Sie sind auf Seite 1von 19

Relatório do projecto Greenville,

desenvolvido no âmbito da residência


curricular no INESC Porto,
de Janeiro a Abril de 2010

Maria Joana Rodrigues Sobral


Docente Orientador: Adriano Rangel

Mestrado em Design da Imagem


Faculdade de Belas Artes
da Universidade do Porto
Maio de 2010
Descrição da produção do projecto, o problema
e contextualização ao nível do design, da ciência
e da imagem

página 3

Diagrama ilustrativo dos conceitos, pressupostos


e condicionantes do projecto

página 7

Imagens

página 8
A residência no INESC Porto, no contexto da unidade vários níveis de informação ou diferentes cenários para
curricular “A Imagem da Ciência”, foi o pretexto ideal assim justificar a utilização da linguagem do design de
para trabalhar em representações visuais de realidades informação.
complexas. Daí a escolha da primeira área de trabalho O horizonte temporal do projecto permitiu que
proposta, “Visualização de conceitos científicos”. fosse feita esta primeira pesquisa que, por sua vez,
O objectivo foi, então, desenvolver um projecto de possibilitou uma ponderação adequada das opções.
design de informação. Assim, muito tempo foi passado em entrevistas e
Mas antes de qualquer pesquisa formal, era conversas informais com diferentes cientistas do
imprescindível compreender o universo desta INESC Porto. Procurámos desvendar, ainda que de
instituição de uma forma global, isto é, analisar uma forma um tanto intuitiva nesta fase inicial, os
— ainda que muito sumariamente — os diferentes materiais que encaixariam nas necessidades acima
conteúdos ali tratados. Sabíamos que só depois de referidas. Falámos directamente com responsáveis
uma primeira sondagem das possibilidades é que se das Unidades de Telecomunicações e Multimédia,
criariam condições para uma escolha informada do Sistemas de Produção, Sistemas de Energia e
material representar. Informação e Computação Gráfica. Mas, se quase
O eleito acabou por ser o projecto MERGE todos os projectos se enquadravam potencialmente
(Mobile Energy Resources for Grids of Electricity), nestes critérios, nenhum nos parecia suficientemente
desenvolvido pela Unidade de Sistemas de Energia do aliciante. A grande maioria girava em torno de
INESC Porto. Foram vários os factores que ditaram questões pouco emocionantes, pelo menos assim nos
esta escolha. Primeiro, era preciso encontrar um parecia. Ainda assim, o projecto MERGE da Unidade
único projecto da instituição. A especificidade era de Sistemas de Energia, o projecto MICROGRIDS da
um factor determinante por motivos óbvios: aquilo mesma Unidade e o projecto CAALYX da Unidade de
que se pretendia era desenhar um único objecto Informação e Computação Gráfica aproximavam-se
visual representativo de um determinado universo, mais do mundo real, isto é, traziam implicações mais
portanto, contemplar-se-ia apenas um assunto. Depois imediatas à vida das pessoas e, portanto, ocuparam o
era igualmente importante escolher conteúdos que TOP dos candidatos.
pudessem ser transformados numa imagem passível de Ainda ponderámos desenhar um conjunto de
ser lida e entendida por um público leigo. Ou, dito de ícones ou pictogramas que pudessem ser utilizados
outro modo, quais os projectos do INESC Porto que por todas as unidades do INESC Porto em materiais
poderiam interessar ao comum cidadão? O que é que de comunicação, mas cedo percebemos que nos
ali interfere de forma mais directa na vida das pessoas? interessava mais trabalhar a partir de um único
Não se pretendia trabalhar sobre conceitos demasiado projecto, perceber as suas mecânicas e representá-
abstractos, queria-se antes comunicar consequências -las. Porque, se assim fosse, o trabalho implicaria um
tangíveis. Finalmente, o projecto escolhido teria de mergulho real no universo de estudo, coisa que nunca
ser suficientemente complexo, isto é, teria de abranger seria feita se o universo de estudo deixasse de ser um

