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MOTIVOS PARA A PENITÊNCIA

– Extirpar o que estorva. Renúncia ao próprio eu. Corredenção.

– Convite da Igreja à penitência. A sua influência na oração. Sentido penitencial das sextas-
feiras.

– Alguns campos de mortificação. Condições.

I. JESUS CONVOCOU A MULTIDÃO e os seus discípulos e disse-lhes:


Quem quiser vir após mim negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a vida por mim
e pelo Evangelho, esse a salvará1.

O Senhor já havia ensinado que, para sermos seus discípulos, era preciso
que nos desprendêssemos dos bens materiais2; agora pede um
desprendimento mais profundo: a renúncia ao que se é, ao próprio eu, ao que
a pessoa tem de mais íntimo. Mas, no discípulo de Cristo, esse ato de entrega
traz consigo uma afirmação: deixar de viver para si mesmo a fim de que
Cristo viva em mim3.

A “vida em Cristo”, por quem tudo sacrifiquei...4, escreve São Paulo aos
cristãos de Filipos, é uma realidade da graça. Toda a existência cristã é uma
afirmação: de vida, de amor, de amizade. Eu vim – diz-nos Jesus – para que
tenham vida e a tenham em abundância5. Oferece-nos a filiação divina, a
participação na vida íntima da Santíssima Trindade. E o que estorva esta
admirável promessa é o apegamento ao eu, à comodidade, ao bem-estar, ao
êxito pessoal...

Por isso é necessária a mortificação, que não é algo negativo, mas


desprendimento do eu para que Jesus esteja em nós. Daí o paradoxo: “para
Viver é preciso morrer”6: morrer para nós mesmos, para ter vida sobrenatural.
Se viverdes segundo a carne, morrereis; se, porém, com o espírito
mortificardes as obras da carne, vivereis7.

Se alguém quiser vir após mim... Para correspondermos ao convite de


Jesus que passa ao nosso lado, devemos “morrer cada dia um pouco”, negar-
nos: negar ao homem velho que trazemos dentro de nós8 as obras que nos
separam de Deus ou dificultam o crescimento da amizade com Ele; submeter
as inclinações desordenadas, as paixões, que após o pecado original e os
pecados pessoais já não estão devidamente sujeitas à vontade; ser donos de
nós mesmos e orientar os nossos passos numa determinada direcção:
“Somos como um homem que leva um asno; ou ele conduz o asno ou o asno
o conduz a ele. Ou governamos as paixões ou elas nos governarão”9. Quando
não há mortificação, “é como se o «espírito» se fosse reduzindo, encolhendo,
até converter-se num pontinho... E o corpo aumenta, agiganta-se, até
dominar. – Foi para ti que São Paulo escreveu: «Castigo o meu corpo e o
reduzo à escravidão, não seja que, tendo pregado aos outros, venha eu a ser
reprovado»”10.

É o mesmo São Paulo que nos indica outro motivo para a penitência: Eu
agora alegro-me nos sofrimentos que padeço por vós, e completo na minha
carne o que falta à paixão de Jesus Cristo pelo seu corpo que é a Igreja11. Por
acaso a Paixão de Cristo não foi suficiente por si só para nos salvar?,
pergunta-se Santo Afonso Maria de Ligório. Não há dúvida de que não faltou
nada do seu valor e foi plenamente suficiente para salvar todos os homens.
Contudo, para que os méritos da Paixão nos sejam aplicados, devemos
cooperar da nossa parte, aceitando com paciência os trabalhos e tribulações
que Deus nos mande, para nos assemelharmos a Jesus12.

Quando seguimos o Senhor com uma mortificação generosa, nós somos


os primeiros a beneficiar-nos dessa participação nos sofrimentos de Cristo13.
Mas, além disso, a eficácia sobrenatural da penitência estende-se à nossa
família, aos amigos, aos colegas, a essas pessoas que queremos aproximar
de Deus, a toda a Igreja e ao mundo inteiro.

II. “A IGREJA, AO MESMO TEMPO que reafirma a primazia dos valores


religiosos e sobrenaturais da penitência (valores capazes como nenhum outro
de devolver hoje ao mundo o sentido de Deus e da sua soberania sobre o
homem, e o sentido de Cristo e da sua salvação), convida todos os homens a
acompanhar a conversão interior do espírito com o exercício voluntário de
obras externas de penitência”14. A dor, a doença, qualquer tipo de sofrimento
físico ou moral, oferecidos a Deus com espírito penitente, ao invés de serem
algo inútil e prejudicial, ganham para o homem um sentido redentor “para a
salvação dos seus irmãos e irmãs. Portanto, o sofrimento não só é útil aos
outros, como realiza até um serviço insubstituível. Mais do que qualquer outra
coisa, torna presente na história da humanidade a força da Redenção”15.

