Sie sind auf Seite 1von 6
‘chega;"p. ex. nos romances de Bec! dor abitrato!— i mero suporte preci {ndividuo, a pessoa, 0 he ‘ou conveagio, Em seu lugar encontramos a visio microscépica © por isto nlo-perspectivica de mecanis- onto, & justo acentuar que 0 procesto sido inverso ou interdependente. O que mo resultado de desenvolvimentos “form nha sido em verdade ponto de partida ou pa te desses desenvolvimentos. Talvez fora bi ma ameacar ¢ dominar o homem. fo se re- fletiria esta experiéncia da situagdo precéria do indi- viduo em face do mundo, ¢ da sua relacio alterada no fato de o artista j6 no se sentir auto- Jo a partir da propria consciéacia? Uma £poca_com todos os valores em transigio € por isso Incocréntes, uma Talidadé@jie deixou de ser "um mundo cxplicado", exigem adaptagies cstéticas_capa- es de incorprar-c-estado sle fhuxo ¢ inseguranga den- Prépria estrutura da obra. De qualquer modo ‘esapareceu a certeza ingénua da posigao divina do in- dividuo, a certeza do homem de poder cor 86 partir de uma consciéncia que agora se the afigura epi- dérmica € superficial, um mundo que timbra em de- mnonstrar-Ihe, por uma verdadeira revolta das coisss tores impressi ccertamente no desejavam exprimir nenhuma cosmovi sHo profunda. Desejavam, precisamente, reproduz apenas a aparéncia passageira da realidade, a so fugaz do momento. De certa forma eram ‘a0 extremo, Mas precisamente por isso jé nfo alegan reproduzir a realidade ¢ sim apenas a sua “impressio” fos por quererem ser objetivos. E no mesmo momento a perspectiva comesa a borrar-se ‘© pintor {8 no pretende projetar a realidade; reproduz apenas a sua prépria impressio, flutvante ¢ vags, € assim renuncia A posicfo de quem se coloca “em face” do mundo, Daf a Kandinsky hé s6 um passo: 0 da expressdo imediata do mundo pslquico, sem necessi- dade de recorrer mediagdo de impressdes figurativas A perspectiva desaparece porque mio hd mais ne mundo exterior a projetar, uma vez que 0 ps6pri psiquico, englobando o mundo, s¢ espraia sobre o plano ste processo — que correspon- seguinte, posto em termos esquematicos € se a perspectiva €expressdo de uma-relagio entre dois polos, sendo um © homem ¢ 0 outro o mundo pro- jeiado, di-se agora uma ruptura completa. Um dos polos é eliminado e com isso desaparece a perspectiva. Num caso, resta s6 0 fluxo da vida psfquica que absor- ‘veu totalmente 0 mundo (seria 0 caso de Kandinsky dos seus seguidores); noutro caso, resta $6 0 mundo, reduzido a estruturas geométricas em equilibrio que, por sua vez, absorvem 0 homem (seria 0 caso de Mon: S drian ¢ dos seus seguidores), 1 anus ve weer suprime-se a distincia entre o homem ¢ 0 mundo ¢ ‘com isso a perspectiva. Q abandono da perspectiva mostra ser expressio do anscio de superar a distdnc i § * 3 u 2 Je nio acredita mais na possibilidade de, a partir dela, q wir uma realidade que nio seja falsa ¢ it a perspectiva, de inicio recurso artistico para dominar 0 mundo terreno, torna-se agora simbolo do abismo entre © homem ¢ 0 mundo, simbolo dessa que 0 poeta G. Benn chamou a “ca- fragmentagio da unidade para- jento” dessa “consciéncia if ingistia. Geragées intei- procuram reencontrar uma essa procura, resultado © causa de , exprime-se m0 esta- manifesta-se, principalmente, no desejo de fugir para um mundo ou uma época em que o homem, fundido universal, ainda nfo conquistara os contor- ‘em que nfo se dera ainda o \dividuagdo™ ¢ da projesio pers- slorificacao do inicio © do clementar sio ‘vanguardas mais requintadas. ‘tonagens desfeitas e amorfas, exprime nesta mesma decomposigéo do individuo a sua esperanca de, che- llumbrar a integragdo no mundo elementar do mito. 88 “A propria emergéncia ¢ em | cional © consciente & apenas parte daquele “eterno rc- ticismo orientalizante de tantas {Beat Generations” © adeptos de Zen, arautos fervoroios de” uma tnidade aperspectivica em que nao hé “ (que 08 seres se confundem ¢ apagam na plana, que € apenas 0 reverso “dialétic espagos vazios, feitos de pesadelo ¢ angist realistas: perspectiva deformada que encontramos tam- bém nos romances de Katka. 