros, em torno da qual
estariam organizados, além do Palácio da Reitoria, os edifícios das Faculdades
de Ciências e Letras , constituindo o centro urbanístico fundamental da Cidade
Universitária. Haveria também um Estádio Olímpico, com capacidade para
cinquenta mil espectadores, podendo chegar a setenta mil. Já na parte mais
alta do Morro do Telégrafo, seria construído um observatório astronômico.
No entanto, ainda voltaram à tona as discussões para que novos
estudos de localizações fossem reiniciados. Referindo-se à Lei 452, de 5 de
23
Área compreendida pelas imediações da Praça Comandante Celso Pestana, Rua Golf Club,
Rua Capury e Estrada da Gávea.
24
Estrada de Maricá
25
Área de 1.210.640 m2 compreendida entre as ruas Cândido Benício, Maranga, Baronzeza,
Adelaide, Florianópolis e Albano.
26
Região compreendida pela Estrada Intendente Magalhães, Ruas da Camélia, Dhalias,
Verbenas, Jasmins, Azaléas, Luís Beltrão, Rosas, Bore, Aruanã, Urucuia, incluindo área de
Reserva Florestal.
27
Merecem pesquisas mais aprofundadas as razões “técnicas” que consideraram a melhor
adequação de Manguinhos e Vila Valqueire ao projeto. A primeira, naquele momento, estava
próxima à maior concentração industrial da cidade. Já a segunda área, mais distante, poderia
ter, com a Cidade Universitária, maiores possibilidades de desenvolvimento local num contexto
de expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro.
indicados atendiam satisfatoriamente aos seus objetivos, somente as áreas
próximas a Manguinhos e Vila Valqueire poderiam comportar a cidade
univeristária, sendo que a primeira perderia para a segunda em função de
serem necessários trabalhos especializados de aterramento, com aparelhagem
mecânica difícil de se conseguir . É conveniente ressaltarmos que, nesse
período, o mundo passava por sua II Grande Guerra e as importações de bens
de capital foram severamente restringidas. Na capital brasileira, estavam em
andamento as obras para a construção da Avenida Brasil, principal artéria que
ligaria as áreas centrais da cidade aos subúrbios, bem como permitiria o
melhor fluxo de mercadorias para as estradas que ligavam o Rio de Janeiro a
São Paulo e à Região Serrana do Estado do Rio. Projetos de urbanização
remodelavam o espaço, sobretudo nas áreas centrais da cidade. Ampliando e
procurando modernizar o centro da cidade, a Avenida Presidente Vargas traria
profundas transformações ao espaço, expulsando parcela significativa da
população pobre da Praça Onze e do Estácio, que se dirigiriam para os
subúrbios ou para as favelas.
Em março de 1944, Capanema enviou nova Exposição de Motivos à
Presidência da República, sugerindo novas alterações na organização e
composição das estruturas definidoras da construção da Cidade Universitária.
Propunha que : I) fosse organizado, sob direta dependência do DASP, um
escritório especial para assumir o encargo de plena realização dos projetos de
construção da Cidade Universitária; II) junto a esse escritório funcionasse uma
delegação do Ministério da Educação e Saúde para apresentação de dados e
estudos de natureza propriamente universitária; e III) fosse consignada dotação
apropriada no orçamento de 1945 para atender às despesas.
A 8 de junho de 1944, o Decreto 6.574, dispondo sobre a localização
da Cidade Universitária, declarou de utilidade pública os prédios e terrenos da
área de Vila Valqueire, local agora escolhido para o empreendimento. Estava
revogado o artigo 10, parágrafo único, da Lei 452, de 5 de julho de 1937. A 21
de junho, o Ministro da Fazenda opinou pelo adiamento das obras, em virtude
dos pesados encargos do Tesouro, a necessidade premente de se combater a
inflação em tempos de guerra, bem como ao fato de “serem altamente anti-
econômicos todos os investimentos realizados nesta fase.”
Gustavo Capanema não conseguiu iniciar os trabalhos de construção da
cidade universitária, talvez seu maior desafio durante o tempo em que esteve à
frente do Ministério da Educação e Saúde. Não conseguiu superar a
burocracia estatal , as dificuldades econômicas decorrentes da Guerra, bem
como – e talvez, principalmente - as reações provenientes dos diversos grupos
envolvidos no projeto, sobretudo aquelas decorrentes dos “embates” entre
acadêmicos e engenheiros e arquitetos. Por outro lado, não conseguiu
encontrar um local que satisfizesse todas as exigências impostas pelas
diversas comissões, mas sua contribuição foi fundamental para a longa história
de implantação da instituição universitária no país.
Diante de tantas dificuldades,28 expressas na Exposição de Motivos de
Capanema a Vargas, em 30 de dezembro de 1944, foi assinado o Decreto
7.217, que extinguia, no Ministério da Educação e Saúde, a Comissão do Plano
da Universidade do Brasil, e criava na Divisão de Edifícios Públicos do
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o Escritório Técnico
da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (ETUB)29. As decisões,
agora, além de técnicas, estariam submetidas diretamente ao Governo. Para a
direção do ETUB, foi nomeado o engenheiro civil Luiz Hildebrando de Barros
Horta Barbosa.
Foram reavaliados pelo diretor todos os estudos já feitos, passando o
mesmo a ouvir novamente diversas personalidades e autoridades no assunto.
Foi aí que ganhou força a opinião de especialistas, representados por Jorge
Oscar de Melo Flores, de se construir , não somente a cidade universitária,
como também o próprio terreno que a receberia, já que todos aqueles
analisados até então, se mostraram inadequados. Para tal, apontou-se uma
solução : a unificação de várias ilhas fronteiras à área de Manguinhos :
Catalão, Cabras, Baiacú, Fundão, Pindaí do França, Pindaí do Ferreira, Bom
Jesus e Sapucaia. Nascia, assim, a idéia de construção da Ilha Universitária.
Tal idéia foi reforçada pelas próprias transformações urbanas que se
processavam na cidade do Rio de Janeiro. Além da construção da Avenida
Brasil , toda a área da Ilha do Governador passava por grandes
28
O processo para a escolha já se arrastava desde 1935, portanto há quase 10 anos.
29
A vinculação direta do ETUB ao DASP durou quase 20 anos. Somente em 10 de setembro
de 1964, pela Lei 4.402, o escritório passou a fazer parte da própria Universidade.
transformações, principalmente com a construção da Base Aérea do Ministério
da Aeronáutica. As reações contrárias foram novamente capitaneadas pelo
novo Ministro da Educação e Saúde, Ernesto Souza Campos, ex-membro da
Comissão de Professores do Plano da Universidade. Mas, a 20 de outubro de
1948, a Lei nº 447, oficializou a escolha insular para receber, finalmente, o
campus da Universidade do Brasil.
REFERÊNCIAS
RESUMO:
As novas tecnologias da informação vêm transformando não apenas a nossa relação com o
presente imediato. As formas de reelaboração do passado, próprias da memória social das
sociedades contemporâneas, também estão sendo modificadas a partir da introdução das mais
diversas formas de registro e armazenamento do passado social. Em que medida a internet
trouxe rupturas significativas com as formas tradicionamente utilizadas nas sociedades
ocidentais de perpetuar o passado? O objetivo deste trabalho é justamente aprofundar esta
questão a partir do estudo de um acervo construído exclusivamente na rede mundial de
computadores. O acervo criado pela rede BBC ( Londres) sobre a Segunda Guerra Mundial , que
hoje conta com mais de quarenta mil testemunhos, será a nossa via de acesso privilegiada para
estudarmos esta questão. A partir deste estudo concluímos que a nova tecnologia traz
simultâneamente permanências e descontinuidades, que devem ser prescrutadas de modo
interdisciplinar.
1
Graduada em História pela UFRJ e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória
Social (PPGMS) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). E-
mail:camilagdantas@yahoo.com.br.
1 INTRODUÇÃO
1 http://www.cybergeography.org/atlas/caida_AS_Network_large.gif (acessado
em julho de 2006).
2
Cooperative Association for Internet Data Analysis (CAIDA) do San Diego Supercomputer
Center.
por exemplo uma maior relação entre a América do Norte e a Europa e a Ásia do
que entre estes dois últimos continentes. Certamente, trata-se de um resultado
inicial que revela uma busca por uma linguagem visual para um espaço ainda
difícil de ser expresso através de um vocabulário geográfico já estabelecido3.
Mais do que fornecer informações, esta imagem parece nos dizer o quanto esta
rede visitada, ampliada e compartilhada neste planeta ainda é pouco conhecida.
Quais são os principais nós da rede? Que instrumentos podem ser utilizados
para mensurar um espaço que é fluido? Que sinais visuais podem ser utilizados
para descrever os fenômenos típicos do mundo virtual? Estas são algumas das
interrogações que podemos nos fazer ao olhar este mapa. Não é nosso objetivo
nesta parte enveredarmos na complexidade filosófica sobre a rede4, mas torna-
se relevante estabelecer alguns pontos de referência, pois é neste espaço
composto por bits virtuais onde se localiza o acervo digital que será o foco da
presente comunicação.
Estudos recentes sobre as tecnologias da informação estão longe de
repetir os diagnósticos apressados expressos em reportagens de algumas
décadas atrás, que apontavam para uma ruptura geral com todos os modos de
vida anteriores à internet. O sociólogo Manuel Castells, autor de uma trilogia de
fôlego sobre as sociedades contemporâneas, afirma na sua obra mais recente
“A Galáxia da internet”, que “a velocidade da transformação tornou difícil para a
pesquisa acadêmica acompanhar o ritmo da mudança com um suprimento
adequado de estudos empíricos sobre a economia e sociedade baseadas na
internet. Tirando proveito desse vácuo relativo de investigação, a ideologia e a
boataria permearam a compreensão dessa dimensão fundamental das nossas
vidas”5. Hoje, se ainda não podemos afirmar existir um vasto conhecimento
sobre a internet, por outro lado é possível indicar algumas direções a partir de
pesquisas já realizadas que não ratificam os alardes utópicos nem tampouco as
visões exageradamente pessimistas.
3
Sobre outras formas de visualização do ambiente virtual ver o Atlas do Ciberespaço, em:
http://www.cybergeography.org/ ( acessado em janeiro de 2006).
4
Ver sobre estas questões: Kastrup, Virginia. A rede : uma figura empírica da ontologia do
presente. In: Parente, André. (org.). Tramas da rede. Porto Alegre, Sulina, 2004 (p.80-91).
5
CASTELLS, M. A Galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Se já é possível falar em uma “galáxia da internet” é preciso notar que
talvez ela esteja ainda numa órbita do universo de Guttenberg. Para Robert
Darnton, o futuro previsto por Marshall MacLuhan não se realizou. A internet, a
televisão e outras mídias que nos bombardeiam de informações o tempo todo
não levaram à extinção o mundo da escrita. Não se pode, portanto, falar em uma
autonomia do mundo digital frente à escrita. Esta é uma perspectiva convergente
com a maioria dos estudos recentes sobre a internet, ou seja, trata-se de tentar
mapear as novas configurações sem, no entanto, partir do princípio de que uma
nova tecnologia implique necessariamente em mudanças radicais6.
O livro de Castells apresenta um panorama do estado de conhecimento
atual sobre o que o autor denomina de “sociedade da informação” ou
“sociedade em rede”, trazendo importantes referências para um melhor
mapeamento deste território. Os dados selecionados por Castells são
fundamentais para se ter a dimensão do alcance do novo meio de comunicação.
Desde os tempos já mitificados do Vale do Silício até os dias atuais, o
crescimento vertiginoso do número de usuários correspondeu igualmente a uma
distribuição geograficamente desigual. Em 2000, dentre 2.500 cidades
selecionadas para analisar a localização dos domínios na internet, as cinco
primeiras, reunindo 1% da população mundial, abrigavam 20,4% dos domínios.
As 500 primeiras cidades, por sua vez, com 12,4% da população mundial,
representavam 70% dos domínios da internet. Estes dados mostram a
proporção da chamada “exclusão digital”. Neste mundo de economia global,
estar desconectado não representa apenas uma perda tecnológica, porque a
internet vem se tornando uma “forma organizacional que distribui informação,
poder, geração de conhecimento e capacidade de interconexão em todas as
esferas de conhecimento”7 .
6
Darton expressa, com uma certa ironia, sua posição no seguinte trecho: “The electronic age did
not drive the printed word into extinction, as McLuhan prophesied in 1962. His vision of a new
mental universe held toghether by post-printing technology now looks dated. If it fired
imaginations thirty years ago, it does not provide a map for the millenium that we are about to
enter. The ‘Guttenberg Galaxy’ still exists and ‘typographic man is still reading his way around
it”.Ver, Darton, R.”The new age of the book” The New York Review of the Book, vol. 46, n.5,
1999.Disponível em www.nybooks.com/articles/546 (acessado em dezembro de 2005)
7
Castells, M. Op. Cit. (220)
A rede mundial de computadores adquiriu proporções gigantescas nas
últimas décadas numa velocidade vertiginosa. As implicações de um avanço
tecnológico tão significativo quanto desigual tem preocupado não apenas os
pesquiadores acadêmicos. O tema do relatório anual da Unesco de 2005 –
onde são expresssas as propostas de atuação do órgão internacional - foi
8
justamente “a sociedade da informação” . Neste documento, pode-se encontrar
dados importantes sobre a expansão digital. A porcentagem da população
mundial que tem acesso a internet é de apenas 11%, de acordo com o
documento. Deste contigente, 90% são habitantes dos países mais
industrializados da Europa (30%), da Ásia (30%) e da América do Norte (30%).
Uma idéia central do relatório é que a desigualdade tecnológica acaba
ampliando as desigualdades econômicas e sociais do mundo, daí a construção
de um discurso contra a desigualdade digital. Aliás, é justo lembrar a existência
de um ativismo em prol do livre acesso às tecnologias e à informação. Não
apenas os primeiros criadores e usuários da rede eram inspirados em uma
utopia libertária, mas também ao longo das décadas é possível verificar alguns
movimentos neste sentido como as comunidades virtuais contra a desigualdade
digital9 , os grupos que defendem a suspensão do direito autoral das obras de
arte10 e o surgimento do sistema operacional Linux criado por Linus Torvalds,
então um universitário finlandês, e desenvolvido através da cooperação via
internet11.
A apreciação de alguns dados gerais sobre este universo das redes de
informação não tem por objetivo conduzir a um levantamento detalhado sobre o
8
Ver: http//www.unesco.org/publications (acessado em janeiro de 2006).
9
Ver, por exemplo o caso do Digital Divide Network que congrega membros de mais de 50
países e disponibiliza blogs, lista de discussão e interação entre aqueles que estão engajados
neste projeto político. Ver, http://www.digitaldividenetwork.org/ (acessado em janeiro de 2006).
10
Há uma ampla discussão sobre os direitos autorais, a livre circulação da informação e o
domínio público das obras digitais. No website do Instituto Brasielrio de Ciência, Tecnologia e
Informação (IBCT) encontram-se disponíveis documentos sobre o tema. Ver, http://www.ibict.br/
(acessado em janeiro de 2006). Além disso o portal da Unesco possui informes sobre a o
Programa de Informação para Todos e foruns de discussão sobre o tema. Ver,
http://www.unesco.org.br/areas/ci/ci_programas/mostra_pasta (acessado em janeiro de 2006).
11
Há um verbete sobre Linus na Wikipédia, a enciclopédia eletrônica elaborada por usuários da
internet e de livre-acesso que recentemente passou por um teste de qualidade da Revista Nature
e ficou na mesma posição da Barsa.Ver, http://en.wikipedia.org/wiki/Linux#History ( acessado em
janeiro de 2006).
tema, nem tampouco fornecer uma análise conclusiva sobre as polêmicas ainda
em curso. Ao abordar algumas facetas deste mundo digital, pensamos poder
evocar algumas referências importantes para a compreensão da nossa
problemática. Investigar as reelaborações da memória e da história presentes
em um acervo digital na internet implica estar atento as configurações que já
estão se delineando neste espaço bastante fluido.
This is the most important thing about any story on this site: we want it
to be a genuine account of the times. (...) We want you to tell it as it
was. The world of today is a long way from that of 1939-45. People live
differently and wars are fought differently. We hope that this website will
help future generations understand the connections between their world
and that of WW2”(grifo nosso)”
12
Sobre a convergência entre os usos da hipertextualidade e os postulados pós-modernos, que
abordaremos com mais atenção no segundo capítulo, ver Minuti, Rolando. “La comunication
historique `a l’age de l’internet” (p100-104) In: Internet et le métier d’historien. Paris, PUF, 2002.
13
Ver, www.bbc.com.uk. (acessado em outubro de 2005)
pois esta dimensão seria mais adequada ao meio eletrônico. Este é um ponto
fundamental para a elaboração de uma análise posterior, que possa articular a
produção de testemunhos em suporte digital às novas práticas de leitura na
tela14. Uma preocupação explícita com a recepção do texto pelos usuários da
rede é parte constitutiva da forma de organização e manejo da informação do
acervo.
Deve-se destacar também o privilégio de certos recortes temáticos dentro
do tema da Segunda Guerra Mundial. Havia uma intenção de recolher registros
do cotidiano da guerra, que fica explícita nas dicas editorias. O propósito
explicito é, mais uma vez, tornar o registro mais interessante para o público.
Até que ponto esta diretiva foi cumprida pelos membros desta comunidade
virtual? Quais os temas privilegiados e quais as formas de narrar o passado?
Estas são algumas questões que pretendemos responder a partir da análise de
uma amostragem dos relatos online, que não está prevista no escopo desta
comunicação, mas que será alvo de um aprofundamento desta pesquisa ainda
em andamento.
14
Pois o texto eletrônico é “ao mesmo tempo, uma revolução da técnica de produção dos textos,
uma revolução do suporte do escrito e uma revolução das práticas de leitura”. Ver, Chartier,R.
Os desafios da escrita. São Paulo: Unesp, 2000 (p112
3. http://www.bbc.co.uk/ww2peopleswar (acessado em dezembro de 2005)
4. http://www.bbc.co.uk/ww2peopleswar (acessado em dezembro de 2005)
5. http://www.bbc.co.uk/ww2peopleswar (acessado em dezembro de 2005)
15
A reflexão de Vera Dodebei sobre a categoria “patrimônio digital”, enfatizando o caráter
informacional e a importância dos meta-dados na abordagem dos documentos em suporte
digital, será fundamental para o desenvolvimento da análise sobre este acervo da BBC. Ver,
Dodebei, Vera Lúcia. Patrimônio digital, memória social e teoria da informação: configurações e
conceituações.( Projeto de pesquisa para o triênio 2006 – 2008) Rio de Janeiro, Unirio/PPGMS,
2005.
REFERÊNCIAS
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politics of information. San Francisco: City Light Books, 1995.
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Unesp/ Imprensa Oficial, 1999.
___________,Roger. Os desafios da escrita. São Paulo: Unesp, 2000.
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negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,2003.
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Rio de Janeiro, Unirio/PPGMS, 2005.
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SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Rio de
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TEDESCO, João Carlos. (2004) Nas cercanias da memória – temporalidade,
experiência e narração. Passo Fundo, UPF; Caxias so Sul, EDUCS.
