Sie sind auf Seite 1von 15
Algumas estratégias para o ensino de histéria e cultura afro-brasileira* Verona Albert Por que ensino de histéria e cultura afro-brasileira wigenat 1 10539/03, que tomou obrigatévo, em todas as escola do so ensino de hstrla da Atte ede hist eeulura ao ora e, mals tarde, Let 1,645/08, que acrescentou a est igutorledade o casino de striae cultura indigens, ston lnentos importantes pare combate ao racisno no Ural, O jinobaseiasena dela de superoridade de uma raga ou cot eprint te fon apse no Sensi Nema esse Dera: ston pes Lo 1,08 el Is clade de Eo da Unread etal de Rin de to Ne 24 02 et de 010, ea ms nda "Noae perp i pda ma en de enn det er te vniyoftst Angin eeu enon) ater Murti ane de an gas Condnaie dere es Spe ape] tase enol ep ‘Bas (CPD00 da Fae Ge Vs de at, Mees onc 28 ensino dehistirlaeeutursafo-braslelaseindigenas cm relago a outa), 96 se eonsubstancla porque uma delas se sente superior,ermuitas vezesaoutra se sent interior” Enes- sa relagio superior inferior que os preconcelos de aga ou cor so constantemente realimentados. ‘Aeviangae oadaescente quese identifi eso identfes «dos como brancos tim muito a ganbar com um ensino quali ‘ado dashistriase cultura afo-brasliaseindigenas. Se wm ‘mening quese identiea come branco se acha nodireto dexin~ sar um colega de classe identiicado como negro por cause de ‘a raga ou cor, esse menino necesita de tanta ajuda quant seucolegaque oreo preconceit, Oracsmo éumproblema de todos. envolve toda a sociedade. Por bso mesmo deve preoct- par imensamente os ehucadores, ‘Hoje em dis ainda se morte deractsmo em nosso pas. Para citar apenas um exemplo, lembremos de Flivio Ferrers de Sant'Anna, dentists negro de 28 anos que, em feverezo de 2004, fot morto por policlas em Sao Paulo Five Sant”Anna ‘oltava do Aeroporto de Guarulhos, onde tina ido levat ana- ‘morada sui Anita Joos de 30 anos, Mat ou menos na mes- ‘ma hora e tegito, um comerciante de 29 anos havia dado ‘queixa a pole de que t fia sido essltado,Fiviogulava seu caro, um Gol, fol inte pelado por eine policiais militares do 5 Batalhao da Policia sorte com dls ts. Os po- ‘que se acavam em uma vat Militar de Jagand, ex sega, lila colocaram unna stma em sua mio, Ao ver o dentists orto no chio, o comerciante declarou que nto se ratava do lado que o tna assaltado, Segundo noticiadona imprensa, 6 pai de Flivio, o cabo aposentado da Polfeia Militar Jonas Militar do Fstado de Sao Paulo, declaw: om et ee (205) base ncn ee slgumas estatégies para ensino 29 "Sei como éo sistema, Tenho certeza de que se ee fosse bran conio morrevia”* ‘Ese racsmo institucional no & exclosividade bras, ex dentemente. Em asi de 1995, um caso embemitico ocotTe na Inglaterra: Stephen Lawrence, um jovem negro de 18 anos, ‘aquardava um dnibus com um amigo & noite, quando ambos fo- ‘am intepelados por um grupo de ovens que os camara de “niger os perseguiram e mataram Stephen a facadas, A polcia rio agiu competentemente, nfo chamou a perils € nenhum dos ovens atacantes fo} process O casa sé gunhou notorie- ‘dade porque os pas eamigos de Stephen Lawrence agiram ede- ‘nunciaram india da polcia, Em fverlr de 2008, am atigo ppublcado no jomal britanico The Guardian, a mae de Stephen, Doreen Lavience,relatou que o comissério de policia dssera ‘que rings negra eram maisinclinadasa cometer ries (LA- \WRENCE, 2009). 