AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.167.702 - MT (2009/0226483-8)
RELATOR : MINISTRO SIDNEI BENETI
AGRAVANTE : JOSÉ GERALDO DA ROCHA BARROS PALMEIRA ADVOGADO : ZAID ARBID AGRAVADO : ORLANDO DE ALMEIDA PERRI ADVOGADO : CLÁUDIO STABILE RIBEIRO E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO SIDNEI BENETI (Relator):
1.- JOSÉ GERALDO DA ROCHA BARROS PALMEIRA interpõe agravo interno contra decisão que negou seguimento ao Recurso Especial, ao entendimento de incidência da Súmula STJ/126 e ausência de ofensa ao art. 535 do CPC (e-STJ fls. 1.585/1.589).
2.- Pede a reforma da decisão hostilizada, sob a alegação de que
inexistiu dano moral a ser indenizado e que deve ser reconhecida a ofensa ao art. 535 do CPC.
É o breve relatório.
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.167.702 - MT (2009/0226483-8)
Documento: 9280725 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 5 Superior Tribunal de Justiça
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO SIDNEI BENETI (Relator):
3.- Nas razões do regimental, a agravante apenas insiste nas questões trazidas no Recurso Especial, nada mencionando a respeito do fundamento que sustentou a decisão agravada, ou seja, incidência da Súmula STJ/126.
4.- Registre-se que a parte, ao recorrer, deve buscar demonstrar o
desacerto da decisão contra a qual se insurge, refutando todos os seus óbices, sob pena de vê-la mantida.
5.- Logo, sendo os fundamentos suficientes para manter a conclusão
do julgado, fica inviabilizado o agravo regimental, à luz da Súmula 182 desta Corte, aplicada analogia.
6.- Assim, a agravante não trouxe qualquer argumento capaz de
modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos:
7.- Quanto à existência do dano moral, o Tribunal de origem
decidiu nestes termos (e-STJ fls. 1.128): Pois bem, o cerne da questão cinge-se tão somente na apreciação da peça criminal entregue ao douto Procurador-Geral da República rubricada de notícia crime, que segundo o apelado contém expressões e palavras agressivas, atingindo diretamente a sua moral e honra que possui como membro do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. As expressões agressivas mencionadas pelo autor/apelado na notícia crime encaminhada ao Procurador-Geral da República são as seguintes: “... imprescindível ao representante referir a contexto próximo passado para perfeitamente caracterizar a evolução das jornadas delituosas protagonizadas no processo administrativo ...” “... contra esses desmandos processuais praticados pelo representado...” “... o representado, que antes desse acórdão vinha pisoteando o direito ao contraditório e à ampla defesa do representante, passou, a partir da sua ocorrência, além de prosseguir no Documento: 9280725 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 2 de 5 Superior Tribunal de Justiça odioso e providencial erros in judicando, motivo da impetração noticiada ação mandamental, também a manifestar de forma induvidosa a sua vindicta pessoal em face do representante, em condenável e premeditado erros in procedendo...” “... esse procedimento seria regular não fosse a arquitetada omissão dessa juntada e o ardil utilizado para prejudicar o seu devido conhecimento pelo representante...” “... o representado, ciente de que dessa forma não vingaria o seu desiderato, congregou a intimação e forma genérica, no velado propósito de convalidar um documento até então inexistente como existente nos autos...” “... e da sua odiosa intenção em deixar de divulgar a existência desse acórdão nos autos é o trecho do seu pronunciamento de fls. 8222 e 8229-TJ, que, por si só, revela a perda da eqüidistância necessária a todo julgador imparcial, deixando rastros até mesmo do crime de prevaricação ...” “... encontram moldura inclusive no delito de falsidade ideológica, agravado pela condição de agente público ...” “... o representante... tinha justo receio da subversão da sua imparcialidade, pois entendia conseqüência previsível esse seu desequilibrado comportamento ...” “... já lograra tempo para consumar mais alguns dos seus terríveis intentos de caça as bruxas ...” “... apontando o justo receio de o representado, com a suposta atestação de juiz insuspeito, vitaminar o seu desejo de vingança pessoal e pisotear