MUSEU VIRTUAL DA FACULDADE DE MEDICINA DA UFRJ
Resumo
Desde 1808 o curso médico da atual Faculdade de Medicina da UFRJ ocupou muitos espaços na
cidade do Rio de Janeiro e sua história foi sendo guardada em registros fotográficos, escritos,
objetos. Esforços de recuperação de livros, documentos e quadros da Faculdade fizeram renascer
o sonho do Museu da Medicina. A avaliação de necessidades e usos de acervos documentais tão
diversos indicou o caminho do Museu Virtual, que tem por objetivo preservar a memória do ensino
médico na UFRJ, tornando disponíveis para pesquisadores e público em geral, documentos,
fotografias, quadros, esculturas, e outros objetos de seu acervo, e de outras instituições e
particulares, relacionados à Faculdade e seu contexto histórico, inclusive integrando ao Museu
acervos não disponíveis para visitação. Apresentamos o trabalho desenvolvido na implantação do
projeto e nos nove meses iniciais de funcionamento na rede virtual.
1 INTRODUÇÃO
1
Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil
Doutor em Ciências, Fiocruz dianamaul@medicina.ufrj.br
diversos registros de atos acadêmicos. Para o novo edifício foram transferidos
equipamentos e algum mobiliário, mas a maior parte foi especialmente construída
para a nova sede. Nos seus longos corredores foram expostos os retratos dos
antigos diretores e catedráticos, aos quais se foram somando os mais recentes,
formando magnífica pinacoteca (Magalhães, 1932).
O velho edifício abrigou também, a partir da década de 1930, o Centro
Acadêmico Carlos Chagas, órgão de representação dos estudantes da Faculdade
de Medicina.
A construção do prédio do Hospital de Clínicas em terreno fronteiro ao
edifício-sede na Praia Vermelha nunca se concretizou e as atividades do chamado
Ciclo Profissional continuaram a se desenvolver na Santa Casa e em inúmeros
serviços clínicos e cirúrgicos na cidade do Rio de Janeiro, em prédios próprios ou
não.
Em todos esses lugares foram ficando fragmentos da memória da antiga
Faculdade de Medicina. Esta história, quase bicentenária, também foi sendo
guardada nos registros fotográficos, nos escritos, nos objetos, conservados por
seus ex-alunos, professores e funcionários.
A última grande reforma do ensino, iniciada no final dos anos 1960, retira da
Faculdade de Medicina o chamado Ciclo Básico que passa a ser ministrado pelo
recém criado Instituto de Ciências Biomédicas e pelos Institutos de Biofísica e
Microbiologia. Logo depois, são retomadas as obras de construção da Cidade
Universitária na Ilha do Fundão onde, desde a década de 1950, já estavam o
Instituto de Puericultura e Pediatria e o esqueleto do Hospital Universitário. No
início da década de 1970, os Institutos básicos são transferidos para o campus do
Fundão e o edifício da Praia Vermelha é derrubado.
A Biblioteca da Faculdade de Medicina é incorporada à Biblioteca Central
do Centro de Ciências da Saúde que, apesar de suas amplas instalações, é
insuficiente para abrigar todas as obras - livros, periódicos e teses – e muitos
periódicos anteriores à década de 1950, incluindo toda a coleção do século XIX,
bem como livros, editados do século XVI ao início do século XX, constituindo as
chamadas “obras raras”, são precariamente acomodados no porão, sofrendo
danos, em muitos casos, irreparáveis. Há menos de dez anos, por iniciativa da
Direção da Biblioteca Central e com apoio da FAPERJ, ganham as obras raras um
espaço próprio e é iniciado o processo de recuperação. A transferência para o
Fundão, reduziu também de modo drástico, a área destinada pela antiga
Faculdade de Medicina para a guarda do acervo documental de cunho
administrativo. Nos seus quase duzentos anos de funcionamento, a Faculdade se
tornou depositária de um acervo histórico de relevância ímpar para o estudo do
ensino e da prática das ciências da saúde no Brasil. Este acervo, depositado em
área do sub-solo do edifício sede do Centro de Ciências da Saúde, em condições
inadequadas para sua conservação e praticamente inacessível aos
pesquisadores, constitui-se de aproximadamente 2000 caixas de documentos e
Livros de Registro que abarcam o período de 1815 a 1994. A documentação do
século XIX, ainda não completamente identificada, pode incluir documentos
anteriores a 1815. O mais antigo livro de registro de alunos encontrado,
provavelmente o segundo, estava “perdido” no acervo das Obras Raras.
Identificado pela equipe da Biblioteca, esteve em exibição em vitrine na entrada da
Biblioteca Central do CCS. Numa das páginas encontra-se o registro de matrícula
de um escravo do Príncipe Regente. Desde o segundo semestre de 2002, com
apoio da FUJB, está em desenvolvimento o projeto do Centro de Documentação
do Ensino das Ciências da Saúde, desenvolvido pelo Laboratório de História,
Saúde e Sociedade da Faculdade de Medicina, que tem por objetivo o tratamento
e organização do acervo documental possibilitando o acesso a pesquisadores. No
momento, parte da documentação do século XIX já passou por processo de
higienização e descrição. Com a constituição do Centro de Documentação estão
também sendo incorporados acervos particulares, principalmente de professores,
inclusive parte da documentação do Centro Acadêmico Carlos Chagas no período
de 1965 a 1969. A pinacoteca, exceto alguns poucos quadros localizados no
gabinete do Diretor da Faculdade de Medicina, e em outras Unidades do Centro
de Ciências da Saúde, foi encaixotada e assim permaneceu por mais de vinte
anos. Recentemente, por iniciativa conjunta da Faculdade de Medicina e do
Hospital Universitário, foi iniciada a recuperação deste acervo e sua catalogação.
Os esforços de recuperação de livros, documentos e quadros,
reacalentaram o antigo sonho de organização do Museu da Medicina. No entanto,
estes esforços também indicaram novos caminhos. As necessidades e usos de
acervos documentais tão diversos, indicaram que o melhor lugar para o nosso
Museu, é o espaço virtual. Neste espaço dinâmico, cada usuário pode construir
seu próprio percurso através de espaços reais contíguos ou não, públicos ou não,
e a qualquer hora. Pode também seguir viagem para outros espaços de seu
interesse, através de links temáticos.
A construção virtual permite, de forma mais ágil e com menor custo, dar
acesso a objetos e documentos e a informações complementares, e indicar novos
caminhos de pesquisa para o usuário da página.
Ao mesmo tempo, o projeto prevê a recuperação, manutenção e exposição
quando adequado, dos diversos acervos em áreas físicas diversas de acordo com
as necessidades e a disponibilidade de cada conjunto documental.
O espaço virtual permite também integrar ao Museu, acervos particulares
não disponíveis para visitação. Em levantamento preliminar identificamos grande
interesse de professores, ex-alunos, e seus familiares, em integrar ao Museu
coleções de documentos, objetos diversos, e fotografias que registram momentos
vividos na Faculdade. O trabalho de identificação e descrição dessas coleções
deve gerar também um arquivo de depoimentos orais que poderá estar acessível
através da página do Museu Virtual.
A proposta do Museu foi desenvolvida como um projeto de extensão da
Faculdade de Medicina da UFRJ através do Laboratório de História, Saúde e
Sociedade. Neste, ele se integra com os projetos de pesquisa e as atividades de
ensino de graduação e de pós-graduação, gerando demandas para a pesquisa;
divulgando os produtos de pesquisa; e servindo como ‘material didático’ para as
atividades de ensino. Coerente com a proposta, demos a este trabalho o feitio de
um relatório técnico que apresenta o desenvolvimento atual do projeto, seus
primeiros resultados, e destaca pontos que consideramos relevantes para debate.
Apresentamos o trabalho desenvolvido nos 12 meses de detalhamento e
organização do projeto e nos 9 primeiros meses de funcionamento na rede.
2 DESENVOLVIMENTO E PRIMEIROS RESULTADOS
Etapas:
- implantação
- expansão e manutenção
FERREIRA, Luiz Otávio; FONSECA, Maria Rachel Fróes da; EDLER, Flávio. A
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro no século XIX: a organização
institucional e os modelos de ensino. In: Dantes, Maria Amélia (org.), Espaços da
Ciência no Brasil 1800-1930. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001. 208p.
SANTOS FILHO, Lycurgo História Geral da Medicina Brasileira v.1. São Paulo:
Hucitec/Edusp, 1991. 436p.
BIBLIOTECA CENTRAL DO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA
NATUREZA (CCMN): PASSADO, PRESENTE E FUTURO
RESUMO:
Este trabalho visa relatar o impacto resultante das transformações da biblioteca, em sua infra-
estrutura, nas relações de trabalho e o impacto no apoio ao ensino, pesquisa e extensão da
Universidade.
1 INTRODUÇÃO
1
Bibliotecária, Chefe da Biblioteca do CCMN/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – Brasil - claudiamalena@bib.ccmn.ufrj.br
2
Professor Adjunto/UFRJ – Mestre e Doutor em Geologia – ismar@geologia.ufrj.br
3
Professor Adjunto/UFRJ – Mestre e Doutora Instituto de Matemática/UFRJ – angela@im.ufrj.br
documentos em CD-ROM e 3068 mapas com seus respectivos textos explicativos,
sendo a consulta gerenciada pelo Software Aleph. Trata-se de um dos acervos
mais expressivos de nossas instituições públicas, sendo aberta a toda a
comunidade de docentes, discentes e pesquisadores e disponibilizada na Base
Minerva (Base Bibliográfica da UFRJ).
A Biblioteca Central do CCMN, que funciona de 8h às 20h30min, atendendo
aos turnos diurnos e noturnos, tem por objetivo estabelecer uma pesquisa
documentária primária com as seguintes atribuições:
preservar e conservar seu acervo;
registrar, catalogar, classificar e preparar suas coleções;
promover a adequada utilização das coleções e a divulgação de seu
acervo;
realizar empréstimo das publicações quando permitido;
elaborar e manter registros e catálogos;
manter estreita colaboração com as demais bibliotecas do centro e da
universidade;
estabelecer contato com instituições culturais, nacionais e internacionais,
mantendo serviços de permuta e empréstimo e
colaborar com o Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos do Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (CCN/ IBICT).
2 HISTÓRICO
A Biblioteca foi criada em 1971 e ocupava uma área inicial de 2.653 m2.
Todavia, o início de suas atividades ocorreu em 1978, com a incorporação da
Biblioteca do Instituto de Geociências e transferência do acervo de livros e
monografias destinados aos cursos básico do CCMN (Matemática, Física e
Química), provenientes das demais Bibliotecas do Centro.
Em 1979 a Biblioteca centralizou também as coleções de periódicos na
áreas de ciência em geral, existentes nas várias bibliotecas setoriais do CCMN.
Atualmente a Biblioteca conta com 1.784 m2, distribuída na área térrea
das instalações do CCMN. O primeiro andar foi cedido provisoriamente para o
Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) e é atualmente utilizado pela comissão
de vestibular.
4 A BIBLIOTECA HOJE
6 PERSPECTIVAS FUTURAS
REFERÊNCIAS
RESUMO:
O presente trabalho apresenta como objetivo geral: analisar o comportamento de busca e uso
da informação ambiental por parte dos pesquisadores de três instituições da área ambiental,
visando conhecer com profundidade hábitos e necessidades de informação que apresentam
bem como as formas e mecanismos de obtenção da informação utilizada por eles. A
metodologia a ser utilizada será de caráter exploratório. Espera-se com isso que as instituições
possam conhecer tal opinião à informação ambiental e procurarão se necessário adequar-se as
necessidades informacionais destes pesquisadores.
ABSTRACT:
The present work presents as objective generality: to analyze the behavior of search and use of
the environment information on the part of the researchers of three institutions of the ambient
area, aiming at to know with depth habits and necessities of information that present as well as
the forms and mechanisms of attainment of the information used for them. The methodology to
be used will be of explorer character. One expects with that the institutions can know such
opinion to the environment information and will look for if necessary to adjust the information
necessities of these researchers.
Keywords: search behavior; environment information; search of the information; use of the
information; environment; final user.
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
1
Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Mestrado em Ciência da Informação da
UNESP/ Campus de Marília-SP sob orientação da Profª Drª Helen de Castro Silva.
2
Bacharel em Ciência da Informação com Habilitação em Biblioteconomia pela PUC-
CAMPINAS. Mestrando em Ciência da Informação pela UNESP/ campus de Marília-SP. E-mail:
fernandoubatuba@hotmail.com
áreas rurais onde há a excessiva concentração fundiária e a agricultura voltada
para o desmatamento. A poluição, as mudanças climáticas, a criação dos
alimentos transgênicos, a desertificação e a perda da biodiversidade também
são temas de grande repercussão e relevância dentro do contexto ambiental.
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
• Levantar subsídios para o desenvolvimento de produtos e
serviços de informação adequados aos pesquisadores da área
ambiental;
• Analisar o comportamento de busca e uso da informação
ambiental por parte dos pesquisadores do NEPAM (Unicamp),
DCB (Unesp) e IO (USP), visando conhecer com profundidade
hábitos e necessidades de informação que estes apresentam;
2.2 Específicos
• Caracterizar a informação ambiental incluindo aspectos históricos e
atuais, enfocando o contexto dos países do “Terceiro Mundo” e
particularmente do Brasil, características de organização e uso;
4 METODOLOGIA
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Iêda Muniz de; CORDEIRO, Lia Prado Arrivabene; CARIBÉ, Rita de
Cássia do Vale. Estudo da necessidade de criação de uma base de dados
sobre poluição. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, v. 15, n. 2,
p. 343-353, jul/dez. 1987.
RESUMO
Visa apresentar alguns procedimentos para uma postura proativa em bibliotecas universitárias. Apresenta
aspectos do conceito de proatividade bibliotecária em um contexto de dificuldades para usar e aplicar as
tecnologias de informação (TI). Neste sentido, uma gestão eficiente da informação deve contemplar não só
a capacitação dos seus usuários, mas também a capacitação do seu corpo de bibliotecários para as ações
proativas. Como resultado, a confiança e a qualidade dos serviços nas biblioteca crescem
proporcionalmente às ações proativas adotadas pelo Sistema.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestre em Ciência da Informação IBICT/UFRJ. Diretora do Sistema de Biblioteca do Centro Universitário
da Cidade do Rio de Janeiro – UNIVERCIDADE fatima@univercidade.br
2
Mestre em Ciência da Informação IBICT/UFRJ. Bibliotecária do Sistema de Bibliotecas do Centro
Universitário da Cidade do Rio de Janeiro – UNIVERCIDADE. csanto@univercidade.br
Este cenário evidencia um paradoxo no sistema educacional brasileiro. De um lado,
demonstra que o nível educacional do país está crescendo, mas, por outro lado evidencia
o problema da exclusão digital, pois a maioria dos novos alunos ainda tem grande
dificuldade para usar e aplicar as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Este
problema é observado diariamente nas bibliotecas do Sistema de Bibliotecas do Centro
Universitário da Cidade do Rio de Janeiro, instituição de ensino superior da rede
particular, na qual este trabalho está ambientado.
Nosso objetivo principal é mostrar alguns procedimentos que caracterizam uma postura
pró-ativa em bibliotecas universitárias brasileiras. Para tanto, apresenta aspectos do
conceito de pró-atividade em um contexto onde o uso e a aplicação das Tecnologias de
Informação(TIs) constituem-se em ferramentas essenciais não só para o processo
educacional do universitário, mas também para ajudar na promoção da inclusão
social/digital no Brasil.
A Informação sempre foi importante nas universidades, mas agora parece ter assumido
importância ainda maior que no passado, quando já foi chamada de sangue que dá vida
às universidades, e considerada como parte da própria infra-estrutura da universidade. Na
atualidade, podemos dizer que os conceitos informação e universidade são indissociáveis,
pois a informação ocupa lugar central em todas as rotinas universitárias. “Tão central que
se confundiria com a própria noção de universidade”. (MUELLER, 2000)
As Instituições de Ensino Superior – IES’s de todo o mundo estão reavaliado suas formas
de reunir, processar e disseminar informações para o ensino, pesquisa, extensão e para
sua própria administração. Neste contexto, as bibliotecas universitárias desempenham
um papel crucial, pois a biblioteca universitária pode ser considerada como o espelho da
universidade. A qualidade dos serviços oferecidos na biblioteca universitária pode ser um
fator de determinação da qualidade dos serviços oferecidos na universidade como um
todo. Assim, para fazer jus ao seu papel de espelho da universidade, a biblioteca deve
estar sempre atenta para responder com qualidade as demandas informacionais de seus
clientes além de, muitas vezes, se adiantar e prover essa demanda.
Para avaliar o alcance destes programas, inserimos aqui o conceito de biblioteca pró-
ativa, cuja finalidade principal está em oferecer serviços que ultrapassem os modelos
tradicionais de atendimento ao usuário. É oportuno saber como este conceito pode ser
aplicado na biblioteca universitária.
Um dos significados do prefixo "pró" é antecipação, algo que acontece antes. Neste
contexto, a pessoa proativa está sempre se antecipando aos acontecimentos, fazendo até
mesmo alguma espécie de previsão para poder atuar de uma determinada forma
planejada Neste caso, é necessária uma análise do contexto, a identificação e a seleção
de alternativas que possam levar à previsão dos resultados de cada cenário. É claro que
isto leva algum tempo, mas, com um bom planejamento, há chances de sucesso. (LAGO,
2005)
Então ser proativo significa tomar a iniciativa. Embora a iniciativa faça parte da
proatividade, ela se apresenta apenas como uma reação e não como uma ação para
responder uma determinada demanda. A proatividade se efetiva quando, além do
planejamento, se adiciona a uma determinada demanda um questionamento positivo do
processo, conforme exemplo abaixo:
Um instrutor, dando uma palestra, pergunta quem poderia tirar cópias xerox de um artigo.
Alguém rapidamente se oferece como voluntário. A pessoa proativa se oferece como
voluntária e também sugere algo do tipo: "Podemos escanear o artigo?" ou "Que tal
pedirmos para alguém colocar o artigo no formato word ou Power Point?" Trata-se de um
questionamento visando a melhoria do processo ou do resultado. Neste sentido, um
questionamento positivo é a base para toda mudança que pode ocorrer em um
determinado setor de atividade, que pode levar a mudanças de maneira consistente.
Assim, “somando-se a iniciativa + planejamento + questionamento positivo tem-se a
proatividade. Quando acrescida da criatividade, a pró-atividade pode levar à inovação”.
Criatividade sem proatividade não passa de um monte de idéias que podem ser ou não
ser úteis. Proatividade sem criatividade resultará em mudança de pouco ou curto
impacto.(LAGO, 2005)
Segundo o depoimento dos bibliotecários, o programa tem sido aprovado, pois os alunos
se mostram bastante interessados, o que é demonstrado através de perguntas e
questionamentos feitos pelos mesmos. Há também uma grande participação de
professores. Contudo há alguns problemas, mas estes estão sendo resolvidos: falta de
espaço em algumas bibliotecas, aonde o fluxo de usuários é bem maior, como as
localizadas nas zonas norte e oeste. Há dificuldades para ajustar os horários dos
treinamentos com os horários das aulas, já que é aplicado durante o período letivo. Em
algumas unidades há muitas turmas de primeiro período, o que dificulta a conciliação das
atividades rotineiras da biblioteca com a aplicação do treinamento. De qualquer modo a
experiência tem sido satisfatória, conforme os resultados relatados: aumento de
freqüência na biblioteca; aumento de cadastro na biblioteca; conhecimento maior do
acervo da biblioteca; divulgação do acervo não convencional da biblioteca (monografias,
normas ABNT, periódicos, CD Rom, etc); aumento no empréstimo entre bibliotecas; maior
conscientização quanto ao uso de celulares na biblioteca; mais assinaturas no livro de
presença; e conseqüentemente, maior visibilidade para o sistema de bibliotecas da
Univercidade.