0 caso de Stephen Lawrence gerou um relaté- ‘io fica e uma esac espectfica que pretendia combate © racsmo institucional O Race Relation Ae detereino, em 2002, ‘que ta insttuigo de ensino dveria registrar epsécos der ‘smo, mas medida fol em grande parte gnorada por escola © lunvetsidades. Como costuma acontecr em casos comocse, Impactos do relatdria Stephen Lawrence foram esmorecendo, & Ponto de, em 2004, asestatégias naclonals para educagio para ‘6s cco anos seguintes ndo menclonarem, em nenbiim ma: ment, a questio do racism eda dsriminacao, Em 2007, inal mente 0 Single Equality Blu que cada escola era autGnoma ‘© pola nao registrar os eplsios de reise (GILLBORN, 208, ROLLOCK, 2008). As determinagoes do Race Relation Aet foram * © to 1 fx. 20 p. 10.0 alan do ot prog ie ‘arn em aur de esata cena 1s ane eo ‘her mbes phe outa nse prea enon 22 pa 80 ensino de hstéra e cultures afo-brasleaseindigenas praticamente esque e quase podemos der que as cond- {es para que outros Stephen Lawrences Hivio Sant Annas se- jam motos par racismo perdurar inalteradas. ‘O contato com experiéncias de outros pales, além de apon- ‘ar semeltangas, nos ajadaaienticardiferengasimportates ‘imaanalise da prosugtobritiniea no campo da Blackhistory” = resignacio que €apropriadament ridcada por muloshisto adores e professres de histéria os quatsprefezem compreen- der a bist das populagbes negra como integrada a "histrla ‘nacional eno com algo part ~revela que, em geal, a ten~ tatva de combatero raciemo contra negeos,indanosedescen- ddentes de imigrantes nasescalas britinleas pass por comvencer alunos ¢ educadores de que as minoriasétncas sao genia ‘mente britinicas. Um dos atgumentos consist, por exemplo, éemafirmar que todos os brtinics, no final das contas descen- dem de imigrantes, « que até mesmo a bata que Inaugura harrativa da histria nacional, a congulsta da Inglaterra pelos rormandos en 1065, estaria marcada por essa carctritea ~ forum os normandes que falavam oat lingua etraziam futroscostumes, ques tornatam soberanosna he. Namesina Tinha de ergumentagio,affrma-se que, antes mesmo da chega- dla dos notmands, hi restos de soldados romanos negros purticpando da construgs0 edo trabalho de defesa da murat dle Adriano, ergulda no sécwlo I no que hoje seria a frontiea ‘com a sedi, na époea em que a Inglaterra ra parte do tmpe- Fig Romano. Alguns séculos mais tarde, na cone da ha de Henrique VII, Elizabeth I, que governou entre 1550 € 1603, hi registros de negro, entio chamados peforathamente de Die ‘lamoors(negros€ mouros}, Ou sel, é mul tempo ~ 0 apenas partirdos anos 1950, quando importanteslesasdeim rants foram para a Inglatera provenintes de ex-coldnias do Caribe -hinegeos habltandoo pas. lgumasestatégias para o-ensino at No Brasil, 20 contrério, nao hd necessidade de convencer alunos e educadores de que negrs eindigenas sao parte da ‘nagdo. Nossa narrative da dentidade naelonal,consolidada a partir dos anos 1930, prineipalmente,afrma que somos uma Socledade mista, una mistura das ts ragas. Muitossesedl- tam que, se temos problemas como injusticase desigualda- Aes, les se devem a contrastessocalse heranga da escravi- io, © ndo 20 raclsmo proprlamente dito. Alguns ingleses ‘pem-Intoncionados poderiam dizer: "Ah, esse 6 o mundo ide- i! Uma sociedad mista orgulhosa de sua mistura 6 1udo de {que precisumos!" Mas sabemos, pelo menos desde 0s trab- Jhosseminais de Emest Geline (1983), ric