ainda mais o seu já sacrificado direito do representante...” “... este, valendo-se do Ministério Público Estadual, estaria arquitetando o seu afastamento das funções públicas judicantes ...” “... enfatizar toda a jornada da implacável parcialidade do representado, com o exótico e infrator comportamento...” “... indiscutível a injuridicidade dessa manobra, que esbarra em duas circunstâncias intransponíveis ...” “... estimulado pela auto e propalada confiança de dominar a orla intelectual do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o representado, no dia 05 de novembro de2004, praticou a mais terrível e ilegítima das suas empreitadas delituosas, cujo rastro de perseguição, agora escancarado e não mais dissimulado, está a exigir sérias e urgentes reprimendas, até mesmo penais, Documento: 9280725 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 5 Superior Tribunal de Justiça pena de sucumbirem todas as garantias e todos os direitos fundamentais frente ao ódio pessoal de um magistrado, que não pode ser intocável, como se fosse o sentimento de um semideus ...” “... assim é que, ao invés de aguardar e respeitar a ordem processual e regimental relativas às exceções de suspeição ... avoco-as ardilosamente, isto é, sem permitir suas regulares distribuições, em, em sede de inescondível abuso de poder, passou a apreciá-las e decidi-las, tudo no velado propósito de anular o direito do representante e consolidar o seu já antecipado julgamento, ou melhor, a antecipada condenação, conforme o seu sentimento de vingança ...” “... um juiz tenha sua jurisdição mantida pelo simples fato de satisfazer um desejo pessoal contrário ao direito da parte...” “... fraudes desse jaez precisam ser reprimidas, até para que se restaure a legitimidade moral do Poder Judiciário...” “... transformar a justiça pública em negócio particular ...” “... impossível, portanto, seja no aspecto técnico, seja no aspecto ético, emprestar forro de legalidade ao abuso exarado pelo representado ...” “... contra esse autêntico e delituoso esbulho processual ...” “... recalcitrante e determinado na sua cruzada pessoal de acerto de contas com o representante, o representado, colocando-se acima do bem e do mal, de novo exercitou o abuso de poder...” “... e, assim, ter como atendida, como teve, a sua vindita pessoal ...” “... não restam dúvidas que a conduta do representado, ora deixando de praticar, indevidamente, ato de ofício, ora praticando-o contra disposição expressa de lei, tudo com deliberada intenção de prejudicar o direito do representante, porque seu desafeto pessoa, valendo-se, a tanto, da sua condição de relator do processo administrativo contra o mesmo instaurado, caracteriza, com todas as letras, o crime de prevaricação ...” “... a reiterada e intencional omissão do representado ... com isso, satisfazer o seu sentimento pessoal de vingança, sinalizam a ocorrência do apontado delito ...” “... e como todos esses delitos foram operados com flagrante abuso de poder e em orla de violação do dever de ofício, devem Documento: 9280725 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 4 de 5 Superior Tribunal de Justiça ser agravadas a suas penas ...” “... cujo cumprimento da pena, por certo, lhe devolverá a condição de ser reintegrado na sociedade dos mortais e exercer a sacrossanta missão de julgar, que não admite a aplicação do interesse ou sentimento pessoal ...” (sic). Como se vê, o apelante extrapolou o direito de petição reconhecido como garantia fundamental pela Carta Constitucional (art. 5º, XXXIV, “a”), bem como rompeu o direito à inviolabilidade do advogado pelos seus atos e manifestações no exercício de sua profissão (art. 133, CF e art. 7º, §2º da Lei 8.906/94).
8.- Vê-se que o acórdão afastou a tese do exercício regular de
direito e da ausência de ilícito indenizável, com fundamento na Constituição e na Lei e o recorrente não interpôs Recurso Extraordinário. Incide, no caso, a Súmula STJ/126: É inadmissível o recurso especial quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficientes, por si só, para mantê-lo e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
7.- Pelo exposto, não se conhece do presente recurso.
Ministro SIDNEI BENETI
Relator
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