4.2 Programa de Normalização de Trabalhos Acadêmicos
Este programa visa dar orientação aluno sobre o uso e aplicação das normas da ABNT
(NBR 14724 – apresentação de trabalhos acadêmicos, NBR 6023 - referências
bibliográficas) O atendimento é feito individualmente ou em grupo.
A idéia de “Information Literacy” emerge com o advento das TICs no início dos anos 70 e
atualmente, está associada com práticas de informação e o pensamento crítico, no
ambiente das tecnologias de informação e comunicação. (DUDZIAK,2003). Conforme o
Colóquio Competência Informacional e Aprendizado ao longo da vida realizado na
Biblioteca de Alexandria em 2005, a competência informacional e o aprendizado ao longo
da vida são os “faróis da Sociedade, iluminando os caminhos para o desenvolvimento, a
prosperidade e a liberdade.”
Segundo Belluzzo (2006), para que as pessoas adquiram “information literacy”, é preciso
que a educação insira esse aprendizado nos seus currículos. Os elementos necessários
para inclusão devem contemplar não só o acesso físico às TICs, mas também a
capacitação das pessoas para utilizá-las. A Competência em Informação pode ser
desenvolvida sob diferentes concepções: a)baseada nas tecnologias da informação;
b)baseada em fontes de informação; c) baseada na informação como processo; d)
baseada na construção do conhecimento; e) baseada na extensão do conhecimento; f)
baseada no saber. (BELLUZZO, 2006)
Este programa foi adotado visando a oferecer aos alunos o acompanhamento dos fatos
recentes sobre de informação geral. Para tanto se efetiva através de consultas e leituras
a jornais e revistas on-line de informação geral. A leitura desses periódicos poderia ser
melhor aproveitada se fossem consideradas as seções que nem sempre são manchetes
tais como Educação, Arte, Filosofia, Globalização, Responsabilidade social, Ecologia e
Cidadania, etc. Assim, o Sistema de Bibliotecas criou um tipo de “clipping” sobre os
assuntos citados. As notícias, veiculadas em periódicos de grande circulação on-line,
são selecionadas, indexadas e distribuídas às bibliotecas cada Unidade. O aluno têm,
então, notícias selecionadas à sua disposição, podendo consultá-las facilmente ou copiá-
las para leitura posterior. Esse serviço é monitorado pelos professores, em sala de aula, o
que motiva os alunos na busca à informação mais detalhada e bastante atualizada,
contribuindo assim para a criação do hábito de leitura e para a sua formação geral.
Embora os procedimentos adotados possam ser vistos como rotinas normais de qualquer
biblioteca do chamado primeiro mundo, no Brasil, podemos caracterizá-los como
proatividade bibliotecária, pois os resultados alcançados podem ser vistos como uma
proposta inovadora para as bibliotecas universitárias brasileiras.
ABMES. Perfil das IES particulares e sua contribuição para o desenvolvimento do país.
Disponível em <http://www.portalmec.gov.br/arquivos/pdf/abmes.pdf.> Acesso em:
16.jan.2006.
BELLUZZO, R. C. B. Competência em Informação: um diferencial das pessoas na
sociedade contemporânea. São Paulo, 2006. Oficina de trabalho.
BRUCE, C. Seven faces of information literacy in higher education. 1997. Disponível em:
<http://sky.fit.qut.edu.au/~bruce/inflit/faces/faces1.htm> Acesso em:13 abr.2005.
DECLARAÇÃO de Alexandria sobre competência informacional e aprendizado ao longo
da vida. Disponível em <http://www.ifla.org/III/wsis/BeaconInfSoc-pt.html> Acesso em:
11.abr.2006.
DUDZIAK, E. A. Information literacy: princípios, filosofia e prática Ciência da Informação,
volume 32 (2003) Disponível em: <www.ibict.br/cienciadainformação> Acesso em:
19.dez.2005.
ESPÍRITO SANTO, C. “Quissamã somos nós”: Recursos informacionais para construção
de hipertexto sobre identidade cultural. Morpheus volume 5,(2004). Disponível em
<http://www.unirio.br/morpheusonline/carmelita_do_espirito_santo.htm> Acesso em:
28.nov.2005.
FIES - Programa de Financiamento Estudantil. Instituições de Ensino. Disponível em:
<www3.caixa.gov.br/fies/> . Acesso em: 18.abr.2006.
FREIRE, I. M. O desafio da inclusão digital. Transinformação, volume 16, p.189-194,
2004.
LAGO, A. O que é pró atividade? Disponível em
<http://www.widebiz.com.br/gente/alfredo/oqeproatividade.html.> Acesso em: 22 set.
2005.
MUELLER, S. P. M. Universidade e informação: a biblioteca universitária e os programas
de educação a distância: uma questão ainda não resolvida. DataGramaZero - Revista de
Ciência da Informação – volume 1, .(2000) Disponível em
<http://www.dgz.org.br/ago00/Art_01.Htm> Acesso em: 22.out.2005.
POZZEBON, M. Um Modelo de EIS que Identifica Características para Comportamentos
Proativos na Recuperação de Informação. Dissertação (Mestrado PPGA) – Porto Alegre:
UFRGS, 1998.
PROUNI - Programa Universidade para Todos . Disponível em:
<prouni.mec.gov.br/prouni> Acesso em: 18.abr.2006.
RAPOSO, M. F. P.; ESPIRITO SANTO, C. A proactive university library in the Brazilian
context. In: ANNUAL CONFERENCE ON INTERNATIONAL ASSOCIATION OF
TECHNOGICAL UNIVERSITY LIBRARY, 27., 22-25 maio. 2006, Porto, Portugal.
Embedding Libraries in Learning and Research. Porto: Universidade do Porto, 2006.
Disponível em: <http://paginas.fe.up.pt/~iatu2006/authors4.html>. Acesso em: 22/06/2006
RAPOSO M. F. P., ESPÍRITO SANTO C., UNGER R. J. G. Aplicação do conceito de
proatividade no sistema de bibliotecas da univercidade in: BIBLIOCIDADE, 8., 2005, Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: UNIVERCIDADE, 2005.
UNIVERCIDADE: obsessão pela qualidade. Disponível em: <http://www.univercidade.br>
Acesso em: 18.abr.2006.
Sistema de Bibliotecas e Informação
SIBI/UFRJ
Rio de Janeiro
2006
RESUMO
1 INTRODUÇÃO 04
2 UM BREVE HISTÓRICO DAS BIBLIOTECAS 05
2.1 BIBLIOTECA DA FACULDADE DE ARQUITETURA E 05
URBANISMO
2.2 BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE PESQUISA E 06
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL / UFRJ
2.3 BIBLIOTECA DA ESCOLA DE BELAS ARTES 08
3 CONSOLIDAÇÃO DO ESPAÇO INTEGRADO 10
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 11
REFERÊNCIAS 13
ANEXOS 14
4
1 Introdução
Regional. Foi projetado pelo arquiteto Jorge Moreira, que recebeu o 1° Prêmio
na Exposição Internacional do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
No próximo capítulo será feita uma breve exposição sobre as bibliotecas
da EBA, FAU e IPPUR abordando aspectos como histórico, instalações físicas,
recursos humanos, acervo e produtos de informação.
Nicolas Taunay (que veio para o Brasil com a Missão Artística Francesa) foi
quem deu início aos trabalhos de organização da Biblioteca e do Arquivo.
A origem do acervo da Biblioteca são os livros trazidos para o Brasil
pelos artistas que compunham a Missão Artística Francesa, cujo chefe era
Joaquim Lebreton (literato, jornalista e crítico de arte, e que chegou ao Brasil
em 1816). Com ele vieram, entre outros, Jean Baptiste, Garndejean de
Montigny e Nicolas Taunay. Encontram-se ainda anotações de aquisição de
livros doados por D. Pedro I.
Entre 1853 e 1857, o Diretor da Academia Imperial de Belas Artes,
Manoel de Araújo Porto – Alegre, reorganizou a Biblioteca e a Pinacoteca. A
partir de 1939 a Escola Nacional de Belas Artes ocupou o prédio do Museu
Nacional de Belas Artes onde estava instalada a Biblioteca.
Em 1976, já no Campus do Fundão, o Prof. Almir Paredes Cunha, eleito
Diretor da EBA, ampliou o espaço físico da Biblioteca.
O Prof. Paulo Pinheiro Abos, Diretor da EBA, em 1981, procedeu com
uma nova ampliação do espaço físico da Biblioteca. Esta passou a chamar-se
Biblioteca Alfredo Galvão em homenagem ao Professor Alfredo Galvão, Diretor
da EBA, entre os anos de 1955 e 1961.
Em 1991 a Biblioteca passou a ocupar um novo espaço, localizado na
sala do Prof. Lídio Bandeira de Melo, que se aposentara. Nesta mesma
ocasião ganhou novo mobiliário, estanteria e balcão.
A Professora Ângela Âncora da Luz, assumiu a Direção em 04/02/2002.
A Biblioteca passou por uma nova revisão nas suas instalações físicas,
ganhando novos aparelhos de ar condicionado, persianas, e melhorias no seu
sistema de iluminação. Em relação aos equipamentos, também contou com
achegada de computadores para consulta dos usuários e tratamento técnico da
coleção. Isto favoreceu o processo de informatização do acervo.
A Biblioteca Alfredo Galvão funciona atualmente no Prédio da Reitoria,
7° andar, de segunda a sexta das 8:00 às 17:00 h. Sua coleção é especializada
em Artes, Artes Cênicas, Desenho Industrial e Educação Artística.
No que se refere às instalações físicas a biblioteca ocupa uma área total
de 455 m2. O ambiente encontra-se dividido da seguinte maneira: acervo geral
– 251 m2, administração/processamento técnico – 24 m2, leitura/circulação –
180 m2. O espaço destinado aos usuários é de 6 mesas com 6 assentos cada
10
4 Considerações finais
REFERÊNCIAS
ARAÚJO JUNIOR, Rogério Henrique de; SUAIDEN, Emir José. Biblioteca pública e a
excelência nos produtos e serviços: a técnica do benchmarking. Disponível em:
<http://www.informacaoesociedade.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewFile/307/230>.
Acesso em: 20 jul. 2006.
Anexo A
15
Anexo B
A EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA PARA PROFISSIONAIS
DA INFORMAÇÃO: UMA INICIATIVA E-FLUÊNCIA/SESC
RESUMO:
Este trabalho tem por objetivo apresentar o modelo de ambiente de aprendizagem virtual ”e-fluência”
para cursos voltados para a formação continuada de profissionais da área de informação e contribuir
para a aplicação das tecnologias de informação e comunicação na concepção e elaboração de
espaços virtuais de educação continuada. A metodologia de educação à distância desenvolvida pelo
e-fluência para aplicabilidade no Serviço Social do Comércio - SESC está sintonizada com as
demandas de educação continuada voltada para o mercado, onde o social e o desenvolvimento
econômico se beneficiam com a estratégia de adoção de espaços virtuais de conhecimento e
conciliando o retorno rápido do investimento em educação à distância às premissas de crescimento
dos negócios, com qualidade. De 2004 a 2006, os cursos à distância oferecidos pelo e-fluência para o
SESC contaram com a participação de 278 ciber-alunos, entre bibliotecários e auxiliares de
biblioteca.
1 INTRODUÇÃO
1
Consultora do Ambiente de Aprendizagem Virtual e-fluência. Mestre e Doutoranda em Ciência da
Informação (Tema: Educação à Distância) e-mail: aduque@pobox.com
etapas de planejamento e aplicabilidade e finalmente sua implementação coroada
de êxitos. Relata também a experiência da realização de cursos de atualização à
distância para profissionais da informação do Serviço Social do Comércio – SESC.
2 METODOLOGIA
Os princípios dessas cinco leis aplicadas à Web (Id. 2001) são assim
resumidos respectivamente: universalidade de acesso à informação; democratização
do saber; atendimento às diferenças e necessidades de cada ciber-aluno; fator
temporal agregando valor à informação; e dinamismo e crescimento informacional.
Respeitados esses parâmetros, a fase seguinte foi a de construção da
arquitetura do e-fluência.
Segundo Mikhailov (1983, p. 14), a correta escolha de uma estratégia de
desenvolvimento da informação só é possível se houver uma base teórica sólida que
2
Existe uma tendência de nomear ciber-aluno ao aluno de cursos à distância via Internet e, em
sentido mais amplo, usuário que se beneficia da Web para auto-gerenciar sua aquisição de saberes.
permita tanto o entendimento de processos atuais quanto a avaliação das
possibilidades.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA
4 CONCLUSÃO
DUQUE, Andréa Paula Osório. Modelagem de cursos à distância via Internet: à luz
da Ciência da Informação. 2001. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) -
UFRJ/ECO-MCT/IBICT, Rio de Janeiro. Orientador: Maria de Nazaré Freitas Pereira.
RANGANATHAN, S.R. The five laws of library science. Madras: The Madras Library
Association. London: G. Blunt and Sons, 1931.
A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO
DISTANCE EDUCATION IN INFORMATION UNITS
Resumo
Estudo consiste em revisão da literatura sobre educação a distância (EaD), tem como objetivo de discutir
a sua incorporação nas atividades de educação de usuários de unidades de informação. Apresenta
conceitos, características, vantagens, desvantagens, possibilidades de uso e ressalta a necessidade de
considerar os objetivos educacionais para a utilização da EaD. Inclui também uma breve revisão da
literatura sobre educação de usuários em bibliotecas. Conclui que é factível que bibliotecas de médio e
grande porte desenvolvam programas de educação de usuários utilizando EaD, de forma a possibilitar
aos seus usuários um melhor conhecimento da unidade de informação, das fontes de informação
disponíveis, dos serviços e produtos existentes e disponíveis e assim possam ampliar e intensificar seus
usos.
Palavras chave: Educação a distância - Educação de usuário - Treinamento de usuário
1 INTRODUÇÃO
As organizações para serem bem-sucedidas num mercado cada vez mais competitivo,
precisam criar condições para que seus integrantes adquiram e apliquem
constantemente novas capacidades, habilidades e atitudes exigidas pelo trabalho,
também cada vez mais complexo. A realização de trabalhos que demandam maior
conhecimento e o componente intelectual de muitos cargos vêm aumentando de
maneira considerável, dessa forma a qualificação exigida é muito mais de caráter
mental e não mais de caráter manual. (MEISTER, 1999)
1
Analista do IBAMA, Graduada em Biblioteconomia-UFMG, Mestre em Ciência da Informação-UnB,
Doutoranda em Ciência da Informação-UnB. E-mail: rcaribe@uol.com.br
A economia do conhecimento exige um aprendizado contínuo para desenvolver
qualificações mais amplas. De acordo com Meister (1999) o prazo de validade de um
diploma universitário é de menos de dois anos; e caso esse indivíduo não substitua
tudo o que sabe a cada três anos sua carreira poderá deteriorar-se. A rapidez com que
o conhecimento adquirido torna-se obsoleto exige que os indivíduos, para manterem a
sua empregabilidade, estabeleçam um processo de educação contínua.
2
Para fins deste texto entende-se por unidade de informação o termo genérico que engloba todos os
tipos de bibliotecas, centros de informação, de documentação, clearinghouse etc.
2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CONCEITOS BÁSICOS
a) Vantagens:
b) Desvantagens:
Custos – os custos iniciais são muito altos para a implantação de cursos à distância,
porém esse custo pode se diluir ao longo de sua aplicação. Há controvérsias, é
discutível a economia de tal modalidade educativa.
a) Professor/Tutor/Orientador
companheiro;
líder;
b) Aluno
A EaD é bastante antiga e a primeira tecnologia que a tornou possível foi a escrita que
permitiu que as pessoas escrevessem o que antes só podiam transmitir oralmente,
assim surgiu a primeira forma de EaD. As epístolas de São Paulo no Novo Testamento
foram escritas com a finalidade de ensinar às comunidades cristãs da Ásia Menor como
viver como cristãos em um ambiente desfavorável. Ele usou as tecnologias da escrita e
dos meios de transporte para fazer seu trabalho missionário sem haver a necessidade
de viajar. Porém, o seu uso foi limitado até que foram transformadas em livro.
A mídia impressa, de acordo com Wills apud Abbad (2004) é fundamental na EaD, e
tem como vantagens poder ser usada em qualquer lugar, ser pedagogicamente clara,
fácil de usar, de se referenciar e revisar, porém, por ser um meio unidirecional possui
limitações como a falta de interação e por prover ao aluno uma visão limitada da
realidade uma vez que não tem movimento.
Outra tecnologia que está sendo utilizada é a realidade virtual, que consiste numa
tecnologia emergente cujo objetivo é a geração da percepção da realidade em
pessoas, usando dispositivos que estimulam mais de um órgão dos sentidos em um
modelo de um ambiente real ou fictício. A realidade virtual permite aos usuários a
interação instrutiva com o ambiente virtual e seus objetos como se fossem reais, por
imersão, na simulação tridimensional gerada por computador. Realidade virtual é uma
forma de os indivíduos visualizarem, manipularem e interagirem com computadores e
dados extremamente complexos; é a simulação do espaço e tempo (4D); é a animação
do ponto de observação apresentada em um contexto interativo, em tempo real; é uma
forma de interagir com um ambiente 3D.
Habert, Plonski, Mascarenhas, e Slade citados por Jacomini (2003) entendem que as
novas tecnologias da informação e comunicação aplicadas a EaD proporcionam maior
flexibilidade e acessibilidade à oferta educativa, promove transformações na prática da
pesquisa e da transferência do conhecimento, poderá possibilitar a criação de uma
nova universidade com muitas características desejáveis como interdisciplinaridade,
inovação, interatividade com a sociedade, capacidade de renovação e adaptação
dinâmica e contínua, fazendo-as avançar na direção das redes de distribuição de
conhecimentos e de métodos de aprendizagem inovativos, revolucionando conceitos
tradicionais e contribuindo para a criação dos sistemas educacionais do futuro.
3
Segundo Peters browse significa pastar, o que nos lembra animais pastando, comendo aqui e ali, da
mesma forma os indivíduos buscam informações aqui e ali por meio das redes, computadores etc.
métodos de ensino e recursos instrucionais necessários para a educação do usuário,
considerando-se que a formação deve atingir todos os domínios: cognitivo, sócio-
emocional e psicomotor, de conformidade com a taxionomia de objetivos de Bloom4.
DOMÍNIO
Categorias Características
COGNITIVO
DOMINIO
Categoria Características
AFETIVO
DOMÍNIO
Categoria Características
PSICOMOTOR
A EaD deve ser encarada como instrumento para reduzir distâncias, caracteriza-se
pela auto-instrução e pela conversação didática, guiada, bidirecional, fazendo com que
o perfil, o nível e as necessidades da clientela conduzam à elaboração do material
didático. Assim, os professores devem preparar o material de forma que os alunos
recebam mensagens que correspondam às competências que deverão adquirir, aos
objetivos educacionais que desejam alcançar e assim escolher e definir os recursos a
serem utilizados visando alcançar estes objetivos.
Na literatura podem ser encontradas diversas experiências em EaD tanto para cursos
de graduação, pós-graduação como para cursos de curta duração. Cursos mais
complexos e de longa duração exigem o uso de tutoria para acompanhamento e
incentivo dos alunos. Porém, cursos com duração entre 20 e 40 horas têm funcionado
bem e há casos de sucesso sem o uso de tutoria5.
Landim (1997) enfatiza que educação é comunicação e que por esse motivo implica em
interatividade, conceitua comunicação como o ato intencional de apresentar idéias,
desejos e emoções, de forma clara, atraente e direta. A EaD significa pensar um novo
modelo de comunicação capaz de fundamentar e instrumentalizar a estratégia didática.
