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ex, edc. contin, CRMV-SP / Comtinnous Eduction Journal CRMV-SP $0 Paulo volume 2, fascial 3, p. 008-016, 1998 »Exame neurologico em grandes animais. Parte I: Encéfalo ° Large animal neurologic examination. Part I: Brain * Alexandre Secorun Borges' -CRMV-SP 1° 6564 Luiz Cliudio Nogueira Mendes! -CRMV-SP 1? 6112 ‘Marcio Rubens Graf Kuchembuck? -CRM\-SP 1° 0033, ' Professor Assistente de Clinica Veterindria Curso de Medicina Veterinétia - UNESP - Aragatuba ® Professor Titular de Clinica Veterinaria Faculdade de Medicina Veterinaria e Zootecnia - UNESP - Botucatu a Neste primeiro artigo abordando 0 exame neurolégico em grandes animais so apresentados dados referentes & neuroanatomia e & neurofisiologia, e 0 exame das func’ artigo sera abordado o exame da medula espinhal desses animais. Unitermos: neurologia, encéfalo, medula espinhal, arco reflexo, nervos cranianos ¢ sistema nervoso. * Curso de Medicina Veterinaria UNESP -Aracatuba Departamento de Clinica, Cirurgia e Reproducao Animal ua Clovis Pestana, 793, Jardim Dona Amelia, ‘CEP 16080-680 -Aracatuba-SP e-mail asborges@tmva.unesp br encefiilicas. No proximo Introducao roblemas neuroldgicos sao freqiientes em bovinos, eqiiinos, caprinos e ovinos, sendo 0 exame neuro- J6gico um passo de fundamental importiincia para sams localizagio e diagndstico de intimeras enfermida- des do sistema nervoso. O exame é dificultado pelo escasso acesso para avaliagio direta, quando comparado a outros sistemas, Isso pode ser percebido ja que nenhuma estrutura nervo- sa pode ser palpada diretamente e, com excegiio da pa- pila Gptica, também nao pode ser visualizada, Outro fator que deve ser levado em consideragdo é o tamanho dos animais que dificulta a realizago de varios tipos de teste, comumente utilizados na avaliago de ces e gatos. Como grande parte dos processos neurolégicos em grandes animais nao possui um bom prognéstico, uma avaliagao mais criteriosa é desestimulada; entretanto, deve-se lem- brar que algumas enfermidades apresentam bons resul- tados quando diagnosticadas ¢ tratadas precocemente (policencefalomalacia dos bovinos, mieloencefalopatia por protozoarios em eqiiinos, etc.), além do que um diagnés- tico correto permitira a adogdo de medidas que evitem que outros animais adoegam, O objetivo deste artigo é apresentar uma metodo- logia para realizagdo do exame neurolégico e a interpi tagio dos resultados obtidos, contribuindo para que este exame seja eficiente, produzindo conclusdes titeis e con- fidveis. O exame neurolégico basei comportamento (estado mental), postura e movimentos (andar, trotar ¢ galopar), pares de nervos cranianos, rea- ges posturais e, quando possivel, na realizagao de refle- xos espinhais. Pode-se incluir exames complementares como andlise do liquido cefalorraquidiano, radiografias simples ou contrastadas (mielografia), eletroencefalogra- fias, tomografia computadorizada e ressonfineia magné- tica (Quadro 1). Quadro 1 >a suspeita de ur Ingao Oc BORGES, A.S.: MENDES, L. CN. KUCHEMBUCK, M. R. G. Exame neurolégico em grandes animais, Part, E Encéfalo. Large animal neurologic examination. Port f Brain. Rev, edue, contin, CRMYV-SP_/ Continuous Education Journal CRMV-SP, Sao Paulo, volume 2, fasciculo 3, p. 04 - 016, 1999 Quadro2 ‘Como as estruturas do sistema nervoso nao sao direta- nente p r lo ‘ eee = Quando se percebe que o exame neurolégico deve ser realizado e interpretado a partir das respostas obtidas em provas especificas da avaliagao funcional, e com a familiarizagao dos procedimentos c testes utilizados, este Quadro3 O sistema nervoso funcionalmente € um sistema de ial com o meio ambiente, funciona basi- SEES facilidade do exame dos outros sistemas (respiratério, digestivo, locomotor, etc.). Sempre que soubermos reall zar corretamente um teste ¢ conhecermos qual a res- posta normal do organismo, saberemos identificar res- postas anormais, passo fundamental para um exame bem sucedido (Quadro 2). Durante o exame neurolégico de grandes animais Passa a ser executado rotineiramente € com a mesma a maior quantidade de informages deve ser obtida da sscoccices y Figura 1A: Fqtino com a representac2o esquemitica em amarelo do sistem nervoso central (encéfalo e medula espinal) e parte do sistema nervoso perifério (nervos espinhas -cinza). Observa-se a divisdo funcional da medula espinhal eo sentido da informac: Figura 1B: Encéfalo em corte sagital mostrando sua divisao anatomo funcional. Cerebro (lelencefalo + diencétalo), tronco encefalico (mesencéfalo + ponte + bulbo)e cerebelo, Figura IC: Vista ventral do eneéfalo com destague para a emergéncia dos nervos cranianos(larana). Figura 1D: Medula espinhal representada por 2 de seus sezmentos, observa-se 0 H medular e @ presenga de artérias, veias e dos nervos espinhais de um dos lados. Figura 1B: Componentes do arco reflexo espinhal. O esquema mostra a captagio de um estimulo em receptor perifério (setasazuis) ¢ sua condugio em neurdnios sensitivos (no interior de um nervo espinhal), passando pela raiz dorsal. Apés