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54. Capftulo 2 préximas em alguns grupos restritos ou pode chegar até & cidadania, quando 4 pessoa tem consciéncia de sua insergo na grande comunidade da cidade dos homens, com direitos e deveres, com responsabilidade e ressonancias ‘grupais amplas. (Esther Pillar Grossi) Atividade sobre a leitura complementar Lela e anatise 0 texto complementar em grupo. Depots faga uma sin- ese ificando qual é a idéia central que caracteriza 0 construtiotsmo eo diferencia do inatismo e do empirismo. Pistepe. Gele, ee Capitulo 3 1. 0 valor pedagégico da relacio professor-aluno A formagio das criancas e dos jovens ocorre por meio de sua participacao na rede de relagdes que constitui a dindmica social. £ convivendo com pessoas, seja com adultos ou com seus colegas — grupos de brinquedo ou de estudo —, que a crianga e 0 jovem assi- milam conhecimentos e desenvolvem habitos e atitudes de co social, como a cooperacio e o respeito humano. Daf a import do grupo como elemento formador, Cada classe constitui também um. grupo social. Dentro desse grupo, que ocupa o espaco de uma sala de aula, a interago social, se processa por meio da relagZo professor-aluno e da relagao aluné- aluno. £ no contexto da sala de aula, no convivio diario com 0 pro- fessor e com os colegas, que o aluno vai paulatinamente exercitan- do habits, desenvolvendo atitudes, assimilando valores. Sobre isso, diz Georges Gusdorf, em sua admiravel obra Professores, para qué?: “Cada um de nds conserva imagens inesquecfveis dos primeiros dias de aula e da lenta odisséia pedagégica a que se deve o desenvolvi- mento do nosso espfrito e, em larga medida, a formagio da nossa, personalidade. © que nos ensinaram, 2 matéria desse ensino, per- deu-se. Mas se, adultos, esquecemos 0 que em criancas aprende- mos, 0 que nunca desaparece é 0 clima desses dias de colégio: as aulas e 0 recreio, os exercicios ¢ os jogos, 05 colegas”!, O valor pedagégico da relagio professor-aluno. E por que nao dizer também que sempre nos lembraremos daqueles que foram nossos prolesso- res, de suas personalidades, de suas formas de agit, de pensar e se expressar? * Georges Gusdrt,p. 7 lier, a0 se expressar de forma to tocante por meio dessas palavras e ao longo de toda a sua obra, € que a escola é um local de encontros existen \ciais, da vivéncia das relagdes humanas e da cfpios de vi se sucederam, 0 assunto das conversas informais, as idéias expres- sas pelo professor e pelos colegas, a forma de agit e de se manifes- ‘ar do professor, enfim, os momentos vividos juntos e os valores que foraim ve ivio, de forma implicita ou explicita, inconsciente ou conscientemente, tudo isto tende a ser lembrado pelo aluno durante o decorrer de damente sua personalidade e nor Isso ocorre porque é durante este s de é, como um todo, Ou se raziio, mas também com os sentimentos e as emo- mento de interagio, de convivio, de vida em Conjunto, o aluno torna-se presente por inteiro, pois a razfio e os sentimentos se guiando seu comportamento. 0 professor ‘aeducacio, seja ela esco- rou ‘do mundo’, é fendmeno qi séLocorre em razfio de um. pro- cesso bésico de interagao nte. Enquanto processo de ica maneira pela qual é asse- especificamente sobre 0 ato de ensinar e aprender, Bruner diz que ele é um processo essencialmente social, porque “as A interacio professor-aluno 7 relagSes entre quem ensina e quem aprende repercutem sempre na aprendizagem"’S, Os educadores concordam que_o processo educatiyo e, mais especificamente, a construcao do conhecimento sto processos inte-* ratios, e portanto socials, nos Guais 0s agentes que-eles participam estabelecem relagbes enitte si. Nessa interacdo, eles transmitem e assimilam conhecimentos, trocam idéias, expressam opinides, com- partilham experiéncias, manifestam suas formas de ver e conceber © mundo e veiculam os valores que norteiam suas vidas. Portanto, a interacgo. humana tem.yma func educativa, pois é convivendo com Os seus semelhantes que o ser humaivo € educado © , 0 valor pedagégi- co da fnteragaortiimana € ainda mais evidente, pois 6 por interme dio da Felacdo_professor-aluno e da relagio aluno-alino qUe-O contest vat Se etivaniénte construk ‘Oeucado na sua Tegay comme eteesnecounuta eativa o teresse do aluno e orienta o seu esforgo individual para aprender Assim sendo, 0 professor tem, basicamente, duas fungdes na sua relagao com o aluno: * uma fungio incentivadora e energizante, pois ele deve aproveitat 4 curiosidade natural do educando para despertat o seu interesse € mobilizar seus esquemas cognitivos (esquemas operativos de pensamento); ‘* uma funcio orientadora, pois deve orientar o esforgo do aluno para aprender, ajudando-o a construir seu préprio conhecimento. Cabe ao professor, durante sua intervenco em sala de aula ¢ por meio de sua interag&o com a classe, ajudar 0 aluno a transfor- ‘mar sua curiosidade em esforco cognitivo e a passar de um conhe- clmento confuso, sincrético, fragmentado, a um saber organizado € preciso. as 0 professor cleve ter bem claro que, antes de ser um profes- sor, ele é um educador res e principios de vida, e consciente ou inconscientemente, explt a ou implicitamente ele veicula esses valores em sala de aula, mani- festando-os a seus alunos. Assim, ao interagir com cada aluno em Jerome 8. 2, Uma nove teoria da aprendézagom, 9,50. is sua personalidade é norteada por valo- | 2 eee een eeeeneee ESE ENREESETNE ENE nveEEEHE! (11013) particular ¢ ao se relacionar com a classe como um todo, o profes- ii conhecimentos, em forma de informa- iéias (aspecto cognitivo), mas também facilita a valores e princfpios de vida (elementos da jo para a formaco da personalidade do veiculagao de esfera afetiva), educando. De acordo com nossa concepgio, 0 educando é “uma pessoa que se desenvolve, que atualiza bilidades, que se ajusta e se reajusta, mediante processos dinamicos, orientados por valores conferem individualidade e prospectividade"’ iem assim concebe 0 educando, tende avalorizar ainda mais 4 relagio professor-aluno, pois vé nessa interacdo um processo de intercmbio de conhecimentos, idéias, ideais e valores, que atwa diretamente na formago da personalidade. 