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RECUPERAÇÃO DE UM SOLO SALINIZADO EM AMBIENTE PROTEGIDO1

F. F. BLANCO2, M. V. FOLEGATTI3, J. F. MEDEIROS4

Escrito para apresentação no


XXIX Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – CONBEA 2000
Imperial Othon Palace, Fortaleza – Ceará, 4 a 7 de julho de 2000

RESUMO: O excesso de fertilizantes e manejo inadequado da irrigação nos cultivos em ambiente


protegido têm levado à salinização dos solos, o que resulta na redução da produtividade das culturas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes lâminas de lavagem e métodos de aplicação na
recuperação de um solo salinizado em ambiente protegido. Foram utilizadas 3 diferentes frações (2/3,
1 e 3/2) da lâmina calculada, as quais foram aplicadas por gotejamento e inundação, resultando em
um esquema fatorial 2x3, com 3 repetições. Pelos resultados obtidos, concluiu-se que a aplicação por
gotejamento foi mais eficiente na lixiviação dos sais acumulados no solo, devendo-se utilizar lâmina
relativa de lavagem e coeficiente K de 0,9 e 0,1 para gotejamento e 1,3 e 0,2 para inundação,
respectivamente.
PALAVRAS-CHAVE: Salinidade, lixiviação, eficiência de lavagem.

RECLAMATION OF A SALINIZED SOIL IN GREENHOUSE

SUMMARY: Fertilizers overapplication and inadequate irrigation management in greenhouse crops


have brought to soil salinization, resulting in crop yield reduction. The aim of this work was to
evaluate different leaching water depths and methods of application on a salinized soil reclamation
under greenhouse. Three relative water depths (2/3, 1, 3/2), based on calculated leaching water depth,
were applied by drip irrigation and flood, resulting in a 2x3 factorial scheme, with 3 replications.
From the obtained results, we concluded that the application by drip was more efficient than flood in
leaching the salts accumulated in the soil, and the relative water depth and coefficient K of 0,9 and 0,1
for drip and 1,3 and 0,2 for flood, respectively, should be used.
KEYWORDS: Salinity, leaching, leaching efficiency.

INTRODUÇÃO: Sob condições irrigadas, muitas vezes, os sais podem elevar a salinidade do solo,
resultando numa salinidade maior do que a desejada. Com o aumento na quantidade de água aplicada
em cada irrigação, o nível de salinidade do solo pode ser reduzido devido ao aumento do volume de
água percolado abaixo da região radicular da cultura (PETERSEN, 1996). Em ambiente protegido,
BLANCO (1999) e MEDEIROS (1998), cultivando pepino e pimentão, respectivamente, verificaram
que a aplicação de diferentes frações de lixiviação não foram suficientes para evitar o acúmulo de sais
na região radicular da cultura, sendo que a salinidade do solo aumentou linearmente com a salinidade
da água de irrigação utilizada. Em condições de campo, a precipitação pluviométrica é responsável
pela lixiviação de grande parte dos sais acumulados, o que não acontece nos cultivos protegidos, onde
a única fonte de água provém da irrigação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência da
lavagem de recuperação em um solo salinizado em ambiente protegido, utilizando diferentes lâminas
de lavagem e métodos de aplicação.

MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi realizado na área experimental do Departamento de


Engenharia Rural da USP/ESALQ, em um solo argiloso do tipo Terra Roxa Estruturada, série “Luiz
de Queiroz”. A recuperação do solo foi realizada logo após um ciclo de pepino em ambiente
protegido, no qual foram utilizadas águas de irrigação com diferentes salinidades, proporcionando
diversos níveis de salinidade do solo. As parcelas experimentais foram os próprios canteiros, os quais
tiveram o solo amostrado no final do ciclo da cultura na profundidade de 0-60 cm, sendo as amostras

