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Apontamentos de Psicologia Cognitiva.

Psicologia cognitiva é o estudo científico dos processos e estruturas mentais envolvida


na relação do organismo com o seu meio ambiente. Estes processos incluem a
atenção, a percepção, a memória, a linguagem, a tomada de decisão, o raciocínio e o
pensamento.

Estuda processos e estruturas mentais (cognição) por método científico,


especialmente através do método experimental, visa compreender o comportamento
(modo como o organismo interage com o meio ambiente de forma apropriada).

Cognição - os processos mentais utilizados para percepcionar, perceber, recordar,


raciocinar, compreender o meio ambiente, assim como o acto de os usar. O termo
cognição refere-se tanto aos processos como aos conteúdos processados.

Em suma, os tópicos de estudo centram-se em como é que percepcionamos e


seleccionamos a informação disponível no mundo que nos rodeia, como a
armazenamos no nosso cérebro e como a utilizamos posteriormente para agir em
conformidade com as nossas necessidades…

Origens.

1956 o desenvolvimento dos últimos 50 anos do Behaviorismo – John Watson funda o


beahiorismo em 192º, como resposta ao método introspectivo usado por Wundt.

Para que a psicologia possa ser considerada científica deverá, segundo Watson,
restringir-se ao estudo do observável; ao estudo do Comportamento. Como os
processos mentais não podem ser directamente observados, não deverão ser objecto
de estudo da psicologia. O behaviorismo é “anti-mentalista”; a explicação é feita em
termos de associações entre estímulos e respostas.

Críticas à abordagem behaviorista.

O movimento “constraints on learning” (restrições à aprendizagem) pôs em causa o


modelo da aprendizagem behaviorista: não era possível ensinar qualquer coisa a
qualquer organismo; os organismos têm predisposição para aprender determinadas
coisas e não outras.

O behaviorismo não permite explicar comportamento complexos, nomeadamente os


que envolvem a linguagem, o raciocínio ou a tomada de decisão.

Necessidade crescente de investigar o desempenho humano muito impulsionada na


altura da Segunda Guerra Mundial; a simplicidade conceptual do behaviorismo não
permitia das respostas a problemas práticos.

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Concepção behaviorista:

Toca o telefone o Rui levanta-se e dirige-se ao aparelho.

Som da campainha do telefone S → R movimento para o telefone.

Segundo os behavioristas, a explicação do comportamento é feita pela análise das


associações entre estímulos e respostas, sem ser necessário recorrer a estados ou
mecanismos mentais. A necessidade da abordagem cognitiva surge da insuficiência da
explicação behaviorista.

S → Atenção → Percepção → Memória → Pensamento → Decisão → R

Aqui a explicação do comportamento é feita analisando estados ou mecanismos


mentais que levam ao processamento do estímulo e à organização de uma resposta
adequada relativamente às exigências do meio.

Investigação experimental crescente sobre temas como a memória (George Miller), e a


atenção (Donald Broadbent) e a resolução de problemas (Herbert Simon).

Influência da linguística: opondo-se à perspectiva de Skinner, Noam Chomsky


desenvolveu uma forma de analisar a linguagem que recorria à ideia de estruturas
mentais e regras de transformações.

Desenvolvimento das ciências da computação (nomeadamente da inteligência artificial


– ramo da informática que simula em computador processos mentais), levando à
aceitação da analogia “a mente é um computador”.

Anos 60.

Psicologia

Ciências da
Linguagem
computação

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Anos 90.

Psicologia

Ciências da Linguistica
computação

Filosofia Neurociências

Ciências
Socioculturais

Pressupostos da Psicologia, perspectiva cognitiva.

Os processos mentais existem e podem ser estudados cientificamente (em termos da


sua duração – tempos de reacção – e dos seu produtos, por exemplo: acuidade na
realização de tarefas). Os seres humanos são processadores activos de informação; o
sistema cognitivo humano tem como função processar a informação ambiental.

Processamento de informação (Donald Broadbent, 1926 – 1993 foi o primeiro autor a


conceber as funções mentais como sistema de processamento de informação):

O sistema cognitivo humano é um sistema de processamento de informação


semelhante a um computador. É importante especificar os processos e as estruturas
subjacentes às funções cognitivas. O processamento cognitivo da informação ocorre
numa sequência de estádios, através de uma série de módulos de processamento, que
alteram a informação de forma sistematizada.

Os módulos são concebidos:

a) tipo de informação neles arquivada e manipulada (caixas)

b) modo como a informação circula entre módulos (setas)

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Estímulo

Atenção

Percepção

Cognição-pensamento

Decisão

Resposta ou acção

O pressuposto de que a cognição ocorre numa sequência de etapas independentes e


não sobrepostas, actualmente é questionável, podem haver etapas que ocorrem
simultaneamente.

“A mente é um computador”

…não é feita como um computador mas ela também processa informação (computa),
analogia bastante frutuosa, ajuda os psicólogos a pensar sobre os estados internos,
não directamente observáveis. A analogia também é adequada, não só em termos dos
aspectos funcionais (software), como nos aspectos estruturais (hardware).

Limitações da analogia: ao contrário do computador, a mente processa a informação


com significado para o indivíduo e não bits vazios de sentido para quem os processa. O
significado e não a informação neutra, é o foco da vida mental humana (Bruner, 1990).
Distinção entre “cognição quente” e “cognição fria” (Simon, 1983; Zajonc, 1980).