Considerando que os meios de comunicação possuem três funções básicas - informar,
ensinar e entreter - também o texto produzido para a modalidade a distância não pode
ser apenas informativo. Ele deve ter um discurso persuasivo, com estímulos para
realização de operações intelectuais complexas, além de possibilitar a integração de
conhecimentos anteriores com a experiência pessoal do aluno e de identificar as
formas possíveis de aplicação em seu meio.
5
Notas de aula com Profa. Dra. Gardênia Abbad. Curso arquitetura educacional elaborado para equipe
do Banco Central do Brasil em junho de 2004.
Rados (2002) os usuários que preferem os serviços disponíveis na Internet, não têm
todo o tempo disponível, por isso preferem interfaces amigáveis, serviços facilitadores
com valor agregado.
Termo Conceito-síntese
Outra experiência foi desenvolvida pela Biblioteca Central da UNICAMP por meio do
Programa de Educação de Usuários a Distância que utiliza o correio eletrônico como
meio de comunicação. Cada funcionário da Área de Serviço ao Público possui um
equipamento de informática com configuração de correio eletrônico próprio e existe
uma rotina de trabalho onde as solicitações são direcionadas e agrupadas por tipo de
questionamento. Essa Biblioteca realizou um estudo visando avaliar quais eram as
demandas encaminhadas por e-mail : a) 36,98 % foram com relação à orientação e
solicitação de pesquisa e localização de material bibliográfico no SBU (Base Acervus)
bem como em outras instituições, Internet, orientação na formulação da pesquisa e no
acesso ao documento primário no SBU, levantamento bibliográfico em bases de dados
on-line e em cd-rom; b) 17,84 % com relação à localização e obtenção de material
bibliográfico, solicitação de documento via programas de comutação bibliográfica,
empréstimo entre bibliotecas, aquisição de documentos em outras instituições; c) 7%
em relação ao programa de treinamento de usuários, agendamento de cursos,
treinamentos de uso da base Acervus, Internet, ProBe-Programa de Biblioteca
Eletrônica, bases de dados on-line e em cd-rom, orientação na elaboração de trabalhos
científicos e normalização de referências bibliográficas. (MELLO; MARTINS, s.d.)
REFERÊNCIAS
ABBAD, Gardênia et al. Arquitetura Educacional. Brasília: Banco Central do Brasil, 2004.
80p. Apostila do Curso: Modelagem da Universidade Corporativa do Banco Central. Módulo:
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GARCEZ, Eliane Maria Stuar; RADOS, Gregório J. Varvakis. Biblioteca híbrido: um novo
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UNESCO. Guidelines for developing and implementing a national plan for training and
education in information use. Paris: UNESCO, 1981. 50p.
BIBLIOTECA PÚBLICA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
RESUMO:
A Biblioteca Pública como local difusor de leitura e informação necessita ter: infra-estrutura básica
para sua manutenção, recursos humanos qualificados, espaço físico adequado, material
bibliográfico que atenda às necessidades dos leitores e projetos que visem a democratização da
leitura. O objetivo do presente estudo é apresentar o levantamento sobre a presença das
Bibliotecas Públicas Estaduais brasileiras na Internet. A metodologia consiste em: a) Levantamento
das Bibliotecas Públicas Estaduais; b) Busca das páginas ou sites oficiais das instituições pelo
mecanismo de busca Google; c) Endereço eletrônico e serviços on-line; c) Endereço tradicional.
Resultados: todas bibliotecas possuem e-mail, 17 das 26 bibliotecas apresentam sites, e destas 5
disponibilizam o catálogo online. Sugere-se a dinamizar projetos para disponibilizar serviços e
produtos na Internet das Bibliotecas Públicas para fortalecer o acesso ao direito humanitário básico
– o direito à leitura.
1 INTRODUÇÃO
1
Apresentadora – Diretora da Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa - Belo Horizonte – Minas
Gerais – e-mail: fragoso.bh@gmail.com
2
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis
e-mail: ursula@ced.ufsc.br, Professora no Curso de Graduação Biblioteconomia e
no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (Mestrado) na UFSC.
3
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis e-mail: noeli_viapiana@yahoo.com.br ,
Estudante do Curso de Biblioteconomia na UFSC
A Fundação Biblioteca Nacional do Brasil - FBN -
http://www.bn.br/site/default.htm desempenha atribuições fundamentais para a
preservação da memória e cultura brasileira. É imprescindível ao bibliotecário, a
utilização dos diversos catálogos produzidos pela Biblioteca Nacional disponíveis
no ambiente da Internet (http://catalogos.bn.br/ ). Estes facilitam diretamente a
consulta dos acervos e coleções da BN.(http://catalogos.bn.br/snbp/historico.html).
Por meio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas - SNBP, observa-se ações
pautadas nos seguintes objetivos (http://catalogos.bn.br/snbp/historico.html )
p?Fa=atr.inf&ATR_ID=33
GRANDE
das 7h às 18h
s/n - Bairro 13 de Julho Aracaju - E-mail:
SE 49020-150 Tel.: (79) 3179-1907/ bibliotecapublica@cultura.se.gov
.br ;
3179-1907 /31791932 Fax.: (79)
3179-1923
Destaca-se na Região Centro-Oeste a biblioteca pública de Goiás que está aberta aos
domingos. E a de Mato Grosso do Sul que está localizada em Corumbá e não na capital do estado.
.php
Belo Horizonte - MG livros e 1.200 títulos
30140-010 de periódicos,
Tel/fax.: (31)3269-1166 E-mail: sub@cultura.mg.gov.br informatizados pelo
Ramais 100/101 e 111 ; Sistema Pergamum.
Tel/fax.: (31) Direto 3261- Não possui site
1311 (Secretaria de próprio. Este está
Cultura) inserido no Portal da
Secretaria de Cultura.
De segunda a sexta,
das 8h às 20h
sábado, das 8h às 12h
Biblioteca Pública ND
Estadual do Espírito Santo
ESPÍRITO
E-mail: bibliotecapublica@bperj.rj.gov.br
Kelly Guia de Bibliotecas públicas do Estado do Rio de Utiliza o software
Av. Pres. Vargas, 1261 - Janeiro - ArchesLib WEB. Com
Centro http://www.bperj.rj.gov.br/sebguiadebibliotecas_n 10.000m2. De
Rio de Janeiro - RJ ovo.htm segunda a sexta-feira,
20071-004 Biblioteca Estadual de Niterói – BEN, das 9h às 18h
Tel.: (21)2224-6184/ Biblioteca Estadual Infantil Anísio Teixeira –
2242-6619 /2299-1771 BEIAT
Tel/fax.: (21)2252-6810 /
2299-1769
Resumo:
O objetivo deste trabalho é apresentar o Card Sorting, uma técnica simples de análise e
organização de vocabulários controlados que tem por finalidade explorar a relação dos usuários
com o desenvolvimento de serviços de informação. A chave de utilização do método é participação
de usuários finais no processo, permitindo entender como eles categorizam as informações
disponíveis num processo de busca, identificando qual terminologia é a mais usual, qual pode
gerar confusões e que termos são mais difíceis de se categorizar. O Card Sorting pode ser
utilizado na definição de estruturas de web sites ou a criação de taxonomias e tesauros.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Gaffney (2000 não paginado) “Card Sorting is a technique for exploring
how people group items”, permitindo o desenvolvimento de estruturas que
aumentem as probabilidades de usuários encontrarem o que procuram, ou seja,
ajuda a descobrir como o usuário usa e classifica uma informação em sua mente.
Baseando-se na idéia exposta por Sinha (2003 não paginado) “the assumption
with semantic domain is that there is something common to people’s
understanding of that domain” o estudo dos resultados de utilização da técnica
pode prover insights sobre os modelos mentais dos usuários, indicando o
processo tácito de grupamento, arranjo e nomeação de informações. O resultado
do processo se adequa ao conceito de findability de Morville (2005 p.4) “the quality
of being locatable or navigable”.
1
Bibliotecário com especialização em Análise de Sistemas, Administração, Gerenciamento de
Projetos (Columbia University) e Marketing (Wharton School). Atua na Gerência de Informação
Empresarial para Estratégia e Desempenho Empresarial da Petrobras. mdfaria@petrobras.com.br
A utilização do Card Sorting é apropriada quando se faz necessário identificar
itens que precisam ser categorizados e de que maneira ordená-los, como a
definição de estruturas de web sites ou a criação de taxonomias e tesauros. Para
Maurer e Warfel (2004 não paginado) “Card Sorting is a quick, inexpensive, and
reliable method, wich serves as input into your information design process”,
identificando qual terminologia é a mais usual, qual pode gerar confusões e que
termos são mais difíceis de se categorizar. Ao contar com a participação direta
dos usuários finais ela pode, segundo McGovern (2002 não paginado), “help
shortcut long, tedious and often fruitless debate. It delivers classifications that
people actually choose, not what they say they would choose”.
Segundo Rosenfeld e Morville (2002 p.101) “there are two basic varieties of card
sorts: open and closed”. Na forma aberta os participantes recebem cartões em
branco e é mais usada para levantamento/descoberta de termos. Na forma
fechada os cartões já estão rotulados sendo a forma mais utilizada para validação
de estruturas. Entre essas duas opções podem-se utilizar formas híbridas, mais
fechadas ou mais abertas, balanceadas de acordo com as necessidades de cada
projeto.
O ideal é que o grupo de participantes varie entre 6 e 15, grupados 3 a três, mas a
técnica pode ser empregada até via e-mail, individualmente, se não houver outra
possibilidade.
O local deve ter espaço suficiente para que cada membro participante possa
montar sua estrutura de termos, seja em mesas, bancadas ou murais, de forma
que não seja influenciado pelos outros participantes.
Deixar disponível alguns cartões extras, clips, taxas e elásticos para nomear e
reunir grupos de cartões.
Preparar uma lista de instruções para que todos os participantes tenham completo
entendimento do processo e o aplicador não se esqueça de todos os passos do
exercício.
Para o Card Sorting aberto o trabalho realizado nesta etapa é a conceituação dos
termos propostos, a busca de termos coincidentes nas várias estruturas montadas
e se elas apresentam as mesmas definições.
A primeira coisa que deve ser observada são as similaridades e diferenças entre
as várias estruturas criadas. Estruturas semelhantes indicam que os termos
utilizados são suficientemente claros e suas definições são comuns ao público
testado, o que é uma boa dica para a elaboração da estrutura definitiva. No caso
das diferenças é importante compreender se os conceitos estão ambíguos,
confusos ou desconhecidos e se os participantes do teste compõe um público
muito heterogêneo exigindo um maior cuidado na definição de termos e facetas.
As observações feitas na fase de comparação de estruturas são a principal fonte
de informação para esta avaliação.
Essas informações são utilizadas para gerar uma nova estrutura, que pode ser
novamente testada através de uma nova rodada. Os resultados obtidos no
exercício auxiliam principalmente na visão das facetas mais utilizadas (ex.
processos, assuntos, produtos), quais são os itens que devem apresentar maior
destaque ou relevância, como e quantos itens devem compor a hierarquia da
estrutura e o quão similar ou diferente são as necessidades do público dos temas
a serem categorizados.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MAURER, Donna & WARFEL, Todd. Card sorting: a definitive guide. 2004. não
paginado. Disponível em:
<http://www.boxesandarrows.com/view/card_sorting_a_definitive_guide>. Acesso
em: 08/01/2006.
RESUMO
Plano de trabalho integrante de projeto principal que tem como objetivo investigar os reflexos
sociais e institucionais da adoção de tecnologias de conversão digital de acervos especiais da
esfera pública na cidade do Salvador (BA). Neste sentido, identificamos instituições federais
depositárias de documentos especiais (sonoros, fotográficos e audiovisuais). Adotamos técnicas
de documentação indireta e direta. A pesquisa encontra-se em andamento, mas já podemos
indicar alguns aspectos importantes, como a precariedade de instrumentos de busca eficientes
para a identificação de instituições públicas federais em Salvador; desconhecimento dos
responsáveis com relação à tipologia dos acervos; necessidade de tratamento especial, prévio à
digitalização.
1 INTRODUÇÃO
1
Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia (ICI/UFBA); graduanda de
Arquivologia, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade
Federal da Bahia, em acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(PIBIC/UFBA/FAPESB); liviaftosta@yahoo.com.br
ou de documentos fotográficos, materiais sonoros e/ou audiovisuais, contribuem
imensamente para soluções de questões vinculadas à acessibilidade, à
usabilidade e à preservação no universo digital.
2
ICI/UFBA; doutor em Ciência da Informação (2002, UFRJ-ECO/IBICT); rubensri@ufba.br
3
Sobre acessibilidade, cf. Torres, Mazzoni e Alves (2002); sobre usabilidade veja Torres e
Mazzoni, (2004); sobre preservação veja Conway (1997) e Arellano (2004).
o de identificar bibliotecas, arquivos, museus e centros de documentação, da
esfera pública federal, detentoras das já referidas tipologias documentais objetos
da pesquisa.
2 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA
4
De autoria do Prof. Dr. Rubens R.G. Silva (ICI/UFBA).
5
Ver Silva, 2002.
O plano de trabalho também foi desenvolvido tendo como característica uma
vertente de iniciação teórica, cujos objetivos estavam no levantamento
bibliográfico e na realização de leituras e fichamentos correlatos ao tema dos
reflexos sociais e institucionais da adoção de tecnologias de conversão digital de
acervos públicos, e uma vertente prática, que teve como objetivos identificar
instituições da esfera FEDERAL de governo, localizadas na cidade do Salvador,
depositárias de coleções/documentos especiais, e coletar, organizar, analisar e
representar os dados relativos às referidas coleções e a seus consulentes. As
conexões do plano com o projeto de pesquisa são claras no seu segmento
específico da esfera federal institucional, já que sem a execução das atividades
previstas no plano de trabalho não haveria como reunir os dados que permitirão
caracterizar as coleções/documentos especiais públicos em Salvador e seus
usuários.
Com a execução do plano de trabalho (cuja conclusão está prevista para o final do
mês de julho de 2006) fica cada vez mais patente o desconhecimento que se tem
acerca destas coleções em Salvador, de seu estado, de suas potencialidades, das
ações que visam à sua conversão digital. Fica claro que o estado da arte somente
agora, com a execução do plano de trabalho, começará a ser conhecido. Esta é a
justificativa que mais fortemente legitima a idealização de nossa proposta: dar a
conhecer o estado da arte das coleções/documentos especiais de Salvador e de
sua necessária conversão digital.
6
Sobre estatística ver Barbetta, 2005; para ampliar a compreensão do tema que pesquisamos ver
Almeida (2004); Amaral (2004); Castro (2005); Cunha (1999); Morigi (2004); Neto et alii (2004);
Silva et alii (2005); Silva, F. (2005); Silva, R (2005);
dados produzida pelo Projeto de Conservação Preventiva de Bibliotecas e
Arquivos (CPBA), criada no final dos anos 1990, em projeto desenvolvido pelo
Arquivo Nacional juntamente com outras instituições nacionais e estrangeiras.7 Ao
iniciarmos o levantamento percebemos lacunas, escassez de dados e atualização
irregular da base. Optamos, então, por rever aspectos técnicos da metodologia,
que acabaram por nos conduzir a uma análise ampla de diferentes fontes,
serviços e recursos (sítios eletrônicos variados, serviços e listas telefônicas,
boletins informativos, guias de entretenimento turístico, instrumentos de consulta
de uso interno das instituições), para então solucionar o problema e realizar
adequadamente a atividade de identificação das instituições. Vale registrar,
inclusive, que inicialmente, não iríamos trabalhar com as coleções/documentos
especiais de unidades acadêmicas, incluídas aí as da UFBA, pois considerávamos
que o tempo disponível para a execução do plano de trabalho não seria suficiente.
Aceitamos, no entanto, o auto-imposto desafio e esta decisão foi revista, com os
ajustes na metodologia, para a inclusão de unidades da UFBA. De fato, provocou
algum atraso, não prejudicial à pesquisa como um todo, em nosso cronograma,
mas sem dúvida valeu à pena a ampliação do leque das instituições investigadas.
De uma quantidade inicial de pouco mais de dez instituições passamos a
investigar quase quarenta.
7
Ver http://www.cpba.net.
Algumas delas solicitaram a presença da pesquisadora (da bolsista) para seu
preenchimento, basicamente por motivos de insegurança e/ou de
desconhecimento técnico do responsável pelo acervo.
8
Registramos nosso agradecimento especial ao técnico Fernando Jose Fonseca Rocha.
...seja qual for o conceito de informação adotado, reconhece-
se que os processos de transferência e uso da informação
em seus diversos matizes constituem um dos cernes da
contemporaneidade. Considera-se ainda que tais processos
envolvem diversos sujeitos informativos, em especial o
profissional e o usuário da informação, sendo a satisfação
das necessidades deste último uma variável fundamental na
avaliação de qualquer serviço de informação. (JARDIM,
1999, p.1, apud JARDIM e FONSECA, 2004)
9
Efetivamente trabalhamos com 37 instituições, já que uma delas permaneceu por longo período em greve.
10
Para a elaboração das planilhas eletrônicas contamos com a inestimável colaboração de Aurora Leonor
Freixo, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (POSICI/ICI/UFBA), membro
do Grupo de Estudos sobre Cultura, Representação e Informação Digitais (CRIDI).
ou mesmo para todo o território nacional. A análise dos dados e suas
representações gráficas, vale lembrar, estão previstas para serem concluídas ao
final do mês de julho de 2006 (até o momento, faltando cinco semanas para a
conclusão do segmento da pesquisa abrangido pelo plano de trabalho a que nos
referimos aqui, 65% dos instrumentos foram devolvidos preenchidos).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
RESUMO
Apresenta os resultados iniciais da análise dos objetos que estão sendo encontrados no Museu
Nacional/UFRJ e que pertenceram a D. Pedro II (1825-1891). A pesquisa é parte integrante da
dissertação em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em Memória Social da UNIRIO e
pretende refletir sobre a construção da identidade do imperador a partir do processo de
colecionamento. A análise será realizada a partir da articulação entre os objetos identificados (e
categorizados respeitando as áreas do conhecimento atualmente desenvolvidas no Museu Nacional)
e os diferentes documentos relacionados a eles, como por exemplo, documentos do Arquivo do
Museu Imperial (diários, correspondências e cadernos de estudos), apresentados como uma narrativa
dos seus relatos memorialísticos, propiciando um olhar da historiadora sobre parte do acervo
(re)descoberto no antigo Paço de São Cristóvão, local que serviu de residência para D. Pedro de
Alcântara – onde nasceu e viveu por 64 anos – e sede do Museu Nacional/UFRJ desde 1892. A
análise identificou alguns objetos pessoais do Imperador; peças decorativas do Paço; material
científico e artefatos que figuraram no “Museu do Imperador”, além de equipamentos laboratoriais,
objetos esses pulverizados nos diferentes departamentos da instituição. Apresenta-se a metodologia
utilizada para a comprovação dos mesmos; parte da classificação de algumas categorias dos objetos
selecionados; e, as bases teóricas para a contextualização do trabalho tendo como enfoque central a
História e a Memória, incluindo questões sobre o esquecimento. Espera-se conseguir, com os
resultados da pesquisa, o tombamento do acervo devidamente realizado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN; a exposição dos objetos ao público; a geração de material
impresso; e a disponibilização eletrônica no site do conhecimento da UFRJ:
http://www.minerva.ufrj.br.
