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(1630), 16. nau Nossa Senhora de Belm (1635), 17. naus Sacramento e
Nossa Senhora da Atalaia (1647) e 18. galeo So Loureno (1649).
Este gnero de literatura satisfez o gosto do pblico por diversas razes. Em
primeiro lugar, o dramatismo do relato mais antigo, ou seja, o do naufrgio do
galeo grande So Joo, impressionou os leitores de tal forma que, alm de ter
despertado o interesse por narraes deste tipo, ficou conhecido como um
paradigma do gnero. Em segundo lugar, uma vez que todos os portugueses
participavam quer directa quer indirectamente na aventura do ultramar e nas
suas catstrofes, desejava-se ansiosamente saber a descrio dos acidentes
em que poderia estar envolvido algum familiar, conhecido ou amigo. Como
terceira finalidade, podemos considerar a didctica, pois as causas dos
sucessivos infortnios cruamente apontadas serviriam de manual de
naufrgios, para que outros se acautelassem contra futuros desastres e
soubessem no s os perigos que poderiam vir a enfrentar, dando nfase aos
riscos evitveis, resultantes da enorme ganncia e da irresponsabilidade dos
homens, como tambm s possveis atitudes a tomar em caso de perdio e
de peregrinao em terra desconhecida. Alm disso, por descreverem o
comportamento humano, em que se misturam o orgulho, a arrogncia, a
cupidez, o egosmo, o altrusmo e a renncia, mostravam vivamente tanto a
brutalidade
como
o
herosmo
nas
situaes
que
relatam.
Os desastres no mar e a caminhada em lugares distantes e ignorados, que
foram escrupulosamente registados e que cativaram o interesse do pblico da
altura continuam a chamar a nossa ateno, pois, alm de no cessarem de
aparecer as adaptaes literrias baseadas na Histria Trgico-Martima, a sua
reedio e os trabalhos a esse respeito encontram-se hoje nas livrarias, tendo
sido elaboradas, na ltima dcada, meia dzia de teses de mestrado e de
doutoramento. No entanto, os estudiosos no centraram muita ateno na
documentao no publicada, embora os investigadores pioneiros como
Charles Ralph Boxer e Giulia Lanciani j tenham referido alguns dos
manuscritos no includos na antologia setecentista. As fontes, que estavam
inditas at h pouco tempo, no s nos proporcionaram outros pontos de vista
para os naufrgios que j conhecamos como tambm permitem modificar
algumas opinies geralmente aceites.
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