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– Convite da Igreja à penitência. A sua influência na oração. Sentido penitencial das sextas-
feiras.
O Senhor já havia ensinado que, para sermos seus discípulos, era preciso
que nos desprendêssemos dos bens materiais2; agora pede um
desprendimento mais profundo: a renúncia ao que se é, ao próprio eu, ao que
a pessoa tem de mais íntimo. Mas, no discípulo de Cristo, esse ato de entrega
traz consigo uma afirmação: deixar de viver para si mesmo a fim de que
Cristo viva em mim3.
A “vida em Cristo”, por quem tudo sacrifiquei...4, escreve São Paulo aos
cristãos de Filipos, é uma realidade da graça. Toda a existência cristã é uma
afirmação: de vida, de amor, de amizade. Eu vim – diz-nos Jesus – para que
tenham vida e a tenham em abundância5. Oferece-nos a filiação divina, a
participação na vida íntima da Santíssima Trindade. E o que estorva esta
admirável promessa é o apegamento ao eu, à comodidade, ao bem-estar, ao
êxito pessoal...
É o mesmo São Paulo que nos indica outro motivo para a penitência: Eu
agora alegro-me nos sofrimentos que padeço por vós, e completo na minha
carne o que falta à paixão de Jesus Cristo pelo seu corpo que é a Igreja11. Por
acaso a Paixão de Cristo não foi suficiente por si só para nos salvar?,
pergunta-se Santo Afonso Maria de Ligório. Não há dúvida de que não faltou
nada do seu valor e foi plenamente suficiente para salvar todos os homens.
Contudo, para que os méritos da Paixão nos sejam aplicados, devemos
cooperar da nossa parte, aceitando com paciência os trabalhos e tribulações
que Deus nos mande, para nos assemelharmos a Jesus12.
Deve ser contínua, que nos leve à presença de Deus onde quer que nos
encontremos, façamos o que fizermos. Não se trata de cumprirmos um ritual
de pequenas mortificações isoladas, mas de aproveitarmos todas as ocasiões
que se nos deparem, com espírito positivo, de tal maneira que possamos
dizer que a mortificação é para nós como o bater do coração.
Por último, deve ser humilde e cheia de amor, porque o que nos move à
penitência é a contemplação de Cristo na Cruz, a quem desejamos unir-nos
com todo o nosso ser; não queremos nada, se não nos leva a Ele.