1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Projeto financiado pela FAPESP.
2
Eng. Agrônomo, MS, doutorando em Irrigação e Drenagem, USP/ESALQ. Av. Pádua Dias, 11, CEP 13418-900, Piracicaba, SP. E-mail:
ffblanco@carpa.ciagri.usp.br. Tel: (19) 429-4217, ramal 268.
3
Eng. Agrônomo, DR, professor associado, Departamento de Engenharia Rural, USP/ESALQ.
4
Eng. Agrônomo, DR, professor, Departamento de Engenharia Agrícola, ESAM - Mossoró, RN.
retiradas a 5 cm de distância do gotejador e a 10 cm da planta, formando uma amostra composta para
cada parcela experimental. Foi determinada a condutividade elétrica das amostras pelo método da
pasta de saturação (CEes), que é o método padrão para expressar a salinidade do solo. RHOADES &
LOVEDAY (1990) sugerem a seguinte expressão para o cálculo da lâmina de lavagem:
C - Ca
L = K⋅Z⋅ 0
C - Ca
sendo: L a lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, mm; K um coeficiente que
depende do método de aplicação da lâmina e do tipo de solo, adimensional; Z a profundidade do solo
que deseja-se recuperar, mm; C0 a concentração de sais na solução do solo antes da recuperação,
dS.m-1; C a concentração de sais na solução do solo depois da recuperação, dS.m-1 e Ca a concentração
de sais da água de irrigação usada na recuperação, dS.m-1. O valores de Z, C e Ca utilizados foram
600mm, 1,5 dS.m-1 e 0,22 dS.m-1, respectivamente. Para os valores de K, considerou-se 0,1 para
gotejamento e 0,2 para inundação. Foram empregados dois fatores experimentais, sendo eles os
métodos de aplicação das lâminas (gotejamento e inundação) e diferentes lâminas relativas, sendo:
2⋅L 3⋅L
D1 = D2 = L D3 =
3 2
sendo D a lâmina relativa de lavagem, mm. O delineamento estatístico adotado foi o de blocos
casualisados, com 3 repetições, sendo os fatores arranjados no esquema fatorial 2x3. Após a aplicação
das lâminas, o solo permaneceu coberto com lona plástica por um período de 10 dias, após o qual
realizou-se uma nova amostragem, em pontos próximos aos utilizados na amostragem inicial, e foram
avaliadas a salinidade média na camada de 0-60 cm após a recuperação (CEF); redução da salinidade
promovida pela lixiviação, (CEI-CEF); relação entre a salinidade depois e antes da recuperação
(CEF/CEI) e o coeficiente K, determinado a partir dos dados de salinidade do solo após a
recuperação, pela equação de RHOADES & LOVEDAY (1990).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Verifica-se, pela Figura 1, que a salinidade do solo foi reduzida
após a lavagem, apresentando maiores reduções para o método de aplicação por gotejamento, sendo
que a salinidade do solo diminuiu com o aumento da lâmina relativa de lavagem. Por outro lado,
quando a aplicação foi realizada por inundação, a redução da salinidade do solo foi menos afetada
pelo aumento da lâmina relativa de lavagem. A análise estatística, apresentada na Tabela 1,
demonstrou que CEF e a relação CEF/CEI reduziram linearmente, enquanto (CEI-CEF) aumentou,
com o aumento da lâmina relativa de lavagem quando a recuperação foi realizada por gotejamento,
não apresentando diferença significativa para a aplicação por inundação. Além disso, a lâmina relativa
D3 proporcionou uma salinidade final significativamente menor para gotejamento, como também uma
menor relação CEF/CEI, do que a aplicação por inundação, sendo que a redução na salinidade não
apresentou diferença significativa entre os métodos de aplicação, embora o valor para gotejamento
tenha sido 2,2 vezes menor do que para a aplicação por inundação.
3,5
3,0
CEes (dS.m )
-1