2. A importancia do didlogo na relagio pedagégica Como vimos, a construgo do conhecimento € um processo~! interpessoal. O ponto principal desse proc educando-educador. F esta relago no 6 unilateral, pois nao é s6 0 aluno que constr6i seu conhecimento. £ verdade que o aluno, atra- vés desse processo interativo, assimila e constr6i conhecimentos, valores, crencas, adquire hi formas de se expressar, sentir € ver 0 mundo, forma idéias, conceitos (e por que no dizer precon- ceitos?), desenvolve e assume atitudes, modificando e ampliando suas estruturas mentais. Mas também ¢ yerdade que o professor € atingido nessa relacao, De certa forma, ele aprende com seu aluno, na medida em que con- segue compreender como este percebe e sente o mundo, e na medi- da que comeca a sondar quais 0s conhecimentos, valores ¢ habili- raz de seu ambiente familiar e de seu grupo 30 interativo é a relagiio professor pode passar a jue sto diferentes da mportamentos, ratificar ou retificar opi- nides, desfazer preconceitos, mudar atitudes, alterar posturas, 0 process ddtico, p. 297. ‘A interagao professor-aluno 33 TTalvez seja por isso que Guimaries Rosa tenha escrito, em seu livro Grande sertao: veredas, que “mestre no € quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Nesse contato interpessoal instaura-se um processo de inter- cambio, no qual o didlogo ¢ fundamental. De um lado esté o profes- sor com seu saber organizado, seu conhecimento ‘com 0s ideais e valores formais aceitos e proclamados oficialmente pela sociedade e com seu grau de expectativa em relago ao desem- penho do aluno. Do outro lado esté 0 aluno com seu saber no sis- tematizado, difuso e sincrético, seu conhecimento empirico, com 0 valores de seu grupo social e com um certo nivel de aspiragao em relagio a escola e & vida, Esse encontro do professor com o aluno poderé representar uma situacio de intercdmbio bastante proveitosa para ambos, em “xique o conhecimento sera construido.em conjunto ou, a0 contrario, “poterd-Se transformar num verdadeiro duelo, num defrontar de posicSes pouco ou nada proveitoso para ambos. Para haver um processo de intercambio que propicie a constru- 40 coletiva do conhecimento, preciso que a relagao professor aluno tenha como base 0 didlogo.-por-melo do oe fessor e aluno juntos constroem o conhecimento, chegando a uma sintese do saber de cada um. didlogo é desencadeado por uma situacio-problema ligada & prética, O professor transmite o que sabe, partindo sempre dos conhecimentos manifestados anteriormente pelo aluno sobre’ 0 assunto e das experiéncias por ele vivenciadas. Assim, ambos podem chegar a uma sintese esclarecedora da situagdo-problema que sus- citou a discussio. Nesse momento de sfntese, o conhecimento é | organizado e sistematizado, sendo novamente aplicado pratica, Referindo-se ao didlogo na pratica pedagégica, assim se expres- sa Maria Teresa Nidelcoff: "Ao trabalhar corretamente com 0 proble- ma das subculturas, 0 professor procura captar toda a riqueza que as criangas trazem, para de fato aprender com elas. Portanto, no se relaciona com as criangas como se fosse 0 vinico que tem algo a ensinar, nem vé as criangas como seres nulos que devem aprender i 60 Capitulo 3 tudo; a0 contrério, sabe que ele e as criangas tm que se relacionar dentro de um muituo intercémbio de ensinar-aprender”’. © professor Antonio Faundez, no seu lindo texto intitulado Dialogue pour le développement et le développement du dialo- gue, salienta a necessidade do didlog6 no ato de construgzio do conhecimento ao comentar: “Se analisarmos etimologicamente 0 verbo francés que indica a aco de conhiecer (connaitre), percebe- remos que é formado de duas partes (con-naitre), que significam O‘nascer juntos’, isto é nascer com alguém. © que querems salie processo social ada, na qual pro- fessor e aluno ensinam e aprendem um com o outro, reestruturan- do-se, Nesse proceso de conhecer e compreender a realidade, 0 didlogo é fundamental, pois é através dele que ocorreré o intercim- ihecimento popular de cardter empfrico e o conh ‘mento cientificamente organi ipo de lento, capaz de compreender a realidade a fim seu cativante livro Professores, para qué?, vessalta a importancia do didlogo no processo educativo. Esse educador preconiza uma pedagogia do encontro e do contato vital (p. 226), na qual a relacdo mestre-discipulo é o intercAmbio de jas, Trata-se da confrontacZo do homem com o homem (p. 235). E 0 didlogo é a propria esséncia da relacZo mestre-disci- pulo, que é uma relaco de reciprocidade, uma mobilizac4o e um ara Gusdorf, a situagdo pedagégica é uma situago de encontro ial e de coexisténcia entre duas personalidades, & um diélo- g0 aventuroso, um coléquio singular enire dois seres que se expdem e se revelam um ao outro (p. 206). Mestre é aquele que surge num dado momento e numa certa situagio como test dade, representante de um ideal ou revelador do, “permitind a criagio de ump % A interagZo professor-aluno GL sabemos e aprendendo 0 saber de outros. “Nada permite esclarecer melhor 0 mistério do ensino. (...) A verdade s6 pode surgit como resultado de uma busca e de uma luta que cada um de nés tem que travar consigo proprio, por sua propria conta e rico.” do pensamento desses autores, porque eles nos mostram que a atitude do professor, na sua intera- io com a classe e nas suas relagdes com cada aluno em particular, depende da postura por ele adotada diante da vida e perante o seu fazer pedag , POF Sta ver, € 0 reflexo de suas con- cepgies, sej las conscientes ou inconscientes, sobre o homem, omundo ea ‘do. Isto quer dizer que sua maneira de perceber © mundo, conceber o ser humano e encarar a educagio vai refletir no modo como se relaciona com os seus alunos. De nada adiant conhecer novos métodos de ensino, usar recursos audiovisuais¢ modernos, se encaramos 0 aluno com um ser passivo e receptivo, / Portanto, nossa forma de ensinar ¢ de interaigit com os alunos vii depender do modo como os concebemos (seres ativos ou passivos?) e da maneira como encaramos sua atuagio no processo de aprendi- vagem. Quando 0 professor concebe o aluno como um ser ativo, que formula idéias, desenvolve conceitos e resolve problemas de vida pritica através da sua atividade mental, construindo, assim, seu