entrar na medula espinhal ocorre ‘onexdo com o corpo celular do neurdnio motor inferior na substanciacinzenta da medula espinhal, Esta informagao motoraé uansmitia até 6 feixe muscular pelo axdnio deste NMI (setas verdes) no interior do nervo espinhal BORGES, 4.5; MENDES, L. C. N;, KUCHEMBUCK, M. , G, Exame neuroldgico em grandes animais. Pat: Encéfalo. Large animal neurologic examination Pant, Brain, Revs edue. contin, CRMV-SP./ Continuous Education Journal CRMV-SP, Sao Paulo, volume 2, fasciculo 3, p. 004 = 016, 1999. . Limitada experiéncia do ¢ anamnese e do exame fisico, ja que sao poucas as vezes que os exames complementares acima citados podem ser utilizados, principalmente quando os animais sao avalia- dos no campo. Neuroanatomia e Neurofisiologia Devemos inicialmente considerar a divisio do si tema nervoso (SN) em sistema nervoso central (SNC) ¢ sistema nervoso periférico (SNP). Como SNC devemos entender 0 encéfalo e a medula espinhal, sendo o encé- falo 0 conjunto de estruturas contidas dentro da calota craniana acima do forame magno. O encéfalo possui a seguinte subdivisio: telencéfalo, diencéfalo, mesencéfa- lo, ponte, bulbo e cerebelo. O que chamamos geralmente de cérebro € a associagao de telencéfalo e diencéfalo (Quadro 3 e Figura 1). ‘A calota craniana oferece protegio contra trau- ‘matismos. Entre encéfalo ¢ a calota craniana estio jus- tapostas as meninges, sendo a mais externa ¢ espessa denominada dura-mater, a intermediaria aracnide, sob a qual circula 0 liquido cefalorraquidiano; abaixo desta, € jjustaposta ao encéfalo, encontra-se a pia-mater. O fluido cefalorraquidiano possui importantes fungGes fisiolégicas, algm disso pode espelhar muitas alteragées do tecido nervoso, servindo como importante método auxiliar diag- néstico (Quadro 4). O tronco encefillico 6 uma drea de grande impor- tancia para 0 exame neurolégico j4 que envolve as re- gides de mesencéfalo, ponte e bulbo onde se encontra a maior parte dos nticleos dos nervos cranianos (como nti cleo entende-se 0 conjunto de corpos celullares de neurd- nios dentro do SNC, sendo o seu correspondente no SNP denominado ganglio). Sendo assim, uma lesio neste lo- cal, mesmo que pequena, acarretaré dano ou alteragdo na fungaio de mais de um par de nervos cranianos, ja que € grande a proximidade entre eles (Quadro 5). ‘A medula espinhal inicia-se a partir do final do bulbo € possui o mesmo ntimero de segmentos que o ntimero de vértebras (com excegao da medula cervical que é com- posta por 8 segmentos medulares). Cada segmento pode ‘TELENCEFALO: cortex cerebral (from portamento eatividade motora refinada; parietal: nocicep¢ao propriocep¢ao; occipital: visdo; temporal: comportamen- t0 e audicao) e nticleos basais (conjunto de corpos celulares localizados abaixo do encéfalo, ex: caudado, putamen, etc; ‘com funcées relacionadas ao ténus muscular e iniciacdo e controle da atividade motora). DIENCEFALO: hipotdlamo (modulao sistema nervoso au- ‘ténome, apetite, sede, regulacdo de temperatura e balanco de eletrdlitos),talamo (é um complexo de varios niicleos que ine outa a ser identificado morfologicamente pois possui um par de nervos espinhais, cada um com uma raiz dorsal (sensitiva) ¢ uma raiz. ventral (motora). Esses nervos espinhais sio constituidos por neurdnios sensitives e motores. ‘A medula espinhal pode ser morfol6gica e funcio- nalmente dividida em 5 regides: regio cervical (compre- endendo os segmentos medulares de Cl a C5); regio cérvico-tordciea (também denominada de plexo ou intu- mescéncia braquial, segmentos de C6 aT2); regitio téra- co-lombar (correspondendo aos segmentos medulares de 3 a L3); regidio lombo-sacra (plexo ou intumeseéncia Jombo-sacra, segmentos de L4 a S2); regio sacro cocet- gea (segmento $3 ao tiltimo segmento medular). Deve- se ressaltar que essa divisio corresponde a segmentos medulares e nao as vértebras propri seria sem importincia se o tamanho do segmento medu- lar e a vértebra.correspondente fossem iguais, porém isso wo ocorre em toda a medula espinhal. No inicio existe grande correspondéneia entre ta- manho medular e vertebral, sendo que a vértebra e 0 segmento medular correspondent estio justapostos; po- rém 0 tamanho medular vai diminuindo em comparagao BORGES, A'S MENDES, L, C. Ni KUCHEMBUCK, M.R. G. Exame neuroldgico em grandes animais, Par Encéfalo. Large anima newrologie examination, Part I: Brain. Rev, edu. eon "RMV-SP 1 Continuous Education fournal CRMW-SP. Sio Paso, volute 2, fascieuo 3, p. 004 ~ O16, 1999. 