Pressupostos gerais da psicologia cognitiva sobre o sistema de processamento da


informação:

Codificação – a informação exterior tem de ser codificada para que o nosso sistema
cognitivo a consiga processar.

Capacidade – a nossa capacidade para processar a informação é limitada; só podemos


processar algumas informações de cada vez.

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Arquivos de informação – representações permanentes do conhecimento adquirido
(memória para objectos, léxico, episódios biográficos…).

Unidade de processamento central – para do sistema responsável pela manipulação da


informação.

Memória de trabalho – é necessário manter activa algumas informações por algum


tempo, enquanto outras operações ocorrem.

Processamento bottom-up (processamento directamente afectado pelo estímulo)


versus top-down (processamento afectado pelo que o indivíduo traz para a situação de
estimulação – ex. expectativas determinadas pelo contexto, expectativas passadas… ).

Top (sistema central -


crenças, conceitos,
expectativas)

Bottom (sistema
periférico -
informação sensorial)

Processamento em série um processo é terminado antes do seguinte começar.

É evidente que muitos processos ocorrem em paralelo. Efeitos do contexto de


facilitação do “priming”. Não são adequados para descrever processos cognitivos
complexos, como a resolução de problemas.

Processamento em paralelo. Todos ou alguns processos envolvidos numa tarefa


cognitiva ocorrem simultaneamente.

Quatro abordagens distintas ao estudo da cognição.

Psicologia cognitiva experimental:

Estudo de indivíduos normais em situação de laboratório. Os processos mentais são


geralmente estudados indirectamente através dos denominados métodos
comportamentais (metodologia herdada do behaviorismo). Esta abordagem tem sido

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criticada em termos de validade ecológica dos resultados (o controlo experimental dos
estímulos apresentados, das respostas pedidas e do contexto torna a maior parte das
experiências artificiais). Outras críticas apontam que os processos mentais são
estudados indirectamente (apenas acede à acuidade da resposta ou ao tempo que
essa resposta demorou a ser dada) e que não são levadas em conta as diferenças
individuais.

Neuropsicologia cognitiva:

Estudo das perturbações do funcionamento cognitivo em indivíduos com lesão


cerebral: se um indivíduo com lesão em determinada área cerebral mostra um défice
cognitivo específico, então essa área poderá estar envolvida na função cognitiva
afectada. Assume que o sistema cerebral se organiza em módulos que funcionam de
forma relativamente independente, pelo que a lesão de um deles não afecta
necessariamente o funcionamento dos outros. Daí a existência de défices específicos e
dissociações duplas. Dá preferência ao estudo de casos (casos únicos e individuais). O
estudo aprofundado de indivíduos com lesão cerebral permite compreender o
funcionamento cognitivo normal.

Ciências cognitivas:

Estudo da cognição através do desenvolvimento de modelos computacionais que


simulam o funcionamento cognitivo. Distinguir de inteligência artificial, que
desenvolve modelos computacionais que produzem resultados inteligentes, mas que
os processos envolvidos geralmente não se assemelham à cognição humana.
Modelação computacional sistemas desenvolvidos que modelam ou imitam aspectos
da cognição humana. Modelos computacionais que concretizam detalhadamente
modelos teóricos, permitindo especificar de forma precisa predições testáveis sobre o
funcionamento cognitivo. Modelos conexionistas, também chamados modelos de
processamento paralelo distribuído (PDP), o processamento nestes modelos é
massivamente paralelo, contêm uma série de núcleos/unidades interligadas
encontrando-se a informação representada pela interligação entre todas as unidades,
por isso denominam-se modelos distribuídos. Podem aprender, ou seja os modelos
melhoram o seu desempenho à medida que vão enfrentando situações novas.

Neurociências cognitivas.

Procura integrar dados relativos às funções cognitivas com a avaliação directa das
funções cerebrais. Utiliza diferentes técnicas de neuroimagem e de registo da
actividade neuroeléctrica para estudar o funcionamento cerebral de forma a
identificar os processos e estruturas subjacentes ao funcionamento cognitivo,
procurando saber quando e onde está o cérebro activo quando estamos a executar
determinada tarefa que envolva determinada função cognitiva.

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Métodos de Investigação em Psicologia Cognitiva.

Métodos Comportamentais:

Desempenho em tarefas especialmente concebidas para evidenciar processos mentais


específicos; registo dos tempos de reacção (tempos de decisão, de leitura, de
compreensão, …); registo de acuidade do desempenho (nº de respostas correctas,
análise das erradas, …); registo dos movimentos oculares sua duração e localização;
avaliação e julgamentos de questionário…; observação directa do comportamento.

Métodos Fisiológicos:

Registo de actividade somática; miografia (registo gráfico da contracção muscular);


resposta galvânica da pele; registo de batimentos cardíacos.