pro prio conhecimento, sua relacZo pedagégica muda. Nao é mais uma relagio unilateral, onde um professor transmite verbalmente con- tetidos jé prontos a um aluno passivo que os memoriza. Se 0 que pretendemos € que o aluno construa seu préprio conhecimento, aplicando seus esquemas cognitivos iladores a realidade a ser aprendida e desenvolvendo 0 seu raciocinio, deve- ‘mos permitir que ele exerga sua atividade mental sobre os objetos ¢ até mesmo uma aco efetiva sobre eles. 0 aluno exerce sua ativida- de mental sobre os objetos quando opera; do observa, compara, classifica, oftfena, seria, localiza no tempo e ‘no espaco, analisa, sintetiza, propde e comprova hipoteses, deduz, avalia e julga. assim que o aluno constr6i o préprio imen- to, Este tipo de procedimento didético due parte do que o aluno ja ‘sabe, permit fue ele exponlia Seus conhecimentos prévios-e— stiaS experiéncias passadas, para dai formar novos conhecimentos, clentificamente estruturados e sistematizados, exige uma relagio Capitulo 3 ‘ca. dalgica, Nessa relagzo o professor fala, . dialoga com o aluno e permite que ele Sobre os objetos, aplicando & realidade cir. aS Cognitivos de natureza operativa, rofessor-aluno biui nies tamer ouv cundante seus esqui 3. Autoridade versus autoritarismo guards como a questio que acabo de propor, Esti ms Noe de per- frmos 0 medo perante certos problemay supers inécuos tre- sp antMente Pedagdgicos e modismos, saindo 4 prone oe um Siuulbrio até hoje raramente alcangado (.) Utge, ty on lem- brarmos que a retomada do tema da autoridade é a retomada do Préprio tema do amor — coisa atemporal que alimenta os sonhos de todo ser humano”s Diz ainda Regis de Morais na obra citada: “Os Professores como ‘He Passam a tet vergonha de exercer uma autoridade pare 4 qual 2 Regs de Morais, 174 A interagio professor-aluno m 0 professor Luiz Alves de Mattos se pronuncia sobre a relacdo entre motivagio e disciplina, afirmando: “A auténtica moti- vacio €, por exceléncia, o melhor recurso disciplinar, porquanto proporciona um forte condicionamento interior 2s atitudes e a0 comportamento dos alunos, integrando-os na tarefa escolar em Ao aluno devidamente interessado e motivado no ocorrem as Bes isciplina; estas sobrevém e o dominam quando ele em disponibilidade mental, sem qualquer interesse que polari- 2 Ana Maia Poppovic, obea chad, p. 164 A interagao professor-aluno B ze sua atengao tivo definido”*, Apresentamos a seguir algumas sugestdes que podem ajudar 0 professor a incentivar a participagao do aluno no processo ensino- aprendizagem e na dinémica de sala de aula: Ihe dé uma ocupacao imediata em vista de um obje- — Apresente atividades desafiadoras, que envolvam uma situagio- problema e mobilizem os esquemas cognitivos de natureza ope- rativa dos alunos. Estas atividades podem ser individuais, ou entio grupais. Os jogos e trabalhos em equipe, por exemplo, estimulam o relacionamento entre os alunos e incrementam a integrago da classe. — Proporcione atividades de expressio oral, nas quais 0 aluno possa ouvir e fazer-se ouvir, falar sobre 0 que aprendeu e exter- nar suas opinides e suas dtividas. Depois de dar uma explicagio sobre determinado conteiido, peca para um aluno fazer oral- mente uma rapida sintese do assunto que foi explicado. Isto ajuda a manter os alunos atentos, pois eles sabem que precisam prestar atengdo na explicacao do professor, porque serio solici- tados a fazer um breve relat6rio oral do que foi exposto para a classe. Quando um aluno apresentar uma dtivida sobre algum ponto da explicagio dada, antes de expor 0 assunto novamente, verifique quais 05 alunos que entenderam aquele t6pico, e pega um deles para explicé-lo 2 classe, e, em especial, a0 colega que nao entendeu. Esta medida contribui para desenvolver a coope- ragio entre os membros da classe, pois assim eles tém a possi- bilidade de se ajudarem mutuamente no pr coletiva do conhecimento, Isto ajuda, tamb aprendizagem autopossuida, que é aquela que se caracteriza pelo fato do aluno ter aprendido e saber que aprendeu. — Distribua fungdes e divida tarefas, como apagar a lousa, recolher 08 cadernos, passar 0 cesto de lixo, rar cartazes e quadros didaticos, levar recados do professor a outros funcionarios da escola etc. Os OS assumem essas fungdes e executam essas tarefas em rodizio. Isto permite que todos participem da dindmica da sala de aula e também se sin- tam responséveis por ela. 2 iz Ales de Matos, Sumro de Didtica goral,p. 223. Convém ressaltar que 0 nivel de disciplina da classe esta ligado ‘ao grau de motivag%o dos alunos € dele depende. “A necessida- de do manejo e das intervengées disciplinares est sempre na razo inversa da motivagio. Quanto mais forte e intensa for a jotivacio, tanto menor serd a necessidade de manejo discipli- Inversamente, quanto mais fraca e remissa for a motivagio, tanto maior serd a necessidade de intervengdes disciplinares, como que para compensar essa falta. © que, porém, nao padece qualquer diivida é a superioridade e maior eficécia do processo motivador sobre 0 processo disciplinador. Somente na medida ‘em que faltam 05 recursos incentivadores € que o professor pode e deve langar mao dos recursos discipl necessdria ordem na classe e dar andamento aos trabalhos.”25 deve ser salientado é que a autodisciplina, fem, no é algo que o professor consiga de um momento para outro, sé numa aula ou através de uma simples conversa. £ um comportamento que precisa ser desen- volvido, e até treinado, dependendo de um tabalho permanente € constante. Um dos meios mais eficientes para desenvolver a autodisciplina é reforgar o comportamento adequado e a condu- ta positiva dos alunos, sem exacerbar nas criticas negativas, pois 0 reforco positivo aumenta a motivagiio e o sentimento de auto- confianga e de sobre os precisam enfrentar e tentar solucionar, assim se expressa: “Para tais problemas nao adianta dar conselhos. 