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Bom dia a todos. Quero começar ressaltando a grande honra que é para mim
estar aqui falando com vocês acerca deste tema que me é tão significativo, por ser
diretamente ligado ao exercício da profissão que abracei e pela qual a cada dia mais sou
apaixonado. Por outro lado, é também uma grande honra e uma imensa satisfação ter
sido convidado para falar aqui fazendo a abertura de uma palestra a ser proferida por
aquele que sem dúvida é m dos maiores nomes do Processo Penal brasileiro da
atualidade, o Professor Eugênio Pacelli, autor de obras que me têm servido de constante
fonte de referência em minha atividade profissional, obras que conseguem aliar ao estilo
claro e direto, um profundo rigor técnico e uma crítica arguta, tudo com base numa ótica
constitucional de que se ressentia o Direito processual penal brasileiro. Assim como
os senhores, pois, também eu aguardo ansiosamente por ouvir as palavras do Dr.
Pacelli, por isso prometo que tentarei ao máximo ser breve nas considerações que
pretendo fazer acerca do tema que me foi proposto: o papel do juiz criminal no combate
à criminalidade.
Por outro lado, em oposição a este grupo, estariam juízes que pautam sua
atuação pela busca incessante da punição aos criminosos e delinqüentes, especialmente
naqueles crimes chamados de “colarinho branco” e praticados por organizações
criminosas, de modo a tornar efetivo o poder punitivo do Estado, ainda que nessa busca
eventualmente algum dos direitos dos acusados acabe sendo vulnerado. Esses juízes de
um modo geral justificam suas posições na supremacia do interesse público sobre o
particular e na busca pela verdade real, o que os leva a produzir provas e decretar
medidas cautelares, inclusive prisões, até mesmo de ofício. Esse grupo é jocosamente
apelidado de juízes do IBCCRAU (penso ser desnecessário esclarecer o porquê).
Desde logo, mais uma vez acho que é importante ressaltar que,
obviamente, essa distinção é caricata e exagerada, e não existe na prática nenhum juiz
que se enquadre inteiramente em alguma dessas posições, já que todos, em maior ou
menor grau, atuam expressando um misto dos dois extremos, de modo que essa
distinção deve ser encarada unicamente como válida para fins didáticos, tal qual ocorre
com uma outra classificação parecida com esta, mas bem mais difundida, e que divide
os grupos entre juízes “garantistas” e juízes “não-garantistas”. Neste aspecto, desde
logo acho importante esclarecer que eu prefiro a classificação anterior porque ela deixa
evidente seu caráter jocoso, ao passo que a distinção entre garantistas e não-garantistas é
tão difundida que até mesmo nos meios acadêmicos ela é mencionada, como se tivesse
foros de verdade e rigor técnico, o que de forma algum corresponde à realidade. Com
efeito, a meu sentir, falar em juiz garantista é até um pleonasmo, dado que não há
hipótese possível de um juiz deixar de assumir o compromisso por ele firmado de
cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis do país. Me recordo de que em uma
discussão acerca deste tema, ouvi de um colega rotulado de garantista a seguinte
resposta: “não sou garantista. Garantista é a Constituição”. E mesmo a despeito desse
colega ter algumas posições extremadas, é impossível negar-lhe razão.
De fato, é preciso que se tenha claro, até para evitar imprecisões e o uso
meramente ideológico do termo, que o “garantismo” nada mais é do que uma visão do
Direito voltada à efetiva proteção aos direitos fundamentais constitucionalmente
assegurados. No dizer de Luciano Feldens, por garantismo, deve-se entender