Métodos de Neuroimagem e Electrofisiológicos:

Registo da actividade eléctrica cerebral. Os métodos funcionais registam a actividade


do cérebro ao realizar uma tarefa. PET - Imagem da diferença da actividade cerebral
entre duas condições experimentais, boa resolução espacial, pobre resolução
temporal. Métodos funcionais: Eletroencefalograma (EEG); Magnetoencefalograma
(MEG); Potenciais Eevocados (Evoked Potentials ou Ever Related Potentials - EP). Os
métodos estruturais permitem identificar estruturas cerebrias, os seus tamanhos, as
densidades da matérias branca (axiónios) e de matéria cinzenta (núcleos de
neurónios), a presença de lesões ou transformações. Métodos estruturais: Tomografia
Axial Computadorizada (TAC); MRI. Métodos funcionais: Tomografia de Emissão de
Protões (PET); fMRI.

O Registo Encefalográfico (EEG) é realizado por períodos mais ou menos longos, para
analisar a actividade cerebral numa tarefa prolongada como o sono, o sonho ou ler.

Os Potenciais Evocados (EP ou ERP) destinam-se a analisar a actividade cerebral


ocorrida imediatamente após a apresentação de um estímulo.

Psicologia Experimental Cognitiva.

S → Processos Cognitivos → R

Nos métodos comportamentais, os processos mentais são inferidos das respostas


obtidas perante estímulos devidamente manipulados. Por isso a investigação em
psicologia cognitiva experimental passa por um planeamento cuidado das tarefas
(estímulos e respostas) a apresentar aos sujeitos.

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Os estímulos podem ser verbais, verbais em forma visual ou auditiva ou visuais
(desenhos, fotografias ou palavras escritas). Estímulos com significado vs. sem
significado. Permitem estudar o processamento da informação, independentemente
do seu significado. Os estímulos classificados em função da mobilidade sensorial, visão,
audição, tacto… caso especial dos estímulos verbais.

As respostas podem ser motoras (carregar em botões, apertar), vocais (nomear,


repetir), oculares (mover os olhos), escritas (reproduzir material memorizado), através
de questionários padronizados (escalas de avaliação, testes de avaliação de
capacidades) ou protocolos verbais (narrar aquilo a que se teve conscientemente
acesso acerca do processamento em estudo).

A analise das respostas é feita sob perspectivas fundamentais:

Tempos de resposta (tempo de latência ou tempo de reacção);

Correcção da resposta;

Por vezes é dada atenção à intensidade de resposta.

Psicofísica.

A psicofísica designa o estudo da relação entre estímulos físicos e as sensações que


eles provocam. Surge com o interesse crescente sobre o papel dos sentidos na origem
do conhecimento.

Estímulos sensoriais

Activação dos receptores sensoriais
Transdução ↓
Activação do SNC

Sensação

Gustav Theodor Fechner (1801-1887).

Foi o fundador da Psicofísica, cunhou o termo, estudo da relação entre dois mundos
distintos sensação (psique) e estímulos físicos (física). Estabeleceu o método psicofísico
clássico como método de investigação experimental. Formulou as primeiras leis da
psicofísica.

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Problema da detecção – qual é a intensidade mínima de estimulação necessária para
que haja sensação.

Métodos que permitem estimar experimentalmente o Limiar Absoluto.

Método dos estímulos constantes – a intensidade do estímulo que corresponde a 50%


de detecções.

Método dos Limites.

I A B C D
1 não não não não
2 não não sim não
3 sim não sim não
4 sim Sim sim não
5 sim Sim sim sim

(2,5+3,5+1,5+4,5)/5= 3

Método dos estímulos adaptados. Média dos pontos de inversão.

Sistemas sensoriais e Psicologia.

Numa perspectiva darwinista, os processos mentais desenvolveram-se nos organismos


para permitir uma interacção eficaz com o meio ambiente complexo em que vivem
(eficácia em termos de sobrevivência). A interacção entre o organismo e o meio
exterior dá-se através do tecido sensorial (órgãos dos sentidos). Os processos de
sensação e percepção correspondem a mecanismos básicos da psicologia, é atravez
deles que a informação ambiental chega à nossa mente. O estudo das sensações e
percepções confunde-se com a origem da psicologia científica – foram estes os
primeiros processos psicológicos a serem estudados experimentalmente pela
psicologia moderna (Weber, Fechner e Wundt).

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Qual a cadeia de acontecimentos que leva um estímulo exterior a ser percebido?

Interacção com o
tecido sensorial;
estímulo é qualquer ↓ Fenómenos ambientais
forma de energia que
excite os órgãos
sensoriais

↓ Estímulos sensoriais ↓
Transdução
(Conversão da energia
do estímulo em
impulsos nervosos)
Excitação dos nervos Níveis de
Condução dos ↓ sensoriais processamento
impulsos nervosos até bioquímico
ao sistema central
↓ Activação do SNC ↑
sensorial
------------------------------- ↓ --------------------------------- ------------------------------
↓ Sensação ↓
Níveis de
↓ Percepção processamento
psicológico
Cognição ↑

Sensação vs. Percepção.

Distinção introduzida pela primeira vez por Thomas Reid (1785):

Sensação vs. Percepção

Processo primário de Processo pelo qual o


informação ambiental cérebro dá sentido à
(activação dos receptores informação recebida pelos
sensoriais) orgãos dos sentidos.

Recepção de energia do Cognição – processo que Selecção, organização e


ambiente e a sua envolve a manipulação das interpretação das
codificação em sinais percepções sensações.
eléctricos (Transdução)

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Sistemas sensoriais.

Modalidade sensorial: tipos de sensação (aquilo a que chamamos “sentidos”);


modalidade correspondente a uma sensação que pode variar em intensidade mas que
percebemos como homogénea (exemplo visão).