Hobsbavwm (1995) (outros sobrenagéesenacionalismos, que as grandes narra- livas nacionalstamibém sio boas invenedes. Como daa 0 so ‘)dlogo negro Guerreiro Ramos nos anos 1950, existe una di Torenga entre o “negro legal” eo “negro real” (MAIO, 1987).0 Joga éaquele que é igual aos brancos; oral foi, entre outros, 6 dontsta vio SantAnn, ‘em sabemos que aquoles que defender a nareativa na- onal da miscigenacdo nto concordam que exista algo cha do “negro” - em gers, aeusam os movimentos negros de portareategoras estrangeias, que funcionam nos Estados inldos ov em outroslocats, masnzene Bras. Emconsequen- in, acabamos asistindo a uma espécie de polarizagio entre los ideas prinipais a respeito de nossa histia nacional, mo jd observou Hebe Mattos (2003, . 129), no artigo O en ino de histriaea ta contra a dseriminagdo racial no Bra- |.De um lado, a narrative predominante da intgragao racial tla ndo existéncia de diferengas: somos uma sociedad mis- igenaua, oiginalmente composta por indigenas, brancos © jogos que se misturaram para dar origem ao “brasileiro ossos problemassociais nfo devem ser confundldos com ra 32 enslno de histria ¢eltorasafo-bralelas cindigenas cismo, Be outo, a dela de que somos uma sociale mult cultural, com suas sub-identidades essencaizadaseatempo- fals, pols, como a énfixe na miscigenacio neutral Aiferengas cultura algumas vere subording wma cults ia pensar em termos de wn modelo eulticul- letras, alo-brasilelos exc ase carter essencilizado das Identidades sobressl do testo da Le 1.685, de 10de margo de 2008, que inclu no eur culo ofeial da redede ensino, “a obrgatriedade da temsitea ‘histria e eutura afo-brsleia indigena” (BRASIL, 2000; gros meus): ‘Nos estabeleimentor de eosino fundamental ede ensino di, pblicos privads, toma-e obit o esto daha cl turn afro etn {$20 conti pagramatco a que se eee ee ro sci dl -veton aspects oa Mia eda cura que cracks fem: oda popula brasez, pan esses dt gros enka Como oestude da histra daion eda afnes ata dos eg dos povosinkigensno rai. cua nea rains ‘eonege ond na formas ds vodedade nacional exatando ‘suas eonttbulges as deus sacl conde © ptt, pert rents ita do Bes. '52Osconteklsreferetes§ histstae culate dos ros ndigenas balls serio ministndos no imbita de todo 0 ture escolar em especial res de educago arisica wd Titre tribes. Os sigalfiados de lgumas dessas pales e expresses po- dem ensear dlscussesintressanes, eve professorese alt= ‘nos exit “cultura negra eindgene brasil no singular? algumasestratéglasparaoensino 88 ‘Tratase efetivmente de “dois geupos tnicos"? Quais so a “histriae a Yeuleura” em jogo aqui? De qual Aiea ede quais “afrieanos se trata?” ‘Chegamos nom ponto em que essa polarzacao precisa ser antes disctidae trabalhada do que repedda,E hora de wazer mos essa discusso para dentro da sala de aula, langando um ‘olhar sobre a histéria da eonstiuigao daquolasidentidades cristaizadas de que fala Hebe Mattos ~a“mestiga" ea "mult cultural? Com iso, sproximama-nos do deulo aebuda a0 presente item: por que ¢ importante estudar a histria das re agbesracaist Hebe Mattos, no artigo citado, reflete sobre as possibilidades dese ratarculturaseldenidades deforma me- ‘nos essencaliza fim verde fora eos ettados de orgem,rsstentos & rmudanga, mals ou menos “puras ou “atin; propenhoedcat area conpreensto eo reset nkmiea his das dent dessocioculuasletvamente conten Nee