20 tamanho vertebral a partir dos tiltimos segmentos medu- lares tordcicos. Isso acarreta o término da medula espinhal (em grandes animais) aproximadamente na primeira ou se- gunda vértebras sacrais. Neste ponto se a estrutura denominada cauda eqilina, que nada mais é do que 0 con- junto de nervos espinhais localizados dentro do canal verte- bral e que irdo estender-se caudalmente até a sua saida. Observando-se a medula espinal dorsalmente ire- mos notar que as regides C6 a T2 e L4.a $2 possuem um, Volume maior em comparacao com as regides anteriores posteriores (daf o termo intumescéncia também utiliza- do para esta regio); isso se deve 3 grande entrada e saida de neurdnios nestas duas regides, responsdveis pela conexao entre SNC € musculatura dos membros anterio- res e posteriores, respectivamente. ‘A medula espinhal, observada em cortes trans sais, demonstra duas regides facilmente diferenciveis: regio cinzenta correspondente ao H medular € 0 local onde se encontram os corpos celulares dos neurdnios e a substineia branca é 0 local onde se encontram os axdni- os agrupados em tratos ou fasefculos, O SNP inclui 12 pares de nervos cranianos origi nando-se no encéfalo e os diversos pares de nervos espi nhais originando-se na medula. Denire as estruturas celulares encontradas no SN, © neurdnio assume importincia fundamental por apre- sentar a caracteristica de excitacao (polarizagao e des- polatizagao), sendo responsdvel pelo inicio ¢ manuten- Gao da atividade neurolégica. As células da glia e outras estruturas so fundamentais para a estabilidade, suporte, proteco ¢ nutriedo do sistema nervoso, porém para o exame clinico, o neurdnio assume a maior importincia. Ocxame neurolégico ser realizado observando-se a res- posta aos estimulos realizados, Os neurdnios podem ser funcionalmente divididos iltimos responsiveis pelo inicio e manutencio da atividade mo- tora, podendo ser divididos em neurdnios motores supe- riores (NMS) ¢ neurdnios motores inferiores (NMI), A associagdio entre neurdnios sensitivos e neurd- nios motores permite a realizagio de arcos reflexos. Re- flexos so respostas biolégicas normais, espontineas € praticamente invariveis, sendo titeis ao organismo. O arco reflexo € uma resposta basica apés a realizacio de um estimulo e € por meio de suas varias modalidades (reflexos espinhais, reflexos dos nervos cranianos) que © exame neurolégico sera realizado. O arco reflexo nada mais € do que uma resposta motora involuntétia (sem uma supervisdo direta de estruturas ligadas & conscién- cia) frente a um estimulo aplicado a uma determinada estrutura, Basicamente 3 neurdnios (em alguns arcos em neurdnios sensitivos € motores, sendo es reflexos mais estruturas podem estar envolvidas) so responsaveis pela efetuagdo de um arco reflexo. Em primeiro lugar, um neurénio sensitivo (aferente) ird cap- tara informacao sensorial e conduzi-la até a medula ou tronco encefiilico (dependendo se sera um arco reflexo mediado por um nervo espinhal ou craniano, respecti- vamente) ¢ fard a conexdio com um interneurdnio, o qual erd responsavel pela transmissio dessa informagao para um neurénio motor (eferente) que efetuard a es- uulacdo de um miisculo. Varios reflexos podem ser uti- lizados para avaliacao neurolégica como por exemplo 0 reflexo patelar (espinhal), 0 palpebral, o pupilar, etc. Exame clinico ‘A sua primeira etapa é a identificagio do animal (espécie, raga, sexo, idade, utilizagao, valor, local de ori- gem e utilizagdo do animal). A anamnese deve detalhar informagdes referentes ao inicio dos sinais clinicos, evo- lugdo, alimentagdo, vacinagao, tratamentos realizados, doencas anteriores, mimero de animais acometidos, am- biente, manejo dos animais e nimero de mortes. Dentre as informagGes obtidas, deve-se ressaltar © inicio dos sinais clinicos e a sua evolugdo (curso da doenga). E muito importante sabermos ha quanto tempo comegaram as alteragdes € como eram logo no inicio do proceso, pois algumas vezes iremos atender animais com processos neurolégicos severos, podendo estar em decti- bito, comatosos ou semicomatosos, dificultando a obten- do de algumas informagées (Figura 2), Figura 2 - Enoéfalo de bezerro apresentando uma porencefalia na regido temporal @ Este animal apresenta anormalidades neurolégicas? = Em caso afirmativo, qual & 0 local mais provavel? | = Quais sao os diagnésticos diferenciais mais prova- © Identificacio e anamnese Exam fisico i... a e 1 Inicio dos sinais clinicos & Evolucio . Prost al observadas AGUDO NAO PROGRESSIVO: Enfermidades traumsticas e vasculares ‘acuoo! PROGRESSIVO E SIMETRICO: oo Cle Gs lara ca) A evoluco também é importante, pois diferen- tes enfermidades podem ser agrupadas em categorias que possuem, de modo geral, um padrao de evolugio semelhante. Isto sera muito eficaz para que se esta beleca o diagnéstico, pois muitas vezes, processos lo- calizados no mesmo local do SNC irao produzir sinais clinicos semelhantes, mas poderdo ser diferenciados pela sua evolugio, Isto pode ser exemplificado da se- guinte forma: um animal com um processo traumatico afetando o cerebelo ou um outro com um abscesso localizado também no cerebelo, provavelmente apre- sentam sinais muito semelhantes (quando as areas e a extensio da lesio forem parecidas), porém a evolu- iio dos dois processos ser muito diferente, o primei- ro com inicio agudo e estaciondrio, € © segundo com evolugao lenta, Quanto maior for o conhecimento das enfermida- des que acometem os animais, melhor seré a anamnese realizada, O exame fisico de todos os sistemas deve sempre preceder um exame neurolégico, pois permite diferenc ar problemas concomitantes, assim como