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De uma carta para Christopher Tolkien 29 de

Novembro de 1943
[No verão de 1943, Christopher, na altura com 18 anos,
foi chamado para a Força Aérea Real. Quando esta carta
foi escrita ele estava no campo de treinos em
Manchester.]
As minhas opiniões políticas inclinam-se cada vez mais
para a Anarquia (do ponto de vista filosófico, significando
abolição de controle e não homens com bigode e
bombas) – ou para a Monarquia ‘inconstitucional’. Eu
prendia qualquer pessoa que usasse a palavra Estado
(em qualquer sentido que não o de reino inanimado de
Inglaterra e os seus habitantes, algo que não tem poder,
direitos ou engenho); e após uma hipótese de retratação,
executava-os todos se eles se mantivessem obstinados!
Se pudéssemos voltar aos nomes pessoais, seria muito
melhor. Governo é um nome abstracto traduz o acto de
governar e devia ser uma ofensa escrever tal palavra com
um G maiúsculo quando nos referimos a pessoas. Se as
pessoas tivessem o hábito de se referirem a ‘concílio do
Rei George, Winston e o seu gang’ percorreriam um longo
caminho até terem ideias esclarecidas e até reduzirem o
espantoso desmoronamento até à Teocracia. De qualquer
forma o estudo adequado do Homem é tudo menos
Homem; e o mais inadequado ofício de um homem, até
dos santos (que de qualquer modo, no mínimo, não
tinham vontade de o exercer) é o de mandar em outros
homens. Nem um em um milhão é talhado para essa
tarefa, e ainda numa proporção menor entre todos os que
buscam a oportunidade de exercer essa tarefa. E por fim,
a tarefa é exercida sobre um pequeno grupo de homens
que sabem quem é o mestre. Os homens medievais
aceitavam como certo o nolo efiscopari (do latim: eu não
desejo tornar-me um bispo), como o melhor argumento
que um homem podia dar para o tornarem um bispo.
Arranjem-me um rei cujo principal interesse na vida sejam
selos, caminhos de ferro, ou corridas de cavalos; e que
tem poder de despedir o seu Vizir (ou o que lhe quiserem
chamar) se não gostar do modelo das suas calças. E
assim sucessivamente. Mas, é claro que, a fraqueza fatal
em tudo isso – apesar de contas apenas as fraquezas
fatais de todas as coisas boas e naturais numa coisa má
são capazes de corromper o mundo não natural – é que
isso resulta e tem resultado apenas quando todo o mundo
se está a intrometer com a velha e ineficiente forma de
viver humana. Os inflamáveis e engenhosos Gregos,
conseguiram resolver o problema com Xerxes; mas os
abomináveis químicos e engenheiros colocaram um poder
tremendo nas mãos de Xerxes, e todos os formigueiros
que as pessoas decentes deixaram de ter hipóteses.
Todos estamos a tentar fazer o toque de Alexandre – e,
como reza a história, isso orientalizou Alexandre e os
seus generais. O pobre tolo cheio de caprichos (ou
gostava de pessoas caprichosas) era filho de Dionysus, e
morreu devido à bebida (os problemas de saúde
começaram durante uma festa onde se bebeu muito).
A Grécia que valia a pena salvar das garras da Pérsia
pereceu de qualquer forma; e tornou-se algo semelhante
a Vichy-Hellas ou Fighting-Hellas (que não lutava),
falando acerca de honra e cultura Helénica, florescendo
através da venda do que na altura equivalia aos postais
indecentes. Mas o horror especial do mundo actual é o
facto de estas todas estas coisas condenadas estarem
dentro do mesmo saco. Não há sítio para onde fugir. Até
os pequenos e infortunados Samoyedes (tribos que
praticavam agricultura, parte nómadas, parte
sedentárias que eram encontradas no norte da Sibéria
e na Península de Taymir), acho eu, enlataram comida e
o rádio da aldeia contava as histórias de cabeceira de
Stalin acerca de Democracia e dos malvados fascistas
que comiam bebés e roubavam os cães que puxavam os
trenós. Há apenas um ponto brilhante, o hábito crescente
dos homens enfadados de dinamitar fábricas e centrais
eléctricas; eu espero que, encorajado como ‘patriotismo’,
possa manter-se como um hábito! Mas não vai servir de
nada se não for universal.
Bem, alegria e afins para ti, querido filho. Nascemos
numa era negra sem o tempo merecido (para nós). Mas
existe este conforto: de outra forma não conheceríamos,
nem amaríamos aquilo que amamos. Imagino que o peixe
fora de água seja o único peixe que realmente
compreenda o que é a água. Do mesmo modo, nós ainda
temos palavras pequenas para usar. ‘Eu não me
ajoelharei perante a Coroa de Ferro, nem deitarei o meu
pequeno ceptro de ouro ao chão.’ (duas linhas do
poema de Tolkien que nunca chegou a ser publicado,
'Mythopoeia', escrito para C. S. Lewis). Manda nos
Minérios, com palavras aladas, hildenaeddran (víbora de
guerra), dardos afiados – mas certifica-te da marca, antes
de disparares.
As expressões a negrito são notas que me pareceram
oportunas para a boa compreensão do texto.

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