Órgãos sensoriais ou sensores: órgãos capazes de recolher a informação do mundo


exterior e que contêm células especiais – os receptores (por exemplo o olho).

Receptores: células sensoriais especializadas que convertem a energia ambiental em


impulsos nervosos, que depois será processada pelo SNC (por exemplo as células da
retina convertem as ondas de luz em actividade neuronal). Ao conjunto dos receptores
chama-se Tecido Sensorial.

Qualidade sensorial: aspectos da sensação que não correspondem a variações de


quantidades (por exemplo, no caso da visão, a luminosidade do estímulo é uma
qualidade, na audição, o timbre de um instrumento musical é uma qualidade).

Quantidade sensorial: variações quantitativas (de intensidades) da sensação. No caso


da visão as variações da luminosidade.

Características dos sistemas sensoriais:

São especializados;

Cada mobilidade sensorial tem órgãos específicos, com receptores próprios,


que convertem a energia ambiental em impulsos nervosos.

Os receptores respondem preferencialmente a uma forma específica de


energia, por exemplo as células da retina reagem sobretudo à estimulação
electromagnética e não às vibrações sonoras.

Cada sistema sensorial tem uma determinada parte do cérebro especializada


para interpretar os impulsos nervosos que recebe dos receptores, a
especificidade não está na energia nervosa mas sim nas áreas corticais
sensoriais.

Os receptores sensoriais estão localizados em sítios particularmente expostos


aos estímulos a que reagem, por exemplo os receptores do paladar encontram-
se na cavidade bocal.

Têm limiares de activação;

Para que ocorra sensação, é necessário que exista determinado nível de


estimulação dos órgãos dos sentidos. Cada sistema sensorial só irá responder
provocando uma sensação se a intensidade de estimulação for superior a

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determinado nível (Limiar Absoluto de Activação). Trata-se de um problema de
quantidade sensorial.

Para que nos apercebamos de sensações diferentes, é necessário que exista


uma diferença mínima entre dois estímulos. Cada sistema sensorial só irá
responder diferentemente se a diferença de intensidade da estimulação for
superior a determinado nível (Limiar da Discriminação). Trata-se também de
um problema de quantidade sensorial.

Os receptores sensoriais reagem apenas a uma determinada gama de


estimulação, é um problema de qualidade sensorial e não de quantidade.

Habituam-se;

Quando estimulados continuamente, os receptores sensórias deixam de reagir


a essa estimulação (habituação), só voltado a reagir passado um período sem
estimulação ou se a intensidade da estimulação aumentar.

Variam marcadamente entre espécies.

Diferentes espécies animais são sensíveis a gamas de estimulação distintas das


do ser humano. Existem uma série de mudanças energéticas e ambientais que não nos
damos conta delas, mas outros animais possuem células especializadas na detecção
dessas variações energéticas a que nós somos insensíveis.

A visão.

Órgão sensorial: o Olho.

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A pupila regula a quantidade de luz que entra no olho através da abertura da íris
(controlada pelos músculos ciliares). Os raios de luz vindos dos objectos que estão no
nosso campo de visual atravessam uma estrutura que é o cristalino (ou lente), que tem
por função focar os raios de luz na retina (acomodação).

Miopia ou hipermetropia surge quando a forma do globo ocular dificulta a tarefa do


cristalino em focar a imagem sobre a retina. Astigmatismo resulta de irregularidades
na curvatura da córnea, dificultando a convergência dos raios.

A retina é a camada que forra o interior do olho e que recebe os raios de luz e os
converte em impulsos eléctricos que, por sua vez, irão ser levados ao cérebro pelo
nervo óptico.

A estrutura celular da retina (à direita, 1 cone e 9 bastonetes; ao centro, 2 células bipolares; à esquerda, 3
axónios de células ganglionares que pertencem ao nervo óptico)

A retina é formada pela expansão do nervo óptico e contém três camadas principais: a
camada dos receptores (a mais externa), a camada de associação e uma camada
ganglionar (a mais interna):

Receptores: células fotoreceptoras (cones e bastonetes) que convertem a


energia da luz em impulsos nervosos, essa conversão resulta de uma reacção
química que envolve a transformação dos pigmentos visuais.

Camada de associação: células bipolares que ligam os cones e bastonetes às


células gaglionares.

Camada ganglionar: células ganglionares cujas fibras (axónios) formam o início


do nervo óptico que vai até ao cérebro.

Cones – sensíveis à cor; funcionam Bastonetes – insensíveis à cor; funcionam


apenas em condições de luminosidade melhor com pouca luminosidade (pouca
(intensidade luminosa); concentram-se intensidade luminosa); especialmente
no centro da retina (fóvea) sensíveis na detecção de movimentos na
visão periférica
Convertem a energia da luz em impulsos nervosos através de uma reacção química
que envolve a transformação de pigmentos; os receptores têm diferentes reacções
por possuírem diferentes pigmentos.
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A fóvea (mácula) é uma zona da retina com cerca de 0,5 mm 2 que contém apenas
cones (os bastonetes abundam na periferia da fóvea). A acuidade visual é máxima
quando as imagens estão focadas sobre a fóvea. A fóvea está alinhada com o centro da
pupila pelo que quando olhamos directamente um objecto a sua imagem é projectada
na fóvea.