ABSTRACT
The objective of this work is to present the initial results of the analysis of the objects found in the
Museu Nacional/UFRJ that belonged to D. Pedro II (1825-1891). The research is part of the
Mastership dissertation developed at Programa de Pós-graduação em Memória Social/UNIRIO, and it
intends to reflect on the construction of the emperor’s identity using the collecting process. The
analysis will be based on the articulation of objects identified (and categorized according to the
knowledge areas currently under study in the Museu Nacional) and different documents, as for
example, of the Arquivo do Museu Imperial (agendas, letters and study records), presented as a
narrative of its memorial stories, providing the professional view of the historian on part of the
“collection” (re)found in the Paço de São Cristóvão – a place where D. Pedro de Alcântara was born
and lived for 64 years – and the current headquarters of the Museu Nacional/UFRJ. It’s possible to
identify some of his personal objects, items that decorated the Paço, devices that were exposed at the
Museu do Imperador (Emperor’s Museum), and laboratory equipments. The “collection” was
distributed to the different departments of the institution. The methodology used to check them, part of
the classification of some categories of the selected objects; and the theoric principles needed to
contextualize the work are also presented. The main focuss is to work with the History and the
Memory, there including matters of forgetfulness. Among results expected from the research are: the
due catalogation of the collection by Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN, the
presentation of the objets to the general public on an exposition, the publication of material and the
availability of the material in electronic files in the site of the UFRJ (http://www.minerva.ufrj.br).
Key words: D. Pedro II; Paço de São Cristóvão; History; Memory; Collection.
1
Historiadora - Seção de Memória e Arquivo do Museu Nacional/UFRJ. Mestanda do Programa de
Pós-Graduação em Memória Social (PPGMS/UNIRIO). regina@pr2.ufrj.br regin@mn.ufrj.br
1 INTRODUÇÃO
2
Através de pesquisas realizadas com os visitantes da exposição, inclusive em 2005.
Iniciei a pesquisa a partir das seguintes hipóteses: após o leilão do Paço,
alguns objetos não teriam sido abandonados no prédio? Na transferência do Museu
Nacional para a Quinta da Boa Vista, a instituição teria se apropriado de alguns dos
objetos aqui encontrados?
O próximo passo foi a realização de pesquisa documental na Seção de
Memória e Arquivo do Museu Nacional, no qual trabalho, e no Arquivo Histórico do
Museu Imperial, visando propor um roteiro para iniciar a busca por objetos do
período referente ao Segundo Reinado, talvez existentes no interior do atual Museu
Nacional. Aos poucos foram encontrados acervos que pertenceram à D. Pedro II.
Alguns figuravam na exposição e outros estavam guardados em departamentos de
pesquisa do museu. Tornou-se necessário inventariar e digitalizar seu acervo por
todos os departamentos e seções da instituição não só com o inicial objetivo de
expô-los ao público, mas agora com a determinação de criar e tombar junto ao
IPHAN – O Patrimônio de D. Pedro II.
Cabe ressaltar que já existiam diversas mobílias do século XIX na instituição,
onde acreditávamos que fizessem parte da história do Museu Nacional quando esse
era localizado no Campo de Santana (1818-1892). No entanto, ao realizar a
pesquisa utilizando os registros do leilão do Paço3, tornou-se possível identificar o
mobiliário utilizado no gabinete do Diretor do Museu Nacional como sendo acervos
que pertenceram ao Paço de São Cristóvão. Foi uma verdadeira descoberta que
motivou à busca por “novos” objetos que pudessem estar espalhados e escondidos
pela instituição. Assim, alguns objetos foram descobertos e outros foram
redescobertos nas coleções dos departamentos e seções do museu.
Para a realização dessa busca, contamos com a imprescindível participação
de um aluno do ensino médio do Colégio Pedro II4 nas atividades de digitalização
das imagens e digitação do banco de dados específico para a identificação de todo o
material coletado, e, atualmente, é aluno de graduação em História pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro e está iniciando a pesquisa sobre os
objetos.
Esses acervos, que somam aproximadamente 400 objetos, encontram-se
catalogados em distintas categorias, contendo informações sobre descrição,
procedência e as diferentes representações dos mesmos. O resultado dessa
3
A partir da obra de Santos (1940).
4
Programa de Iniciação Científica Jr existente entre o Museu Nacional/UFRJ e o Colégio Pedro II. O
aluno envolvido chama-se Paulo Vinicius Aprígio da Silva, que teve participação na busca dos objetos
investigação preliminar transformou-se em meu objeto de estudos, visando a análise
e contextualização dos objetos com o auxílio de documentos oficiais,
correspondências, diários do Imperador (em um total de 43 volumes), além dos
relatos de viajantes na construção de uma narrativa do historiador. É a história
dialogando com a memória (LE GOFF, 2003, p. 419) para desvendar os símbolos
míticos da monarquia e de seu soberano.
A narrativa elaborada pelo historiador não pode mais ser vista como a
revelação “de um real pré-existente e de sua verdade implícita, mas como parte de
um complicado processo de elaboração e significação deste real a ser partilhado
socialmente”. (GUIMARÃES, 2003, p. 78).
O maior desafio seria: dentre os pertences do monarca, conseguiríamos
encontrar os objetos que pertenceram ao “Museu do Imperador”? Seria uma
contribuição inédita para a história do Paço e para a do Museu Nacional e seus
atuais pesquisadores. Uma verdadeira construção da procedência das relíquias
descobertas e a desconstrução em relação aos objetos redescobertos.
O recorte temporal do presente trabalho está justificado: é imprescindível
construir o cotidiano do Paço de São Cristóvão da segunda metade do século XIX
para auxiliar na problematização dos objetos. É o que chamamos de leitura de
objetos.
Além de encontrar, identificar e contextualizar os acervos para ressignificá-
los, torna-se relevante analisar a importância histórica desses objetos para entender
como sobreviveram por mais de cem anos no Museu Nacional e sua relação com a
instituição.
Através da análise simbólica desses objetos poderemos identificar como e por
que ficaram guardados por tanto tempo? Conseguiríamos construir uma outra
imagem do imperador, além da tão conhecida como sábio e mecenas?
Para responder às indagações foi necessário utilizar os documentos de
estudos do imperador e seus relatos (no Arquivo Histórico do Museu Imperial), uni-
los às narrativas dos viajantes sobre o Paço de São Cristóvão e aos objetos do
“Museu do Imperador” e, finalmente, associá-los aos documentos existentes na
Seção de Memória e Arquivo do Museu Nacional – para conseguirmos chegar aos
seus pertences.
durante os anos de 2002 3 2003. A partir de 2004, continuou auxiliando os trabalhos de digitalização
e levantamento de dados como graduando em História da UFRJ.
Entretanto, só foi possível identificar os objetos que estão diretamente ligados
às especialidades do Museu Nacional. Desse modo, não encontraríamos materiais
ligados aos seus estudos astronômicos pelo fato de muitos de seus pertences do
cotidiano terem sidos enviados para o Museu Histórico Nacional, por ocasião de sua
criação a partir de 1922.
Tornou-se imprescindível contar com o apoio dos chefes dos seis
departamentos de pesquisa do Museu Nacional na atividade de busca pelos objetos,
a partir da comprovação documental, e na elaboração do banco de dados contendo
as especificações dos materiais de cada área de especialização do museu.
As referências teóricas da presente pesquisa estão desenvolvidas em torno
de quatro eixos adaptados à minha maneira e o principal será a partir da pesquisa
de Lilia Schwarcz sobre D. Pedro II. Auxiliarão no embasamento em partes do
trabalho: Pomian com os estudos sobre as coleções; Norbert Elias com a análise da
corte e do processo civilizador, transportados para a corte do Rio de Janeiro do
século XIX; e Roger Chartier, sobre as representações e práticas culturais.
Para tornar público o resultado inicial da pesquisa, é necessário apresentar a
primeira reflexão: a ligação entre o Paço de São Cristóvão e D. Pedro II – a relação
entre o Imperador e seu espaço, problematizando os seus objetos (re)descobertos.
Pormenorizando em capítulos, temos, no primeiro, uma apresentação rápida sobre o
Paço de São Cristóvão; no segundo, o cotidiano do Paço com alguns dos objetos
pessoais de D. Pedro II; e no terceiro, os objetos que pertenceram ao “Museu do
Imperador”.
Apresentaremos o que foi identificado até o momento dos objetos que
constituíram o “Museu do Imperador”, um espaço privado repleto de materiais que
representavam as ciências naturais, incluindo o gabinete de mineralogia e o
herbário. Trata-se de um novo olhar sobre o soberano – o D. Pedro colecionista.
Com o trabalho é possível refletir sobre a ligação entre a residência e seu
proprietário, além de tornar visível o Paço de São Cristóvão. Por conseqüência, será
proposto um outro ângulo de visão sobre D. Pedro II, muito além de um homem
meramente escravocrata.
O presente trabalho foi desenvolvido inspirado na tentativa de responder ao
desconforto causado com as avaliações opostas de soberanos e suas imagens,
estamos nos referindo às visões “cínica” e “inocente” apontadas por Peter Burke em
sua obra na qual analisa a imagem pública de Luis XIV (BURKE, 1994, p. 22).
No nosso caso, deparamos com caricaturas e diferentes imagens que
evidenciam cinicamente o monarca em seu perfil político ou como cidadão “D. Pedro
Banana” (SCHWARCZ, 1998, p. 416-425). Em paralelo, podemos constatar a
preocupação do próprio monarca em construir sua imagem pública como um
erudito5.
Conseguiremos construir a imagem do imperador como um colecionador
através de seus objetos redescobertos e no viés da Memória? A motivação veio com
a indagação de Lilia Schwarcz, na conclusão de As barbas do imperador, quando
diz:
De que modo é possível interpretar o fato de um imperador de
atitudes tão dissimuladas passar para a história apenas como
um sábio e curioso mecenas? Talvez a resposta esteja
menos na “história” de D. Pedro ... e mais presa à sua
memória, e à reelaboração de determinadas imagens em
detrimento de outras. (SCHWARCZ, 1998, p. 520).
5
Em algumas de suas imagens ele aparece com livros, globos e penas.
teve papel de destaque incentivando D. João na criação do Museu Real6 – atual
Museu Nacional da UFRJ.
Após a proclamação da Independência do Brasil, o palácio continuava em
obra para fortalecer a imagem do Paço de São Cristóvão – a residência do soberano
– em que a arquitetura deveria servir aos imperadores de maneira funcional e
civilizatória. (PEIXOTO, 2000, p. 301). A representação dos imponentes palácios e
sua correlação com a própria imagem do Imperador era uma constante na lógica
simbólica da monarquia. (SCHWARCZ, 2001, p. 17).
A partir de 1850, o desenvolvimento arquitetônico da moradia tomou forte
impulso com D. Pedro II - o segundo Imperador do Brasil que governou por quase 50
anos utilizando o Paço de São Cristóvão como seu domicílio. É necessário observar
a estrutura de sua moradia para chegarmos à rede de interdependências sociais
típica de uma sociedade de corte. (ELIAS, 1974, p. 66).
O edifício mantém, atualmente, as mesmas formas que as do final do
Segundo Reinado, constituído de quatro torreões e dois pátios retangulares. A
residência tem uma entrada lateral que era usada para a guarda das carruagens e,
pela descrição do Leilão do Paço, a edificação era composta de: ucharias
(despensas); almoxarifado; salas de jantar; aposentos das damas; sala do Trono;
dos Embaixadores ou do Corpo Diplomático; de visitas; de música; aposentos da
Imperatriz; e os do Imperador; as salas do museu; o teatro (EWBANK, 1976, p. 117),
entre outros.
A residência também era utilizada para a realização de reuniões com
conselheiros e diplomatas – o cenário de acordos políticos – e, após 1838, os ofícios
da Casa Imperial passaram a ser despachados do Paço de São Cristóvão7. As
audiências públicas haviam sido transferidas do Paço da Cidade para o de São
Cristóvão por “ordem do imperador”8, transformando partes de sua residência em um
espaço público .
Além de lugar de trabalho, o palácio também foi utilizado para seus estudos e
acompanhamento das pesquisas científicas dentro e fora do país. O imperador
mantinha contatos com diversos pesquisadores, conforme suas correspondências
no Arquivo Histórico do Museu Imperial, e garantia - de sua dotação pessoal - bolsas
de estudos nas áreas de artes e ciências no exterior.
6
O decreto de criação do Museu Real faz parte do acervo da Seção de Memória e Arquivo do Museu
Nacional. BRMN.AO, pasta 1, doc. 2, 6/06/1818.
7
Conforme documentos do Fundo Casa Real e Imperial. BRAN. SDE 027A. 1838 a 1889.
8
BRAN.CRI, Mm, doc.73, cx. 12, pac. 06, SDE 027ª, 9/07/1846.
Dentre os espaços prediletos do monarca, destacamos: um laboratório de
física e química (EWBANK, 1976, p. 117); o gabinete de estudos, o gabinete de
astronomia9 todo em vidro, localizado no terraço; a biblioteca contendo
aproximadamente 31.000 livros, composta de obras de literatura de diversos países
e assuntos ligados às ciências naturais e sociais, cuidada pelo bibliotecário Inácio
Augusto César Raposo10; e o seu precioso museu.
O “Museu do Imperador” foi iniciado pela imperatriz Leopoldina com coleções
de numismática e mineralogia, e foi enriquecido com preciosidades científicas e
artísticas do monarca. O local era composto de objetos coletados por viajantes
estrangeiros e naturalistas brasileiros, presentes recebidos de chefes de Estado que
vinham visitá-lo e lembranças de suas viagens pelo Brasil e exterior. Alguns dos
objetos ali expostos foram utilizados para a realização de seus estudos.
Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier
de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, conhecido como D. Pedro II,
nasceu no Paço de São Cristóvão em 2 de dezembro de 1825 e teve uma educação
apurada, lapidado para ser um soberano magnânimo.
No Arquivo Histórico do Museu Imperial, estão guardados os apontamentos
de alguns de seus estudos, como por exemplo: línguas diversas, matemática,
história das civilizações antigas, botânica, zoologia, física, química e astronomia11.
Encontramos também correspondências recebidas pelos diferentes institutos de
pesquisas do exterior sobre análises dos assuntos de seu interesse, além de
convites para ser membro associado de sociedades científicas.
Após o banimento da Família Imperial, em 1889, representantes do governo
provisório, preocupados com a simpatia popular que tanto a Princesa Isabel quanto
D. Pedro II exerciam à camada popular como foi constatado por ocasião da
comemoração do aniversário do imperador em 2 de dezembro de 1888
(CARVALHO, 1987, p. 29), iniciaram um processo de apagamento da memória
coletiva de tudo que representasse o regime monárquico através da eliminação da
imagem do imperador.
Em relação ao espólio do imperador, após período de conflito entre: o Ministro
da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, Sr. Benjamin Constant12; o Ministro
9
A descrição dos objetos do observatório astronômico constam em: BRAN. CRI, Mm, doc. 80, cx.12,
pc. 01 de 1845. SDE 027ª.
10
BRAN. GB.I, Códice A6. IJJ1 566.
11
BRMI.CI, maços 29, 31, 33, 40, 41 e 42. .
12
BRAN. M, Códice IE1 145.
d`Estado dos Negócios do Interior, Sr. José Cesário de Faria Alvim13; e o procurador
do “ex-imperador”, Dr. José da Silva Costa14; os bens foram inventariados pelo
Juízo de Órfãos da 2a. Vara desta cidade, e em 8 de agosto de 1890, deu-se início
ao primeiro leilão dos Paços15. Perfizeram o total de 13 sessões realizadas no Paço
de São Cristóvão (último em 10 de novembro do corrente ano), apresentados
detalhadamente no trabalho de Francisco Marques dos Santos, o Leilão do Paço
(SANTOS, 1940, p. 167-172), incluindo o cenário de arbitrariedade dos ministros do
governo provisório em realizar a venda rápida e forçada dos bens do imperador.
As obras para adaptação do antigo Paço de São Cristóvão para sediar a
primeira Assembléia Constituinte Republicana, em 1891, também foi um marco para
garantir a ocupação do espaço para as idéias do novo regime. A questão central da
República era organizar um outro pacto de poder que viesse a substituir o modelo
imperial (CARVALHO, 1987, p. 31), além da necessidade de criar um novo herói
nacional (CARVALHO, 1990, p. 55-73).
Diante das necessidades do governo provisório, o primeiro passo para
desencadear todo o processo seria agilizar a conclusão do leilão do Paço e, por
isso, não houve interesse em solicitar orientação ao imperador sobre seus pertences
particulares antes do início do leilão.
Durante à realização do leilão do Paço de São Cristóvão, o procurador de D.
Pedro II, Sr. Silva Costa, encaminhou carta ao imperador em 1o. de outubro de 1890,
por solicitação do desembargador Manuel Pedro Villaboim - procurador da Fazenda
Nacional - solicitando seu consentimento em doar a Biblioteca, Museu e papéis
públicos ao Governo. A resposta de D. Pedro II só viria quase um ano depois, sete
meses após o término do leilão do Paço de São Cristóvão e seis meses antes de
falecer, orientando que seus artefatos de ciências naturais fossem enviados para o
então Museu Nacional.
Ao identificarmos objetos do herbário e coleções de minerais com o nome de
D. Pedro II, ficamos motivados à procurar os demais objetos que figuraram no
“Museu do Imperador”. Além disso, nem todos os pertences foram arrematados no
Leilão de 189016, tendo restado alguns objetos “esquecidos” no palácio e
apropriados pelo Museu Nacional, é o que iremos comprovar.
13
BRAN. M, Códice IJJ1 565.
14
BRMI.G-P.SC, 20/08/1890.
15
Paço de São Cristóvão e Paço Imperial ou da Cidade.
16
Constam nos registros do Leilão do Paço que nem todos os objetos foram arrematados, e alguns
deles foram encontrados agora no atual Museu Nacional.
O palácio, após ter sido utilizado pela Assembléia Constituinte da República
(1890/1891), passou a sediar o Museu Nacional a partir de 1892. Com o objetivo de
adaptar o prédio às necessidades do Museu, foi realizada uma grande reforma, em
1910, e é neste momento que o Gabinete Astronômico de D. Pedro II é demolido,
por não ter utilidade para os novos proprietários.
Em relação aos demais objetos que ficaram dispersos, encontramos
motivação através de Lilia Schwarcz em sua obra As barbas do imperador, visando
recuperar o que os mesmos “tem a nos dizer enquanto representação de uma
época”. (SCHWARCZ, 1998, p. 20).
Como resultado preliminar dos trabalhos de busca de identificação e de
classificação dos acervos do monarca encontrados no Museu Nacional, analisamos
objetos que simbolizam, em seus diferentes significados, o cotidiano do Paço de São
Cristóvão durante o Segundo Reinado, nos remetendo à monarquia ou ao próprio
soberano. Foram classificados em duas categorias: os objetos do cotidiano e o
Museu do Imperador.
3 OS OBJETOS DO COTIDIANO
17
Objetos que perderam sua utilização original, mas que representam o invisível, segundo Pomian.
18
Esta afirmativa é constatada quando comparamos os mobiliários em questão com os existentes
nos Museus Mariano Procópio e Imperial de Petrópolis, todos ricos em detalhes e apliques que não
são encontrados no mobiliário selecionado por Bettencourt para a ambientação do Salão da
Constituinte.
decoração enviados (presenteados) aos seus fiéis súditos, dentre eles, o Museu
Imperial e Nacional – atual Museu Nacional.
