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SCHWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1982. 163 p. 0 livro analisa as bases do autoritarismo brasileiro @ partir do confranto centralizago/descentraizacZo na histéria politica do Brasil, desde 0 perfodo co- lonial até 1964. autor inicia a andlise a que se prope, colocando-se dentro de um enfo- que ~ tornado cléssico por Faoro — que procura entender o Brasil a partir de luma polarizacao no propriamente econémica, mas basicamente politica, opon- do, de um lado, 0 Estado e sua méquina burocritica sufocante, e, de outro, a so- ciedade civil asfixiada — af incluidos os segmentos que, noutras paragens, passam ios rurais, empresérios, 3s dos principals pensadores que se pre ‘cuparam com a questio do Estado (Maquiavel, Rousseau, Hegel, Marx), o autor ‘analiza sua atengdo para a teoria do Estado patrimonial ou neopstrimonial — como pretende afirmar — com todo o seu poder buroerético, « forca de central 2a¢lo, tanto no que se refere @ problemas politicos, como no que diz respeito @ ‘questées econdmicas ¢ socials. No sau conceito, © Estado patrimonial é aquele que utiliza o poder buro- erético, com todas as suas ramificacSes, ea partir dele procura dominar todos os Ch & Trép. Recife 10/1) 85-113 Jon.jun., 1982 110 ecentbes sogmentos da sociedade, centr mento de forcas autbnoma izendo as suas decisbes, impedindo © apareci © Estado patrimonial, devido a sua propria estrutura, enfrenta problemas {# contradicSes. Como ele se baseia na burocracia, este aparato burocrético tende a crescer, a fim de consolidar a forga do Estado. Mas quando este aparato cresce, le se subdivide, e se essa subdivisdo por seu lado, tende a crescer também, ela termina por se tornar uma ameaca a0 poder central e ao seu espirito autorité rio. ‘No Estado neopatrimonial, para que ndo ocorra esta subdivisdo, ou o que teria muito pior para esta filosofia do Estado, para que no aparecam ou nfo se afirmem forgas auténomas, ele, 0 Estado, se utiliza de um recurso muito sin- gular, que ¢ a cooptacio politica. Este recurso 6 utilizado a fim de anular estas forgas auténomas, ou impedir que elas se afirmem social e politicamente. Através de uma rede de favores, prestagBes de servigos, empregos etc., estas forgas s comprometeriam com o regime, se anulariam, ¢ perderiam a sua autonomia diante do poder central. Como um exemplo cléssico, o autor cita 0 Ministério do Trabalho, o Sistema Previdenciério e o PTB da era Vergas, que eram utiliza dos justamente para fins de cooptaggo e manipulaglo. Desde o periodo colonial ¢ de dominagio portuguesa, @ questbo central acho versus descentralizeno jé era um problema atente. A causa de tas cotl- tos, aldm de social, politica ou econdmica, deve-se também & prépria dimensio do espero geogréfco brasileiro, que no facilitava a formaSo de um governo forte e centralizado Com a decadéncia da economia apucareira no Nordeste, 0 declinio do ciclo do ouro em Minas Gerais e 0 isolamento de So Paulo, o centro admi- nistrativo vai se concentrando cada ver mais no Rio de Janeiro. O Rio Grande do Sul, militarizado, devido a problemas de fronteiras ¢ a0 estado de querra que dat advinha, formave um estado & parte, com caracter(sticas proprias, o que con- tribuiu decisivamente para sua vocagéo federativa e independente, que marcou toda sua historia. A expansio do café, e sua explosio no mercado internacional, deu @ Sfo Paulo a dianteira nos rumos da politice e da economia nacional, ¢, conseqiente mente, aumentou 0 seu poder de influenciar os centros de decisfo. ‘A causa desta expanséo nif se deve apenas & fertilidade do solo, mas & politica de imigragéo incentivada e financiada em grande parte pelo governo es- tadual. Entretento, com a criago do mercado internacional, os paulistas se viram © & Trép., Recta 101): 86-113 jan un, 1982 Racansbos wt forgados a apelar para a intervengio do Governo Federal, @ fim de resbilitar 0 seu comércio que ficou abalado com esta crise. A principio, reivindicaram uma intervengio temporéria, mas posteriormente, esta inteng80 tornou-se permat te, Com isto, 0 autor quer demonstrar 0 abandono da politica do “! ‘em prol de uma continua e crescente interveneSo do Estado na econor iberd @ estagnagd0, oor ‘tario. Temendo ser lesada ou ludibriada, a Coroa tornava mais rigorosa a fiscal zagdo, fazendo-se mais influente administrativamente,e invertendo o fluxo ante- ror para uma maior centralizaco. Com a abdicagéo de O. Pedro, e durante a regéncia, estouraram véri febelides regionais. A fim de combaté-ls, foi criado © primeiro exército nacio- nal regular de nossa historia. ‘A Replica cria um clima favordvel & descentralizago administrative licanos