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Bibliografia:
Parte Geral, Rogério Greco, Vol. I
Parte especial: Código Comentado
A data do início da lei penal é aquela que é dada pela vacatio legis, isto é,
após a publicação começa a correr o prazo da vacatio (em regra esse tempo é de 45
dias após a sua publicação, mas pode ser maior ou menor).
Pode ocorrer também que a lei entre em vigor na data da sua publicação,
sem a vacatio legis, conforme texto da própria lei.
A eficácia temporal da norma penal vai variar conforme o tipo de lei. Se for uma
lei comum, seu prazo será indeterminado e regularam situações ordinárias (como o
homicídio, por exemplo). Tais leis só perderão a validade com a revogação desta por
outra lei, ou se forem consideradas inconstitucionais. A revogação pode ser total (ab-
rogação) ou parcial (derrogação). Pode ser também expressa ou tácita (quando a lei
posterior for incompatível com a anterior – ex. art. 244 – A do ECA foi revogado
tacitamente pelo art. 218 - B do Código penal, conforme princípio da novidade, em que
a lei mais nova revoga a mais antiga quando tratarem de mesmo assunto).
No caso das leis temporárias, elas já possuem em seu próprio texto uma
data para a sua auto-revogação (mas se houver uma lei nova antes desse prazo final
ocorrerá a revogação da lei temporária, sem problemas).
Há também as leis excepcionais, que estão vinculadas a um fato para terem
início e fim (ex.: em casos de guerra é permitida a pena de morte) e, finalizando-se
esse fato excepcional, finda-se a vigência da lei.
Para se aplicar a lei penal adequada, deve-se saber a data de ocorrência do fato
criminoso. Assim, o tempo do crime é estabelecido pelo art. 4º do CP. São três
teorias:
Exceções à teoria da atividade, isto é, a data do crime vai deixar de ser um dia fixo
e passa a ser um período temporal. São 3 casos:
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(entre o início da conduta criminosa e seu fim) surgindo lei penal nova,
mesmo que mais gravosa, esta irá retroagir, conforme súmula 711 do STF.
Súmula 711 do STF: A lei mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Apesar de a súmula referir-se à continuidade e à permanência, aplica-se
também ao crime habitual, só não existe alusão ao crime habitual na referida súmula
porque tal delito não chegou a ser discutido no STF. Na verdade, se a conduta
continua durante a vigência de uma nova lei, é claro que é a lei vigente que vai ser
aplicada ao caso, sendo mais grave ou não.
1) O fato não é mais considerado crime (abolitio criminis – art. 2º, caput/ CP);
Obs.: Se a lei nova for posterior ao fato criminoso haverá retroatividade; caso a lei nova
seja anterior ao fato criminoso haverá ultratividade da lei.
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Obs3: A nova lei que deixa de considerar criminoso um fato faz cessar os efeitos da
sentença penal condenatória, mas não cessa os seus efeitos civis (arts. 91 e 92 do CP
– efeitos da condenação. São efeitos extrapenais e, portanto, a abolitio criminis não
cessa tais efeitos, devendo esses danos ser indenizados).
Ex.: Lavagem de dinheiro – O art. 7º da lei 9613/98 prevê como efeito da condenação,
além daqueles previstos no CP, a perda em favor da União dos bens, direitos e valores
objeto de crime...
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Produto do crime ou qualquer outro bem o valor são as coisas obtidas
diretamente ou indiretamente com a prática do delito.
Obs.: O artigo 91, II/CP trata do CONFISCO de bens, isto é, perda em favor da
União de instrumentos e produtos provenientes de crime. Todavia, a apreensão de
bens que não estejam arrolados nesse dispositivo legal só se justifica se forem
imprescindíveis à produção de alguma prova.
Obs3: O fato de ter sido encontrado entorpecente no veículo não é suficiente para
autorizar a sua perda em favor da União.
Obs4: A decisão que decreta a perda de dinheiro apreendido com traficante preso em
flagrante deve ser fundamentada.
III) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso.
1º efeito específico: perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92,
I/CP). Tal efeito encontra respaldo No artigo 15, III/CF. Tratando-se de
SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS, APESAR DE NÃO MAIS SER
NECESSÁRIA A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA QUE
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ELES SEJAM PROCESSADOS PERANTE O STF (vide art. 53da CF), A
PERDA DE SEU MANDATO EXIGE DELIBERAÇÃO, MEDIANTE VOTO
SECRETO, DA MAIORIA ABSOLUTA DA RESPECTIVA CASA (art. 55,
VI, §3º/CF). No âmbito estadual, APLICAM-SE AS MESMAS REGRAS DOS
PARLAMENTARES FEDERAIS (arts. 27 e 32, § 3º/CF).