página 3
só projecto para passar a ser toda a instituição. ser ilustrado?
O MERGE é um projecto megalómano, que Claro que não podemos dizer que partimos para
introduz mudanças de fundo no paradigma da a investigação formal sem qualquer ideia daquilo
produção e consumo de energia. Igualmente, o que poderia ser o resultado final. Talvez até a escolha
projecto traz implicações para um conjunto bastante do MERGE tenha sido ela própria resultado de uma
alargado de realidades desde a massificação do carro reflexão sobre quais os projectos da instituição que
eléctrico até à produção doméstica de electricidade ou encaixariam eventualmente naquilo que era já uma
à utilização segura de energias alternativas. Pareceu- imagem mental muito embrionária do que se pretendia
-nos, portanto, um bom candidato. experimentar.
Feita a escolha, era preciso averiguar a melhor De qualquer forma, na procura pela resposta à
forma de representar visualmente os conceitos nossa pergunta, fomos compreender o funcionamento
contidos no projecto. Seguiu-se então uma procura do projecto. Da análise aprofundada dos conteúdos
muito prática por sistemas formais que servissem estes resultou uma lista dos elementos a representar bem
conceitos. como um conjunto de esquiços que ensaiavam as
diferentes relações entre esses elementos. Porque
“And yet, as the word inFORMation itself implies, there a nossa lista contemplava quase exclusivamente
is a hidden form-making impulse in information society. Or, objectos pertencentes ao mundo físico (casas,
at least, we can say that information processes often leave carros, sol, nuvens) e, portanto, passíveis de ser
material residues. Or, to be more brutal but more honest, distribuídos pelo espaço, optámos por utilizar o
that information processes can be forced to leave material plano axonométrico. A representação axonométrica
forms. More challenging, though, is to figure out (…) the ways revelou-se a mais adequada porque não privilegia
to translate information into forms which are intrinsic rather nenhum ponto de vista, isto é, oferece-nos uma
than alien to this information.”1 visão simultaneamente global e detalhada. Por outro
lado, simula a tridimensionalidade e assemelha-se à
Esquiço de ensaio das relações entre os objectos.
Sabíamos que as decisões formais dependeriam perspectiva linear, permitindo assim o desenho de
dos próprios conceitos do projecto da USE ou, por uma paisagem próxima do mundo real.
outras palavras, que a resposta ao problema estava
contida no próprio problema. Não fazia sentido “If we can show data as blocks, spheres, rivers, nets, or
subordinar o MERGE a quaisquer intenções formais landscapes, we open up a new and rich visual language
prévias. O principal problema era então este: que through which the external world is brought into our internal
representação visual melhor serve este propósito? O world of understanding.”2
que é que o MERGE nos diz sobre a forma como deve

1 MANOVICH, Lev – Information and Form, 2000. [Consult. 5 2 HEERDEN, Ferdi van. In KLANTEN, Robert, BOURQUIN, Nicolas
Maio 2010]. Disponível em WWW: <http://www.manovich.net/IA/ (ed. ) – Data Flow: Visualising Information in Graphic Design.
electrolobby.html>. Berlin: Gestalten, 2008, p. 7.