No Leilão do Paço (SANTOS, 1940), constam registros de vasos que foram
arrematados, entretanto, os encontrados atualmente no museu não foram
comprados por Bettencourt nem abandonados após o leilão, mas sim retornados ao
palácio através de doação dos familiares dos antigos participantes do leilão e
passaram a ter a função meramente decorativa no gabinete da direção do Museu
Nacional. Além desses, dois foram enviados ao Museu Nacional por D. Pedro II e
identificados através dos documentos existentes no arquivo da instituição19,
aparentemente, para fortalecer a figura do soberano na instituição científica.
Curiosamente, destacamos a existência de um vaso fabricado em Sèvres, em
estilo bizantino de suntuosa beleza estética, sem alças e com grande emblema
representando cena mitológica. Esse vaso permaneceu por pouco tempo no espaço
social do Paço, foi providenciado o envio do mesmo ao Museu Imperial e Nacional
pelo próprio Imperador20. O presente foi primeiramente enviado do governo francês
à D. Pedro II como agradecimento pela emissão de materiais arqueológicos do
Brasil ao Museu Arqueológico de Sèvres. O Museu Imperial e Nacional havia
selecionado e remetido, à pedido do imperador, o material solicitado pelo museu
francês. Posteriormente, o monarca enviou o vaso ao Museu Nacional entendendo
ser esse o verdadeiro merecedor do presente.
O Museu Imperial e Nacional funcionava como órgão consultor do governo
imperial, inclusive, no intercâmbio entre instituições de pesquisa enviando objetos de
estudos das ciências naturais e antropológicas. Esse objeto também virou artigo de
decoração junto aos demais vasos, perdendo ao longo dos anos o seu valor
simbólico articulado à pesquisa científica.
Um objeto que retrata o alto estágio da boa maneira durante o século XIX é a
utilização da escarradeira “como utensílio para controlar esse hábito”. Esse
simbolizava um padrão de evolução de delicadeza na corte no processo civilizatório
da sociedade da época (ELIAS, 1994, p. 155-162). A etiqueta que imperava no Paço
de São Cristóvão faz crer que o utensílio foi muito utilizado no cotidiano devido ao
número considerado de escarradeiras encontradas na relação dos objetos que foram
à leilão. A escarradeira em questão foi encontrada no cofre da Direção da instituição
em ótimo estado de conservação.
19
BRMN.AO, pasta 18, doc. 99, 2/08/1879.
20
BRMN. AO. pasta 19, doc. 10ª, 18/03/1886.
O toucador utilizado na residência imperial era o que se costumava usar no
cotidiano da realeza francesa. Era constituído de uma pequena mala contendo os
principais objetos para a manutenção da aparência. Com o passar dos anos, tornou-
se necessário a transformação do toucador em um móvel (tipo penteadeira) com
grande espelho e gavetas que em sua superfície eram colocados: escovas, pentes,
frasquinhos de cheiro, porta-jóias, recipientes para talco e para pó-de-arroz.
(VIANNA, 1994, p. 29-31). O toucador, encontrado no cofre da Direção do Museu
Nacional, participou da vida diária do Paço de São Cristóvão. A mala é de couro
forrada internamente com veludo e contém cinco escovas com cabo de marfim em
diferentes tamanhos.
Foram encontrados também, no cofre da diretoria, dois objetos de uso
pessoal do imperador que são destacados por representarem a constante
preocupação com a marcação dos horários. O monarca cumpria rigidamente os
horários de seus estudos como podemos observar em trechos de seu diário:
“acordar às 6 e até 7, grego ou hebraico, passeio até 8 ou 8 ½, e de então até 10,
grego ou hebraico, 10 almoço... de meio dia até às 4, exame de negócios ou estudo
... jantar, e às 5 ½ passeio ... das 9 às 11 escrita deste livro e leitura, depois dormir
...”21 - um relógio de sol e um “canhão do meio-dia”.
Conforme registro no Leilão do Paço (SANTOS, 1940, p. 157), o relógio de sol
foi abandonado sob a bancada superior do antigo Gabinete de Astronomia do
imperador que se localizava no terraço. Com 49 cm de diâmetro e 3 cm de altura foi
confundido com um objeto de decoração ao longo dos anos pelos funcionários que
passaram pelo gabinete da direção do Museu Nacional e ficava em cima da mesa de
reunião do Diretor da instituição.
O canhão do meio dia - quadrante solar que representava a pontualidade em
Paris nos tempos de Luiz XV - funcionava da seguinte maneira: exposto ao sol
exatamente ao meio dia a pólvora era estourada através da ação dos raios solares,
fazendo barulho semelhante ao estampido de um canhão.
Tudo indica que os relógios eram utilizados pelo monarca em seu Gabinete
de Astronomia localizado acima da Sala do Trono, totalmente envidraçado onde o
imperador realizava suas observações celestes.
Peter Burke analisou a imagem pública de Luis XIV associada aos heróis do
passado (BURKE, 1994, p. 47). Respeitando as devidas proporções, podemos
apontar que a fabricação da imagem de D. Pedro II, realizada pelo próprio
imperador, era pautada no “homem das letras”- o erudito. Em algumas de suas
imagens, o monarca aparece registrado em cenários com livros, globos e penas de
escrever (símbolos da erudição).
No presente trabalho pretendemos construir a imagem do monarca como o D.
Pedro colecionista, enfatizando a relação entre o imperador e seus objetos em sua
residência. Para isso, apresentaremos seus tesouros destacando que alguns dos
objetos serviram como signos das diferentes áreas de interesse do monarca. Será
uma articulação entre as áreas do conhecimento existentes atualmente no Museu
Nacional e os objetos que foram encontrados.
A partir dos cadernos de estudos do imperador, seus diários e
correspondências, é possível identificarmos: suas áreas de estudos; algumas das
línguas que o soberano conhecia como o latim, o francês, o inglês, o alemão, o
italiano e o árabe; desenvolvia estudos e traduções em diferentes línguas tais como
o hebraico, o grego, o sânscrito, o provençal e o tupi. Ademais, nos deu a
oportunidade de também conhecer a sua atividade colecionista que culminou em ter
em sua residência um museu particular com objetos que representavam os povos e
as culturas de diferentes regiões do mundo, além das ciências naturais.
Pormenorizando os objetos do “Museu do Imperador”, foi possível partir dos
documentos (cadernos de estudos de D. Pedro II e sua correspondência) existentes
no Arquivo Histórico do Museu Imperial, em Petrópolis, em conjunto com as
anotações do Diário do Imperador e reportagens de jornais, para conseguirmos
encontrar os objetos nos departamentos de pesquisa do Museu Nacional. Passamos
a conhecer o interior do Museu do Imperador através de relatos, pois o inventário
sobre os bens do soberano não foi encontrado em sua totalidade até o momento.
Através da narrativa do Príncipe de Joinville22, foi possível descobrir que o
Museu era distribuído em quatro salas, sendo que na primeira estava o quadro de
Felix Taunay com a imagem de D. João VI e Carlota Joaquina em carruagem
passando pelo rio Joana. Atualmente, o quadro fica exposto no Auditório Roquette
Pinto, no térreo do prédio.
As salas que compõem o museu do imperador são explicadas no clássico
biográfico de Pedro Calmon sobre D. Pedro II (CALMON, 1975, p. 458), através do
registro de D. Pedro Augusto sobre a sala de coleção de minerais, antiguidades
etruscas, peruanas com armas de Toledo e numismática, além da vasta biblioteca.
Conseguimos identificar impressões sobre o Museu do Imperador utilizando
relatos de viajantes, como a obra de Hermann Burmeister, um diário que narra sua
viagem ao Brasil em 1850, com trechos de quando conheceu o imperador por
intermédio do médico da família imperial, o Dr. Sigaud, e na oportunidade ofereceu o
livro de sua autoria “História da Criação”, que deu o tom científico na conversa
realizada entre os dois durante à visita ao “Museu do Imperador”:
22
BRMI.CI.SC, AMI-5 e 6. Diário do príncipe de Joinville. (manuscrito).
arte. Há ali uma cabeça de guerreiro mumificada e tão
reduzida, que parece a de uma criança23.
23
O Paíz. Coluna Salada de Frutas. Rio de Janeiro, 6/08/1890.
categorias que respeitem algumas das áreas de especialidades do atual Museu
Nacional: Antropologia (Arqueologia e Etnografia), Botânica e Geologia.
4.1 Antropologia
4.1.1 Arqueologia
a) A Múmia indígena
A predileção do monarca pelos estudos da arqueologia indígena é constatada
na análise de seus diários e correspondências. Dentre elas, encontramos cartas do
pesquisador do Museu Imperial e Nacional (antigo Museu Nacional), Carlos
Schreiner, enviando apontamentos sobre excursões a sítios arqueológicos.
Acompanhando suas correspondências recebidas, é possível identificar diferentes
pesquisas. Uma das propulsoras excursões de Schreiner a um sítio arqueológico em
Santa Catarina é apresentada em carta24 ao imperador, anunciando a descoberta de
sambaquis com restos de peixes e conchas além de instrumentos indígenas,
próximos ao Rio Tavares (pequeno rio ao sul de Santa Catarina).
24
BRMI.CI, maço 173, doc. 7929.
O monarca costumava receber, quase que como dádiva, artefatos de
diferentes partes do país (oriundos ou não de pesquisas arqueológicas), como por
exemplo, uma índia de Minas Gerais, conservada pela ação da natureza, que
morreu de parto, segundo os especialistas do museu, pois próximo ao seu corpo foi
encontrado um bebê enrolado a um manto. D. Pedro II recebia os presentes e
preservava-os em seu museu particular.
O imperador, além de autorizar as escavações arqueológicas,
acompanhava as pesquisas do Museu Imperial e Nacional, é o que constatamos
através da correspondência de Ladislau Netto datada de junho de 1886, anunciando
a descoberta de um cemitério indígena na Província do Paraná e solicitando
autorização para prosseguir os trabalhos de escavação.
Dentre as correspondências estrangeiras sobre estudos arqueológicos
indígenas, destacamos uma carta enviada ao imperador em 1877, por Hyde Clarke,
membro do Instituto Histórico de Londres, remetendo trabalhos sobre os povos do
Brasil em relação à época pré-histórica e algumas abordagens de filologia
comparativa.
Sobre a múmia indígena, está exposta em uma das salas da exposição
permanente desde o início do mês de junho, por ocasião dos eventos
comemorativos aos 188 anos do Museu Nacional.
b) A múmia Egípcia
Dentre os seus objetos arqueológicos, destacamos a múmia egípcia Sha-
Amun-Em-Su, uma dançarina do Templo de Amon que foi enviada ao Brasil para D.
Pedro II pelo Quediva (vice-rei) Ismail Paxá (1830-1895). O imperador esteve com
Ismail na sua segunda viagem ao Egito. No governo do Quediva (1863-1879), foi
inaugurado o Canal de Suez e foi um período caracterizado pelo desenvolvimento
de políticas que procuravam ocidentalizar o Egito.
Em trechos de seu diário referente à segunda viagem ao Egito, D. Pedro II
demonstra os motivos da admiração por Ismail:
4.1.2 Etnografia
25
Referente ao dia 25 de dezembro de 1876.
26
BRMI.CI, maço 175, doc. 7954.
no Brasil no período entre 1882 e 1885, um estudioso envolvido com as ciências
naturais.
O viajante, ao descrever a audiência que teve com o imperador, fez um
relevante relato sobre uma família de índios botocudos - trazida do Espírito Santo
para participar de uma exposição - que estavam acampados nos jardins de São
Cristóvão e logo foram retirados dali porque sofreram muito com a curiosidade
pública.
Serra descreve em seu diário um grupo composto por: um homem de cerca
de 50 anos com suas três mulheres; muitas crianças e um jovem de cerca de 18
anos. Registrou que tinham cabelos negros, sedosos e caídos pelos ombros. Achou-
os parecidos com os japoneses, com exceção das orelhas deformadas: longas,
pendentes e perfuradas; e sobre as mulheres disse que seriam bonitas se não
tivessem encaixado no lábio superior “... uma specie di grosso bottone di legno...”27
Ressaltou ainda que o grupo não fora hostil e que o mais velho pediu moedas aos
italianos e perguntou quando voltariam as suas terras. (SERRA, 1886, p. 31-32).
Diante do temperamento dócil dos imperadores em permitir o livre acesso da
população à Quinta da Boa Vista, não é de estranhar que a família de botocudos
estivesse acampada no jardim do Paço de São Cristóvão. Tudo indica que o
monarca tenha propiciado a liberação do espaço para ter mais contato com a família
e garantir a presença do grupo na exposição.
Cabe destacar que, na Exposição Antropológica, foram realizadas esculturas
indígenas com modelo vivo, ou seja, foram feitos registros em gesso de índios - em
tamanho original - que estiveram no local. Atualmente, no Museu Nacional,
encontram-se na sala de exposição etnográfica esculturas de índios botocudos, de
autoria de Almeida Reis, que participaram da mostra. Com a pesquisa foi possível
identificar os modelos vivos não apenas como “índios que visitaram a exposição”
como as etiquetas mostram, mas sim como os índios que acamparam nos jardins do
Paço de São Cristóvão com a aquiescência do imperador.
4.2 Botânica
4.3 Geologia
27
Uma espécie de grosso bastão de madeira.
28
Inscrição descrita na maioria das exsicatas do monarca, encontradas no Herbário do Departamento
de Botânica do Museu Nacional.
D. Pedro Augusto consta na bibliografia mineralógica do Brasil com sete
publicações. Sua formação foi mais teórica do que prática, porém, foi um
colecionador de botânica e de minerais (AZEVEDO, 1994, p. 322).
O interesse mineralógico do monarca rompia fronteiras, pois sua coleção de
mineralogia cresceu recebendo doações de diferentes regiões do mundo, da Rússia
czarista aos Estados Unidos, por ocasião de sua segunda viagem ao exterior. O
imperador da Rússia, Alexander II (1816-1881) deu, em janeiro de 1878, 146
minerais à D. Pedro II (LEINZ, 1955, p. 6) e o importante mineralogista norte-
americano William Earl Hidden (1853-1918), admirador do imperador, deu
pessoalmente em 1876 uma coleção de minerais, conforme catálogo elaborado pelo
próprio e enviado posteriormente ao Brasil. (Andrade, p. 06).
Esses materiais mineralógicos encontram-se guardados no Departamento de
Geologia e Paleontologia do atual Museu Nacional, devidamente identificados,
incluindo uma coleção de rochas do monarca. Acreditamos que os naturalistas da
antiga Divisão de Mineralogia do Museu Imperial e Nacional optaram por manter
catalogados os objetos que pertenceram ao imperador, assim que os herdaram,
proporcionando, assim, a clara identificação dos referidos objetos, o que facilitou
nossa busca. Sem nunca terem sido expostas, as coleções de minerais e rochas do
imperador continuam guardadas na reserva técnica do departamento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A partir dos anos 1990 o turismo tornou-se um dos setores mais visíveis das
novas tendências da economia e da sociedade2. Por meio de indicadores econômicos,
podemos perceber que o turismo, no Brasil, ultrapassou vários setores industriais,
apresentando um crescimento bastante dinâmico. Em 2002, “0,17% do investimento
privado foi destinado ao setor de turismo” (UnB, 2004). Esse valor seria irrelevante não
fosse o fato de que, com apenas 0,17% de investimento, foram gerados 5,56% do PIB,
ou seja, o investimento no turismo teve um resultado muito significativo, indicando o
potencial de crescimento para o setor.
As concepções sobre a área do turismo estão mudando, vêm adquirindo novas
dimensões econômicas, sociais, culturais, ambientais, políticas e de gestão,
1
Doutoranda em Ciência da Informação (Universidade Federal Fluminense- UFF/RJ), consultora em
projeto educacional na área de turismo (Fundação Roberto Marinho); Rio de Janeiro – Brasil. Email:
mhats@yahoo.com.br
2
“A produção total do setor de turismo representa 4,32% da produção total do Brasil. Ao mesmo tempo, o
PIB do turismo, calculado em 77,5 bilhões de reais em valores de 2002, representa 5,56% do PIB da
economia brasileira. Dessa forma, fica claro que o turismo é um setor que agrega mais valor que a média
dos demais setores da economia” (UnB, 2004).
ultrapassando fronteiras reais e virtuais. As transformações na compreensão de sua
natureza passam por vários atores/agentes: incluem aqueles envolvidos na cadeia
produtiva, principalmente os profissionais que estão pensando e repensando esta
atividade, no âmbito da criação e gestão de serviços e produtos voltados para o turista
como, também, aqueles envolvidos no turismo como área de estudos e pesquisas e de
desenvolvimento de políticas públicas. E isto não é tarefa fácil.
A criação do Ministério do Turismo - MTur, no Brasil, em 2003, reforça a
importância que este setor tem para o desenvolvimento do país, não apenas como
destino turístico privilegiado mas, também, como terreno fértil para discussões sobre a
identidade cultural de nosso povo, geração de emprego e renda, criação de redes
sociais de cooperação, etc.
Em relação ao ensino de turismo, para se ter uma idéia, em nosso país os
primeiros cursos de turismo, em nível superior, surgiram na década de 70. No entanto,
“ainda se encontram em fase de desenvolvimento e adequação. Fato que revela uma
das facetas inerentes à atividade turística, e sua dinâmica evolutiva” (ANTUNES et al,
2006). Pois, o turismo não é mais um fenômeno que trata apenas de questões
relacionadas ao lazer, à diversão, ao lúdico ou ao ócio. Ele aborda conteúdos
fundamentais relacionados a valores culturais, ao desenvolvimento local, à
sustentabilidade, à geração de trabalho e renda etc.
Diante deste novo cenário, o MTur lançou, em abril de 2003, o Plano Nacional do
Turismo – PNT (BRASIL, 2003), e, dentre suas premissas, destacamos: parceria e
gestão descentralizada; adoção de pensamento estratégico, exigindo planejamento,
análise, pesquisa e informações consistentes e; turismo como fator de construção da
cidadania e de integração social.
Em 2004, seguindo as orientações contidas no PNT, iniciou-se a implementação
do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, um modelo de
política pública descentralizada, coordenada e integrada, baseada nos princípios da
flexibilidade, articulação, mobilização, cooperação intersetorial e interinstitucional, onde
é preciso:
2 O TURISMO E AS TIC’s
3
A inventariação da oferta turística é um processo pelo qual se registra ordenadamente o conjunto dos
atrativos turísticos, dos equipamentos e serviços e da infra-estrutura de apoio turístico existentes no
mercado e em pleno funcionamento. Esse processo tem por objetivo resgatar, coletar, ordenar e
sistematizar dados e informações sobre as potencialidades dos atrativos turísticos e das ofertas local e
regional.
visitados por 10,5% dos internautas ativos brasileiros, o que representa 900 mil visitas
(MARGHERITA, 2003).
Tendo em vista esta importante e fundamental atuação das tecnologias de
informação e comunicação para a área do turismo, é necessário destacar, também,
que o papel das TIC’s dentro do planejamento e execução das políticas públicas de
turismo é primordial para a consolidação das mesmas em nosso país.
4 METODOLOGIA
4
Pesquisa nos sites realizada nos dias 05, 21 e 29 de junho de 2006.
5
Ministério do Turismo – Mtur. Disponível em:<http://www.turismo.gov.br>.Acesso em: 03 mar 2006.
pelos Fóruns Estaduais de Turismo e pelas Câmaras Temáticas de Regionalização
estaduais – as quais fazem parte dos Fóruns – onde estas já tenham sido
criadas”(BRASIL, 2004a, grifo nosso).
a) Identificação da Instituição:
• Nome Secretaria/Órgão Estadual de Turismo da forma que está
apresentado no site do MTur.