Visão fotópica - sistema de visão adaptado â luz do dia, que permite a visão a cores os
receptores sensoriais são os cones.

Visão escotópica - sistema de visão adaptado à escuridão; os receptores sensoriais são


os bastonetes.

Visão mesóptica - designação dada à combinação da visão fotópica e da visão


escotópica que ocorre em situações de luminosidade baixa, mas não tão baixa que
elimine de todo a componente fotópica da visão.

Os músculos oculares garantem movimentos variados e de grande precisão, movendo


os dois olhos em paralelo.

Movimentos voluntários: permitem que os olhos se fixem em determinadas regiões do


campo visual.

Movimentos involuntários: sacadas (duram entre 25 e 100 ms) e fixações (são


pequenas pausas entre sacadas – o olho extrai a informação durante as fixações).

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A audição.

Órgão sensorial: Ouvido.

Ouvido Externo Ouvido Médio Ouvido Interno

As ondas sonoras são As ondas sonoras fazem o As vibrações são


captadas pelo pavilhão tímpano vibrar e essa transmitidas à cóclea,
auricular e conduzidas vibração é transmitida à órgão do ouvido interno
através do canal auditivo cadeia de ossículos que contem os receptores
até ao tímpano. (martelo bigorna e auditivos (células ciliares
estribo). O estribo conduz do órgão de corti). O
essa vibração até ao aparelho vestibular
ouvido interno. A trompa (constituído pelos canais
de Eustáquio estabelece semi-circulares) não está
ligação entre o ouvido relacionado com a
médio e a faringe. audição, mas sim com o
sentido de equilíbrio
(detecta mudanças de
direcção e de intensidade
dos movimentos da
cabeça).

Receptor sensorial: Órgão de Corti.

As vibrações vindas dos ossículos são transmitidas pela janela oval ao fluído que circula
na cóclea (perilinfa). As variações de pressão deste líquido ao longo do tubo coclear
fazem ondular a membrana basilar que assim estimula as células ciliares do órgão de
corti. Esta estimulação vai provocar impulsos nervosos que serão levados pelo nervo
auditivo até ao córtex auditivo.

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Tacto.

Temos quatro tipos de sensibilidade cutânea, cada um com receptores específicos


provocando desiguais tipos de sensação:

Térmica: sensação de frio e calor,

Dolorosa: informação sobre a dor;

Táctil: informação sobre a textura dos objectos e do seu movimento em contacto com
a pele;

Proprioceptiva e cinestésica: informação sobre a posição dos nossos membros e dos


nossos movimentos.

Estímulos semioquimicos: são substâncias químicas que transmitem informação a um


organismo sobre outro organismo. Podem ser usados como avisos ou para
comunicação entre organismos. Derivam de processos fisiológicos já em utilização pelo
organismo e são subsequentemente alterados no decurso da evolução, de forma a
ganhar novas funções enquanto sinais.

Feromonas – (intra-específicos) semioquimicos que actuam entre indivíduos da mesm


a espécie;

Aleloquímicos – (inter-específicos).

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Olfato.

A modalidade olfactiva é um sentido químico, pois reage a moléculas de substâncias


que passam pelo sistema olfactivo. Os receptores olfactivos encontram-se na nossa
cavidade nasal. Os neurónios dos receptores olfactivos enviam informação para o
bulbo olfactivo que se situa na base dos lobos cerebrais.

Paladar.

Também é um sentido químico, os receptores do paladar (botões gustativos)


encontram-se na língua e nas paredes da cavidade bocal (cerca de 10000). Considera-
se que existem quatro sensações primárias do paladar: Doce; Salgado; Amargo, e
Azedo. A que correspondem receptores específicos situados em diferentes regiões da
língua. O sabor resulta da mistura da activação destes diferentes receptores, bem
como da influência de outros factores como o odor, a temperatura ou a textura.

Percepção Visual.

Mecanismos cognitivos que permitem uma percepção visual tridimensional e estável


do mundo exterior.

Percepção da Profundidade/Distância Mecanismos de constância perceptiva

Percepção da profundidade.

Para além da percepção da profundidade do espaço, conseguimos avaliar distâncias:

Distância a que um objecto está de nós – Distância Absoluta;

Distância que dois objectos têm entre si – Distância Relativa.

A percepção da profundidade constitui uma característica útil para a nossa


sobrevivência, conseguir ter uma representação tridimensional do mundo exterior,
permite: caminhar sobre o mundo, evitar ou saltar obstáculos, alcançar objecto ou
calcular a distância a que se encontra um determinado estímulo.

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O cérebro combina a informação proveniente de diferentes fontes para chegar a uma
representação 3D do ambiente. Essa informação denomina-se “Índices de
Profundidade” e pode ser classificada em três categorias:

Índices Visuais – informação proveniente da imagem retiniana (denominada também


por índices secundários);

Índices Oculomotores – informação proveniente dos receptores nervosos situados nos


músculos oculares (índices primários já que se relacionam com a fisiologia dos
processos perceptivos visuais);

Índices Cognitivos – conhecimento prévio sobre os objectos percepcionados.