página 4
“The spatial arrangement of data imposes flow, Naturalmente, à medida que o trabalho foi
direction, context and order. (...) The intuitive three- crescendo houve decisões que tiveram de ser revistas.
dimensional reasoning we apply to the world in order to No entanto, o resultado final acabou por não se
survive everyday tasks can help us understand and read distanciar muito daquilo que se tinha traçado numa
datascapes. Our experience of depth, order, and flow is fase inicial como o objectivo. O processo de trabalho
imposed upon visual expressions of abstracted data.”3 foi tranquilo e regular. Talvez porque a natureza do
infografia exigia que o planeamento fosse muito
Outra das conclusões a que chegámos no decorrer cuidado, não encontrámos surpresas dramáticas pelo
do processo de trabalho foi a de que era possível — caminho.
e desejável — dividir a totalidade dos conteúdos Falámos já das decisões de design que se prendem
em porções ou micro-universos. Pareceu-nos mais com a estrutura da informação. Mas houve que tomar
honesto representar cada um dos cenários propostos outras decisões, também elas determinantes não só
pelo MERGE de forma individual e compô-los, depois, para a legibilidade dos conteúdos mas também para
numa imagem única. A tarefa que se seguiu foi, então, o entendimento daquele projecto pelo público como
a de identificar cada um destes cenários. Assim, a um projecto útil e positivo. Quer-se com isto dizer que
imagem a que chegámos é lida aos bocados, um pouco não se procurou apenas tornar inteligíveis os conceitos
à semelhança da banda desenhada, apesar de dispensar mas também provocar no observador alguma emoção,
a linearidade. A ordem pela qual percorremos a para que de forma quase imediata se construísse entre
imagem não interfere com o sentido do que é lido ele e aquele objecto uma empatia que convidasse à Estudo para um cenário.
mas continuamos a precisar de tempo para entender leitura. Era importante que a imagem conseguida fosse
aquela narrativa: o nosso olhar terá de demorar-se capaz de comunicar as vantagens do projecto para
primeiro numa porção da imagem em detrimento o ambiente, para a saúde económica do país e para
das restantes para depois passar à porção seguinte e o bolso dos consumidores e que o ambiente visual
assim sucessivamente. A imagem total é composta de criado passasse esta ideia de felicidade e bem-estar.
pequenas imagens relativamente independentes umas As formas arredondadas das personagens, a
das outras e as fronteiras entre elas não são evidentes. sua humanização, as escolhas cromáticas, enfim,
Isto acontece deliberadamente, até porque a nossa alguma infantilização daquele contexto complexo e
intenção era construir a imagem de uma cidade, logo, eventualmente pouco aliciante, foram opções gráficas
de um organismo uno e fluido. deliberadas cujo objectivo tinha mais que ver com a
Acreditámos ser esta a forma mais lógica de procura por uma afinidade com o público do que com
traduzir visualmente aqueles conteúdos, por outras a procura pela clareza da informação.
palavras, a representação que traia menos o seu Os veículos transformaram-se em pessoas e
referente ou que mais directamente derivava dele. aparecem contentes se são movidos a energia eléctrica
e aborrecidos se usam combustíveis fósseis. Muito
clara está a distinção entre o maravilhoso e colorido
3 Id., ib., p. 98.