2,5
y = -0,2887x + 1,8777
2,0 2
r = 0,93 Got. Antes
1,5 Got. Depois
1,0 y = -0,7048x + 2,1281 In. Antes
2
0,5 r = 0,97 In. Depois
0,0
0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
Lâmina relativa de lavagem
Figura 1. Salinidade do solo (CEes) antes e depois da aplicação das lâminas de lixiviação por
gotejamento e inundação, utilizando diferentes lâminas relativas de lavagem.
Para a aplicação por gotejamento, o coeficiente K apresentou valores que variaram de 0,08 a 0,10,
estando estes bastante próximos ao recomendado por HOFFMAN (1980). Para a recuperação por
inundação, os valores de K variaram de 0,15 a 0,28 com o aumento da lâmina aplicada, aproximando-
se do valor recomendado para a aplicação por inundação contínua que é de 0,3. O valor estimado do
coeficiente K após a recuperação por gotejamento não apresentou variações estatisticamente
significativas (Tabela 1) com o aumento da lâmina de lavagem, sendo que este apresentou aumento
linear quando a recuperação foi realizada por inundação.

Tabela 1. Resumo da ANAVA e médias da salinidade do solo após a recuperação (CEF), redução da
salinidade (CEI-CEF), relação entre a salinidade final e a inicial (CEF/CEI) e coeficiente K
da equação de RHOADES & LOVEDAY (1990) para os diferentes métodos de aplicação da
lâmina e lâminas relativas de lavagem.
Teste F
Fator CEF CEI-CEF CEF/CEI Constante k
Got. Inund. Got. Inund. Got. Inund. Got. Inund.
- Lâm. Lav. 15,1* 0,52 4,78 0,72 10,99* 0,25 3,07 5,65
Linear 29,29** 0,96 9,43* 1,10 21,98* 0,24 6,10 11,07*
Quadr. 0,92 0,07 0,14 0,35 0,001 0,26 0,04 0,22
Valores médios1
- Lâm. Lav.
D1 1,69a 1,66a 0,79a 1,29a 0,69a 0,56a 0,077a 0,15a
D2 1,36a 1,63a 1,15a 0,95a 0,56a 0,63a 0,089b 0,22a
D3 1,09b 1,43a 2,02a 0,90a 0,36b 0,62a 0,103b 0,283a
* Significativo ao nível de 0,05 de probabilidade pelo teste F
** Significativo ao nível de 0,01 de probabilidade pelo teste F
1
Médias seguidas por letras diferentes nas linhas apresentam diferença significativa ao nível de 0,05 de
probabilidade pelo teste de Tukey entre a aplicação por gotejamento e inundação, para cada variável
analisada.

CONCLUSÕES: Pelos resultados observados neste trabalho, concluiu-se que a aplicação da lâmina
de lavagem pelo sistema de irrigação por gotejamento apresentou maior eficiência na lixiviação do
excesso de sais do solo, em comparação com a aplicação por inundação. Pela equação de regressão da
CEF, apresentada na Figura 1, pode-se dizer que a lâmina relativa de lavagem e o valor do coeficiente
K para reduzir a salinidade do solo para 1,5 dS.m-1 devem ser de 0,9 e 0,1 para gotejamento e 1,3 e
0,2 para inundação, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BLANCO, F.F. Tolerância do pepino enxertado à salinidade em ambiente protegido e controle da
salinização do solo. Piracicaba, 1999. 104p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.
HOFFMAN, G.J. Guidelines for reclamation of salt-affected soils. In: INTER-AMERICAN
SALINITY WATER MANAGEMENT TECHNOLOGY CONFERENCE, Juarez,
1980. Proceedings. Juarez: 1980. p.49-64.
MEDEIROS, J.F. Manejo da água de irrigação salina em estufa cultivada com pimentão. Piracicaba,
1998. 152p. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade
de São Paulo.
PETERSEN, F.H. Water testing and interpretation. In: REED, D.W. (Ed.) Water, media,
and nutrition for greenhouse crops. Batavia: Ball, 1996. cap.2, p.31-49.
RHOADES, J.D.; LOVEDAY, J. Salinity in irrigated agriculture. In: STEWART, D.R.; NIELSEN,
D.R. (Eds.) Irrigation of agricultural crops. Madison: ASA/CSSA/SSSA, 1990. cap.36,
p.1089-1142. (Agronomy, 30)

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