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EDcl no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 24.

503 - DF
(2007/0157442-6)

RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA

EMBARGANTE : UNIÃO

EMBARGADO : MARCELO TEIXEIRA GALLERANI

ADVOGADO : SEBASTIÃO JOSÉ LESSA E OUTRO(S)

RELATÓRIO

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA:

Trata-se de embargos de declaração no recurso ordinário em


mandado de segurança opostos pela UNIÃO contra acórdão cuja
ementa restou assim publicada (fl. 1.336):

DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO


EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. ANULAÇÃO DO ATO DE
NOMEAÇÃO. FRAUDE AO CONCURSO. NÃO-COMPROVAÇÃO. LAUDO
ESTATÍSTICO. INSUFICIÊNCIA. RECURSO PROVIDO.

1. Não há discricionariedade no ato administrativo que impõe sanção


disciplinar a servidor público, pelo que o controle jurisdicional de tal
ato é amplo. Precedentes do STJ.

2. A aplicação da sanção disciplinar deve estar amparada em


elementos probatórios contundentes, mormente em se tratando de
anulação do ato de nomeação. Não se presta para tal finalidade mera
probabilidade construída a partir de laudo estatístico.

3. Recurso ordinário provido. Segurança concedida.

A embargante sustenta, em síntese, que o acórdão embargado foi


omisso quanto ao fato de que "a análise judicial da aplicação de pena
disciplinar restringe-se aos aspectos formais, mas não pode adentrar
ao chamado mérito administrativo" (fl. 1.343), de modo que, "Não
ocorrendo defeitos por ilegalidade do ato, tais como a incompetência
da autoridade, a inexistência de norma autorizadora da pena e a
preterição de formalidade essencial, é incabível o mandado de
segurança contra ato que aplica pena disciplinar" (fl. 1.344).

Alega que "Não há se cogitar, também, quanto à força probante do


laudo estatístico, uma vez que foi utilizado como prova indiciária que,
juntamente com a análise de todo o acervo probatório, culminou na
aplicação da pena" (fl. 1.349), de modo que a revisão de tal
entendimento demandaria dilação probatória, o que é inviável em
mandado de segurança.

É o relatório.

EDcl no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 24.503 - DF


(2007/0157442-6)

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS


DECLARATÓRIOS NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. PRETENSÃO DE SE REDISCUTIR
A LIDE. EMBARGOS REJEITADOS.

1. Os embargos de declaração consubstanciam instrumento


processual apto a suprir omissão do julgado ou dele excluir qualquer
obscuridade ou contradição. Não se prestam para rediscutir a lide.

2. Embargos de declaração rejeitados.

VOTO

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator):

Presentes os requisitos de admissibilidade dos embargos de


declaração, deles conheço. Não há, entretanto, omissão, contradição
ou obscuridade a serem sanadas, conforme exige o art. 535 do
Código de Processo Civil.

Com efeito, no tocante aos limites do controle judicial dos atos


administrativos, o acórdão embargado foi expresso ao decidir que
(fls. 1.328/1.329):

De início, cumpre salientar que a Terceira Seção do Superior Tribunal


de Justiça firmou entendimento no sentido de que não há
discricionariedade no ato administrativo que impõe sanção disciplinar
a servidor público, pelo que o controle jurisdicional de tal ato é amplo.
Nesse sentido:

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO DISCIPLINAR.


DISCRICIONARIEDADE. INOCORRÊNCIA. PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA
AUSENTE. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA.

I - Tendo em vista o regime jurídico disciplinar, especialmente os


princípios da dignidade da pessoa humana, culpabilidade e
proporcionalidade, inexiste aspecto discricionário (juízo de
conveniência e oportunidade) no ato administrativo que impõe
sanção disciplinar.

II - Inexistindo discricionariedade no ato disciplinar, o controle


jurisdicional é amplo e não se limita a aspectos formais.

III - A descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando


do indiciamento do servidor, após a fase instrutória, na qual são
efetivamente apurados, e não na portaria de instauração ou na
citação inicial.