5. snce_psicolé- Vimos que a radicalizagio do ror ico do século pasado levou A sua lissolucio — da mesma forma como a aprofundagao da pe: Ievou a hipétese de o individuo uma onda fugaz no mar insondavel do inconsciente anbnimo, No fundo ¢ em esséncia o homem repete sempre as mesmas estruturas arquetfpices — as de Edipo ou de Electca (a propria psicologia re 20 mito); as do pecado original, da individuass partida da casa patema, da volta do filho prod Prometeu, de Teseu no la torno”, é um padréo fixo que a humanidade repete na sua caminhada circular através dos milénis Compreendemos agora mais de perto porque a ppersonalidade individual tinha de desfazer-se ¢ tornar- se absirata no processo técnico descrito: para que se revelem tanto melhor as configurages arquetipicas do ser humano; estas_sio.intemporais como € intemporal inear € progressivo , & circular, voltando cronolégico, se apa. (como € 0 tempo ju sobre si mesmo. © tempo 89 omar Femotos, 5 apenas’ manifestagées fugazes, mifscaras momentineas de um processo eterno que transcende no $6 0 indivi ielo dos poderes insondaveis ete, Assim, em Ulysses transparecem, através das € celebrada, ainda que em termos de parddia, a inter ‘mindvel viagem do her6i homérico, Renasce — uunidade sem fenda. Prenhe de dissociagdes, mor de estilo, evoca a unidade fempo, na sua propria estrut saudosa. arte da obra de Faulkner reencena como 10 @ conspurcagéo da terra prometida pelo © pelo 6dio uma repeticio da incessantemente de Faulkner, a , & construgtio circular, a isrupgio do passado no presente ¢, com isso, do inconsciente no consciente, si0 a expressio formal precisa de um mundo em que a continuidade ico € © eu coerente € epidérmico ji ento de Macunaima manifestam-se, através das preocupagSes nacionais pessoais de Miri de Andrade, que trezentos-e-cingi deuses despedagad © herbi de L'Emploi du Temps, de pete no labirinto da grande cidade a aver lutando com 0 Minotauro do her6i de Berlim Alexanderplatz Franz Marc, & “esséncia absoluta que vive por trés di aparéncia que vemos”. romance do século passado a perspectiv idotando por assim dizer ut 6pica ou tridimensional, enfocava a3 suas persona logo de dentro, logo de fora, contiecia-thes © fu 0 passado empiricos, bidgréficos, situava-as num biente dé cujo plano de fuiido te déstacavam com gealgava-lhes a verossimilhanga (aparéncia da ico (retrocessos no tempo eram marcados como tais) > > ) > > > > ) ) ) ) ) ) > de encadeamento causal. O narrador, mesmo quando ‘nfo se manifestava de um modo acentuado, desapare- endo por trds da obra como se esta se narrasse sozi- ‘aha, impui ‘da narragio, esta vor gramatical revela wdica que 0 narrador ndo faz parte dos su- la que se apresente como Eu que alega nar- 5 aventuras: o Eu que narra jé se distan- para o Eu narrador. E digno de nota a grande quanti- dade de romances modernos narrados na vor do pre- sente, quer para eliminar a impressio de dis 9 narrador © © mundo narrado, quer par ito grande romancista que rompe a tra- digo do séeulo XIX, conquanto ainda de modo mo- detado, ¢ Marcel Proust: para o narrador do seu grau- de romance 0 mundo jé ndo é um dado objetivo e sim ; © romance se passa no {ntimo do Petspectivas se borram, as pessoas se frag- visto que a cronologia se confunde no istincia que produz a visio perspe Quanto mais o narrador se envolve na através da visio microsc6pica ¢ da voz do prese ‘mais 0s contornos nitidos se confundem; © mundo ni ado se torna opaco ¢ caético. Vimos que esta “ ca", se de um lado é causa, de outro Jado é resultado nao permitem a visio circunspecta do romancista tradicional. 0 Em muites romances de transigio 0 proprio nar- | sador comega a ironizar a sua perspectiva ainda con vencional. Chega mesmo a desculpar-se por saber tan- to a respeito de personagens de que no pode conhe- cer as emogdes ¢ a biografia mais intimas. de superar tais dividas avés da au © narrador, ene hu ‘mano como suas figuras, participa das mesmas est tutas Goletivas: nfo, inventa, O8 mecanismos pak 0s so os mesmios em todos os seres human: mesmo os vive, Nio descreve a psicologia individ jor. A romancista Nathalie Sarraute acentua que itor se encontra de chofre no intimo, no mesmo lugar em que se encontra autor, numa profundeza tem que nada mais permanece das marcas confortéveis com cujo auxilio (0 autor tradicional) constr6i a per- sonagem ficticia. Ble submerge... numa matéria tio anénima como 0 sangue, num magma sem nome ou contornes” (L’Ere de Soupcan). Nos seus préprios romances, vai tecnicamente muito além de Proust. Ji no existe um Eu narrador fixo face a um Eu narrado em transformagio; o proprio Eu narrador se transfor- fora quisesse demons- de ingando-se, junto com © mundo exterior, no fluxo da conscitncia cadtica da personagem, hé tipos de narrativas em que 0 narrador