Sie sind auf Seite 1von 5

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação


Educação e Comunicação Multimédia
2008/2009

1
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Educação e Comunicação Multimédia
2008/2009

A Dança, Matisse, 1909 - 1910

“O meu sonho é uma arte


plena de equilíbrio, de
pureza, de serenidade,
sem aspectos
inquietantes que exijam a
atenção: uma arte que
seja um lenitivo para todo
aquele que trabalha com
o espírito, como para o
artista, um tranquilizante
espiritual que apazigúe a
sua alma, que signifique
para ele um descanso das
canseiras e do seu
trabalho”

Matisse, Notas de um
pintor

No inicio do séc. XX surge uma vaga de movimentos artísticos que,


devido ao seu carácter progressivamente experimentalista, eram obrigados a
ter uma curta duração. Estes movimentos eram denominados de Vanguardas
(primeira frente de combate). Assim, estas reflectiam as transformações
sociais, culturais e politicas do tempo que se inseriam. É então o objectivo
principal destas correntes artísticas a ruptura dos valores estéticos tradicionais,
criando assim, novas linguagens artísticas com base nos termos dinamismo e
euforia artísticos.

Em 1905 surge então um grupo de pintores que pintavam como fauves


(feras), segundo Louis Vauxcelles. O principal impulsionador deste movimento
terá sido Matisse, que tal como os seus companheiros procurou a máxima
expressão pictórica nas suas obras. Era caracterizado principalmente por ter
uma violenta expressão cromática, como podemos observar no quadro acima
representado.

2
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Educação e Comunicação Multimédia
2008/2009

O fauvismo é considerado o mais importante movimento de renovação


francês pós-impressionista, devido ao seu carácter revolucionário e de
rompimento com os valores académicos.

Influenciado principalmente pelos estudos de cor de Van Gogh, Matisse


tem como objectivo anular toda a teorização na arte. Transmite ao espectador
emoções estéticas profundas, através da exaltação da cor, usadas em tons
fortes e contrastantes, onde a terceira dimensão se perde, como podemos
observar nesta obra: há uma despreocupação constante com a perspectiva
académica e com os planos. A Gauguin foi buscar as formas simplificadas e
planificadas, utilizando para tal o cloisonismo e a técnica á plat, dm função de
um espaço mais intuitivo, livre e bidimensional. Conseguimos então ver
grandes porções de tela cobertas apenas de uma cor, forte e vibrante, e
contornada por uma ténue linha negra. A expressão é também conferida por
estas linhas e cores (lisas e finas ou texturadas e em pinceladas directas e
emotivas)

Para Matisse, a temática não é relevante, é apenas um pretexto para a


realização plástica. Neste caso, a temática da dança trata-se de um motivo
para deformar os corpos deliberadamente para transmitir um tipo de emoção
alegre. A forma como os corpos se movem, parece, de certa forma que se
desmaterializam. Todos os músculos acompanham ironicamente os
movimentos que os corpos fazem, desafiando quase as leis da física e a
própria anatomia. Tudo isto para transparecer uma ideia de libertação,
independência, e até melodia, pois os corpos movem-se suavemente ao som
de uma melodia forte e vibrante, no entanto também suave, como nos
transmite a obra. Assim, todos estes se movem com resoluta precisão ao longo
de um contorno que capta todas as subtilezas de músculos e ossos.

O carácter de linha divisória dos contornos de Matisse é fraco, têm muito


de qualidade das linhas dos objectos isolados. Os corpos parecem soltos e
tendem a revelar que nada mais são que pedaços de superfície vazia de tela.

3
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Educação e Comunicação Multimédia
2008/2009

O desenho encontra-se com uma rede transparente de linhas sobre fundo. O


efeito tridimensional é reduzido ao mínimo.

No quadro encontramos representadas cinco figuras femininas


(aparentemente), dançando nuas em roda de um eixo imaginário. A alegria
transmitida pelas figuras, pela dinâmica dos seus movimentos e aplicação das
cores planas e vibrantes, o espaço bidimensional e a simplificação das formas
e a valorização absoluta da cor, fazem deste quadro um autentico manifesto
deste movimento artístico.

Predominam duas cores primárias: azul e vermelho (alaranjado) e o


verde complementar. Aqui, a cor é independente da cor real das coisas. As
cores criam silhuetas recortadas que se unem num equilíbrio entre o verde e o
azul em contraste com o tom cálido. As cores criam unidade e possuem uma
luminosidade própria, intensa, valem por si. A paixão está em toda a disposição
do quadro: o lugar ocupados pelos corpos, os vazios a sua volta, proporções,
tudo isto á sua função. Para Matisse, tudo esta na concepção, logo, é
necessário possuir uma visão nítida do conjunto.

O quadro exprime movimento e ritmo - derivado das formas


arredondadas e volumosas das figuras que dançam. Estas figuras apresentam
uma certa elegância (leveza de formas), assim como sugerem força corporal e
muscular que impele ao movimento. As figuras transmitem energia.

Bruscamente passam a ser permitidas grandes superfícies de cor pura,


radiante e intensa. Os contornos sinuosos resumem as formas e separam as
superfícies coloridas e dão ao quadro o ritmo que o título anuncia.

A figura inferior central, com posição oblíqua, funciona como o "veio de


transmissão" do movimento em elipse, no sentido dos ponteiros do relógio,
ritmado como que a marcar o tempo. As mãos juntam-se para criar um circulo
giratório entre a figura da esquerda e a que esta logo de seguida á sua direita,
há uma distancia considerável. De forma de encher o espaço vazio e de fechar
o circulo novamente, ela estica-se para a frente e estica o braço para a outra

4
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Educação e Comunicação Multimédia
2008/2009

figura, que esta inclinada para trás, e esforça-se com toda a força para resistir
ao movimento que a puxa contra o fundo, mas não chegam a tocar-se. O
esforço da dança altera as figuras até ao ponto da distorção. O que se alia á
expressividade. A ânsia pela vida é conferida pelo efeito subconscientemente
contagiante.

Matisse tentou abandonar o volume, favorecendo assim a forma. O


conceito de dignidade elevada que estas figuras possuem, pode ser explicado
em bases formais. Os corpos retesam-se e violentam-se em curvas distorcidas.

O movimento e ritmo apontam para uma certa embriaguez (ou


entusiasmo) dionisíaca, no sentido de uma libertação da dualidade humana
(em relação à terra). Para o efeito contribui a cor vermelha (cor quente), que
pode simbolizar o fogo que aspira ao alto, ou a força da vida, logo um culto
iniciático, uma vertente divina; é essencial a tensão sugerida pelo tom cálido
entre as cores frias (verde e azul).

A fertilidade é sugerida pela cor vermelha dos corpos nus e pela figura
central vertical, devido à forma do ventre.

A pesquisa de Matisse é então, uma arte de equilíbrio, de pureza, de


tranquilidade, sem tema inquietante ou preocupante, quer seja para o
intelectual, para o homem de negócios ou para o homem de letras. Um
calmante cerebral, qualquer coisa de análogo a uma boa poltrona como
podemos facilmente observar na plena serenidade deste quadro que retrata
uma dança contagiante e que desmaterializa qualquer corpo sólido em curvas
e distorções vibrantes que se movem ao um ritmo solene, numa satisfação
puramente visual, que Matisse procura como expressão máxima nas suas
obras.

Ana Junça – 4197


Miguel Mestre - 4209

Das könnte Ihnen auch gefallen