descartar alte- ragbes que possam sugerir anormalidades neurolégicas. Sendo assim, os animais devem ser avaliados também quanto ao grau de desidrataco, coloragao de mucosas, palpacao detalhada de todos os membros e coluna verte- bral. Uma impoténcia funcional de um membro pode ser diferenciada entre uma fratura ou uma paralisia de nervo periférico, um decdbito lateral com grande apatia pode ser indicativo de uma lesiio medular ¢ de anemia ou desi- dratagdo severa. Tais aspectos podem parecer grossei- ros na maioria das vezes, mas devem ser sempre lem- brados. Salivagdo ou disfagia podem ser resultado de encefalites, botulismo ou devido a um corpo estranho na faringe ou es6fago. A cegueira pode ser resultado de encefalopatias de diferentes origens, ou de um destaca- mento de retina, ou, ainda, de uma severa catarata. O exame fisico geral também permitiré observar possiveis, alteragdes em outros sistemas que podem ser relaciona- das as anormalidades neurolégicas. Exemplo disso é a coloragdo ictériea das mucosas em alguns casos de en- cefalopatia hepatica dos eqitinos. Os objetivos de um exame neurolégico so: con- firmar a presenga de um problema neurolégico, locali- zaro problema, definir uma lista de diagndsticos prov: definir os exames complementares necessarios, es- tabelecer 0 diagndstico mais provavel e 0 prognéstico, € possibilitar o plano terapéutico mais adequado, Parale- lamente deve-se tomar as medidas preventivas nece: sdrias para que 0 problema no ocorra em outros ani mais (Quadro 6). BORGES, A.S; MENDES, L. C. N KUCHEMBUCK, MR, G. Exame neuroligico em Par: Brain. Rey, educ. contin, CRMV-SP / Continuous Education Jou ues animais. Part: Eneélalo./ Large animal neurologic examination, ‘CRAV-SE, So Pao, volume 2, fasefculo 3, p. 0-016, 1999, Figura 7- Encéfalo de ovino com extensa lesdo cerebral decorrente de conurose (Tenia multiceps multiceps). Deve-se lembrar que as informagGes devem ser inicialmente obtidas e posteriormente interpretadas. Uma tentativa precoce de interpretagao, quando con- duzida a um caminho errado, pode acarretar em uma precipitagio na orientagio do exame e em conse- giientes perdas de informagdes que poderiam ser importantes para um diagnéstico preciso (Quadros 7, 8e 9). E fundamental o uso de luvas durante 0 exame; este procedimento dar uma seguranca muito grande ao examinador, pois a raiva é uma importante zoonose que apresenta diversas formas de manifestagao clinica, nem sempre faceis de serem inicialmente identificadas. De- vemos lembrar que, algumas vezes, examinamos 0 ani- mal apenas uma vez e nao é possivel retornar para acom- panhar a evolugdo. O uso de Iuvas representa uma gran de seguranga, evitando aborrecimentos e preocupacdes futuras, cha de exame (protocolo) permite realizar um exame completo, j4 que dificilmen- te esqueceremos alguma etapa até que estejamos total- mente familiarizados com os procedimentos de aval go, além de facilitar 0 acompanhamento € os exames subseqitentes. Para que existam alteragdes encefélicas, os seguintes aspectos precisam ser avaliados. Geral- mente, quando alteraces encefélicas esto presen- tes, ao menos dois desses itens que sio a seguir descritos, devem apresentar alteragdes (Figuras 3, 4, 5, 6 e 7): comportamento (estado mental); posi- cao da cabeca ¢ integridade nas fungdes dos nervos anos A fungio encefélica é a primeira a ser avaliada, sendo 0 comportamento € o estado mental os primeiros aspectos a serem observados. Os dois esto estritamer te relacionados e devem ser preferencialmente avaliados na presenca de uma pessoa familiarizada com 0 animal, lo BORGES, A.S.; MENDES, L, C. N; KUCHEMBUCK, M. R, G. Exame neuroldgico em grandes animais. Part i Enefalo,/Carge animal neurologic examination, Pay Frain. Rev. educ. contin, CRMV-SP-/ Continuous Education Jounal CRMV SP, S30 Paul, volume 2, fassicula 3, p. O04 OL6, 199 Quadro 10 Fata Quadro 11 ‘Osnervos cranianos podem ser rapidamente avaliados quan- do observamos.a simetria facial, ntegridade da funcao visu- al, movimentacao de orelhas, palpebras ¢ labios, ‘mastigacao, movimentacao da lingua e degluticao. Dificil- ‘mente se estas fungSes estiverem integras existiraoaltera- coos os nowos cranes A que possa fornecer dados anteriores ao quadro clinico, Estas informagoes permitem diferenciar animais extre- mamente déceis daqueles com apatia. Utilizaremos o termo comportamento como a res- posta observada a estimulos visuais, titeis e auditivos e enquadraremos 0 estado mental dentro deste item. O comportamento considerado normal é extremamente va- ridvel entre espécies, ragas e individuos. Entre os com- portamentos considerados anorm ser responsiveis por acentuados niveis de depressio, chegando-se até © coma (Quadro 10). Em seguida deve ser avaliada a posig&io da cabe- ¢a. A rotagio da cabega (“head tilt”) é um sinal indicati- vo de lesio vestibular. A pressiio da cabeca contra obs- téculos (“head pressing”) pode ser observada em diver encefalopatias que afetem a fungao cerebral como, por exemplo, a polioencefalomalacia de ruminantes, a encefalopatia