se omite — oa pelo menos supera 0 narrador tradicional — pela cn- focagio rigida das personagens somente de fora: renun- 93 cla a conhecer-thes © comportamento imidade. Descreve-lhes apenas riot ¢ reproduz os dislogos. Nun- ca thes penetra a alma. Em alguns contos admirdveis, Hemingway aplicou i ical rada na forma do Eu, mas com a técnica behaviorista, £ um Eu que nada tem a narrar sobre a sua vida a porque nio a tem ou néo a conhece — é um Nio tem dimensio interior, vive planando na superficie das sensagdes. O proprio assassinio que comete € conseqléncia de um reflexo © no de édios ou emogées fntimas. © tribunal dades que nfo conhecera, uma coeréncia de atitudes ignorara, Faz dele personagem de romance tra- il para poder condend-lo. Esse tribunal absur- do & um grande simbolo da alienagio: entre 0 réu — cidadio de quem o Estado ¢ seu dircito forga — © este mesmo tr cidadio, j6 nfo existe a minima relagio. Reconhece- mos, em certa medida, o tribunal de Kal rém, exprimiu a profunda divida em face da interposta entre © homem “exilado” © @ poder meta- of insondavel que 0 esmaga, tw ate yo me =~ apenas a afirmacdo do absurdo. jotamos nesta obra de Camus algo da dptica wurrealisia” de Kafka, com suas “personagens em pro- que nem nome tém ¢ que vivem no tempo para lo da espera (como as personagens da pega Espe- indo Godot, de Beckett): perspectiva falsa © exage- rada dos fas que corresponde com precisio a este mito da frustragéo © da impossibilidade de reen- contrar a unidade perdida: 0 pecado é a propri viduagio. Kafka, com efeito, escreveu o mito da im- pos do retorno ao mundo mitico. ‘Também neste tipo de romances se verifica 0 abandono completo da psicologia “retratista" do ro- mance tradicional (psicologia e romance que, em L’Etranger, so objetos de parSdia). Ainda o mesmo ccorre nas obras, cujo tema é a simultancidade da vida ccoletiva de uma gasa ou cidade ou de um amplo espa- {50 geogréfico num segmento de tempo. O grande mo- delo de tais romances € USA, de Dos Passos, cuja ‘téenica encontramos também em Berlim Alexanderplatz, Le Sursis (Sartre) ‘ou, mais recentemer dificada, em Passoge de Milan, de ‘como em muitos outros romances. A técnica ‘quase sempre, 0 centro pessoal ou a te e sucessiva de uma personagem cent duos — quase totalmente desi langados no turbilhéo de monélogos interiores, noticias de de propaganda, iinerrios de bonde —— montagem que ze- > » > ) > ) > ) ) ) ) oar Greer Ro eICOpEES, ds grande dl efeito € 0 mesmo da microscépica — o Wa objeto — se 0 foco_niio se dissolvesse junto faz nos romances em que o narrador submerge, por inteiro, na vida psiqui srsonagem, como na- queles em que do mundo. Quer (© mundo se dissolva na consci " que proj Ja sua posigfo privilegada) Essa Uncia & precisamente exagerada ¢ acentuada a0 extre- pessoa Integra. E no dltimo caso abre-se um abismo centre individuo ¢ mundo ¢, ainda nesta Sptica, a pes- soa perde @ sua integridade. Todas as trés perspecti- vas, sendo sintomas de um grave desequilibrio, so, como sintomas, a0 mesmo tempo expressio verdad. das transformagdes ameagadoras que a perspec equilibrada do romance tradicional, quando usada em nossos dias, timbra em ignorar. a Nestas péginas nfo foi tentado apresentar uma teoria e sim uma série de hipéteses que, como todas as analogias entre as diversas artes, devem ser encern- 96 im ls quasars Lomipicly ius sevens seneempen romance existencialista, nem 0 ro: 0” de A. Robbe-Grillet que, pot fa reproduzir o eterno ritmo izer © padrdo geométrico, do nando por inteiro a personagem jora deste cidme, 1, mesmo a base desta exposigho rudi- mentar é ébvio que preocupagées semelhantes, decorren- do do mesmo Zeitgeist, se manifestam na pintura ¢ 20 romance (e, sem divida, ni artes). N&o che-. gamos a conclusées 10 radicais como Marcel Brion cialmente religiosa ou irreligiosa. Mas sem ‘exprime na arte moderna uma nova visio do homem!: ¢ da realidade ou, melhor, a situagéo do homem e do indi revela no proprio esforgo de as A desapareceu. © modo de abordar 0 problema foi, evidentemen- te, um pouco Nem todas as facetas pu- deram ser tragio, vidual ¢ da auséncia ou Mas esta nossa enfoca- embora flutuante como um tou incorporar na prépria estru- através da constante re- tomada do do efrculo — talvez. vi- cioso — das cogitagSes. © que importa € a fertilidade desta perspective, ainda que ela seja precéria como so hoje todas as perspectivas, 7

Das könnte Ihnen auch gefallen