• Nome da Secretaria/Órgão Estadual de Turismo, apresentada na
sua página oficial .
• Contatos (endereço/telefone/fax/email do órgão/instituição)
apresentados na página inicial e ‘Fale Conosco’.
b) Identificação do Site:
• URL6 (endereço da página) do site da Secretaria/Órgão Estadual de
Turismo (como indicada no site do MTur).
• Data de criação do site.
• Data de atualização do site.
6
URL (Uniform Resource Locator): padrão de endereçamento na Web.
5 ANÁLISE DOS DADOS
7
Ministério do Turismo – Mtur. Disponível em: (http://www.turismo.gov.br). Acesso em 03 mar. 2006.
8
Foram efetuadas 03 tentativas, sem êxito, para abrir as páginas, nos dias 05, 21 e 29 de junho de
2006.
Em relação aos estados do Acre e Roraima, os links indicados pelo MTur são
das páginas dos respectivos Governos do Estado, e não conseguimos localizar, pela
navegação do site, nenhuma referência a órgãos de turismo nesses estados. Já nos
links para o PBTUR (Paraíba) e para a SANTUR e SOL (Santa Catarina) apesar de a
página indicada ser a do Governo do Estado, foi possível, por meio de navegação,
chega às páginas dos órgãos estaduais de turismo.
O link do Piauí, mesmo estando incorreto, localizamos a falha e acessamos o
site. Na página do MTur a grafia do link é: <http://www.pientur.pi.gov.br/>; o correto é:
<http://www.piemtur.pi.gov.br> (piemtur, com ‘m’). Em ambientes virtuais, qualquer falha
ou erro com os signos/linguagens utilizados, o acesso à informação fica inviabilizado.
No Distrito Federal, apesar de a URL não ser mais a apresentada, clicando no
link ele redireciona automaticamente para a página atual da Secretaria de Estado de
Turismo.
Para o estado de Minas Gerais, a URL indicada pelo MTur é a do site ‘Descubra
Minas’ , de propriedade (copyrigth) do SENAC. Como não representa um órgão
estadual, ele não será contemplado. Consideramos, então, para este levantamento, o
site da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
<http://www.turismo.mg.gov.br>, que possui outra URL, a qual acessamos pelo banner
do Governo do Estado, localizado na parte superior direita do site ‘Descubra Minas’.
O cuidado, a atenção e a responsabilidade em relação à representação e
organização da informação no espaço virtual, principalmente quando nos referimos a
conteúdos de órgãos governamentais, são fundamentais para estabelecer a
credibilidade da instituição autora do conteúdo.
Como podemos constatar, das 29 Secretarias/Órgãos estaduais de turismo
listados pelo MTur, 08 apresentam links que não oferecem acesso à página. A
representatividade e parceria das instâncias federal e estadual ficam comprometidas,
principalmente considerando-se que o Sistema Nacional de Informações Turísticas,
segundo as orientações das Diretrizes Operacionais do Programa de Regionalização do
Turismo, deve “resgatar e reunir dados confiáveis e atualizados sobre os municípios e
as regiões turísticas do país, permitindo sua efetiva circulação entre as diversas
instâncias” (BRASIL, 2004a, p.39).
5.2 Nomenclatura das Secretarias/Órgãos Estaduais de Turismo
5.4 Comunicação
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.2.widener.edu/Wolfgram-Memorial-
Library/webevaluation/inform.htm>. Acesso em: 14 jun. 2006.
ANTUNES, Aldir et al. Educação e formação profissional em turismo. Revista Aboré.
Disponível em: <http://www.revista.uea.edu.br/abore/artigos/artigo_karlaeleonia.pdf>.
Acesso em: 07 abr. 2006.
BORDENAVE, Juan E. Díaz. Além dos Meios e Mensagens. Petrópolis: Vozes, 2001.
BRASIL, Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo: Diretrizes
Operacionais - Roteiros do Brasil . Ministério do Turismo. Brasília, 2004 (a).
BRASIL, Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo: Diretrizes
Políticas - Roteiros do Brasil . Ministério do Turismo. Brasília, 2004 (b).
BRASIL. Ministério do Turismo. Plano Nacional do Turismo: diretrizes, metas e
programas 2003-2007. 2.ed. Brasília, 2003.
BRASIL. Ministério do Turismo/Fipe. Primeiros resultados – Estudo do mercado
doméstico - 2006. Disponível
em:<http://www.braziltour.com/site/br/dados_fatos/conteudo/lista.php?in_secao=289 >.
Acesso em: 10 jun. 2006.
CARDOSO, Ângela Lacerda. Internet em seus aspectos de comunicação,
informacionais e gráficos: estudo de caso dos "sites" de sistemas de bibliotecas de
Universidades Públicas Federais brasileiras. 2002. 99f. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação). Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2002. Orientador: Profª Lena Vânia Pinheiro Ribeiro.
CORIGLIANO, Magda A.Tourism, TEcnology, information and the relationship with
custumers.Proceeding of the International Conference “Leiusure Futures". Bolzano,
Itália. 10 a 12 de nov. de 2004.
HATSCHBACH, Maria Helena de Lima. Information Literacy: aspectos conceituais e
iniciativas em ambiente digital para o estudante de nível superior. 2002. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) - UFRJ/ECO-MCT/IBICT, Rio de Janeiro.
Orientadora: Gilda Olinto.
MARGHERITA, Greice. HomeNews, 2003. Disponível em:
<http://www.homenews.com.br/article.php?sid=1924&PHPSESSID=ebf46864d5622db5
e41e0badeb15a7dc>. Acesso em: 27 maio 2006.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, UNIVERSITY OF NOTTINGHAM. Competitividade do
Preço do Turismo no Brasil Impactos Econômicos Intersetoriais e Políticas
Públicas. Matriz de Contabilidade Social do Brasil para o Turismo – 2002. Centro de
Excelência em Turismo. Núcleo de Economia do Turismo/Christel Dehaan Tourism and
Travel Research Institute. Brasília. 2004.
PROJETOS EDUCACIONAIS EM BIBLIOTECAS DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR: O CASO DA BIBLIOTECA DAS FACULDADES BATISTA1
WANDERSON SCAPECHI2
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado junto ao Centro Universitário Senac para obtenção do
título de Especialista em Educação. Este trabalho teve a orientação da Profa.Dra. Zilá P. de M. e Silva,
professora titular do curso.
2
Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP)- Campus de Marília e
Especialista em Educação pelo Centro Universitário SENAC
Bibliotecário-Chefe da Biblioteca das Faculdades Batista, mantida pela Associação Paulista de Ensino –
APE.
e-mail: scapechi1@yahoo.com.br
Desde a antiguidade, as bibliotecas se constituíram em grandes espaços, que
tinham por finalidade reunir e conservar os registros da memória histórica de um povo.
Nesta empreitada, foram os cristãos os que mais contribuíram para a preservação das
obras literárias com o objetivo de conservar os livros litúrgicos, textos das Escrituras e
escritos dos padres. Deste modo, a biblioteca trouxe para si elementos que lhe conferiu,
e ainda lhe confere, no imaginário social, a simbologia de um lugar sagrado, um espaço
de reclusão, de silêncio ou um espaço de conservação de acervos.
Com o passar do tempo, a idéia de apenas conservar não mais se sustentou
devido ao boom informacional pelo qual passou a sociedade ao longo dos anos.
Sendo assim, a biblioteca deixou de ser um mero depósito de livros para tornar-se um
centro difusor de conhecimentos na formação integral do indivíduo.
Embora se tenha hoje um novo paradigma para biblioteca e para os seus
especialistas, ainda há aquelas que se constituem em meros depósitos de livros,
enquanto os profissionais que nela atuam desempenham atividades de cunho
burocrático sem se preocupar com as atividades ligadas ao ensinar a aprender, uma
das funções primordiais da biblioteca da atualidade.
A construção de projetos educacionais apresenta-se como alternativa, tanto
teórica como metodológica, para tentar reverter este quadro que se apresenta, além de
subsidiar os esforços empreendidos pela equipe biblioteca no planejamento de práticas
pedagógicas para tornar a biblioteca em um espaço de ensino e aprendizagem.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho consiste no desenvolvimento de ações
dentro de um projeto educacional maior elaborado para a Biblioteca das Faculdades
Batista, a fim de verificar as mudanças ocorridas no que se refere a uma maior
apropriação dos usuários do espaço da biblioteca bem como o planejamento de
atividades e/ou serviços que a biblioteca pode oferecer.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3
Reuven Feurstein é um educador romeno criador da teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural
(MCE)
Esta questão encontra eco na fala de Milanesi (1997) quando o autor afirma que
em um centro de cultura, leia-se aqui biblioteca, devem estar conjugados três verbos:
informar, discutir e criar.
Informar significa proporcionar acesso amplo a todas as possibilidades de
registro do conhecimento.
Discutir pressupõe convivência, conversa, reflexão e troca de idéias.
Criar, diz respeito à criação de espaços e condições para o incentivo à produção
intelectual dos usuários frente às transformações sociais.
4
periódicos correntes: periódicos que possuem assinatura regular
periódicos não correntes: periódicos que não possuem mais assinatura regular
A Biblioteca tem por missão disponibilizar e subsidiar a informação junto ao
corpo docente e discente nas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão.
Para melhor atender aos seus usuários a biblioteca oferece o serviços de
Empréstimo entre Bibliotecas (EEB) e o COMUT (Programa Nacional de Comutação
Bibliográfica). Além disso, disponibiliza outros serviços como: levantamento
bibliográfico, orientação no uso das normas da ABNT, visitadas monitoradas à
biblioteca, catalogação na publicação, empréstimo domiciliar, etc.
4 METODOLOGIA
Tendo como foco deste trabalho a propositura de ações que venham ampliar a
biblioteca como espaço educativo, o aporte metodológico para este fim tem suas bases
na pesquisa-ação pois, salvo melhor juízo, nenhuma outra metodologia se mostrou
mais adequada para atingir os objetivos propostos.
Segundo Thiollent (1992, p.15) a pesquisa-ação permite que o investigador
exerça “um papel ativo no equacionamento dos problemas, no acompanhamento e na
avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas”. O autor define
pesquisa ação como sendo:
um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo e no
qual os pesquisadores e os participantes representativos
da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 1992, p.14).
Concursos literários:
Esta ação tem como objetivo promover concursos literários de forma a despertar
junto aos usuários o gosto pelas atividades literárias. As estratégias a serem utilizadas
são divulgação do concurso, nomeação da banca avaliadora, regulamento, período de
inscrição, avaliação, resultado e premiação.
Teatro:
O objetivo desta ação consiste em proporcionar aos usuários um contato maior
com o teatro através de apresentações teatrais, workshops e oficinas de iniciação ao
teatro.
Oficinas de criatividade:
Tem como objetivo proporcionar aos usuários a realização de atividades
relacionadas às artes com vistas a sensibilização dos mesmos para apreciação do belo
enquanto estética.
5 AVALIAÇÃO
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MILANESI, Luís. A casa da invenção: biblioteca, centro de cultura. 3.ed. São Paulo:
Ateliê Editorial, 1997.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Tradução de
Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. 2.ed. São Paulo: Cortez,
1994. (Coleção questões da nossa época, 45).
SOUZA, Ana Maria Martins de; DEPRESBITÉRIS, Lea; MACHADO, Osny Telles
Marcondes (Orgs.). A mediação como princípio educacional: bases teóricas das
abordagens de Reuven Feurstein. São Paulo: Ed. Senac, 2004.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 5.ed. São Paulo: Autores
Associados, 1992.
O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DE INFORMAÇÃO VOLTADO À
PRESERVAÇÃO
INGRID BECK1
Resumo
Nas duas últimas décadas, com o advento da era da informação, as mudanças conceituais
redirecionaram os princípios da preservação. A necessidade de salvaguardar grandes massas
documentais em suportes frágeis fez mudar o modo de gerenciar e preservar a informação.
Surge uma nova mentalidade que contempla, em um cenário aberto, todos os meios que dão
suporte à informação registrada. A preservação não mais se restringe a tratar objetos
singulares, mas promove estruturas de proteção para as multimídias. Dentro deste contexto
surge um novo profissional de informação.
1 INTRODUÇÃO
1
Museóloga, Mestre em Ciência da Informação
preservação "uma ação gerencial, que compreende políticas, procedimentos e
processos, que juntos evitam a deterioração, prorrogam o acesso à informação
e intensificam a sua importância funcional".
Gerais:
4 CONCLUSÃO
COOK, Terry. Archival Science and Postmodernism: New formulations for old
concepts. Archival Science, vol.1, p. 13-24, 2000. Disponível na Base de
Dados Capes: <http://www.mybestdocs.com/cook-t-postmod-p1-00.htm>.
Acesso em: 12 outubro 2005.
Resumo
O texto fílmico é abordado a partir do entrelaçamento de algumas questões que colocaram a relação
da memória com a informação e o patrimônio na dinâmica das transformações da sociedade dita pós-
moderna. A partir de estudos já fundamentados sobre o objeto fílmico como documento informacional,
desenvolve-se uma discussão a partir de acepções do objeto museológico e da musealidade, para
indicar as condições de possibilidade de ler os produtos culturais na esteira de transformações, que
conduzem a uma nova concepção de patrimônio atrelada às apropriações sociais.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutora em Ciência da Informação pelo IBICT/ECO-UFRJ, é Professora Adjunta I da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro/Centro de Ciências Humanas e Sociais, leilabribeiro@unirio.br.
2
Graduada em Filosofia e Doutoranda em Ciência da Informação pelo IBICT/UFF, é Professora
Assistente da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro /Centro de Ciências Humanas e
Sociais, valwilke@terra.com.br
3
Graduada em Letras e Doutoranda em Ciência da Informação pelo IBICT/UFF, é Técnica-
administrativa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Centro de Ciências Humanas e
Sociais, irenecor@brfree.com.br
4
Discente de Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, é Bolsista de
Iniciação Científica do projeto de pesquisa institucional Texto Fílmico, Informação e Memória.
Bellaigue (1992, p. 2) denomina “pluralidade de abordagens do real”. Assim, tanto a
teoria quanto a prática museológica procuram dar conta desta pluralidade.
Tal concepção, nós a encontramos em Scheinner (2005, p. 110), que entende
a museologia como ciência e concebe o museu como seu instrumento e não como
seu objeto, ampliando assim sua noção e tornando-a capaz de “[...] gerar novas
formas de museus.”
Os caminhos de nossa investigação arregimentam questões acerca da
concepção contemporânea de museologia, memória e documento fílmico. Nesse
sentido, nossa concepção de museologia como ciência que procura dar conta da
pluralidade de abordagens do real, cuja existência independe de um veículo
material, adequa-se a um estudo que entende o objeto fílmico como um documento
de memória, do real e do imaginário que se constitui imageticamente. Como destaca
Chagas (1994) as relações entre o documento como suporte de informação e a
memória é visceral, já que esta funciona no reconhecimento e na atribuição de
sentido quando nos encontramos diante de um objeto informacional.
A memória, por seu turno, tem sido objeto de intensa discussão, pesquisa e
teorização nos últimos anos. Isso não significa que ela não tenha tido sua
importância outrora. Considerando nossa civilização ocidental, remonta aos gregos
o pensar a memória. Segundo Candau (1996), desde este período, Mnémosyne,
divindade grega da memória, ocupa um lugar de destaque no panteão dos deuses.
Isto porque o trabalho de memória era muito elaborado nas narrativas míticas de
uma sociedade essencialmente oral e cujas representações psicológicas de tempo e
de si estavam nelas marcadas. Candau nos diz que quatro grandes correntes
representativas deste mito puderam ser delineadas a partir do estudo dos textos
antigos.
A primeira relaciona-se aos aedos/poetas como Homero e Hesíodo, que
executavam exercícios menmotécnicos para melhor repassar os eventos e nomes
de um passado míticos e colocar em ordem o mundo dos heróis e dos deuses. Este
trabalho é feito com o auxílio das Musas, filhas da Memória.
A segunda corrente diz respeito ao mito de Mnèmosyne como elemento do
qual dependem as almas após a morte, força que organiza e determina a cadeia de
encarnações sucessivas dos homens. No Hades, é necessário que o homem beba
das águas do rio Léthé, para esquecer o passado e recomeçar sua jornada.
A terceira corrente relaciona-se ao platonismo. Com Platão, a memória torna-
se a faculdade de conhecimento, onde o esforço de rememoração se confunde com
a tarefa de buscar a verdade. Nesse sentido, procurar e aprender constituem uma
rememoração e, em contrapartida, o esquecimento é um desperdício de saber.
(PLATÃO apud CANDAU, 1996, p. 21) Finalmente, relembrar-se de um
conhecimento que já se adquiriu é unir-se, novamente, ao mundo das Idéias. Temos,
então, a memória como um dos caminhos de se atingir a perfeição humana.
A última corrente tem como representante Aristóteles e sua concepção de
memória nela estabelecida anuncia aquela mais moderna. Nesse caso, a memória
funciona para que o homem elabore representações do tempo que passa. Ela não o
libera, como no caso da primeira corrente, mas permite a lembrança e a percepção
temporal.
Desde esse período até os dias atuais, o conceito de memória foi abordado
por filósofos de diferentes escolas e alguns deles cabem ser destacados.
No século XIX, temos as concepções de Halbwachs e Bergson. Este
estabeleceu uma oposição entre perceber e lembrar, na qual a percepção é o
resultado de estímulos não devolvidos ao mundo exterior através de ações (nesse
sentido, ao perceber imagens do mundo exterior o cérebro pode retornar com
estímulos que desencadeiam ações; ou não. No último caso, dá-se a percepção). A
lembrança, por sua vez, é aquilo que estava submerso e vem à tona em função da
percepção que se dá no tempo presente. A memória possibilita que os fatos do
passado emerjam e desloquem estas percepções, já que “é do presente que parte o
chamado ao qual a lembrança responde”. (BERGSON apud BOSI, 1994, p. 47)
Bergson distingue uma memória-hábito (esquemas que o corpo guarda e utiliza de
forma automática sempre que necessário) “que se dá pelas exigências de
socialização” (BOSI, 1994, p. 49), da lembrança pura, evento independente de
qualquer hábito e que emerge trazendo um acontecimento único do passado,
constituindo uma memória evocativa e não mecânica. Em fins do século XIX,
na esteira dos trabalhos de Durkheim, Maurice Halbwachs (2004) elabora seus
estudos acerca da memória, estabelecendo um marco para aqueles que,
posteriormente, se aventuraram nesta seara. É sobretudo em “A Memória Coletiva”
que encontramos suas articulações. De início, ele estabelece a relação entre
memória individual e memória coletiva, mostrando que nossas lembranças são
coletivas; recordamos em função do(s) outro(s), mesmo quando se trata de eventos
aos quais presenciamos sozinhos e objetos que vislumbramos sem nenhuma outra
testemunha. Segundo ele, isso ocorre porque nunca estamos sozinhos, pois sempre
“carregamos conosco” uma quantidade de pessoas que não se misturam. A título de
exemplo, ele cita um passeio pela cidade de Londres. Apesar de fazê-lo sozinho,
suas lembranças ao passar por lugares conhecidos, é acionada por narrativas de
fatos que ele leu ou ouviu em outros lugares ou de outras pessoas. Tal
consideração traz conseqüências importantes à nossa investigação. É possível
pensar o texto fílmico como substrato a um trabalho de rememoração do passado
ou, também, como um elemento estruturador de identidade/memória? Halbwachs
estabelece que para o processo de lembrança, testemunhas materiais – pessoas
presentes ao evento que o sujeito presenciou – não são necessárias. Este
posicionamento leva à hipótese da existência de uma memória-diálogo (NAMER,
1987, p. 25). Esta noção reside: a) na origem social de nossa necessidade de
lembrar – lembrar em função de perguntas/situações que nos são colocadas (por
nós mesmos ou por terceiros); b) na relação de exterioridade entre a lembrança e o
objeto lembrado – daí o trabalho intelectual de reconstruir a memória com a
linguagem. A articulação entre memória individual e memória coletiva é racional; é
uma operação de inteligência e através dessa faculdade localizamos uma lembrança
e a ligamos a uma imagem e/ou a um lugar ou acontecimento. Finalmente, a
memória individual é social porque: a) o seu trabalho é intelectual – para localizar
nossas lembranças fazemos uso de nossa inteligência presente, aquela que
depende de nossa sociedade; b) a rememoração parte do presente (experiência
exterior – social) para o passado (experiência interna – individual); c) as lembranças
são compartilhadas – elas estão em relação com um conjunto de lembranças
comuns ao(s) grupo(s) do qual fazemos, fizemos ou faremos parte.