hepatica dos eqilinos ou o trauma cranii no. O andar em circulos pode ser observado geralmente em lesdes unilaterais na regio frontal As essas etapas, deve ser realizada a avaliagio dos nervos cranianos. Os 12 pares de nervos cranianos com seus respectivos nomes, fungdes € os testes a se~ rem realizados sio apresentados sob forma de tabela (Tabela 1). Observando esta tabela podemos notar que ‘os 12 pares de nervos cranianos podem ser rapidamente avaliados. Devemos lembrar apenas que no conjunto so responsaveis pela olfacdo, visio, movimentagao de ore~ Ihas, palpebras, labios, simetria e (nus da musculatura facial, preensdo e mastigacao de alimentos, movimenta- cdo de lingua e degluticao. Se todas essas fungdes esti- verem {ntegras dificilmente iremos encontrar alteraga0 nestes pares de nervos cranianos; ja se alguma delas es- tiver alterada, poderemos realizar provas mais especiti cas para localizar a anormalidade em um ou mais pares de nervos eranianos (Quadro 11), Algumas observagées podem ser titeis na avali- da fungao destes nervos. O nervo olfat6rio € di ficil de ser avaliado em grandes animais. Ainda que raras € sem importancia clinica, as afecgdes do nervo olfat6rio, quando ocorrem, sao de dificil interpretacao clinica devido as anormalidades no comportamento do animal incluem-se: emissdio de sons anormais, andar compulsivo, andar em circulos, apoio da cabega contra obsticulos, morder animais ou objetos inanimados € adogdo de posturas bizarras. As anormalidades comportamentais ge- ralmente esto associadas a altera- Ges cerebrais. O estado mental deve ser avaliado cuidadosamente pois ani- mais com enfermidades em outros sis- temas poderdo estar muito apaticos sendo estes sinais muitas vezes con- fundidos com uma depressao no nivel de consciéncia, Anormalidades cere- brais (tilamo, cApsula interna ou re- NERVO OCULO-MOTOR wh CORTEN OCCIPITAL gido frontal e mesencefiticas) podem Figura 8 - Esquema das, ias visuais ¢ do reflexo pupilar (Modificado de MAYHEW, 1989), BORGES, A.S.: MENDE! Parr Brain, Rev. edu -L. CN: KUCHEMBUCK, MR. G. Exame neuroldgico em grandes animals. Part, [ Eneéfalo.J Layee animal neurologic examination. contin, CRMV-SP / Continuous Education Journal CRMV-SP, S40 Paulo, volume 2, [asciculo 3, p- 004-016, 1999. O segundo par de nervo craniano (6ptico) pode ser avaliado por meio da percepgao da integridade visual € também associado com o didmetro pupilar (II par). Dificuldades parciais de visdo decorrentes de anormal dades no sistema nervoso sao dificeis de serem observa- das e diagnosticadas, porém, os casos mais graves po- dem ser determinados com maior facilidade, Inicialmen- te, deve-se deixar o animal locomover-se livremente em um ambiente diferente daquele a que est acostumado, cuidando para que o animal nao se machuque em algum obsticulo, Os animais cegos tendem a esbarrar ou ir de encontro a obsticulos. Aalteragao visual também pode ser verificada pela prova de ameaca visual. Esta prova deve ser realizada com um gesto de ameaga em dire¢ao ao globo ocular do animal, que como resposta deve fechar a palpebra (me- canismo protetor). Durante a realizagdo desta prova, evita- se a producao de destocamento de ar em diregao ao glo- bo ocular ou mesmo o toque manual, o que acarretaria um reflexo palpebral, nio relacionado ao processo visual ec, sim, 4 captagao sensitiva da regio ocular e palpebral (nervo trigémio) e & fungao efetora motora do nervo fa- cial. E importante ressaltar que animais com severas al- teragdes cerebelares podem apresentar diminuik auséncia da resposta de ameaga visual, pois existem vias cerebelares importantes na sua modulagdo. A via afe- pulsos que chegam ao SNC) da resposta de ameaca visual envolve as estruturas integras das vias vi suais e sua interpretagao no cértex occipital. A oclusio da palpebra depende da via eferente (impulsos que dei- xam 0 SNC) composta pelo cértex visual contralateral e do sistema motor (ipsilateral ao estimulo) do nervo facial (Quadro 12 e Figura 8). O reflexo pupilar também pode ser utilizado para avaliagao do nervo éptico assim como também do ner- vo Gculo-motor. Este reflexo € desencadeado em razio da integragao das informagGes transmitidas pelo nervo Sptico e nervo éculo-motor acarretando miose ou midri ase. A retina capta a informagio luminosa, transfor- mando-a em impulsos elétricos que sero conduzidos pelo nervo 6ptico até o quiasma 6ptico onde um grande percentual de fibras sofre decussagao (trocam de lado). A partir do quiasma Gptico, essas informagées trafe- gam pelo trato 6ptico passando pelo mesencéfalo, indo posteriormente ao cértex cerebral (formagao de ima- gens). Durante a passagem pelo mesencéfalo, ocorre 0 estimulo do nticleo do nervo éculo-motor (III par de nervo craniano) ali localizado. O estimulo do nticleo do nervo Gculo-motor ird gerar informagdes (transmitidas pelo nervo éculo-motor) que provocardo diminuig&o do dia- metro pupilar (miose). Quando 0 estimulo luminoso & pequeno, ocorrerd uma dilatagao da pupila denominada de midriase. A midriase ou miose so importantes para a maior