Características dos índices:

Visuais (secundário):

Índices Visuais Monoculares (mesmo quando só vimos de um olho):

Não Pictóricos, Dinâmicos – só podem ser utilizados para percepcionar a


profundidade quando existe movimento (dinâmico). Paralaxe de
movimento – velocidade angular dos objectos é inversamente
proporcional à distância a que estão do observador. Reflecte-se no
movimento dos objectos projectados na retina. Exemplo: quando estou
a andar de comboio, estou em movimento, olho pela janela e vejo duas
árvores, uma está próxima de retina e a outra mais afastada, à medida
que o comboio ande a árvore que está mais perto movimenta-se mais
depressa do que a outra, o cérebro interpreta estarmos na presença de
duas profundidades.

Pictóricos, Estáticos – o efeito pode ser avaliado por um olho fixo - os


pintores procuram manipular as imagens a fim de criar nas telas
bidimensionais a impressão de tridimensionalidade.

Sobreposição/interposição/Oclusão – um objecto mais próximo pode


cobrir parcialmente a visão de um objecto mais distante, mas não o
contrário. Percepciona-se o objecto tapado como mais longe. O objecto
que sobrepõe o outro é percebido como mais próximo do observador.

Tamanho da imagem retiniana – um objecto distante projecta na retina


uma imagem mais pequena que um objecto próximo. A imagem
retiniana de um objecto diminui à medida que um objecto se afasta e
vice-versa. Assim o tamanho da imagem retiniana de um objecto é
indicador da distância a que ele se encontra; objectos a que
correspondem imagens retinianas pequenas aparentam estar mais

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distantes que objectos idênticos a que correspondem imagens
retinianas grandes. O tamanho da imagem retiniana é, por si só, um
índice de distância ambíguo – uma mesma imagem retiniana tanto pode
corresponder a um objecto grande que se encontra longe como a um
objecto pequeno que está próximo. No entanto, essa ambiguidade
desaparece quando estamos familiarizados com o objecto e com o seu
tamanho; nesse caso é possível estimar a sua distância com base na
dimensão da imagem retiniana e no conhecimento que temos do
tamanho real do objecto (portanto aqui há uma interacção entre índices
visuais e cognitivos).

Perspectiva linear – linhas paralelas que apontam para longe parecem


convergir, unindo-se no infinito (ponto de fuga). Por outro lado, o
tamanho dos objectos e o espaço eles diminui à medida que eles estão
mais distantes.

Textura – a maioria dos objectos possui textura. Essa textura aparenta


ser mais densa em objectos mais afastados. Uma superfície que se
prolongue espacialmente exibe um gradiente de textura que nos
permite avaliar a distância em que as suas diferentes partes se
encontram. Uma mudança abrupta no gradiente de textura é percebida
como uma descontinuidade no plano.

Altura no plano – os objectos situados mais altos no plano aparentam


estar mais longe.

Perspectiva aérea – a luz dispersa-se quando atravessa a atmosfera


(devido às partículas em suspensão); por esta razão, o céu tem cor azul,
pois esta fracção de luz dispersa-se mais que as restantes. Assim, os
objectos mais distantes têm menos contraste e parecem ligeiramente
nebulosos e azulados, uma vez que a luz tem de percorrer maior
distância. Reduzir o contraste em objectos leva-nos a julgá-los mais
distantes.

Focagem – se uma imagem apresenta uma região cuja textura está


focada e outra região cuja textura está desfocada, as regiões são
percebidas a diferentes níveis de profundidade.

Sombreado - apenas os objectos 3D tendem a mostrar gradiente de


luminosidade, uma vez que os objectos bidimensionais não apresentam
sombras. Assim, a existência de sobras também é um índice utilizado
pelo sistema visual para atribuir características tridimensionais aos
objectos.

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Gradientes da cor – gradientes de luminosidade e de saturação das
cores podem provocar percepção de profundidade.

Índices Visuais Binoculares.

Só estão disponíveis quando utilizamos os dois olhos para percepcionar


o objecto.

Disparidade binocular ou retiniana (stereopsis), pelo facto de termos


dois olhos ligeiramente afastados um do outro, o mesmo objecto
projecta nas duas retinas imagens ligeiramente diferentes. Quanto mais
próximo estiver o objecto do observador, mais díspares serão essas
imagens. A disparidade binocular e a sua relação com a percepção de
profundidade são utilizadas para obter imagens 3D – fotos e filmes.

Índices Oculomotores – Binoculares e Monoculares. São índices


primários que resultam da acção dos músculos ciliares – que controlam
a contracção do cristalino durante a focagem (acomodação) – e dos
músculos oculares - que controlam os movimentos dos olhos de forma a
projectar a imagem na fóvea (convergência). O cérebro processa a
informação sobre o grau de contracção destes músculos para avaliar a
distância a que se encontra o objecto para o qual estamos a olhar.

Acomodação – é um índice monocular – só é útil para objectos próximos


(menos de dois metros) e à nossa frente; é uma fonte de informação
adequada apenas para avaliar distâncias pequenas. Este índice de
profundidade resulta do feedback somático correspondente à tensão
muscular (músculos ciliares) que regula a espessura do cristalino, que é
aumentada para focar sobre a fóvea a imagem de objectos próximos.

Convergência – é um índice binocular – os olhos curvam-se para dentro


para focar um objecto que está próximo, de forma a trazer a imagem do
objecto para a fóvea de cada olho. Quanto mais próximo estiver o
objecto, maior a convergência. Só é útil para objectos situados à nossa
frente e próximos (menos de 10 metros). Funciona em conjunto com a
acomodação.

