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Resumo – O artigo examina as possíveis relações entre a teoria dos signos de Charles
Sanders Peirce e a inteligência artificial simbólica. Novas relações são apontadas,
sobretudo no que diz respeito à possibilidade futura de construção de máquinas
semióticas.
Abstract – The paper examines some possible relations between Peirce´s theory of the
signs and symbolic artificial intelligence. Some new interfaces are pointed out, specially
with respect to the possibility of the design of semiotic machines in the future.
Nada poderia ser mais estimulante do que investigar as possíveis relações entre a
filosofia peirceana e a ciência cognitiva, em especial a inteligência artificial, como
buscarei fazer neste trabalho. Peirce tinha um conceito amplo do que chamamos de
mental e não o associava necessariamente a um cérebro biológico, como podemos ver
numa significativa passagem nos seus CP:
A mente é uma função e não uma faculdade específica de alguns seres. Se ela
não está no cérebro e está por toda parte, por que não poderia estar numa máquina?
Então Peirce poderia ter sido o patrono da inteligência artificial se fizermos uma
leitura retrospectiva da história da ciência cognitiva? A primeira vista poderíamos tentar
uma associação simples entre a semiótica peirceana e a inteligência artificial simbólica,
aquela que prosperou nos anos 1960 e 1970 e que hoje chamamos com o nome
carinhoso e ao mesmo tempo pejorativo de GOFAI – Good and Old Fashioned Artificial
Intelligence. Isso nos permitiria fazer uma releitura interessante da inteligência artificial
simbólica. Talvez esclarecêssemos algumas causas de seu fracasso.
Mas não é só refazer história que está em questão. É preciso refazê-la mas com
os olhos no que está acontecendo hoje. Como sustento no livro que vou lançar neste fim
de tarde, acredito que uma nova versão da IA simbólica está aparecendo neste começo
de século, enquanto aguardamos a era do pós humano. Ela volta, é claro, de uma
maneira diferente do que era nas décadas de 1960 e 1970.
Newell e Simon, estavam convencidos de que sua máquina era uma autêntica
simulação do pensamento humano. Quando o programa de computador, o LT,
demonstrou um teorema que estava em aberto, os cientistas escreveram um texto e o
enviaram para publicação em uma importante revista de matemática da época como
tendo sido de autoria do próprio LT. O conselho editorial da revista recusou-se a
publicá-lo, alegando que isso era um insulto contra a espécie humana.
Chamamos aos sistemas simbólicos “físicos” para lembrar ao leitor que existem no
mundo real como dispositivos feitos de vidro e metal. Antigamente pensávamos nos
sitemas simbólicos da matemática como abstratos e incorpóreos não tomando em conta
o papel e o lápis e as mentes humanas que na verdade são necessários para lhes dar
vida. Os computadores trouxeram os sistemas simbólicos do céu platônico das idéias
para o mundo empírico dos processos reais executados por máquinas ou cérebros ou
por uns e outros trabalhando em conjunto. (p.56).
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Não pode, em verdade, atuar como um signo enquanto não se corporificar, contudo a
corporificação nada tem a ver com seu caráter como um signo.
Deve haver, portanto, casos existentes daquilo que o símbolo denota, embora caiba
aqui entender por “existente”, existente no universo possivelmente imaginário a que o
símbolo faz alusão.
Wittgenstein nos diz que um símbolo é uma regra, um indicador do fazer, que é
isso que ocorre quando olhamos para uma placa de trânsito. Peirce não nos dizia coisa
diferente. O símbolo surge de um momento primitivo na natureza onde o agir e o pensar
ainda não estão separados e é isso que lhe confere um significado primitivo. É essa
força de significado que a nova IA simbólica pode resgatar ao tratar o pensamento como
símbolo. Sintaxe e semântica não teriam de ficar separadas por um abismo
intransponível.
Embora Peirce nunca tivesse imaginado a possibilidade real de construir uma
máquina semiótica (exceto no caso da academia de Lagado onde Jonathan Swift teria
supostamente inventado algo parecido) pois para sua época isso era inimaginável creio
que vários aspectos de sua teoria dos signos podem ser lidos e interpretados como se
sobrepondo a essas afirmações. Sobretudo hoje em dia, quando a distancia entre
semiose humana e semiose em máquinas se encurta cada vez mais, embora nossas
máquinas ainda estejam muito longe de poder escrever sonetos. Mas aqui cabe a
pergunta feita por Asimov: e quantos humanos podem realmente escrever sonetos?
Bibliografia e Referências
Nöth,W.“MáquinasSemióticas”.http://csgames.incubadora.fapesp.br/portal/atividades/P
alestras/maqsemi2 Acessado em 26/06/2009.