paulistes, ansiosos de sua autonomia, ¢ jd em plena “boom” do café, nfo desejavam uma solucdo militar, que poderia ameacar os planos de autonomia, Entretanto, como a Repiblica foi proclamada pelos militares, 0 Partido Republicano Paulista entra de Imediato em choque com 0 governo cer tal, A historia da Repiblic tum confronto entre a central 0 governo militar 6 uma repeti¢fo dos ciclos anteriores, ou sel io ¢ a autonomia regional, entre o governo civil ‘A principio, a autonomia se realiza, atendendo principalmente ao interes: se dos paulistas, mas & medida que nos aproximamos do final da primeira Repd- blica, nos deparamos com uma nova tendéncia & contralizego. Com a crise internacional, jf mencionada, a classe dos plantadores de café reivindica apoio a0 Governo Federal que, 20s poucos, adota uma poltti de nacionalizago (centralizaedo) do café. Se tal apoio federal consolida os inte- esses econdmicos dos paulistas, por outro lado os aliena, de sua forga pol do seu espirito de autonomia, [A revolugio de 30 € um novo capitulo na histéria da centralizacio e concentracéo do poder politico, e Sé0 Paulo, com as suas tendéncias autono- ‘mistas ¢ de federalismo, no se adapta com facilidade ao novo regime. So Paulo Ch & Trép., Recife 101): 86-113 Jan.fun, 1982 12 Aacensbor 6 0 “lado perdedor da Revoludo de 30". O presidente deposto, Washington Luis, era um paulista, e 0 seu sucessor, Jalio Prestes, também paulista foi impe- dido de assumir pelas forcas revolucionarias. Por outro lado, 0 novo governo apoiava “eventualmente as demandas populistas”, contrariando os interesses dos setores industrais de Séo Paulo. Segundo © autor, a Revolueio de 1932 nada mais foi do que uma revolta contra a centralizago e uma tentativa de restabelecer a autonomia regional Com a queda de Vargas em 45, estamos diante de um novo quadro poli: tico, ou seja, a democracia representativa, com a participapso des massas. Os in- terventores e prefeitos nomesdos do antigo regime e os burocratas do sindicalis- ‘mo @ do sistema previdenciério conseguem sobreviver politicamente, e se man 118m no poder: os primeiros situados no PSD, os segundos no PTB. Estes dois partidos, através de um jogo de coligages e cooptardes, se ‘apossam da méquina do poder durante quase todo o periodo 45-64 (com exce- ‘do da breve temporada Jénio Quadros), e, neste espago de tempo, tracam os tu- ‘mos da politica nacional. A crise deste sistema de coligacSes viria a ser uma das principais causas do colapso de 64, que deu origem ao movimento militar. Em seguida, referee a vérias interpretagies sobre a crise de 64, lembran: do que esta, bem como o proprio processo politico brasileiro néo pode ser enten- ido sem considerar 0 desenvolvimento do Brasil como estrutura complexa cujo centro 6 0 setor militar. Num momento teérico, questions os madelos analiticos da sociologia po- Iitica © eleitoral e elege a problemética Estado-Sociedade Civil como ponto de partida nélise dos processos politicos. ‘A partir das categorias: representagio politica © natureza da atividade politica, ponders o autor que hé dois modos de se pensar o quadro politico brasileiro. O primeiro se 04, através de uma corrente liberal e antiestaal que de fende a legitimagdo do Estado a partir de um sistema democrético de represente io de interesses,viablizador da iniciativa privada e de um eficiente competitiva, crticando, pois, © autoritarismo politico fundado no € favoritismo pessoal”. O segundo modo se dé, através de corrente oposta que propugna pela centralizagdo do Estado, cuja legitimapto baseia-se numa politica Voltada para “objetivos coletivos e nacionais”. Esta critica @ posigfo liberal que, por ser privativsta, mantém as desigualdades soc (© autor, assumindo uma posiggo eclética, conclue que, cada corrente reflete aspectot fundamentals da realidade politico administrativa brasileira, OL & TrOp., Recife 10(1): 86-113 Jan.un, 1982 Doache di Pom ay Cwm Tse er Paconsber 13 defendendo portanto, a unificagdo dessas duas tendéncias no que hé de positivo, para ume transformagao politica do pais. Por fim, reporta-se, brevemente, aos estudos eleitorais como uma das vias importantes, nem por isso suficientes, para a compreensio dos processos politi cox. Estes estudos nfo devem se restringir a0 campo politico partidério, mas Considerar outras esferas onde também hé representacéo social (v.g, 0 setor he bitacional com as Associagdes de Moradores), sob pena de tornar 2 “vida politica um ritual vazio de conteido, dispendioso e essencialmente indtil para governan- ‘Alexandrina Sobreira de Moura Fundafo Joaquim Nabuco Ch & Trép, Recife 10/1: 86-113 jan.un., 1962

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