0 professor tera de atuar de acordo com sua prépria personalidade e com o grau de experiencia que possui. Estas palavras ou aquelas medidas dio los com o professor A, mas so incompativeis com o pro- Tem efeito na situagdo X, mas so inoperantes na situa- gio Y. Em relagdes humanas, ndo hé formulas que se possam aplicar mecanicamente”®, A nica coisa que podemos assegurar no que se refere & discipli- na de sala de aula é que o professor precisa e deve orientar a Aftiteracao professor-aluno Slee nes FS professor e das caracterfsticas de cada situagao em particular, pois em educago no ha f6rmulas prontas e acabadas, 5. Motivagio e incentivacao da aprendizagem Para que haja uma aprendizagem efetiva e duradoura € preciso que existam propésitos definidos e auto-atividade reflexiva dos alu- ‘nos. Assim, a aut€ntica aprendizagem ocorre quando 0 aluno esti interessado e se mostra empenhado em aprender, isto é, quando esta motivado. E a motivacdo interior do aluno que impulsiona e vitaliza 0 ato de estudar e aprender. Daf a importincia da motivagio ‘no processo ensino-aprendizagem. Se voltarmos atrés no tempo e fizermos uma sondagem na hist6- ria do pensamento pedagégico, podemos verificar que Quintiliano, que viveu de 33 a 95 d.C., jd salientava a importancia do interesse no processo educativo. Juan Luis Vives, que viveu de 1492 a 154 dos educadores para o valor da atengio e aprender, fazendo consideracdes sobre dos sentimentos no Em pleno século XVI, ele fazia referéncia ao que hoje em dia a ter- minologia educacional moderna denomina a influéncia da dea afe- tiva no campo cognitivo. Pestalozzi, que viveu de 1746 a 1827, ressaltava a necessidade do educador fazer uma sondagem sistematica do interesse do edu- cando, a fim de conhecer os interesses caracteristicos de cada faixa etdtia e poder aproveitd-los na orientagio do processo de aprendi- zagem, x Stanley Hall (1844-1924) preconizava que 0 organismo age e reage em fungo de estimulos internos, dinmicos e persistentes, que sfio os motivos do comportament interesses vatiavam de acordo com as ‘mento, passando por uma evolucao. Os interesses proprios de cada etapa deveriam ser usados para nortear as atividades escolares daquela fase. laparéde (1873-1940) fez um estudo sobre a evolugio dos sses humanos, tentando sistematizar aqueles que eram domi- nantes em cada fase do desenvolvimento biopsicolégico do indivi- duoxAfirmava que o individuo age impulsionado pelo interesse do 4 wales hee fendmeno psicolégico, ocorte no is 6 “ Capitulo 3 que funciona como a causa ou motivo do comportamen- as necessidades as reagbes adaptativas para satisfazé-las. ¥ ‘Atualmente, a Psicologia, que tenta assumir 0 status de ciéncia, procura estudar de forma mais sistematizada a influéncia da motiva- cdo na aprendizagem. Alias, este tem sido um dos temas basicos da Psicologia da aprendizagem. No entanto, a hist6ria do pensamento pedag6gico nos revelou que a questiio dos interesses e sua influén- cia no ato de aprender tém sido objeto da reflexio dos educadores 20 longo de muitos séculos. £ comum os professores interrogarem como podem motivar mais seus alunos durante as aulas. O professor Luiz Alves de Mattos responde a esta pergunta dizendo que, “dada a natureza complexa e sutil da motivagdo, como fendmeno psicolégico interior, no qual as diferengas individuals, a experiéncia prévia e o nivel de aspiragio de no é possfvel infalfvel para pro- interior para a ito os didatas tém procurado esta- yocar ou gerar em cada caso a desejada motivas aprendizagem. Contudo, de belecer, por intuico e por experimentagio, procedimentos eficazes que gerem ou estimulem essa motiyagao, (...). A esse conjunto de recursos e procedimentos envolventes e estimulantes chamamos de, incentivagao da aprendizagem. Incentivagao da aprendizagem assim, a atuago externa, intencional € bem calculada do professor jediante meios auxiliares, recursos e procedimentos adequa- polarizadores de interesse, de estudo e de trabalho”27. a Desse trecho deduz-se im professor nao pode motivar um aluno a aprender, pois a motivacdo é um proceso psicoldgico e energético, e como tal, pessoal e interno, que im} para a agio, determinando a direg4o do comportamento, Sendo um rior do individuo e varia de cdo com as diferengas individuais, as experiéncias anteriores ¢ 0 fvel de aspiracio de cada um,O que o professor pode fazer € incentivar 0 aluno, isto é, despertar e polarizar sua atengio e seu jeresse, orientando e canalizando Posktramene as fontes motiva- onais. Me wht pros X ‘Ainteragio professor-aluno ee 7 Assim, a primeira coisa a fazer quando se aborda esse assunto, € estabelecer uma distingo entre motivo e incentivo. Motive € um fmulo externo. A acio pode ser estimulada e gerada tanto por fatores internos, que sio os que agem como incentivos., que corresponde a uma necessidade e poe o ser humano em mori- levando-o a agit. O motivo é sempre algo interno, profundo O interesse, por sua ver, pode ser intrinseco e extrinseco. 0 inte- resse ¢ intrinseco quando corresponde a uma necessidade, tornan- do-se a manifestagio de um motivo, Neste caso, o interesse é persis- tente e duradouro. 0 interesse extrinseco ndo corresponde a uma verdadeira neces- sidade e nfo tem relagio com natureza da atividade solicitada, ndo superficial, momentineo e passageiro, -Psicologicamente, a motivacao é um estado de tenstio, de dina- dade que provoca a atividade, fazendo o individuo eS fessor no pode motivar 0 aluno, pois este é um process interno, mas pode sondar e aproveitar os motivos jd latentes, desper- tando nele os interesses intrinsecos, que sio 2 manifestagzo de um motivo. como diz a professora Irene Carvalho, “a motivagio Jor, enquanto a incentivacao provém de forgas ambien- tais, entre -se a atuagao do professor, quando este tem plena consciéncia do valor da incentivagio, e realiza esforgos deli- berados para bem estimular seus alunos (...). A incentivagio s6 6 operante se se transformar em motivacio. Isto é; os estimulos exter- nos (incentivos) precisam sintonizar-se com motivos preexistentes (estimulos internos) para conseguir algum resultado. Muitos incen- tivos chegam até nés e nada conseguem, porque nao encontram res- sondincia em nosso interior". Isto quer dizer que o aluno aprende efetivamente aquilo que corresponde a uma necessidade, a um moti- vo, ou a um interesse intrinseco. r Capitulo 3 incentivar os alunos a estudar ¢ aprender, o professor uti- liza recursos ou procedimento: Esses recursos devem ser usados no ap , mas em todo 0 decorrer