ou menor eaptagao de luz, methorando a acuidade visual em ambientes com menor luminosidade ou protegendo as estruturas oculares em ambientes com grande quanti- dade de luz, respectivamente. Este é um exemplo de um arco reflexo mediado por um nervo sensitiv (Sptico) e um nervo motor (Gculo~ motor) que permite a avaliago da integridade das estru- turas envolvidas. Portanto, para que ocorra a miose apés um estimulo luminoso, deve haver integridade destas vias até a efetuacio do reflexo. Um reflexo pupilar adequado no implica necessariamente que o animal esteja enxer- gando, pois, para que isto ocorra, as vias devem estar integras até o cértex occipital. Ao colocarmos um animal em uma sala escura e iluminarmos 0 olho direito com uma lanterna, deve ocorrer a diminuigdo do didmetro da pupila testada (mi ose ipsilateral) e também iré ocorrer uma miose dis- creta na pupila esquerda (reflexo consensual). 0 con- trario ocorreré quando iluminamos 0 outro olho. Este mecanismo de fechamento consensual da pupila deve- se ao cruzamento das fibras, ocorrido no quiasma 6p- tico e também das conexdes entre o meseneéfalo es- querdo € direito, Em virtude da posigao dos globos oculares (em grandes animais) € complicado para o examinador realizar sozinho a avaliacao do reflexo pupilar consensual e direto ao mesmo tempo. Pode- mos perceber, pela breve descrigdo das vias visu que lesdes encefillicas localizadas na regido de cértex occipital podem acarretar cegueira sem anormalid: des do reflexo pupilar, jd que as vias que envol- vem esse reflexo esto localizadas mais rostralmente, sendo um exemplo disto a polivencefalomalicia dos bovinos, ‘Como na maioria das vezes observamos estes ani mais em ambiente aberto e nao em uma sala escura, pre- cisamos fazer uma modificagao no procedimento do exa- me, Deve-se fechar os dois olhos com a mio e observar © reflexo pupilar de cada um de forma individual (man- tendo sempre um deles fechado), com o posicionamento da cabega do animal em diregdo ao sol. Nao devemos fechar apenas um olho e em seguida abri-lo, pois o refle- xo consensual originado no olho deixado aberto ira dimi nuir o reflexo a ser testado, O didmetro pupilar também ¢ influenciado pelos miisculos dilatadores da pupila, inervados por fibras sim- paticas originadas do génglio cervical cranial (devido a este fato ocorre a dilatacio pupilar quando os animai estdio com medo ou excitados). BOR Part: Brain, Rev. ed contin, CRM | AS MENDES, L. C. Nz KUCHEMBUCK, M, R, G. Exame neuroldgico em grandes animais. Pat, I: Encéfalo. | Large animal neurologic examination 7 Continuo Education Joumal CRMV-SP. Sto Paulo, volume 2, fascicuo 3, p. O04 ~ 016, 199. ‘Tabela I - Fungo, testes de avaliacio e sinais de anormalidades dos nervos cranianos. [Oferecmento de alimentos com edo atracvo com arse fechada Treapacdade tol ou parcial desereodores Dil doer incr petado quando anorvakdades ences oncom esteren rests Opxco Vaio Acdadevinalresposadeanes- | Cogucratoaloupsréal | Unankralcegonionecesaianentepossianermalade caval lex pur rene pie, podem ccore cogs dvd lees no CGrxocepinlovem oararemraarscondnors shir rages iui (ex. quia epic, vats Epcos, et) ou Trane ded aseurs tere reuse TH Oadomotor | inevamuslorerraociire | Realzgiodorstixopuplarena | Arormaldderorcfoxe | Oreo pir deveserinrpretocorraconandocom contamfereparsspites |lagsocamovmentacioapabe- | pupiareposepalpebra | aitegdade ocular eds vas vias ncindo-se a oll pa parsocortroleda pple da | brasiperor enero cranan).Devese te undo coma quaridade Sea wa una deta presete no amblert, ne momenta do exe park ‘ombiarso de nervo mote ‘orretsnterremio doteste Deveselonbra queomedo onic oa sisecago dovinar oi rivere rerun. Pebranperor ert. Letes nol par enero cranino so mute ma frequertere podem bm air tose plpbra poser doer dferenadas psa pose papobral decorronte de lesbesno nero facl ser compara or parasiae prose lab 1V Woclear Tnevamisalooakereblquo | Obsevarposconsmertodosdo- | Anormadodes de Farareni¢problena eran degrandeporte Devese Slperarresponsvlpelama. |boronlrerecoortaciose > | posonaesto camer ear de ete prao animale observer apossso ‘vmertgio dos bos ou | vrerecseamesros dram mo- os globes oclarese depot movirentar pescogo dem re iments cacao anal tad rao our,cbservando acorrecie do pascanameh todos sobos V Wigemio Iorrarieseraraldecimes, | Ofrecmentededimenoparaor | Ofaiktdeparaapreensiode | Emuro ma ale pico cbsevarafunco motora do que Palpebras © cabot motora | armas teste de sernbiidade ra | almontos (mandbua eta | aserstive, Dfeuldadsprafecare momenta mand orm cat relcos-|ace ‘lestesberas)eanoma- | buadevdoaimaleso neste nerve deverse deren doscom amasegncio Idadessomsrisocas | daquls ocorroes de ancrmakadescsteomuscares fa {urs etc) Apts 2seanas do incio da pasa pode ocor rerarofarmsclr masseter tempor Vi Abducente | ervamiscloseralretoe | Obserarposconamercodosgo- | Lesbesreitamemumesra | lem px ‘erator eciar resporsaves | orocutresecoordeniodeme | bisme medial inabldade Pehrovimenace dossobos | vinertosdosmesmosairaome- | pararetairo globo alas