3º efeito específico: inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para
a prática de doloso. Não depende que o agente tenha habilitação, pois o que se prevê é a
própria inabilitação para que o sujeito possa vir a dirigir. Todavia, como a CF veda
qualquer pena de caráter perpétuo (art. 5º, XLVII, b/CF), a interdição só pode durar
enquanto não tiver havido a reabilitação penal.
Retornando à aplicação da lei penal no tempo – art. 2º do CP: Sabe-se que a lei
penal, em regra, não retroage. Todavia, conforme parágrafo único do artigo 2º/CP, se a
lei posterior DE QUALQUER MODO FAVORACER O AGENTE, AINDA QUE A
SENTENÇA TENHA TRANSITADO EM JULGADO, APLICA-SE A FATOS
ANTERIORES (RETROAGE – NOVATIO LEGIS IN MELLIUS). Vide artigo 5º,
XL/CF.
Obs.: A combinação de leis pode ocorrer para beneficiar o réu, isto é, aplicar parte
da lei da data do crime e parte da lei nova, desde que, assim, torne uma situação
benéfica para o agente. Havia divergência doutrinária, mas hoje tal questão está
pacificada. Alguns autores diziam que ao combinar duas leis criar-se-ia uma terceira lei.
Mas a tarefa de criar lei cabe ao Legislativo, e não ao Judiciário. Por isso, essa posição
não vigorou. Assim, pode-se retroagir somente a parte da lei nova mais benéfica,
combinando-se com dispositivos da lei antiga. (O STF e o STJ aceitam).
Lei intermediária: caso uma lei seja sucedida por outra, e esta sucedida por outra,
para fins de retroatividade, ainda que a lei seja intermediária, aplicar-se-á a lei
mais benéfica. Essa lei temporária terá dupla extratividade, isto é, retroagirá em relação
ao fato pretérito e será ultrativa em relação à sentença, digo, julgamentos posteriores.
Ex.: Fato ocorre sob a vigência da lei A. Surge uma lei nova (B), temporária, mais
benéfica e em seguida volta a vigorar a lei prejudicial ao réu, mesmo após a sentença.
Nesse caso, a lei B retroagirá em relação ao fato criminoso e será ultrativa, isto
é, terá efeitos futuros em relação à sentença.
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Art. 3º do CP – Lei temporária ou excepcional: Aplica-se a lei temporária ou
excepcional, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, ao fato praticado durante a sua vigência. Essas
leis terão sempre ultratividade para fatos que serão julgados no futuro, mas que
ocorreram durante a vigências delas.
Ocorrido um fato durante a vigência de uma lei temporária ou excepcional,
não ocorrerá o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. Como são
leis especiais, não faria sentido admitir que mesmo após cessados o tempo de vigência
da lei temporária ou as circunstâncias que autorizavam a lei excepcional uma lei mais
benéfica retroagisse para anular os efeitos de tais leis, sob pena de se frustrar toda a
força intimidativa delas (afasta-se a abolitio criminis).
Obs.: Durante a vacatio legis (ela é vigente, mas não tem eficácia) de uma lei mais
benéfica ela não retroage, uma vez que nenhuma lei durante esse período não tem
eficácia. A lei nova só irá retroagir depois de esgotada a vacatio legis.
Obs2: Leis declaradas inconstitucionais (elas entram em vigor, mas uma das partes
legítimas na CF vai reclamar a sua inconstitucionalidade perante o STF. É o STF quem
declara se a lei é inconstitucional e, assim, tal declaração terá efeito EX TUNC) ou
ilegais podem ter aplicação se forem mais benéficas? Sim, tais leis terão efeitos
retroativos (efeito ex tunc) depois de declarada a inconstitucionalidade, desde que mais
benéficas.
Normas penais em branco: são aquelas que não possuem definição integral,
necessitando de complementação por outras leis, decretos ou portarias. Podem ser
homogêneas (quando o complemento tem a mesma origem legislativa que a norma
penal), ou heterogênea (quando o complemento tiver origem diversa da norma
penal).
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