A Igreja recorda-nos frequentemente a necessidade da mortificação. E quis


de modo particular que, num dia da semana – a sexta-feira, em lembrança do
dia da Paixão do Senhor e de tudo o que sofreu por nós –, considerássemos
a necessidade e os frutos da negação de nós mesmos e nos propuséssemos
alguma mortificação especial: abstinência de carne ou alguma coisa que nos
custe um pouco (trabalho mais bem feito, um gesto de maior dedicação no
seio da família...), ou uma prática piedosa (uma leitura espiritual, o terço, a
Visita ao Santíssimo, o exercício piedoso da Via-Sacra...), ou alguma obra de
misericórdia (fazer companhia a um doente, uma esmola...). Mas não
devemos contentar-nos apenas com esta manifestação semanal de
penitência; o Senhor espera que saibamos negar-nos diariamente em
pequenas coisas, que vivificarão a alma e tornarão fecundo o apostolado.

III. DEVEMOS TER PRESENTES em primeiro lugar as chamadas


mortificações passivas: oferecer com amor um contratempo inesperado ou
uma incomodidade que não depende da nossa vontade: calor, frio, dor, uma
espera que se prolonga mais do que havíamos previsto, uma resposta brusca
que nos desconcerta...

Juntamente com as mortificações passivas, devemos praticar aquelas que


tendem a facilitar a convivência: esforço por sermos pontuais, escutar os
outros com verdadeiro interesse, falar quando se produz um silêncio
incômodo, vencer os estados de ânimo para sermos sempre afáveis, viver
com delicadeza as normas habituais da cortesia, tais como agradecer, pedir
desculpas... E as mortificações no trabalho, que é também outro bom campo
para o espírito de sacrifício: intensidade, ordem, perfeito acabamento de cada
tarefa, a ajuda discreta aos outros...

E ainda a mortificação da inteligência (evitar atitudes críticas, domínio da


curiosidade, juízos ponderados) e da vontade (a luta denodada contra o amor-
próprio e contra os caprichos, o cumprimento do dever hoje e agora, sem
nunca deixar a tarefa por terminar...). E a mortificação activa dos sentidos: da
vista, do paladar, do ouvido... E a mortificação da sensibilidade, da ânsia de
viver confortavelmente, de “passar bem” como primeiro objectivo da vida... E
a mortificação interior, dos movimentos de ira, de desagrado, de queixa, de
tristeza, dos pensamentos inúteis, particularmente quando se apresentam na
oração, na Santa Missa, no trabalho...

A nossa mortificação e penitência deve ter uma série de qualidades. Em


primeiro lugar, deve ser alegre. “Às vezes – comentava aquele doente
consumido de zelo pelas almas –, o corpo reclama um pouco, queixa-se. Mas
procuro também transformar «esses queixumes» em sorrisos, porque se
mostram muito eficazes”16. Se formos mortificados, hão-de brotar no nosso
semblante muitos sorrisos e gestos amáveis, não só no meio da dor e da
doença, como a cada pequeno ato de renúncia.

Deve ser contínua, que nos leve à presença de Deus onde quer que nos
encontremos, façamos o que fizermos. Não se trata de cumprirmos um ritual
de pequenas mortificações isoladas, mas de aproveitarmos todas as ocasiões
que se nos deparem, com espírito positivo, de tal maneira que possamos
dizer que a mortificação é para nós como o bater do coração.

Deve ser discreta, amável, cheia de naturalidade, que se note com


simplicidade pelos seus efeitos na vida ordinária, mais do que por umas
manifestações aparatosas e pouco normais num cristão normal.

Por último, deve ser humilde e cheia de amor, porque o que nos move à
penitência é a contemplação de Cristo na Cruz, a quem desejamos unir-nos
com todo o nosso ser; não queremos nada, se não nos leva a Ele.

Na mortificação, tal como no Calvário, encontramos Maria. Ponhamos nas


suas mãos os propósitos concretos deste tempo de oração. Peçamos-lhe que
nos ensine a compreender verdadeiramente a necessidade de uma vida
mortificada.
(1) Mc 8, 34-39; (2) cfr. Lc 14, 33; (3) Gal 2, 20; (4) Fil 3, 8; (5) Jo 10, 10; (6) cfr. São
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 187; (7) Rom 8, 13; (8) Ef 4, 21; (9) E. Boylan, Amor
supremo, pág. 113; (10) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 841; (11) Col 1, 24; (12) cfr. Santo
Afonso Maria de Ligório, Reflexões sobre a Paixão, 10; (13) cfr. Paulo VI, Const. Apost.
Paenitemini, 17-II-1966, II; (14) ib.; (15) João Paulo II, Carta Apost. Salvifici doloris, 11-II-
1984, 27; (16) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 253.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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