dela. “ importantes em todas as fases da aprendizagem, ¢ nao somente em seu momento inicial. H4 muito professor que s6 se preocupa com a incentivagio no inicio da atividade, sem se lembrar de que esta tem de ser reforgada no decorrer de todo 0 proceso, a fim de que a motivagio nao decres- a, a ponto de até se extingui ‘Também 0 professor Luiz Alves de Mattos se pronuncia a esse respeito, dizendo que a incentivago da aprendizagem nao ape- ras um passo preliminar do ciclo docente, mas uma constante que deve permear todo 0 processamento dos trabalhos escolares, atra- vés de todo 0 ano, Incentivar os alunos na sua aprendizagem nao sig- nifica despertar apenas 2 curiosidade ou o interesse momentineo dos alunos, mantendo-os atentos, mas passivos e inertes. A conquis- ta do interesse e da atengio dos alunos é apenas a preliminar da motivacio, Partindo desse interesse e dessa atengio, é necessétio levar 0s alunos a atividades intensivas e proveitosas, induzindo-os 20 tudo, 2 reflexio, ao esforgo e a disciplina espontinea do trabalho discente. Essas atividades (rario aos alunos 0 prazer do sucesso obtido pelos seus esforgos pessoas. Todo o esforco bem-sucedido e reconhecido pelo professor € altamente educativo e moti- Como podemos concluir, a participagaio intensa e ativa do aluno. na aula depende do grau de motivago pelo assunto ou atividade focalizada. Por outro lado, a incentivagaio da aprendizagem deve ocorrer durante todo o desenrolar da aula e da.unidade de ensino, dependendo, em parte, do ambiente da sala de aula e do clima de la a um aluno de 5* a 8" série do m aluno do curso médio, ou mesmo do a matéria do curriculo que ele prefere e qual a rincipal da preferéncia est nas qualidades pessoais ou pro- fissionais do professor,,Ou ele explica bem o assunto que esté expondo, tornando 0 contetido acessivel e compreensfvel para os 220. Ainteraco professor-aluno 19 alunos, ou tem um bom relacionamento com a classe, ou contagia seus alunos com a empolgacio e vibrago que revela pela matéria ie leciona. Assim, na maior parte das vezes, ndo é tanto 0 compo- nente curricular em si que interessa aos alunos, mas a pessoa que 0 ensina. Cabe ao professor refletir sobre este fato, extraindo dele con- clusdes de ordem pratica que 0 ajudem a aperfeigoar sua atuacio docente. » *Na verdade, um professor que manifesta apatia e indiferenga pelo assunto que expde a seus alunos, dificilmente conseguiré que eles se interessem por esse contetido. Por outro lado, um professor que gosta do que faz e demonstra seu entusiasmo e interesse pelo que ensina, tende a ter mais facilidade para incentivar seus alunos 2 aprender aquele contetido e a se interessar por ele. A seguir, apresentamos alguns procedimentos que podem ajudar no processo de incentivagdo da aprendizagem.x a) Faga a articulagdo e a correlagio do que esta sendo ensinado e aprendido com o real. Assim, a0 introduzir um novo contetido ou iniciar uma unidade didética, comece pelos fatos e situagGes renis relacionados ao ambiente imediato (fisico ou social) e préximos da experiéncia e da realidade vivencial do aluno. A partir da cor- relacdo com o real, chega-se & abstragio, 2 generalizacio e & ela- boragio te6rica, por meio da mobilizago dos esquemas opera- trios do pensamento, que geram a reflexdo e 0 raciocinio, Em seguida, faca os alunos aplicarem novamente aos fatos, 0 conhe- cimento ja organizado e sistematizado a partir do real. b) Apresente os novos conteiidos partindo de uma questo proble- ‘matizadora ou situago-problema, para a qual os alunos devem encontrar, individualmente ou em grupos, uma explicagdo ou solugio, Através do processo da descoberia (que envolve ensaio e ero) e de procedimentos, como a pesquisa, 0 diflogo ¢ a lise das informagies expostas pelo professor, 0 aluno col dados que, aplicados & situacZo-problema apresentada, ajudama explicd-la ou resolvé-la. ©) Use procedimentos ativos de ensino-aprendizagem, condizentes com a faixa etéria e o nivel de desenvolvimento dos alunos. Isto quer dizer que, para incentivar a aprendizagem, convém propor ‘aos alunos atividades desafiadoras, que estimulem sua participa- Go e acionem e mobilizem seus esquemas opeiativos de cog- 80 Capitulo 3 nigao (sejam eles sensério-motores, simb6licos ou operat6rios). Os alunos devem vivenciar situagdes de ensino-aprendizagem ati- vas, onde possam observar, comparar, classificar, ordenar, seriar, fazer estimativas, realizar operacdes numéricas a partir da mani- pulagio de material concreto, localizar no tempo e no espaco, coletar e analisar dados, sintetizar, propor e comprovar hipdteses, chegar a conclusdes, elaborar conceitos, avaliar, julgar, enfim, onde possam agilizar e praticar as operagdes cognitivas. ) Incentive o aluno a se auto-superar gradualmente, através de ati- vidades sucessivas de progressiva dificuldade, Proponha peque- nas tarefas e prepare 0s alunos para realiz4-las, proporcionando- thes as condigdes necessarias para assegurar 0 seu éxito imedia- to, Blogie e reforce o sucesso por eles alcancado no desempenho da atividade, pois, em geral, os alunos demonstram interesse por aquilo que conseguem realizar bem. €) Planeje as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe, Expliquie aos alunos os objetivos de cada atividade, e 0 que se espera deles ao término de cada uma, para que saibam 0 que devem fazer e qual a expectativa em relacao ao seu desempenho. Esclareca o objetivo a ser atingido com a realizagZo de certa ati- vidade ou 0 estudo de determinado contetido, relacionando esse objetivo & realidade imediata do aluno. Quando o aluno conhece a finalidade da atividade, tende a realizar esforco voluntério para alcangar 0 objetivo. Mas € praticamente intti tentar incentivar os alunos informando-lhes, simplesmente, sobre o valor e a impor- tancia do conteiido ensinado e das vantagens remotas de sua aprendizagem. O que ajuda a incentivar o aluno é 0 fato de ele perceber e verificar que aquilo que aprende tem uma relagio com a sua realidad imediata e apresenta vantagens para sua vida real e presente. Os projetos de ago que apresentam metas mais, imediatas sio mais significativos e tém uma carga motivadora mais forte. E preciso aproveitar a predisposi¢ao