Índices Cognitivos – são uma componente Top-Down. Referem-se às expectativas que


o observador possui quanto ao tamanho do objecto observado, quanto à sua posição e
velocidades habituais, quanto à sua cor e à sua textura, etc. Desenvolvem-se com base
na aprendizagem e funcionam sempre em conjunto com os restantes índices.

Integração da informação sobre a distância. É importante saber como funciona a


integração dos diferentes índices que estão sempre presentes. Estratégia de

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aditividade – a informação dos diferentes índices é adicionada se for congruente. Esta
estratégia assegura uma percepção mais precisa de distância pois baseia-se na
integração da informação proveniente de diferentes índices. O que acontecerá quando
dois índices estão em conflito? Também aqui a informação é integrada de forma
aditiva. No entanto, alguns índices parecem ser menos poderosos que outros, pelo que
vão ser denominados pelos índices mais poderosos.

Mecanismos de Constância perceptiva.

São processos cognitivos que compensam a informação sensorial com base em


informação ambiental para garantir uma percepção estável do estímulo.

Garantem que possamos perceber determinado objecto como tendo o mesmo


tamanho, a mesma forma, ou a mesma cor, independentemente da distância a que ele
se encontra, da sua orientação ou da velocidade a que se movimenta. São exemplos
flagrante da diferença entre percepção e sensação, reflectindo aspectos top-down do
nosso sistema cognitivo.

Existem vários tipos de constância perceptiva:

Constância de tamanho:

Utiliza a informação sobre a distância para compensar a percepção das


dimensões do objecto. Permite-nos perceber um objecto como tendo sempre o
mesmo tamanho da sua imagem retiniana à medida que ele se afasta ou se
aproxima. Duas pessoas sentadas no corredor são percebidas como tendo o
tamanho normal, mas estando uma mais distante que a outra. Devemos
também ter em conta o índice cognitivo “familiaridade” com o objecto: um
carro visto à distância tem uma imagem retiniana pequena mas nós
percebemo-lo como um carro normal distante e não como um carro pequeno
próximo. Podemos ter dificuldade na avaliação do tamanho se o objecto em
avaliação for desconhecido.

Constância de forma:

A forma da projecção do objecto na retina depende da orientação em que o


objecto se encontra. Funciona de modo a garantir uma percepção estável da
forma do objecto, independentemente do ponto de vista de onde olhamos para
ele. Utiliza, portanto, a informação sobre a orientação do objecto para
compensar as alterações de forma que a sua imagem sofre devido à perspectiva
do observador. O mecanismo da constância da forma, reflecte o nosso
conhecimento prévio sobre a forma dos objectos, pode funcionar

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inadequadamente com objectos desconhecidos distorcendo a percepção da sua
forma.

Constância de brilho:

A luminosidade de um objecto depende da quantidade de luz que ele reflecte.


Um objecto branco colocado à sombra reflecte menos luz do que um objecto
escuro exposto à luz solar directa (cerca de 10 vezes menos), no entanto,
continuamos a considerar o primeiro mais brilhante do que o segundo. Este
mecanismo utiliza a luminosidade do meio ambiente para compensar o brilho
do objecto em avaliação. Assim, a constância de brilho parece funcionar mesmo
em objectos desconhecidos.

Constância de cor:

Um objecto exposto a luzes diferentes vai reflectir radiações distintas. No


entanto, a sua cor percebida não muda. A cor percebida de um objecto não
depende unicamente do tipo de radiação que ele reflecte, depende também de
outros factores como a luz envolvente, e familiaridade, etc. Tal como no brilho,
o mecanismo de constância, utiliza a informação luminosa do campo visual para
puder compensar potenciais mudanças no padrão reflector de um objecto e
assim garantir a constância da sua cor.

Constância de movimento.

A estabilidade da percepção é garantida pelo mecanismo de constância do


movimento. Existem duas formas do nosso sistema visual avaliar o movimento. 1 –
quando os olhos estão parados, a imagem de um objecto em movimento desloca-se ao
longo da retina, estimulando sequencialmente os receptores e informando o cérebro
da existência de movimento (informação relativa ao sistema imagem-retina). 2 –
quando os olhos seguem um objecto em movimento a imagem está fixada na fóvea,
mas a rotação dos olhos informa o cérebro da existência de movimento (informação
relativa ao sistema olho-cabeça). Duas teorias procuraram esclarecer a forma como
interage a informação proveniente desses dois mecanismos: a teoria centrípeta de
Charles Sherrington, e a teoria centrífuga de Hermann von Helmholte. Das duas
teorias, duas situações empíricas sugerem a teoria centrífuga a mais correcta. a) se se
paralizaqrem os músculos oculares do sujeito e se lhe pedir para mover os olhos, estes
não se moverão mas o sujeito perceberá um estímulo parado como em movimento; b)
se movermos passivamente o olho, perceberemos estímulos parados como estando
em movimento. nestas duas situações, a percepção ilusória de movimento resulta de
um mecanismo top-down – a informação vinda do periferia (retina) é interpretada
centralmente à luz da expectativa do sujeito sobre movimentos oculares.

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Ilusões.

