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Projecto de Investigação
12º3 Nº3
A importância do casamento
A infidelidade conjugal constitui um forte indicador de “ transformações nos valores,
atitudes e padrões de comportamento face ao casamento e face aos papéis sexuais e,
num nível mais geral, face às próprias práticas e representações da família” (Santos,
1995). Tornamo-nos modernos e descomprometidos e agora ao título
“casamento”prefere-se “união de facto” ou “amizade colorida”, mas nem sempre foi
assim, ao longo dos anos assistiu-se a uma gradual desvalorização do casamento
dando preferência a relações desprovidas de laços afectivos.
Actualmente, numa recusa à utopia do eterno amor romântico e da vida perfeita das
histórias infantis fomos associando o casamento a esses mesmos conceitos e
consequentemente passámos a contestar a premissa de durabilidade de uma união
mesmo antes da mesma acontecer. Nos últimos 10 anos os casamentos católicos
diminuíram aproximadamente 65%; pelo contrário os divórcios aumentaram, só no
último ano foram 26572 ocorrências (Instituto Nacional de Estatística, 2008)
Marta, 35 anos, traiu o marido devido à monotonia: “ Somos casados há sete anos mas
o nosso casamento estava a tornar-se previsível, sem discussões mas também sem
paixão” e Andreia de 30 anos traiu porque descobriu o caso do marido (Menezes,
2009); João traiu a mulher porque se sentiu atraído por uma colega de trabalho: “ Não
foi por não amar a minha mulher, mas simplesmente não conseguia resistir à atracção”
(Menezes, 2008). Por outras palavras, os motivos que levam as mulheres a trair são
diferentes dos que levam os homens a fazê-lo: 43% das mulheres traem porque se
sentem insatisfeitas com a relação e apenas 12% por atracção, pelo contrário os
homens traem maioritariamente por atracção, dando maior relevância aos aspectos
físicos; as diferenças não se encontram só nas razões mas também na descoberta pelo
parceiro, na medida em que os homens, geralmente, não sabem que a sua mulher está
a ter um caso, enquanto as mulheres desconfiam e estão certas 90% das vezes (Glass,
1992).
Conclusão
Os seres humanos são produto de uma interacção precoce entre o meio e a herança
genética, somos aquilo que os nossos genes ditam mas somos também um produto do
meio que altera o nosso genótipo e nos molda. Assim sendo, mais do que simples
animais racionais somos pessoas, com cultura, linguagem e moral; por muito que a
biologia dite que o macho tem a função de difundir espermatozóides para perpetuar a
espécie somos seres superiores a simples regras de satisfação de necessidades através
de instintos, cujo sistema é o que rege os animais que consideramos inferiores.
“Os animais só empregam o sexo para procriar, como só utilizam o que comem para se
alimentarem ou o exercício físico para a conservação da saúde; os seres humanos em
contrapartida inventaram o erotismo, o desporto e a gastronomia. O sexo é um
mecanismo de reprodução (…) mas produz muitos outros efeitos, como por exemplo a
poesia lírica e a instituição matrimonial.” (Savater, 1991,102). Por outras palavras, o
que nos distingue como espécie é a nossa cultura, a capacidade de ter um conjunto de
regras que definem uma conduta e um ideal de comportamento a seguir. A nossa
cultura vê a infidelidade como algo errado cuja prática deve ser, por isso mesmo,
evitada e punida; por muito subjectivos que conceitos como o certo e o errado sejam,
uma coisa é certa: somos capazes de escolher. Ao escolher ser infiel o homem ou a
mulher em questão estão a virar costas a um compromisso e a desonrar a sua palavra.
E em que mundo o ser humano viveria se não confiasse nos outros? Seríamos
incapazes de viver em comunidade; e quem é que consegue sobreviver sozinho?
7636 Caracteres
Bibliografia
Menezes, Sofia (2009) “ Fui infiel: histórias de relações perigosas” in Happy Woman
nº45 pp. 196 a 202
Menezes, Sofia (2009) “Porque tenho um amante” in Happy Woman nº46 pp.188 a
192
Savater, Fernando (1991) Ética para um Jovem, Lisboa, Publicações Dom Quixote