que o aluno pos- sui para aprender aquilo que é significative para ele. 9) Mantenha um clima agradavel na sala de aula, estimulando a coo- peragdo entre os membros da classe, pois as relagdes humanas que se estabelecem nna sala de aula influem na aprendizagem, Oriente e su ne os trabalhos, acompanhando e assistindo 08 alunos quando necessitarem. Elogie 0 esforgo realizado por cada um e 0 progresso alcancado, inspirando-Ihes conflanca e seguranga na propria capacidade de aprender e fazer pro- 2 Ainteragao professor-aluno 81 gressos. Quando for o caso, mostre-lhes, com compreensii, for- mas de melhorar 0 seu desempenho nos estudos. Convém lem- brar que a expectativa que o professor tem em relacZo ao desem- penho do aluno, isto é, 0 que o professor espera dele, tem um papel decisivo em seu aproveitamento escolar. h) Informe regularmente os alunos dos resultados que esto conse- guindo, analisando seus avangos e dificuldades no processo de construgdo do conhecimento. Estimule-os a continuar progredin- do e incentive-os a encarar os etros, de forma constrativa, isto é, como uma maneira de aprender e de se aperfeicoar. Aqui a auto- avaliago sera muito wil. Por isso, estimule os alunos a se auto- avaliarem, verificando seus pontos fortes e fracos, seus avancos € dificuldades, os aspectos em que apresentaram um bom desem- penho, e aqueles em que precisam melhorar ainda mais. 6. Direcao de classe Direcdo de classe 6 a organizacio e apresentacio das situagbes de ensino-aprendizagem, visando ajudar o aluno no processo de construcio do conhecimento. Como ensinar 6 o aprendiza- gem, € a direcao de classe est basicamente relacionada & situaco de ensino, podemos dizer que ela é a orientaco da aprendizagem, com 0 objetivo de auxiliar 0 aluno a estruturar e sistematizar o. conhecimento. Algumas pessoas, alegando serem adeptas do niio-diretivismo ¢ em nome do respeito 3s diferengas individuais e da criatividade, alardeiam que a diregio de classe 6 algo ultrapassado e dispensével. Na opinidio dessas pessoas, nao cabe ao professor intervir na apren- dizagem dos alunos: cada um aprende o que quer na hora que est ver disposto, e se nfo quiser nao aprende. £ 0 laissez-faire total, uma situacio de “deixar-fazer” levada ao extremo, onde cada um age de acordo com sua prépria conta e risco. E, com isso, 0 profes- sor ndo precisa ensinar. Ao nosso ver, esta posi¢&o é contréria a democratizago do conhecimento. Se_o aluno esté na escola, é para aprender, € para construir seu conhecimento, e cabe ao professor ajuda-lo nesse processo. O conhecimento deve ser-cvotetivamente— CoMsTTLTAS peTOs AMOS € pelo professor, sob a orientagho deste titi- mo. Nessa perspectiva, a direcdo de classe é necessatia sim, e muito. 82 Capitulo 3 No nosso entender, nao se deve confundir o respeito & individua- lidade e & criatividade com uma situago onde os alunos sto deixa- dos cada um por si, abandonados na sala de aula, sem orientacao, sem um rumo tracado, sem um objetivo a atingir. A educacio é um processo diretivo por natureza, pois sempre visa alcancar certos objetivos. Por isso, cabe ao professor usar seu bom senso para saber quando seré mais ou menos diretivo. Mesmo quando deixa 0 aluno descobrir por si pr6prio, o professor consciente tem certos objeti- vos a serem atingidos. Ao aprender, 0 aluno est construindo seu conhecimento. Nesse processo, alguns momentos sao de descoberta, outros de generali- zagio e transferéncia do que foi aprendido, e outros, ainda, de estruturacao e sistematizagio. Em cada um desses momentos, cabe 40 professor perceber se deve ser mais ou menos diretivo, se deve ou nao interferir mais diretamente na aprendizagem do aluno e como fazé-lo sem tolher sua iniciativa. Portanto, a diretividade na educagio em geral, e no ensino em especial, é uma questo de grau. Nossa posico & corroborada pelo professor Libaneo, que assim se expressa: “A nivel do relacionamento psicossocial entende-se uma revisio das formas de direc3o do trabalho escolar incluindo quesiées como autoridade, estrutura organizacional e participagio; propée-se uma forma de relacionamento professor-aluno onde o adulto niio omite seu papel de guia, expressando uma presenga sig- nificativa para a crianca: ainda que permaneca um facilitador, nao deve perder-se na ingenuidade do niio-diretivismo. Numa perspecti- va de educacio critica, direcionada para uma pedagogia social que privilegia uma educagio de classe no rumo de um novo projeto de sociedade, a escola piblica possui papel relevante e indispensdvel. Para isso, 6 preciso sim, dar aulgs, fazer planos, controlar a disci na, manejar @ classe, dominar 0 contetido e tudo o mais... Sabe-se que familias pobres apreciam uma escola onde ha uma disciplina rigorosa e que exige dedicaco aos estudos"!, Sobre o mesmo assunto, 0 trecho apresentado a seguir, de auto- ria do professor Luckesi, aborda a mesma questo, 86 que do ponto ‘mais amplo do processo educacional: “Primeiramente e de um modo genérico, diria que educador todo ser humano en do em sua pritica hist6rica transformadora, Em nossas miltiplas relagSes, estamos dialeticamente situados num contexto educacio- aber ser, saber fer", ANDE,n. 4, 1982, p44 Ainteragio professor-aluno 83 nal. Todos somos educadores e educandos, ao mesmo tempo, Ensinamos e somos ensinados, numa interaco continua, em todos os instantes de nossas vidas. (..). Em segundo lugar, e aqui esti 0 nticleo de interesse para o momento, educador é o profissional que se dedica 2 atividade de, intencionalmente, criar condigoes de desenvolvimento de condutas desejéveis, seja do ponto de vista do individuo seja do ponto de vista do agrupamento humano” 2. ‘Transpondo essa idéia para o campo mais especifico da constru- io do conhecimento, podemos dizer que, embora todos nés esteja- mos constantemente ensinando e aprendendo, cabe a0 professor, como profissional que é, prever, organizar e apresentar aos alunos situagées didaticamente estruturadas no sentido de ajudé-los a des- cobrir, generalizar e sistematizar 0 conhecimento, transformando 0 conhecimento prévio de natureza empirica em conhecimento cienti- ficamente estruturado. Portanto, a diregio de classe é necesséria, como forma de organizar e proporcionar