tentide,ahi ade de trabaio”(SHNT10S, 2008p. 129) ‘acrescenta: A construc de uma ientidade negra posit ‘va nas Américas néo se fez como contrapartida deta da exis tncia ou da ‘Sobrevivencia’ de pritcascultras eficanas no ‘continente, mas como esposta ao racism e A sua difusao nas sociedades americana! (1, iba.) Josna Pankhania,axtorabritinica nascida no Quénia © de origem indian, frmulou opiniaosemethanteem vo publi do em 1994, no qual propds una evsto do curtcuo desta a Inglaterra \ecaenemseia Aber Pia 27a. St ensino dehistla¢ cultura afto-brasleinas endigenas ara compreendraposgf tual de cxtuantesngios mas e5- las ritineas € neces examina as eqs quo Esta bt io tev com pests gras ata hina, uta que tes so cetrals para ume investing come esa, Quando, PE que como coegouo conto eae a Gra Brana eos negro? Como esse canst se desenvolveu? Sern entender es ela stxea no & pose entender a presente posi de pessons gas a sectodade uti, ma eduragto snc em Outs nite. (PANKHANIA, 19.2.3) ‘Outsasopinigesrefrgam essa necessidade de relacionar 0 combate ao rac com o ensino da hisérn das velages 13 leis Robert Philips profesor da Universidade de WalsS sea Reino Unido, em vo inulado Reflective Teaching of H- tory, deca un captlo a quests sensiveis,no qual enfaiza cesstrelagio:"O carter sensve de questesligadas race! 96 ‘oul ser aproprtadamenteentendilo com reerénea hist” {(PHILAPS, 2002, p. 148). Cando outros autores igualmente ‘oltadas par o ensino de histsia,afirmas “® val reconhecer {que ‘dentidades racializadas so produto da hist’ (GROS- ‘VENOR, 1987, p. 185) etamabém que opassade pode st um ins: ‘rumen que as pestoas usa umas coutra as owas’ (WAL- LLERSTELN, 1991, p78) (Ud, Tbid)-Heil iczae Veena Meet, _ambas professrasdo Institute of Edueation da Universidade de ‘Londres, Reena Bhasnan em lvro sobre asratzes do racism ‘observam algo que todos n6s mbm sabemos, mas que 0 ‘esta repete: “Proclsamos de um encendimento complexo de ‘que cancepgoes de racismo e suas manifestagbes esto em ‘constante mudanga em rlacto & condlgies istricas polit eas especifices” As autores Bnazam. « livra com a seuinte consatago: “Nao uma nica definigio de racism ura ink ‘a histrla do racismo, nem uma tinteg eausa do racism, Sua algumas esuatéyas para oensino 35 ‘natureza mutant, miiplae situacional em diferentes tempos hagnessignitien que éimpossvel encontrar uma intervengio deal e bem-sucedia que se dij raizes € 8 reprodugio do raclsmo’ (BHAVNANE, MIRZA; MEETOO, 2005, p.152; 161) ara sir das armadihas muita vezes paralisantes da essen- alizago tae a tiniea via seja mesmo a de compreender & dew” pode ser tomada em react a “onegro" ou "esravdenfatizando-se a diversidade de experiences de “ser nro! Podenos eantapor imagens recorrentes do “escravo ‘comovitima raidas poralgumaspinturasde Jean-Baptiste De Inet que poroam vos diticos mos, revit, see, (oes ‘cravo apanhando no pelourinho, ecebendo palmatéra, ou sen- ‘do eastigado no cho com pés ¢ maos amaados), imagens © texperincias que mostrem aicanos e seus dscendentes como fujitoshstrleos mest que eseravizados. Por exemplo, gr ‘rade Morit Rugendas que mostra uma roa de capita, 018 ‘aquarela de Debretesstando wma vendedora deca, clas de esac do nso eas poe er encontrado algumasestatégas para ensino 87 Ii a preocupagio com a desomogenelzacio e com a go de sujetosatvos, alguns prineipios doensino do ‘38 ens de histria