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Umuarama, domingo,

30 de maio de 2010 15

Era uma vez Por Ângela Russi


Há algum tempo atrás fui trabalhar em uma cidade próxima de Umuarama com um grupo de profes- salva a menina do perigo. Você passou por florestas amedrontadoras? Sentiu-se sozinha? Esperou por
sores sobre dinâmicas pedagógicas. Ao falar sobre contos de fadas fiz uma pergunta aparentemente um salvador destemido? Ele apareceu?
simples, mas com grande envolvimento emocional. “Qual é a sua estória infantil preferida?” As res- E a Branca de Neve que foi retirada de sua casa por uma madrasta vaidosa ao extremo e só
postas foram clássicas: Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho. Depois sobreviveu graças à bondade de estranhos? E a Bela adormecida que não deu conta de uma furadinha
de ouvi-los contei que gosto de A Bela e a Fera. Em seguida perguntei: “vocês já pararam para pensar no dedo, fruto da inveja alheia. Essa fugiu para um sono profundo para fugir dos problemas. Gostar do
que sua história infantil preferida é a favorita porque tem a ver com sua história de vida?” Como as- Pinóquio pode significar ter se sentido diferente da maioria e de maneiras pouco sábias ter procurado ser
sim? Perguntaram. Após ouvir os comentários de vários professores, um deles já aposentado, disse que igual. A estória Os três porquinhos remete à responsabilidade ou à negligência. Depende do porquinho
gostava dos Três Porquinhos por causa do porquinho da casa de tijolos. Eu nem precisei analisar o de que você mais gosta. Essas estórias fazem pensar mesmo analisando livremente como fiz.
porquê, pois ele mesmo explicou que sempre foi muito trabalhador e, apesar de muito pobre, estudou e Por que eu gosto de A Bela e a Fera? Acredito que seja possível reverter uma primeira im-
venceu. Viu colegas desejando ter tudo sem esforço nenhum e não conseguindo nada. Ele quis construir, pressão ruim e tenho esperança de que isso aconteça. Tenho certeza da possibilidade de compreender
sem preguiça, uma vida melhor. Segundo suas palavras, estava em meu curso apenas por gostar de em explicações posteriores algo aparentemente incompreensível na primeira explicação. Penso que é
aprender e não porque se sentia obrigado. enriquecedor ter amigos que parecem ser diferentes da gente.
Analisando, sem cunho científico nenhum, dá para imaginar porque, até hoje, as estórias infantis Procurei sempre mostrar isso aos meus alunos, principalmente aos adolescentes. Eles, geral-
encantam. Elas têm elementos que marcam as crianças para sempre. Até adulto gosta de uma boa mente, odiavam estudar Língua Portuguesa. Eu insistia até o possível e assim vi muitas ‘ferinhas’
estória, pois cada um identifica-se com um personagem. Cinderela por exemplo. Moça boa e oprimida transformarem-se em alunos maravilhosos. Sempre acreditei no ser humano, mesmo que a aparência
que perdeu a mãe e o pai se casou com uma ‘madrasta’. Que homem insensível! Para completar havia não fosse agradável. Pode ser ingenuidade, mas, acredito que há, nem que seja bem lá no fundo de
duas irmãs malvadas. Gostar dessa história em particular deve levar a pensar se a opressão não é fator toda pessoa, alguém muito melhor do que pode-se ver aparentemente. Infelizmente, diferentemente
relevante no seu dia a dia ou se há pessoas que lhe tiram a liberdade de escolha e a proíbem curtir o dos contos de fada, a solução dos problemas diários não acontecerá com um beijo de príncipe, ou
baile da vida. É lá que está seu príncipe? Você teve um pai ou uma figura que representasse opressão? com um caçador destemido ou até mesmo com uma fada-madrinha. Eles não podem levar-nos ao
Ou está esperando até hoje um príncipe que lhe salve de sua vida sem graça? ‘felizes para sempre. ’ Deixemos essa fantasia para as crianças. Para nós, adultos, é arregaçar as
A Chapeuzinho Vermelho foi obrigada a atravessar uma floresta sozinha. Se essa é a estória mangas, trabalhar e sonhar também. É claro! Sem um pouco de imaginação a realidade não tem
favorita? Pense, por quê? Ela devia ser uma mocinha, (a capa vermelha significa a menarca, 1ª men- graça nenhuma. Mesmo o porquinho mais trabalhador divertiu-se na casa pronta com os irmãos
struação) então, corre o risco de ser apanhada pelo ‘lobo mau’. Um homem forte e destemido, o caçador, mais folgados. Porém, a casa era dele.