atividades de ensino- aprendizagem, visando a consecucao de objetivos. A diregao de classe supde: lanejar as at + sel * prever e utilizar adequadamente recursos incentivadores e mate- tials audiovisuais; * organizar atividades individuais e grupais interessantes e bem dosadas, que auxiliem o aluno na construco do conhecimento; « avaliar continuamente os progressos realizados pelos alunos, mos- trando os seus avangos ¢ dificuldades, e como podem aperfeicoar © seu conhecimento, jonar e estruturar os contetidos; A seguir, apresentamos algumas sugestées que podem ajudar 0 professor a aperfeicoar sua postura pedagogica e facilitam o proces- so de construcio do conhecimento. a) Faga uma previsio dos conteiidos a serem deseavolvidos e das atividades a serem realizadas, levando em conta os objetivos a serem atingidos, bem como 05 interesses, as necessidades e 0 nivel de desgnvolvimento dos alunos. Ao planejar o seu trabalho ano C. Luckesi, O papel da Didética na formagéo do educsdor”, Em: Ver Maria Candau, og A Dita om questo, p. 24 | 0 professor tende a se sentir mais seguro, pois ‘ais facilmente as improvisagées e os contratet os. Mas, lembre-se: o planejamento deve ser flexivel, adaptan- do-se aos interesses manifestados pela classe em dado momento, pois 56 assim poderd satisfazer 4s reais necessidades de aprendi. zagem dos alunos. b) Faga os alunos participarem no planejamento do trabalho didtio da classe, contribuindo com sugestées. Registre num canto do quadro-de-giz, em conjunto com os alunos, as atividades a serem desenvolvidas no dia pela classe. © Esclarega o que se pretende alcancar com a aprendizagem de determinado conteido ou com a realizacio de certa atividade, pois conhecendo os objetivos a serem atingidos, os alunos ten. dem a manifestar mais interesse pelo trabalho ¢ a empreender esforgos no sentido de alcancar esses objetivos. © Procure adotar uma atitude dial6gica na sua pritica docente em sala de aula, para facilitar a construgiio coletiva do conhecime! to por parte dos alunos. Lembre-se que o didlogo é fundamer para que o professor e os alunos possam construir juntos 0 conhecimento. Para desencadear o didlogo convém partir de uma situagio-problema e aproveitar os conhecimentos prévios as experiéncias anteriores dos alunos 6) Incentive a participagao ativa dos alunos na situagio de aprendi- zagem, propondo-lhes atividades desafladoras que aclonem é em Seus esquemas operativos de cognicao, Assim sendo, proporcione situagées problematizadoras, nas quais eles tenham que observar, descrever, relatar, dialogar, ler, escrever, comparat, ‘dentificar, diferencia, clas seriar, ordenar, fazer opera- $Bes numéricas, fazer estimativas, localizar no tempo e no espa: $0, explicar, analisar, sintetizar, conceituar, concluir, interpretat feitas, julgar, avaliar, propor e comprovar hipéteses etc. Para conseguit a maior parti. clpacio dos alunos, é preciso usar um método ativo ou operative (de acordo com mobilize os ‘logia de Jean Piaget), que acione e is mentais do individuo, agilizando suas ope- im contetido novo, yerifique 0 que os alunos jé sobre o mesmo, e aproveite suas experiéncias anteriores € seus conhecimentos prévios sobre o assunto estudado. Parta de A interagio professor-aluno 85 situages significativas, ligadas & realidade vivida pelos alunos. Depois, apresente para a classe situagdes de organizacio e apli- cacao do novo conhecimento, proporcionando atividades que facam os alunos aplicar e sistematizar o que aprenderam. 8) Mantenha os alunos sempre ocupados, em constante atividade, pois “o trabalho e a atividade mental so sempre as melhores Sarantias de disciplina em classe”33, Assim, planeje e propicie aos alunos atividades individuais e grupais de ensino-aprendiza~ gem interessantes e bem dosadas. Explique o que é para ser feito em cada atividade, dando instrugdes claras e objetivas. No caso do trabalho em grupo, oriente os alunos para trabalhar em equi- pe, propondo, em conjunto com eles, padres de comportamen- to e normas de conduta. Circule pela classe, procurando obser- var os alunos trabathando. Verifique as dificuldades de cada um, para ajudé-los a superé-las, h) Observe os avangos de seus alunos no processo de construir o conhecimento ¢ avalie continuamente os progressos por eles rea- lizados nos estudos, fornecendo-Ihes, como retorno ou feed. back, o resultado das avaliagdes. Mas nfo lhes apresente sim- plesmente uma nota ou um conceito frio e impessoal. Mostre- Ihes as provas, os trabalhos e os exercicios que serviram como instrumentos de avaliagao, jA devidamente corrigidos, para que eles possam verificar 0 que acertaram e 0 que erraram, e como podem melhorar nos estudos. 5) Ao avaliar, nflo demore muito para corrigir as provas, trabalhos ou exei ois quanto mais rapido for dado o retorno da ava- liagao, isto €, quanto mais répido os alunos souberem o que acer- taram eo que erraram, mais facil serd para eles avangar na cons- trugio do conhecimento, j) Incentive os alunos a avaliar o pr6prio trabalho, praticando, assim, 4 auto-avaliago, O ah iando bem orientado, também sabe dizer quais so seus por rrtes, © que aprendeu e em que pre- isa melhorar, Se pretendemos que nossos alunos desenvolvam a cto de idade e uma atitude critica, € preciso criat oportuni jue eles pratiquem a auto-avaljacio, come- ando por analisar a si mesmos, seus erros € acertos, ¢ assumir a responsabilidadle por seus atos. Os alunos devem adotar uma ati- aye Madeira Marcozat et ali, Basinando a erianga, p20 Capitulo 3 tude critica inicialmente sobre seu comportamento e em relagio 4 seus proprios conhecimentos. 