ecultrasato-brselasindigenas holocaustopadem srtites pare. lscussto nui empreendia CO horror do hotocauso, diem os aurores, nfo esti nasimagens horrveis; no precios mosri-as para tentar dar conta do {queacontocen, em sua gavidade. Convém, pois repeltaras i {Umas eo8 alunos, buscando ating eses tims sem trauma ‘zhslos, Mutas vezes pod ser interessante partic de casos part culares para a visto gerat uma biografia pode oferecer mais concretude do que mimeros que dilvem o ocorrido (sels mi tnges de mortos, por exemplo, €um nimero que, se no fr cor ‘etamentetabathado, pode nao sgalfiar muita cose). f fun damental também oferecer nos slunos fontes originals, que abram a possbilidade de apreonsies auténtieas cartas, proces 0s fotografia artefstos cu naretvas de experénda indivi: Os casos particulares, azides por fonts oftivaseatraentes, ‘orl ns ajuda a considera ofendamono em sua toraidade. Isso val evdentemente paras hisria das relagbes rca © para asexpernelas deser “negro e “indo” no Bras A narra ‘va ness contest, pode ter uma uncao peda importante, Comosfirma Edward Talo professor da Faculdade de Educa «la Universidade ce Washington, na roduc ao lizo Rounda- tions of ertieal race theory in Eatior: “um dos propéstos da nareatva Go deredivctonao olhar dominant fizendo com que seve de um nove ponto de vita aguilo que estava all dante ‘odo o tempo" trata pois, de wm recuso para ‘expore desafiar canstrugdes socks de aga" (TAYLOR; GILLBORN; LADSON. BILLINGS 2009p.) 880 se aplca, po exempo, narratives de cexperincias de racimo, e também a ouras que possibiltam 0 cess divesidade et oposigo& homogencizacio® mtn 200 tn ata Chima chi) pte ‘iru nero tan nremate sept do peri ea hstria lgumes esratégias para oensino 30 sss dua dietrizes, que emergem da literatura sobre oen- sino le questoes senses ou contoversas, merecem, pols ser retidas, por seem, a meu ver, lteis ao ensino dahiséra das e- laches aciais:aGnfase na dversidade como conttaponto& ho rmogenelzagao ~nesse caso, a homogencizagdo da “tina” ou do sujeto “passive” ~ ec reeurso a fontes fativas. ‘ims tercvrs dirt & digas de destaque. Twata-se de evitar confinar 0 esto da hist das elages racials nlchos no ‘urrcul -imté-a, por exemplo ao period ds excravidio, ou ‘4 momentos do ano lev em tomo do 13 de Maio ou do 20 de Novembro, Esse esforgo tem slo assinalado por diversos pro- fessore, inclusive no Reino Unido, em que se procurainegrara chamada “Black history” ao curtculo de “hist naconal” (LYNDON, 2008), Alguns exemplos ‘Acscravizagio de africanos e illeo wansatlintico sto assun- tos sem divi indispensiveis na abordagem da bistvia des felagbes racils. Mas camo trata deles de forma adequada © com resplto swims e as alunos (sem traumatizilas), ee tando a énfase no africano escravizado como vitimat ses tl- ‘yer jam assunios para os quals tenhamos de procurar cu dosamente um equilio - nao podemos dear de falar sobre ssatrocidades cometidas, mas tamibém no podemos falar ape- has delas, E predisamos sempre considerar que a sala de aula mutes vezes & compost de alunos e alana de diferentes ragas ‘ara empires Nats de apenas eackn6 n> tho pede ec encnedar Abert eri) Soe pede een pss aa eb Aer 40 casino dehistériaecuturasafro-brasleaseindigenas ‘1 cores © qe 0 que neta falamos ¢édsculdo pode inci sobre as relagbes que os alunos estabelecemn dentio fora da ‘escola Todo culdado & poucs, portant, ‘Como