página 5
mundo do carro eléctrico e das energias alternativas e representam ligações e trocas) talvez se confundam
o triste e cinzento mundo do petróleo, das bombas de demasiado. Porque a imagem era necessariamente
gasolina e das emissões de CO2. Percebemos que estes colorida, acabou por se tornar algo complicado
dois mundos são países diferentes porque a passagem distinguir estes dois níveis de informação e, apesar de
do mundo tristonho para o mundo feliz é marcada por não pertenceram ao mundo físico, as linhas escondem-
uma fronteira territorial, reforçando assim a ideia de se atrás dos edifícios, obedecendo às regras da
uma independência energética e financeira do país perspectiva axonométrica. As linhas que transportam
face ao estrangeiro. O título do trabalho vem também a electricidade parecem pertencer simultaneamente
neste sentido: Greenville sugere-nos imediatamente a ao mundo das coisas tangíveis (a ficha eléctrica que
imagem de uma cidade feliz e também ecológica. aparece numa das extremidades das linhas fá-las
Muito importante foi o facto de termos parecer cabos) e ao mundo das coisas simbólicas
conseguido definir uma identidade gráfica para (ao longo das linhas aparecem setas que indicam o
os ícones e os elementos que constroem o fundo. sentido do fluxo da energia). Talvez se pudesse ter
Porque optámos pela representação axonométrica, evitado esta mistura pouco assumida entre os dois
todos os objectos foram desenhados sobre uma níveis de informação caso se tivessem conseguido criar
grelha construída com losangos. Depois, houve que efectivamente duas camadas independentes e fáceis de
nivelar outros factores, como as relações de escala e distinguir.
o contorno dos objectos não pertencentes ao fundo. Finalmente, importa dizer que houve a
Foi ainda necessário pensar as diferenças morfológicas preocupação de legitimar cientificamente os conteúdos
entre personagens animadas e não animadas e entre representados. Queríamos que a infografia fosse Exemplo da humanização de um objecto.
personagens terrestres e atmosféricas. honesta, caso contrário nem sequer cumpriria o
Relativamente aos conteúdos, optou-se por objectivo primário do design de informação. Se
introduzir alguns elementos lúdicos e despropositados, a ideia do exercício era tornar visíveis conceitos
que em nada acrescentam se tivermos apenas em conta científicos, desrespeitá-los significava não responder
a narrativa informativa mas que contribuem para o ao enunciado. Desta forma, e numa fase já avançada
ambiente alegre e primaveril do mundo feliz: as nuvens do desenho, procurámos confrontar os responsáveis
que lêem o jornal e se esquecem de soprar, os patinhos pela Unidade de Sistemas de Energia com o trabalho.
e o barco na barragem, a loja de gelados ou a lavagem A conversa permitiu tirar algumas dúvidas e concluir
automática de automóveis são alguns deles. o projecto.
Há, no entanto, coisas que sentimos terem ficado
por fazer. As linhas que representam os percursos
da energia e do dinheiro poderiam ter sido melhor
estudadas, por exemplo. Os dois níveis de informação
Grelha utilizada no desenho dos objectos.
representados na infografia (o nível dos elementos
figurativos e o nível dos elementos abstractos que

página 6
Contacto Contínuo Naive Humanização / Personificação

Informação fidedigna Infantilização Humor

Validação científica
Emoção Alegria
dos conteúdos
Mundo Bom Mundo Mau
Empatia com o público
Distinção Capacidade comunicativa
Legibilidade (leitura intuitiva)
Figurativo / Mundo físico Cor Compreensão da informação
Losangos
Níveis de informação 120º
Abstracto / Ligações Grelha de construção 120º
Design de informação Identidade
Simulação da tridimensionalidade 120º
Agregadores
Coerência formal entre os ícones Axonometria
Distribution System Operator Veículos eléctricos
MERGE Animadas
Expressões
USE Transporte longo curso Personagens faciais
Produção & INESC Porto Inanimadas
Consumo doméstico Ambiente Geral
Relações de escala Atmosféricas & Local
Energias Alternativas (In)dependência Contorno Terrestres Semelhante
Sol, Vento, Água económica Equilibrio curvas / rectas à perspectiva
Combustíveis fósseis e emissões de CO2
Smart Grids (s/ vento) Narrativa não linear
Carregamento em casa BD Visualização / Estrutura Desenho Vectorial

Carregamento no espaço público Divisão em cenários Detalhe


Produção própria & Consumo
Cidade
Paisagem / Datascape
Produção própria & Venda O mínimo de texto
Consumo tradicional Tipografia
Transporte e Carregamento
Legenda
Energias Alternativa ligadas directamente ao DSO
Primeiros esquiços:
Organização da informação;
Pesquisa formal;
Ligações entre objectos.

página 8
página 9
página 10
página 11
Estudos para a construção dos cenários.

página 12
página 13
página 14
Desenho vectorial:
Screens documentais do processo de trabalho.

página 15
página 16
Referências Visuais

In KLANTEN, Robert, BOURQUIN, Nicolas (ed. ) – Data Flow:


Visualising Information in Graphic Design. Berlin: Gestalten,
2008

página 17
página 18
Resultado (pormenor)

página 19

Das könnte Ihnen auch gefallen