Palmadinha
por Thiago Calixto
Tórax de M e peito de P
Afinal de contas, é certo ou errado “educar” os filhos
utilizando-se do recurso das famosas palmadinhas? O que Impeachment do Rei da Cocada Preta
vocês, pais e mães, pensam a respeito? Não me cabe julgar Por Jair Junior Monteiro Solin
a forma como cada pai e mãe transmite aos seus filhos uma
visão de mundo. A maneira, através da qual me valerei para Por Jair Junior Monteiro Solin
Geraldo é um cara tão no coração dos trouxas.” Geraldo
auxiliar na constituição de um sujeito em desenvolvimento solitário que quando o William era trouxa profissional. Amava
quando vier a ter um filho guardo para o âmbito privado, de Bonner e a Fátima Bernardes ser trouxa, não tinha preguiça.
modo que vislumbro a discussão fora de foco. dão boa noite na sua sala vazia, Rezava pra La Difunta Cor-
Reputo que a questão crucial não se resume ao certo ou sério, ele responde: Boa noite, rea, La Difuntita e sabia que um
errado, a favor ou contra a palmada; abstendo-me, portanto, Fátima. Boa noite, William. dia seria pai e sairia daquele
da (i) moralidade envolvida no ato em tela, desloco o olhar Quando a solidão é in- sovaco de cobra.
para o suposto saber e o corolário poder de uma deputada traduzível qualquer ruído que A alma de Geraldo comia
federal que projeta uma lei a fim de dizer a forma (ou seria se desperte no silêncio torna-se sardinha e arrotava caviar.
fôrma) correta de se criar um filho, caso contrário, punição verbo conjugável e respond- O corpo de Geraldo comia
para aumentar um pouco a culpa. Que reste claro, mais uma ível. sardinha, mas arrotava miúdos,
vez, meu posicionamento aqui não é defender ou atacar a Geraldo plantou um pé de ovo com pão de anteontem. E
palmada, mas levantar outra (s) indagação (ões). melancia hoje. Faz-se pouco sardinha.
Qual seja a de pensar aquilo que vige por trás deste está dormindo, deitado num Geraldo é um micróbio
projeto. Quando se chega ao ponto de se buscar a criação colchonete enquanto lá no que sonha. Geraldo é assim:
de uma lei, ditando o modo de se “educar/criar” um filho, portão, nada da Elizabeth, ai quando sua namorada Maria
impossível não me remeter ao declínio de outra lei, no caso que solidão. Ainda por cima a Jéssica (tórax de M e peito de P)
a Lei; do pai, cuja função primeira é justamente instaurar pobreza cavalgando em ácaros ameaçou-lhe abandonar, ele ar-
limites. Entretanto, em nosso país costuma-se discutir a enquanto os sonhos voam no gumentou antes que começasse
posteriori: o que fazer agora (depois que a bomba explodiu)? lombo dos Ícaros. a correr atrás dela com uma faca
Não se volta ao que subjaz; ao não exercício de uma função Acabou-se o tempo em que suja de Doriana: “Não! Agora
paterna, a qual, pela palavra, a priori, se exercida facilitaria Geraldo fora o Rei da Cocada não, no inverno não, porra!
a imposição do limite e revelaria consequentemente a inoc- Preta; em que sentia o frio do Quando o verão chegar com seu
uidade deste projeto. esfria-saco do sítio; em que carnaval legal eu deixo você me
Destarte, a função paterna cada vez menos exercida ardia o fogo do periquito; em deixar, louca!”
propicia a um outro posicionar-se como aquele que detém o que lhe apeteciam as fofinhas Mas por dentro, bem dentro
saber, perpetuando pelo poder, a concepção de sempre haver bucetas. do dentro, ele pensava: “Eu moro
um especialista, um guru, um oráculo ao qual se deve con- Foi-se o tempo em que ele no cemitério do teu coração.
sultar a fim de educar as crianças, conforme uma receita de era jóia ou tesouro, um talismã Ali fiz minha vidinha. Ali ergui
bolo. Este é o Brasil que queremos para nossos filhos? Que reluzente no alto da montanha; minha casinha e acendi meu
eles precisem do Direito para lhes dizer o que é direito? uma esmeralda brilhante nas fogão”. Geraldo já sonhou em
minas do paraíso; um diamante ser compositor. Uma vez ele
Nota do Editor: Semana passada o texto acima não resistente e perfeito nas cálidas compôs uma música e mandou
havia sido publicado por completo. Corrigimos tal injustiça areias do norte; uma petrificada pro Zezé de Camargo e Luciano.
o publicando, novamente, na íntegra. gota de âmbar nos brincos de Eles ainda não gravaram.
uma rainha inglesa; uma gota Quando Maria Jéssica falou
de mel endurecida pela vida aquilo, o suor lhe escorreu pela
no pingente de uma condessa; testa. Passou pelos olhos, virou
uma partícula de amêndoa num lágrima; passou pela boca, virou
depósito de cloreto de sódio e baba. Foi então que Geraldo
lágrimas empedradas em rosas. largou o trono e o cetro da Co- Godan, tipo Godan. Saudade. Estrela Dalva, come um espet-
Esta é uma poesia triste que se cada Preta. “Vem cá, micróbio”, chamava- inho de cafta, pensa nas cruéis
tornou prosa. Seu avô fumava cigarro só lhe. dívidas (as físicas e as voláteis)
Seu pai lhe ensinava en- num canto da boca. Por causa da Assim sendo, Geraldo faz o e paquera a butique dela. Tão
quanto assava lingüiças: “O fumaça que subia um olho dele que há de mais gracioso na sua distante, tão rica, tão tudo.
amor é uma flor roxa que nasce ficou menor que o outro. Tipo vida desde então: senta-se no bar A vida é assim, sem graça.

De Umuarama
para 8 milhões
de pessoas.
Com sua ajuda, Nevilton, a
banda umuaramense mais comen-
tada do momento, pode ganhar um
clipe produzido pela Levi’s Music
e vai poder ser assistido na home
do youtube por cerca 8 milhões de
pessoas!
Para ajudar é simples: basta aces-
sar o link http://bit.ly/votarnevilton ,
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Votem diariamente, cada voto faz a
diferença. A banda agradece.

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