O que Halbwachs (2004) faz é centrar sua teoria sobre a memória na noção
de grupo: a memória coletiva é a memória do grupo. Seguindo este caminho, ele
apresenta três grupos dos quais o indivíduo participa: a família, o grupo religioso e a
classe social. Para além disso, teria-se a nação. Atualmente, consideramos as
questões que se colocam acerca das múltiplas identidades que atravessam o sujeito
conforme suas posições e o fim do estado-nação, podemos ter uma reconfiguração
que nos leve a pensar em “diferentes memórias” estruturando-se a partir de
“diferentes quadros”. No entanto, é importante frisar que, a despeito do número de
grupos, para Namer (1987, p. 54) o trabalho de Halbwachs (2000, p. 54) procura nos
mostrar que “[...] a memória coletiva reconstrói o passado assegurando uma
totalização, ela unifica as memórias anteriores do grupo.”
Dentro dessa concepção, a memória coletiva parece estar mais ligada à idéia
de perpetuação de representações unificadoras e identitárias que caracterizam
determinado grupo, fazendo com que a memória social esteja mais relacionada ao
trabalho manipulativo de grupos hegemônicos em projetos de alcance longo (tempo)
e abrangente (todas as camadas sociais). A construção é uma tônica nos dois
processos, no entanto, parece estar mais clara e predominante no construto da
memória social.
Outro pensador, cujas teorizações acerca da memória são, também,
basilares, é Pierre Nora (1993). Seu conceito de lugar de memória problematiza o
medo do esquecimento, na medida em que encerra um dilema do século XX: não há
mais memória (no sentido de uma memória coletiva), logo os lugares de memória
são necessários à sua perpetuação. Representações? Simulacros? Daí, em Paris,
encontrarmos placas afixadas em lugares públicos nos quais tombaram, pelas mãos
dos alemães, os heróis da resistência francesa. Memória de ações e de pessoas
eternizadas em lugares simbólicos não é exatamente uma novidade em nossa
trajetória. O que seria novo é a discussão em torno desta memória que agora é
“fixada” em suportes físicos de naturezas diversas. Sem nos lançarmos em
julgamentos ou saudosismos, lembramos que cada época desenvolve sua noção
(necessária) de memória, que cumpre o papel essencial de responder aos anseios
emergentes e às questões inquietantes.
O texto fílmico é pensado aqui como um documento peculiar do processo de
produção cultural que se inicia no século XX, alçando o status não somente de
documento informacional, somente, mas também de lugar de memória. Nesse
sentido, considerando o estatuto do texto fílmico como documento/monumento,
procuramos problematizá-lo em função das informações que podem ser
representadas por intermédio dos códigos pertinentes à sua construção. A
informação do texto fílmico é diferenciada em função somente dos códigos
envolvidos na produção desse tipo de texto?
Nesse contexto, o texto fílmico como artefato humano e construído a partir de
um sistema próprio de significação deve ser entendido, também, como um
documento capaz de ser apreendido, entendido e interpretado pelo sujeito a partir
das informações que o estruturam internamente e daquelas que o reinserem no
contexto de produção. Isso porque, dada a dimensão de nossas propostas, este
documento/monumento informacional é um traço representativo do espaço-tempo
que o produziu.
Não resta dúvida que a informação tem merecido, desde meados do século
XX, uma focalização maior e diferenciada. As razões deste movimento nos
interessam, aqui, menos do que suas conseqüências. Em virtude desta atenção, a
informação começa a ser problematizada e definida em função de seu uso,
armazenamento, potencial comunicativo, inscrição/preservação, organização,
recuperação, seleção, produção etc. Cabe ressaltar, então, que há conceitos de
informação que se diferenciam conforme o enfoque adotado. No entanto, eles
sempre oscilarão em torno da idéia de algo que fornece um diferencial em
relação a um status anterior. A informação é algo que ainda não se tem, que se
busca, mas para isso é necessário, sobretudo, identificá-la como tal; ou seja, a
informação só é informação para aquele que sabe fazer uso dela.
Como nos diz Silva (1999), a informação depende do processo que a produz,
sendo de fundamental importância nos atermos, também, aos procedimentos que
vão desde sua produção à sua materialidade pela representação.
A peculiaridade do texto fílmico, no que se refere a sua condição de produção
artística, pode ser enfocada tendo em vista a questão do imaginário, das imagens
projetivas na constituição de uma memória, articulada por meio de imagem, som e
movimento. A partir do que Chagas (2003, p. 169) propõe em sua abordagem sobre
“uma representação de memória construída com o objetivo explícito de ocupar um
lugar no imaginário social republicano”, vislumbramos as condições de interpelar o
documento fílmico em seu potencial de representação cultural.
Nos estudos acerca do texto fílmico como documento informacional para a
memória, os aspectos da linguagem cinematográfica e do contexto de produção da
obra são preponderantes na compreensão de seu estatuto como construto cultural
no horizonte da modernidade e da pós-modernidade. (OLIVEIRA, RIBEIRO, WILKE,
2002)
4 MODERNIDADE, PÓS-MODERNIDADE
REFERÊNCIAS
Resumo
Objetiva-se, aqui, refletir sobre a organização do conhecimento, como parte nuclear da ciência
da informação. É observada uma dimensão teórica dos pontos de intersecção ou de
convergência, das instituições coletoras de cultura, entre os conceitos de informação, de
papéis profissionais e da recepção pelo usuário. O resgate de fontes de produções teóricas
associadas às práticas profissionais, sustentadas por teoria proporcionada pela produção
acadêmica, busca redirecionar os estudos dessas instituições coletoras de cultura. Retoma-se,
como linguagem figurada, o espectrum, para definir os limites e aproximações institucionais do
museu, do arquivo e da biblioteca como campos de trabalho, principalmente na esfera pública.
Abre-se um diálogo a partir das necessidades do usuário. Embora seja constante a
insuficiência das referências nacionais – na prática e no conteúdo teórico – nos meios
acadêmicos, certos autores esforçam-se no sentido de encontrar outras discussões para os
problemas relativos aos usuários e testar soluções para construir novos paradigmas. Foram
utilizadas comparações entre a figuração da palavra espectro e a da palavra pêndulo. A
primeira foi aplicada por Homulos na análise do desenvolvimento do museu, do arquivo, da
biblioteca e das relações entre eles. A segunda foi adotada, neste trabalho, para melhor
caracterizar a relação institucional arquivo-biblioteca-museu, segmentos oscilantes e, muitas
vezes, colaborativos entre si.
1 APRESENTAÇÃO
1
Docente no Curso Ciências da Informação e Documentação – Departamento de Física e
Matemática da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/São Paulo/Brasil e Doutoranda do
Curso Ciência da Informação - UNESP/Marília, silesan@usp.br
2
Docente no Curso Ciências da Informação – Linha de pesquisa: Organização da Informação –
Universidade Estadual Paulista, Marília – murguia@marilia.unesp.br. Agradecimentos especiais
aos Profa. Dra. Adelaide de Almeida e Prof. Dr. Oswaldo Baffa Filho do Departamento de
Física e Matemática da FFCL/USP/RP.
3
A proposta do curso de pós-graduação da UNESP Marília, na disciplina Marcos Teóricos da
Ciência da Informação (coordenada pelos Prof. Dr. José Augusto Guimarães e Prof. Dr.
Eduardo Murguia Marañon) e também da ABECIN, 2005, Londrina, de “recuperar” os clássicos
no sentido da revisão teórica construída durante o século XX.
Os setores públicos já são conhecidos, pela problemática social, por
não conseguirem equilibrar soluções satisfatórias, na maioria das vezes, no
sentido de consolidar as bases da educação, da saúde e da cultura4. Em igual
proporção, as instituições coletoras de cultura, em contextos políticos
diferentes – arquivos, bibliotecas e museus – admitem sua problemática
organizacional e procuram suprir suas deficiências com dedicação e
desempenho. Na maioria das vezes, apesar dos esforços, tais instituições
ficam comprometidas em seu desenvolvimento em razão de dificuldades
semelhantes, na ordem da eficácia da aplicação conceitual, prática ou
financeira da organização das informações.
4
Ao contrário, no país, há empresas privadas inseridas no movimento lucrativo globalizado do
capitalismo e certifica-se o avanço dos setores tecnológicos integrados com pesquisa, gestão e
produção.
servir de esclarecimento aos profissionais da informação, para que o ponto
convergente desse centro-problema seja a atividade de organizar o
conhecimento e a aplicação de seus métodos: teóricos, práticos ou
tecnológicos.
Inicialmente, observa-se a necessidade de serem colocados limites na
equivalência5 das instituições com outras áreas de trabalho, respeitando-se as
metodologias correspondentes. Isso é pertinente para um mundo da pós-
modernidade da ciência, multicultural e pluridimensional? Não se responde
essa questão em um pequeno texto. É necessário considerar a discussão das
abordagens relativas à sociedade da informação, concernentes à
generalização da cultura midiática no campo da comunicação, sem deixar de
focar as relações da funcionalidade da informação entre arquivo, biblioteca e
museu.
Este relato de experiência acadêmica não exclui o estudo da mídia e das
representações de informações, mas observa as mediações como processos
sutis no encontro do sujeito com a informação. O trabalho refere-se à mudança
de foco no sentido da importância do deslocamento da mediação - do papel do
profissional da informação para o de mediador da informação.
As políticas culturais, até a década de 906, estavam direcionando a ação
cultural à mediação do pesquisador. Nesse contexto, ocorreram fenômenos de
apropriação da informação que puderam ser vistos como influências simbólicas
e significações (SMOLKA, 2000) de tal processo. E mais, foi sempre
necessário o estudo do “lugar” do profissional da informação diante do termo
apropriação, para realizar-se a transmissão para outro agente ativo
transformador – o sujeito/usuário. A mudança de foco de pesquisa, do papel do
mediador para o papel da informação, aparece no momento de compreender a
ciência da informação como área multidisciplinar.
No período moderno, a representação do conhecimento reafirmou o
contexto cultural baseada em funções de rupturas políticas (pós-guerra) e
5
Baseado em Homulos (1989) e Smit (2000b), este texto procura retomar duas categorias
interessantes elaboradas pelos autores: espectrum e as 3Marias, representação adotada para
instituições como arquivo, museu e biblioteca.
6
Durante o curso de mestrado, ECA, 2000, sob orientação do Prof. Dr. Martin Grossmann,
nossa reflexão gerou em torno de limites, territórios e acessibilidade da informação, para
processamento da apropriação da informação por artista. A mediação do pesquisador estava
demarcada por esses limites.
adoção de valores e classificações a partir dos binômios: arcaico/moderno,
ciência/senso comum; nas dicotomias: popular/erudito,
conhecimento/informação e sujeito/estado.
No período pós-moderno, a apropriação da informação subverte tais
separações. Realizou-se, no século XX, o sentido do materialismo e da
apropriação nas esferas econômicas e sociais, houve a transferência e a
sistematização crítica da informação, no “emergente” discurso sobre a
multiculturalidade e surgiram soluções para admissão científica de novos
paradigmas.
O emprego do termo apropriação passou a ser mais exigente. Foucault
(1996) percebe que se restringe apropriação à influência, com o
empobrecimento do termo que tem muitas conotações. Há uma complexa
transferência de sentidos e conversão de significados para o termo; por isso,
reafirma-se a palavra apropriação como processo, advertência, abstração e
expropriação.
No cenário das várias concepções teóricas esboça-se conversão e
manipulação de culturas em novas formas de transferência: as transformações
das informações (ou mediações do conhecimento) em colaborações e diálogos.
Tais informações, ou mediações, ocorrem com características interativas,
adicionais e apropriativas caracterizadas pela identificação ou pela indefinição
com o sujeito.
No início do século XX, ainda se falava do pesquisador/mediador, aquele
que interfere na realidade para realizar a transformação possível. Nessa
medida de profundidade do problema, longe ainda das soluções definitivas,
surgem outras necessidades de reflexão, não apenas sobre o papel dos
profissionais – documentalistas administradores, gestores da informação,
analistas ou especialistas – mas também sobre suas flexões diante do
documento/informação (SMIT; TÁLAMO; KOBASHI, 2004b). A mediação das
informações passa a ser vista como apropriação com característica de interface
com o usuário/sujeito, dotada mais de posturas éticas (SMIT, 1994) do que da
pragmática-teórica. Podem-se retomar as questões: o quê é, para quê e
adiciona-se para quem estamos elaborando a informação?
1.1 Informação/documento ou documento/informação
7
Onde? Esta questão de questionamento do onde, porque e para quê, aconselhada por Smit
(2004a) auxilia a responder melhor as necessidades do usuário. O que era semelhante ao fim
do processo, na verdade se insere na circularidade do movimento informacional – o fluxo
documental. A pergunta do sobre o lugar de representação social remete às instituições-
memória, que, além de armazenarem fisicamente documentos, são partes da relação
indivíduo/sociedade na produção do conhecimento. A memória social é entendida como um
campo complexo das narrativas, linguagem e representatividade de diversas formas culturais,
étnicas, inseridas em determinado tempo, poder e espaço. Distinguem-se os significados
conceituais e problemas metodológicos nas áreas diversas: estudos da memória, memória
coletiva, memória, memória individual entre outros termos.
sua ampliação. A princípio, a releitura de alguns autores, como Smit e Homulos
– que analisam essas teorias da natureza da informação, da organização e a
disseminação delas – favorece a compreensão de procedimentos para
solucionar problemas que se estendem na realidade da mediação da
informação e na organização do conhecimento no contexto brasileiro.
Contextualizam-se, por fim, os processos da modernidade para a pós-
modernidade. Resta saber o que de fato interessa ao usuário do espectro das
instituições.
8
Peter Homulos, director general, Information Management, Department of Canadian Heritage.
Disponível em: <http://www.rlg.org/legacy/pr/9508nbd.html>. Acesso em 21 jun. 2006.
9
Retoma-se essa questão e será necessário lembrar que o autor preocupa-se com a
multicultura em seu país, a partir da diversidade étnica. A representação política de Homulos
no governo canadense está veiculada nos sites citados neste trabalho.
utilizações são diferenciadas, colecionadoras, coletoras, ou possuem funções
similares 10.
Os museus, quer sejam virtuais ou não, preocupam-se com objetos
únicos e com o universo das coleções. Até que as informações publicadas em
instrumentos de pesquisa possam ser apropriadas, os objetos museológicos
são plenos de historicidade e diferem do documento, nas bibliotecas, embora o
livro possa ser julgado como artefato, no campo do museu.
As bibliotecas pioneiras na implantação de sistemas cooperativos e
automatizados para as suas coleções dão exemplo aos museus que estão
assumindo a necessidade tecnológica. É importante lembrar que Otlet, já em
1934 (apud BUCKLAND, 1991) considerava colecionar a característica comum
às três instituições, com o sentido de proteger uma parte de nossa cultura,
administrar e dar acesso às coleções.
Tais instituições referidas (bibliotecas-arquivos-museus) formam um
espectro num continuum de necessidades e de problemas. Para os autores,
Homulos e Smit, na composição do espectro, comparado aos argumentos já
centenários de Otlet, a Ciência da Informação prevê novos paradigmas para a
pós-modernidade embora haja questionamento quanto aos métodos de
trabalhar as áreas fronteiriças dessas instituições (SMIT, 1994).
A construção de um espectro, para Homulos, talvez seja decorrente de
uma forte característica da pós-modernidade, da multiculturalidade de seu país
(Canadá)11 e da efetiva utilização tecnológica por museus, arquivos e
bibliotecas. Por essa vertente, dá-se destaque às diferentes visões do que seja
administrar a informação para povos diferenciados e multiculturais. Assim,
essa reflexão se aplicaria ao Brasil, não pelas soluções já conquistadas, mas
por possuir características da multicultura, porém, para ainda serem resolvidas
no que se refere ao acesso à informação.
10
Em que medida pode-se admitir um “espírito” conservacionista na pós-modernidade? São
questões que não cabe aqui serem respondidas, embora sejam pertinentes às preocupações
da área da Ciência da Informação, quanto à formação do profissional.
11
Há convivência e atuação em política cultural voltada para a multiculturalidade dos povos dos
grupos formados por indígenas, negros, asiáticos e experiências digitais de cooperações,
organizações não governamentais, catálogos globais (Museum Documentation Association -
MDA (SPECTRUM, 2006), Visual Resources Association - VRA, RLG e OCLC - Online
Computer Library Center , entre outros).
As definições para tais significados, nessas instituições coletoras de
cultura, talvez tenham sido originadas no espectro analítico baseado em
necessidades socioculturais antecedentes. Elas se referem à diversidade
étnica e a todo o processo de criação, de administração, de processamento e
de comunicação. Ocorre que, no ambiente informativo multicultural brasileiro,
as diferenças são garantidas (e não respeitadas), pela legislação e por códigos
de ética, no contexto da contínua carência de suportes inovadores. Acredita-se
que um nível satisfatório será atingido a partir do respeito à diversidade
institucional, em decorrência das diferenças informativas e culturais. Parte-se
do ponto de ruptura na rigidez da relação entre museu, arquivo e biblioteca,
como ambientes promotores e de descobertas de novos conhecimentos.
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Sobretudo no Brasil, as experiências com museus e uso tecnológico, ainda têm sido muito
tímidas.. Exemplos como o Museu Paulista da Universidade de São Paulo e o Museu de Arte
Contemporânea, aplicam softwares especializados em banco de imagens para fotografias e
descrição de obras de arte.
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Centros de documentação, arquivos e coleções de bibliotecas são apropriadas por muitos
museus e exigem práticas que respeitem cada metodologia (BELLOTO, 2004).
Entre todas as questões diferenciais ou de aproximação levantadas por
Homulos e Smit, estão aparentes a contestação da rigidez das práticas
profissionais, por vezes limitadoras do relacionamento profissional e pouco
contribuintes para o crescimento das ciências da informação. Verifica-se que, a
partir dos contextos culturais brasileiros, ainda permanece uma força externa
conservadora, que limita, para instituições, os benefícios dos resultados da
interação, da apropriação e da transformação das informações.
Nota-se uma insistente relação pendular institucional atraída por
interesses da documentação/informação, por políticas culturais restritas ou
amplas, por trocas sistemáticas ou pelas fragilidades tecnológicas, por rupturas
de interesses nas flutuações econômicas brasileiras. Todo esse conjunto de
fatores contribui para confirmar que tais relações institucionais, situadas num
espectro são, na verdade, pendulares.
4 Considerações Finais