IV - Inviável a apreciação do pedido do impetrante, já que não consta,


neste writ, o processo administrativo disciplinar, o qual é
indispensável para o exame da adequação ou não da pena de
cassação de aposentadoria aplicada, considerando, especialmente, a
indicação pela Comissão Disciplinar de uma série de elementos
probatórios constantes do PAD, os quais foram considerados no ato
disciplinar.

Ordem denegada, sem prejuízo das vias ordinárias. (MS 12.983/DF,


Rel. Min. FELIX FISCHER, Terceira Seção, DJ 15/2/08)

Também não prospera a alegação de que o exame da pretensão do


embargado demandaria dilação probatória. Com efeito, a concessão
da ordem foi fundamentada exclusivamente com base na prova pré-
constituída que instruiu o mandamus, ou seja, os autos do próprio
processo administrativo disciplinar a que foi submetido o embargado.

Da análise do referido processo administrativo, realizada com base no


entendimento exposto acima, de que não há discricionariedade no
ato que impõe sanção disciplinar a servidor público, foi constatada a
ausência de fundamentos que justificassem a anulação da nomeação
do embargado para o cargo que ocupava.

Com efeito, não obstante haja menção no relatório final da Comissão


Disciplinar quanto à existência de outros indícios que comprovem a
participação do embargado na fraude ao concurso, a anulação da sua
nomeação se deu exclusivamente com base no laudo estatístico, que,
segundo afirma a própria embargante, serviria apenas como prova
indiciária.

Porém, conforme salientado no acórdão embargado, com exceção do


laudo estatístico, nenhum dos outros indícios foi objeto de
investigação capaz de infirmar as alegações da defesa apresentada
pelo embargado, tanto que ele sequer foi indiciado no inquérito
policial instaurado para apurar a fraude ao concurso. E, por estar
fundado em probabilidades, tal laudo não pode servir como único
fundamento para a anulação do ato de nomeação do embargado.
Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO


DISCIPLINAR. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CORRUPÇÃO.
DEMISSÃO. REEXAME DAS PROVAS. AUTORIDADE COMPETENTE.
FORMALIDADES ESSENCIAIS. PROPORCIONALIDADE. NÃO FORMAÇÃO
DE CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. ORDEM CONCEDIDA.

.................................................................................

2. A infração funcional consistente em recebimento de vantagem


econômica indevida (propina), e de resto todas as infrações que
possam levar à penalidade de demissão devem ser respaldadas em
prova convincente, sob pena de comprometimento da razoabilidade e
da proporcionalidade. Precedente: MS 12.429/DF, Rel. Min. FELIX
FISCHER (DJU 29.06.2007).

3. O acervo probatório não se mostra suficiente para revelar, de


maneira ampla e indubitável, a corrupção supostamente cometida
pelo Policial Rodoviário Federal, eis que se resume só e apenas aos
depoimentos, de mesmo conteúdo, prestados pelo própria vítima e
seu patrão, que descreveram o ato de corrupção sofrido.

4. A proporcionalidade da sanção aplicada resta comprometida


quando não se vislumbram, no conjunto de provas colacionado aos
autos, elementos de convicção que desafiem a persistência de
dúvidas ou incertezas quanto ao fato típico imputado ao agente.

5. Segurança concedida para anular a Portaria 513, de 07.03.2007,


que demitiu o impetrante do cargo de Policial Rodoviário Federal,
promovendo-se a sua reintegração no cargo. (MS 12.957/DF, Rel. Min.
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Terceira Seção, DJe 26/9/08)

Desta forma, mostra-se nítido o caráter exclusivamente infringente


que a embargante pretende atribuir ao presente recurso. E, não
obstante doutrina e jurisprudência admitam a modificação do acórdão
por meio dos embargos de declaração, essa possibilidade sobrevém
como resultado da presença dos vícios que ensejam sua interposição,
o que, conforme visto acima, não ocorre no presente caso, em que a
questão levada à apreciação do órgão julgador foi devidamente
exposta e analisada, não havendo omissão ou contradição a serem
sanadas.
Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.

É o voto.

Documento: 8960134 RELATÓRIO, EMENTA E VOTO

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