1) Procure enfatizar os progressos realizados pelos alunos no seu processo de construcao do conhecimento e valorizar o esforgo que cada im empreendeu. Procure, também, salientar os com portamentos adequados do ponto de vista do convivio grupal, porque os elogios ¢ a valorizagio do comportamento desejado ajudam mais a motivar o aluno do que criticas e punigées. Nao repreenda publicamente um aluno de forma humilhante, pois isto seria degradante, nem castigue a classe inteira pela falta cometida por um s6, pois isto seria injusto. m) Distribua fungées e divida tarefas de modo a permitir que os alu- ‘nos participem mais ativamente da dinamica da sala de aula e cooperem em suas atividades rotineiras. Assim, estabelega um sistema de auxiliares do dia ou da semana, no qual os alunos fiquem responsaveis, em rodizio, por certos encargos, como apagar 0 quadro-de-giz, recolher os cadernos, distribuir mate- nial, arrumar a sala apés a aula etc ‘Tanto 0s assuntos abordados neste capitulo, bem como aqueles que seriio tratados nos préximos, tm relago com a directo de classe. Assim, 20 continuar lendo este livro, o leitor poderd sistema- tizar outros pressupostos que norteiem seu trabalho na sala de aula. No entanto, no que concere a este tema, a aprendizagem do profes- sor sera constante, pois cada classe é uma realidade, apresentando caracteristicas prOprias. Cabe ao professor aplicar seus conheci- mentos anteriores, mas principalmente usar sua sensibilidade, sua intuigo e seu bom senso na orientagao da aprendizagem dos alunos ena direcéo de classe. Assim, cada professor encontraré o seu cimi- ‘ho na pritica didria da sala de aula. Resumo 1. 0 professor tem sua pe 1s de vida e conse iconscient valores (eragir com cada tular-¢ se relacionar com a classé comet todo. ss transmite couhecimentos, em forma de A interagio professor-aluno 87 (elementos do dominio afetivo), ajudando a formar a personali- dade do educando. Por isso, o professor deve ter bem claro que, antes de ser um professor, ele 6 um educador. Na relagao professor-aluno, 0 didlogo fundamental. A atitude dialégica no processo ensino-aprendizagem ¢ aquela que parte de uma questo problematizadora para desencadear 0 didlogo, no qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios ¢ as experiéncias anteriores do aluno, Assim, ambos chegam a uma sintese que elucida, explica ou resolve a situagao-problema que desencadeou a discussio. 3, Na condugao da aprendizagem dos seus alunos, o professor tem duas fungoes bésieas: a funedo incentivudora, pois precisa garan- {ir situagoes que incentive o aluno a continuar progredindo nos eattits ¢ estimulem sua participacao ativa no ato de apren- der; ¢ a funcao orientadora, pois cabe a ele ensinar, isto é, orien- tar 0 processo de aprendizagem dos alunos para que possam construir 0 préprio conhecimento. A autoridade do professor & inerente & sua funcio educadora, ou seja, ¢ a autoridade de quem incentiva ¢ orient 4..No que se refere a disciplina, é preciso orientar a conduta dos alunos com atiudes seguras ¢ ao mesmo tempo compreensivas, Como fazer isto dependera da postura de cada professor e do “clima” da classe, pois em edueacdo nao ha formulas prontas. 0 professor percebera que as vezes precisa ser mais enérgico © outras vezes menos, dependendo da situagao ¢ do “clima” da classe. Convém Iembrar que os elogios funeionam como reforgo positivo, estimulando 0 aluno e ajudando-o a desenvolver 0 autoconceito positivo. Mas é preciso usar 0 elogio nas situa adequadas, ou seja, quando perceber realmente que o aluno esti se esforcando de verdade e fazendo o melhor que pode. 5.0 professor ¢ os alunos devem propor, analisar ¢ diseutir, em conjunto, os padrdes de comportamento ¢ normas de conduta, pois quando 0 aluno participa da elaboragao de um “eédigo” de comportamento, tende a assumir o que propds ¢ a adoti-lo, na pratica cotidiana de sala de aula, mais facilmente do que se Fosse imposto. Assim, quando o aluno pode diseutir ou elaborar ‘as regras coletivamente, ele se sente mais motivado para respel (é-las. 6, Molivagao é um proceso psicoldgico ¢ energético, interno e pro- fundo, que inipele o i aagdo, determinando a dire- ‘do do comportamento. 5 um fendmeno pessoal que depende da fneia prévia de cada aluno e do seu nivel de aspiragao. Por ai motivar 0 aluno a aprender, mas Bo Capitulo 5 pode incentivé-Lo, isto é, estimuli-lo ext polar a amente, captando € indo sua atengao ¢ despertande © seu interesse. Para 8 Pp aproveilando os fatores ambientais, ndo apenas no aula, mas durante todo o sen decorrer. 7. Direedo de classe & a organizacio ¢ apresentacio das situagées de ensino de forma a facilitar a realizagio da aprendizagem ea construgao do conhecimento pelo aluno. 0 professor percebera a8 veres, (era que agir de modo mais divetivo; outras vezes, de forma -ndo-diretiva, deixando 0 aluno descobrir por si mesmo, O importante é usar wm méiodo ativo ou operative (segundo a denominagao de Jean Piaget), que acione ¢ mobilize os esquemas operativos de cognigio, agilizando, em especial, as operagdes mentai Es) bros de um organismo social. Em cada contato que o individu tem com os demais, comunice suas idéias, sentimenios, valores, mane ras de ser, ao mesmo tempo em que recebe idéias, sentimentos, volo res, maneiras de ser, sob a forma de influéncia externa sobre seu ev Ha, portant, uma troca produtiva de mensagens entre um € outro (...) A relagdo ensino-aprendizagem 6 um proceso interativo. A interacdo demanda uma toca produtiva de influéncias entre quem ensina e quem aprende"34, Atividade pratica Faga um estigio de observagdo em uma classe de sua escolho Observe os recursos incentivadores usados pelo professor, bem como 0 nivel de porticipaséo dos alunos e suas condiedes de disciplina. Anote abservou em classe e depois faca um breve relatério, expon ronclusdes sobre a relacao entre motivacao, partciparao e 3 classe observada. 10 em grupo a afirmagdo a seguir, registrando os principais pontos dis- 2s membros do grupo @ anoiando as conclusses « que che- método deve garantir o real dominio do conhecimerio ou operattria, 2 fim de que 0 aprendido perdure, ¢ néo se ni mera aquisigéo passageira para obtencéo de um certfica- ‘oma; deve dar énfase cos aspectos bésicos e gerai fransferéncia da aprendizagem © garantir a fox fesséria para aplicar © aprendide, com as nuancas que a al especifica aconselho; e, por fim, deve ser vivido em clima 1a liberdade do educando, sem imposiges autoritérios do ‘que matam @ iniciativa e « criatividade do oluno), mas tam- ‘ouséncia, © passividade, o clheomento, « omissé0, como fescaso @ desorientacdo de cerlos professores que, assim igam ser muito avangados e estorem na crisia da onda, por et al, Manejamento de ensino e avaliacéo, p. 127-9.

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