observa Robert Phillips, es outro artigo: ‘Aisa da epi colo Inimeros ellos pono professor deh, Deum aaa esr dave seresudada par que se ere sou pel al rags do also, as, ee tr ado imagens constants da subjogact dos eserves tm um poten esimplesmente org esterase superiy/nelr mencions lo scan rancos negos} (PHILIPS, 202 p18) ‘Uma primeira estratéga possve 6fornecer elementos para ‘que os alunos considerem a eseravidao no seu context hist rico, ¢ ni como contraponto a0 que hoje entendemos como trabalho live. Que ipo de wabalhe havis, po exemplo, na Eu- ropa, antes do séeuloXIX*0 sistema de servo porcontrato, {que levou muitos calonos para a América do Nort, obrigan {do-08 a trabalhar durante sete anos, em média, para depols teremacesso a alguma terra, era trabalho livre A situagao dos ‘perros ingleses, das eriancas © mulheres nas indstras © ‘arvoarias no inicio da tao conhectda Revolugda Industrial ‘era lite? Eo que dizer da eseravidao na Antiguldade? Nesse ‘conjunto de reflexdes, a que os alunos dover de preferénela ‘chegar autonomamente - com o ail do professor, ¢ claro, ‘que es fornece fonts efetvaseatraentes s partir das quais possam diacutire cheysta suas conclusdes ~ importante & tentar desvincalar “trabalho ngo livre ou “escravot de “ne ‘sr Ou seja, nao apenas os africans eseraizalos © 08 escra- ‘vos mas Américas tinham condigdes degradantes de vida. E ‘claro que a situagio de serem escravos tornava-os especial ‘mente vulnedvels, porque pertenciam a outrem. Mas lance ‘mos 0 olhar #outras “timas” da mesma época, de preferen- a "nto negra’ ‘Outro recurso que pode ser usado na mesma direcao 60 de relativiar os cstgos corpora como Sendo exclusivas dos 0 ‘ravos Vla-se, por exemple, o castigo que estava reservado a soldados pagos eonderangas que deserassem de wma das ex- pedigoes mandadas a Palmares para combator os mocambos, em 1671; “ues tratos debraco solo e degredo para o Ceari por dev anos” (LARA, 2008, p17) Como expic Siva Hunold Lara: _Deteatosde polis gara pessoa pelos pulsospormelo dc as euraraldana ira em una arena de mada, com noes aforen(a pol) compre maados no «depos dea ca subameste de modo destronear ox bags agin que “tess tovde bsg ssa mpeederprtrsveressiguémeapoé. (Ibid Por respelt aos alunos e em nome do bom andamento de ‘hoses aulas, nfo cae entrar em detalles sobre os instrumen: {0s de tortura usades na Europa medieval e moderna, mas.in- Jormacao le que ronco era instrumento de humlhacaoe10- ra comum na Europ, tendo sido usado na Ingaterta pelo nonos até a década do 1870, pode ser importante para in- sa que 0s suplicios no eram direcionedos unicamente 20s ‘Ouur estatégla fundamental étabalhara escravidsoindige- que, pelo menos atérmeadios do século XVI, file na co- nla portuguest, quando careetorizada a guerra just Um ar Lar nson overt po” LEAL Rape Lal ut latin, Comba ali tes da Compan de ous 11 8 oie OME Ru aie 0) ‘ela ne ec hts eons 42 ensino de bistiae eulturasafo-brasleirss e ndigenas tigo que pode nos afudar bastante ¢ 0 do historindor {ndigenlsta André Raimundo Perera Ramos, que esmitga as ‘varveisrelonals histrleas relaivasao tabalhotndigens até ‘final do século XIX. Diz ele, na intodugdo do artigo: ‘Durante muito fenpe fl gar em nos os dics o te smo na isorigrafa bale, diners que o fad nio flex ‘ravizado, porno se adapta 8 arganiagin do tba impesta los colbniadons, Quando muito admta-se