imertcie daeabeca do anal Vit Facial Tnenagio moter deorahan | Observarsimetia de pasona. | Dininicioouanindademo | Anarmaldides done fac lep possi doencalo Plpebrasemuscustrarle-|merto de palpetris, ore, nv | verte dasorchas, pcs | deverso cigar aeragoes em oretas piipebrase bie Coradiecxpressiofacl(mo- |reseabon otserarcaniama pe | palpebral, snocmadades ma | enquat ksdes compressa cabo deg ocr ‘nent denarii) | senca de ime cra. Oeveser | movimentaciodarainaeli- | podem ccasionar apenas pose abl (devida ura lesio no tenia tres gn [realiad orelexopapetalPo- |b poe i) Pade ocr. | motu) Aliana denon certs, lecwragendra stints |iiiodesrepeastoress%0- | rrdmnasiomsnredol | dio sorbofehanetopipetroretancha 2 cial rangi prociode ime ternal Lasbesacomatendo ‘onere aca eralmeneacarream eacimuledeaimntcs erereasense abocbecha "Vi Vestbulocodear| Equllirio(reribua)/eaudr [Pose da cabers,presenga de | Presenaderotriodacabe- | Apsindpa anormaidade obavadanavaioriadiveres Ga ‘go coda. stages captacie de estimuos | 2 ida decapaca de | 10 tacabera pera um dod (pera) senda [Se Sceeevernaimenteprecen | df deterninaraacadadesuctvadeum animal Siofre cadenatgos ‘heres teres denero fil socials st thre (rincpamente decoretesdectes rear) ps0 nerofaci 0 dear 0200 niko regio de Db ewrae Imex acao fern prea sorera verbo TX Gostotaringso | Rasponchelpeaievaciods |Olerecmaniededinentosepe | Drlagn rea prac de DX nan crmerosrainenoso fengee serabikdade dapor: |sgomdesondanasoginca para | sfrngeelengerndo gi od oslo: deren ‘ocaualdatngva obseraci da degen, ses ‘Congr quando elacenador depuis movametagio ide delnguuatzando sess. eterngeReramente so raion tte prs ode ncn ares ‘ens dade lings Fancomaanessoripan | Supt” (asa-seamovrenario | Dalaga sons nepraténos | Amvlaci dhsensbikéded ngua rit sbjetiva cro lpn Necerartosciseabdomras |dalrings,abducio dacarlagem | arma (extras enexery | éumiaente realizado sip est pode ser redtado com Gnobracalangeelammge|aendkccowranera.acmesmo | cio) devido 4 flacidez | ato do endoscipi oumesmo coma palpacio an tempo qu perate3 repo | lngeana ‘rt Avner deste eneve one igsane esipun drarteaexpao). of reaver remeeo dealt aan de Sanam dune repress Xi Rceséro Misaapararncedoper [Eevomonsta Fountains coco msclo apes) il Hipoglowe | Fine moron daingia | Oteecrsadeaimrton mow | Pardadefnsorieacair- | lesbes unten do evoos do pies realm anata Pee aig e |e Utter a inguacom ela deretraio porem 3 mesma no devers er oradaboes, Lessa laterals ‘eamdlfeatadede apreansio e degucao eo nimairao erseguerecolera ngusparadenrodiboca BOROTS, A.S,; MENDES, L. C. N; KUCHEMBUCK, M. R, G. Exame nour Par I: Brain, Rev, due. coniin, CRMV-SP 7 Consinuous Education Journat tI Encéfalo, Large animal p00 O16, 1 Quadro 13 O sistema vestibular tem a funcao de integragio animal e ambiente no que diz respeito a gravidade. Ajuda amanter a posicao dos olhos, tronco, membros e cabeca durante os movimentos. Contém receptores no ouvido interno, nervo vestibular, niicleo vestibular, cerebelo e tratos vestibulares na ‘medula espinhal Lesées simpé cas (os locais mais freqiientes si0 carretar a de- tural ou lesGes cervicais) podem nominada sindrome de Horner que consiste em discreta ptose da palpebra superior, miose e discreta protrusao da terceira palpebra. Associado a esses sinais, observa-se sudorese na base da orelha e pescogo. O sétimo par de nervo craniano € 0 que apre- senta alteragdes com maior freqiiéncia, Possui seu corpo celular localizado no tronco encefélico, sendo responsavel pela fungiio motora da orelha, palpebra e labios. E importante diferenciarmos as lesdes localiza- das no corpo celular (nticleo do nervo facial localizado no tronco enceflico) daquelas ocorridas no seu traje- to, pois possui grande importancia na localizagao da enfermidade e conseqiiente diagndstico. Lesdes loca- lizadas na regiao de tronco encefalico geralmente sio acompanhadas por enyolvimento de outros pares de nervos cranianos em conseqléncia da proximidade na localizagao de seus micleos. Lesées periféricas podem Figura 1 Ivan R. Barros) Figura 10 Figura 9 - Paralisiaperiférica unilateral do ramo bucal do nervo facial observa-se a plose labial ocorrer em virtude de alteragdes durante o trajeto des- se nervo, que € bastante superficial. O reflexo palpe- bral serve para avaliar a fungdo motora do nervo fac (Tabela 1 ¢ Figuras 9, 10 ¢ 11). Nistagmos devem ser avaliados quanto a sua dire- cdo de movimento rapido. Sempre em lesdes vestibula- res periféricas, e geralmente com enfermidades vestibu- a fase répida do movimento € contréria ao lado da lesdo. Nistagmos originados de doengas vestibu- lares periféricas so sempre horizontais ou discretamen te rotatérios, enquanto na doenga central estes podem Jo. Apesar de ser possivel, durante lares centr ser em qualquer ¢ as fases agudas de doengas vestibulares, que nista espontineos estejam presentes com a cabega em posi- nos Equino com ptose do pavilhao auaitivo, ptose palpebral, ptose labial ¢ paralisia da lingua decorrentes de severa otite e acometimento de mais de um par de nervo craniano (cortesia BORGES, A.S; MENDES, L. C. N KUCHEMBUCK. M. R. G. Exame Part: Brain. Rev. educ, contin, CRMYV-SP. Continuous Education Jour oldgico em grand CRM. SP, Si0 P nimais, Part EnoSflo, Large an ae SINDROME CEREBRAL: anormalida- / GA des locomotoras (podem ser discretas), estado mental (depressio) e comporta- mento alterados, respiracio irregular, ‘cegueira (reflexo pupilar normal), pressao da cabeca contra obsticulos, andar em circulos (geralmente lesGes unilaterais) | Kage SINDROME MESENCEFALICA: Anormalidades locomotoras, depressao mental, midriase nao responsiva ou miose (visio normal) estrabismo. SiINDROME PONTOBULBAR: Anormalidades locomotoras, alteragao ‘em diversos nervos cranianos, depres- ‘so mental ‘SINDROME VESTIBULAR: Central (nistagmos horizontais, rotacionais, verticais ou posicionais, déficts nos ner- vos cranianos: V, Vie Vil; podem ocor- rer sinais cerebelares). Periférica (nistagmos horizontais ou rotacionais, possivel deficit no VII par de nervo craniano. Tanto a sindrome central quanto a periférica podem apresentar perda de equilibrio, quedas, rotacao de cabeca e estrabismo. CEREBELAR: tremores de intencao na cabeca, anormalidades locomo- toras (hipermetria), nistagmos, al- teragdo na resposta de ameaca vi- sual, aumento da area de sustentacao do corpo (ampla base) MULTIFOCAL: Presenca de sinais clinicos que refletem mais de uma sindrome. Obs: E importante ressaltar que nem todos os sinais esta- rao presentes em determinadas situaces e que as anorma- lidades caracterizadas por sinais multifocais sio as mais freqiientemente encontradas em animais de grande porte. Quadro 15 Opistétono é um termo utilizado para designar a posicéo de ‘extensio caudal da cabeca e pescoco devido a um espasmo muscular e geralmente é decorrente de les6es cerebelares ou cerebrais. gio de descanso, pode ser necessério nestas ocasides, manter a cabeca em postura anormal para a inducdo dos mesmos (Quadro 13). As alterac6es encefélicas podem acarretar dis- tirbios locomotores, variando de uma discreta in denagao motora até andar compulsivo ou mesmo o de- ctibito permanente. Essas alterages esto presentes por causa de lesdes nos nticleos motores, sendo assim um eqilino com abscesso ou com leucoencefalomal cia pode apresentar alteragdes locomotoras variando oor- a Quadro 16 A pressio da cabeca contra obstaculos “head pressing” pode ser observada em diversas encefalopatias que afetem a funcao cerebral como por exemplo a policencefalomalacia de ruminantes, a encefalopatia hepatica dos eqiiinos ou trauma craniano, ira 12- Lesdes encefilicas difusas decorrentes de leucoencefalo: rmalicea eqilina (cortesia Maria Cecflia Rui Luvizotto). BORGES, AS; MENDES, LC. Nx KUCHEMBUCK, M. R. G. Exame neuroldgico em grandes animais. Pat. I: Enestalo. / Large animal neurologic examination, Pari Brain. Rey. ede, contin, CRMV-SP Continuous Edacation Journal CRMV-SB, Sao Paulo, Volume 2, faseiculo 3, p. O04 - 016, 1999. Ul, cortex cerebral occipital (ouas vias entre os dois), olhos a de uma discreta incoordenagdo até um dectibito. Quan- Sio raros os casos em que ocorre lesdio de uma do esto presentes alteragdes locomotoras (de origem —_determinada estrutura encefillica, j4 que grandes ani- neuroldgica) sem outras anormalidades encefillicas, 0 mais, com maior freqiiéncia, apresentam lesdes difu- sitio de alteragdo deve estar localizado na medula es- sas no encéfalo. Os processos infecciosos, metabéli- pinhal ou nervo periférico (Quadros 14, 15, 16€ 17). cos, t6xicos ou degeneratives promovem lesoes difu- ‘As anormalidades observadas dependem principal- sas acometendo grandes extens6es do encéfalo, sen- mente do local afetado. Portanto, a identificagao do local do os processos de ocorréncia mais freqiientes (Figu- 6 muito importante para a caracterizagio do processo. ra 12). ol ees. | In this first part of this review on neurological examination of large animals, itis presented information regarding the neuroanatomy, neurophysiology and function of the brain. The next part of this review will deal with the examination of the spinal cord of these animals. Key words: neurology, brain, spinal cord, reflex arc, cranial nerves, nervous system. [TER Cristiano de Carvalho (desenhos), Alexandre Pereira (computacio grifica), Luciana Felicio de Pau- Ja, Juliana Regina Peiré e Alessandra Goncalves (revisao de texto). BORGES, AS; MENDES, LC. N2 KUCHEMBUCK, M. R. G. Exaine neuroldgico em grandes animais, Part Enesfilo./ Large animal neurologi examination Part I Broin: Rev. edue. contin, CRMV-SP_J Continuous Education Journal CRMV-SP, io Paulo, volume 2, fasciculo 3, p. O04 = O16, 1999, BAKER, J.C. Bovine neurologic diseases. The Veterinary nics of North America, v. 3, n. 1, 1987, 216 p. BEAR, M, F; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neuros~ cence exploring the brain. Baltimore: Williams & Wis Ikins, 1996, 666 p. BORGES, A. $; SAPATERA, A. C; MENDES, L. C. N. Ava- Tiagao dos reflexos espinhais em bezerros, Ciéneia Rural, v. 27,0. 4, p. 613-7, 1997. 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