Distorções introduzidas pelo sistema perceptivo. Existem ilusões para todas as


modalidades sensoriais, mas as ilusões visuais são as mais conhecidas e as mais
importantes.

Ilusões de Distorção;

Ilusões de Ambiguidade;

Ilusões Paradoxais;

Ilusões de Ficção.

Memória.

É uma função mental que nos permite conservar informação sobre acontecimentos
passados e aceder a essa informação a qualquer momento.

Aprendizagem e Memória – dois conceitos interrelacionados.

Aprendizagem – mudança permanente do comportamento devido a experiências


passadas.

Memória – retenção de uma aprendizagem ou experiência de forma a possibilitar a sua


recuperação.

Processos mnésicos vs. Estruturas mnésicas.

Processos mnésicos – actividades que ocorrem dentro do sistema de memória,


exemplo, registo arquivo e recuperação da memória.

Estruturas mnésicas – os diversos componentes do sistema de memória; memória a


curto termo, memória semântica, memória episódica.

Processos envolvidos na memória:

Registo – processo que ocorre durante a apresentação do material a ser aprendido, é


relacionado com a atenção;

Arquivo – processo que resulta na transformação da informação, de modo a que possa


ser armazenada;

Recuperação – processo que permite a extracção da informação arquivada no sistema


memória.

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William James (1890):

- memória primária – estava presente na consciência;

- memória secundária – estava fora do alcance da consciência, mas podia ser


levada até ela com esforço (recordar).

Modelo Multi-Arquivo (Atkinson e Shiffrin; 1968, 1971)

- Arquivos sensoriais (MS): arquivos associados a modalidades sensoriais específicas


(e.g., visão, audição), onde a informação se mantém por um período de tempo muito
breve antes de ser apreendida pela atenção e dar entrada nos armazéns mnésicos
seguintes.
- Arquivo a curto prazo (MCP): arquivo com capacidade muito limitada que mantém
activa a informação por alguns segundos e ao qual a consciência tem acesso directo e
sem esforço.
- Arquivo a longo prazo (MLP): arquivo com capacidade ilimitada que pode manter a
informação por períodos de tempo muito longos e cuja recuperação exige algum
esforço.

Memória Sensorial: Todo o estímulo desencadeia uma actividade receptora sensorial


que perdura um período de tempo muito curto, mesmo depois da estimulação ter
desaparecido. Na verdade, a informação sensorial necessita ser retida durante algum
tempo para que o sistema cognitivo possa registá-la e posteriormente processá-la, de
forma garantir o seu armazenamento mais duradouro.

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Tipos de memória sensorial. Ulric Neisser (1967).

A memória sensorial funciona como buffer do sistema cognitivo, existindo um buffer


para as principais modalidades sensoriais.

Arquivo Icónico: armazena a informação sensorial relativa à modalidade visual.


Arquivo Ecóico: armazena a informação sensorial relativa à modalidade auditiva.
Arquivo Háptico: armazena a informação sensorial relativa à modalidade táctil e
proprioceptiva.

A memória icónica permite-nos “tirar uma fotografia” rápida do ambiente e manter


essa informação por um curto período de tempo de forma a que os processos
atencionais extraiam aquilo que é pertinente. A memória icónica é bastante
importante no nosso funcionamento cognitivo porque representa a entrada da
informação visual nesse sistema. É sobre a memória icónica que trabalha a atenção
quando estamos a processar imagens; a memória icónica parece igualmente intervir
nos processos de constância visual (nomeadamente, garantir uma visão estável e
contínua do mundo, apesar dos movimentos sacádicos e do piscar de olhos).

Memória écoica - Uma situação típica que ilustra a utilização desta memória ecóica é o
processo a localização de fontes sonoras através da diferença acústica entre os dois
ouvidos (é por possuirmos dois ouvidos, que recebem o mesmo som com uma ligeira
diferença temporal, que conseguimos localizar a fonte sonora). Para avaliar a
localização do som, é preciso que a informação sonora fique retida algum tempo para
que se possa fazer a comparação entre ouvido esquerdo e ouvido direito.
O armazém sensorial do modelo atencional de Broadbent corresponde a esta memória
sensorial ecóica.

Memória a Curto Prazo.

Porquê existir esta memória temporária?


A informação que vem chegando do exterior ao nosso sistema cognitivo tem de ser
temporariamente armazenada para depois decidimos se que aspectos vamos
armazenar de forma mais segura (MLP) ou ignorar (esquecimento).

Por outro lado, possuímos muita informação na MLP: recordações de acontecimentos


da nossa vida pessoal, informação que adquirimos ao longo da vida, competências
motoras (andar de bicicleta, por exemplo)...
Muito poucas dessas informações são realmente relevantes para aquilo que estamos a
fazer num dado instante. A memória a curto prazo serve para manter
temporariamente disponíveis as informações relevantes para uma dada tarefa.

Memória a Longo Prazo.


Arquivo com uma capacidade ilimitada e com uma grande duração temporal.

Capacidade: ilimitada; contém todo o tipo de informação (e.g., conhecimento acerca


do mundo físico e da linguagem, crenças sobre as pessoas, dados biográficos, normas

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sociais, competências motoras, competências para a resolução de problemas,
vocabulário, etc.).

Duração: por vezes, mais de 50 anos.

Codificação: Código semântico; Código visual (imagery); Código acústico.

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