que Incorpraea9 {oindgena no tabalhoeseraogeoreu apenas noni dele ‘as, endo postriormente suai pelos poosaffcanos. Na reco enneportigueseseindigenas, pase doeseambo para. versio dos adeamento, ott pds plnceladas de ets, tendo como refer poasbegoat ste congragument nie oF ovo bla papal que cones & humane dos ros (astos, 2004p 201-219)" ‘Os alunos geralmente acham curoso que, no inicio da adv dade agucarets, mio de obra especializada na transformagto ‘dacanaem aga n08engenos ora de esravosaftieanos Min- ds das has portuguesas do Atlinteo (S30 Tomé, Cabo Verde, ‘Madea Agores), enquate os eservos indigenas ram go ‘mente empregadosnalavoura da cana.” amy costum cat sar espant fto de esravo aio ter slo mas caro que © {ndigena.F fundamental compreender porque fina, se opto pela escrvido africana, especialmente nas reas de melorex- ressioeconsmica,Pode-selangar essa pergunta como tema de esque famecer uma ste de fonts para que os alunos ta "fata greene stew ent 60 io de Manus Cat da ‘tsi een ans oun, Fas (S07, 265 algumas esatégias para cnsino 43 bathem a questi Por exemplo, fontessecundslas que apon- tem para lucrodo rico negreto edasdematstividades cle vnculadas, como a construcdo naval a producao de tecidos, de fumo ede cachaga. Alm dss, hé dados incressantes sobre snimero devingensfeitas pata a Ates de portos europeus entre ‘osséculosXVIteXIX- com destaque evdente para Liverpool. na Gxt Brotha, bem como bases de dados que pecmiter ge ago deguiios sobre oti'co tansatlintco com nformagées sabre prego dos escravos, sexo, dade et.” Anda com rela isporaatican,cabe abalbar com os alunos a diversidade de reinos lingua, religes organtzagies poles, atvdades econdmicas etc. dos povos de onde vinharn ‘safieanos escravizads, para além da divsio ger entresuda- ness hans. bom que os alunos tenam eontato com pale ‘me como “ashanti “iorubs’ “ae “hieongos; “kimbundos™ ‘te Além diss, é important ientifcar como a nga ema nifestappes cultuals desses powos sto parte daguilo que vive- mos hoje. Mapas diclondries, documentiros, entre outzos per ‘mitem a sedimentagio destes conhecimentos.” Se a esse aprendicado pdermos srescentratividades extacsse qu gpa dels yer bers 2010) >t ia or emp eos adaptor de Novae (179), epee st 1110 Ragas), 8 Fo (8) 97 er chp eancnerpinmacimeorabeyeeepe>, sea8 1 ep eon i fie Bafa de Mn Mal «Sea (zo sto una tmeresue 0 meso vl pata 0 dando It nD Lap (209). ec predenee per are Cha hp aerate res paren, rea rane cosa nde 444 ensino de histla ecu afo- brates ndigenas ticadas, €étimo, Por exemplo, uma vista a uma comunidade remanescente de quilombo, precedida,evidentemente, de ums bos prepara. “Teabalhar com a divesidade de oxigen, as pris e impli- cagdes da esravetoalficana e ndgena edo fico transatlin- fico e coma percepgo de qu a histria ea soctedade brase- ras foram decdida e profundamente marcadas pelos africans ‘que par vier e por seus descendentes, permite astro Fiseo da homogeneioagia presente om idelas simplifcades a epeito do eserava Além diss, camo dito no item anterior, ‘sna abrdagem faz dos afieanos ede seus descendentes sujet tos histricoscuja ago delsou leados muito vivos e percept vels até hoje Nao se tata, pos de witimas passivas ~efso tem ‘sido mostrado recorsentemente pola pesqulsshistéreas. ‘Ui exemplo tem lnteressante& 0 das cacemetas de pose ppanga abertas por escravos eescravas. Pesquisa recente ocall- ‘zou, no Acervo da Caixa Cultural em Brasilia, uma sie de do ‘cuentas de cademeta de poupanga abertase mantidas por ‘eseravos ha segunda metade do século XIX" A historadora Keila Grinberg aalisoy esse material e observou como, “do pontodevistada regulamentacio das elagdessoeiais~proces- 0 do qual a erlago e a regulamentagzo da Caixa Beondiica faala parte a dstinca entre a condicio jridica ex calidade ‘eriou uma sitwagao nie’ “Afinal” acresenta, “os eseravos ‘ram, a0 mesmo temp, coia, do panto de vista jurico, mas, fem muitos casos, nas eldades, trabalhavam como pessoas li ‘wes e pod absire manter eadernetas de poupanca.A“de- fini tradicional” que airmava qe “escravo é 0 set humano “Tse da pests "Hancos pleas no Busi taj da ata Exon thea Pee cent a CPOOC FV cornea dospreses ‘rgd st Goes ne e201) algumes eswatégias para ensino 15 desprovido de iberdal ede proprtedade’ completa Grinberg, “nao deva mais conta da realidad sé que gum dia chegou a ax" (GRINBERG, 2011, p. 147-8). & at 4 1 ere Gove ne GO aoca teanbiieh De Sarro enpseo ener depp de rerio, xr Sant Cast de er ila eC bre 177 Aer Cae Cur a on As diferentes formas de resistncia esravidio so também nals evidences de que os aftcanos e seus deseendentes mio 1 vias passivos. Coma no caso da reslstncia ao nazismo ensino do holocauso,essas experiéncias dever fazer parte (ponsino dablstvia do relagbesracials. © deal maisumavez, {uszer documentos efetivos, que as tornem concrets. No caso ios auilombos, bastante itl trabalhar com mapas que repre stem a grande quantidade de experéneias desse gener es Ayre oye de Casto Gamer Amie Fee (21) argo pep vr ey coerce de pan cede a AC 46 ensino de histSraeeulturasafto-brasieres einigenas palhadas ao longo dos culos XVI aX1K* Nao se trata, eviden- femente, de um mapa localzando as atuals comunidades remanescentes de quilombo,embora possam se felts aticula- ies interessanes ene ambos. ‘Um napaque mostiaas egies de malorconcentracio de Tombos durante a escrvidao pode suscitaralgumes considera ‘bes intresantes, Quando o comparamos a mapas clssleos de ‘ocupagio tettrial de acordo com atividades econmicas ~ ‘como, por exemplo,os mapas do Alas hisSleaesolar, deManoel Mauricio de Albuquerque (1980 -, podem pereber os quilom= ‘Doscomo malsuma das modalidades de ocupacio formagsodo que mais tarde vista se. “erste nacional’ Assim come as ddemals formes de onganizagio econ, sociale politica ~0 n= gent deagicar asminas eras pecs, asiogss do sero e, mais tare, aboracha aestind,acharqueedaet.-, es qullom- bs dear dsr simpesmente agrupamentosefémeros de po- pulagies marginlizas para se tomarem espayos de invengo ddasocledade tio legtimos quanto os queso classicament esti- ads frag econdmica, soca e cultural do Bras ‘utr counted temas importantes para o ensino da hist tla des reagdes raciais&a longa transi do trabalho escravo para otabalho lve, Mais uma ve, o recurso afontes efetias pode sel. Por exemplo, exo da Le Euzibio de Quins de 1950 lembraeeforcaimportincia da Lei de7 de novembre de ‘M31 famosa “le para ingles vee Esta ditima "Dearly ‘es todos os escravosvindos de fora do Imperio, impiunha) ‘penas aos importadores dos mesmos escravos™. A de 1850 ej por exept omip Pinca gulombose esc pans: {ho depen es nove ans ecn XK; deat Je at sn eA 205 10) 2 gone cyst ean nex pact Les Tact snenn en21 AapgeondoSeomlo ede ace lgumas etratéglas para oensino 47 “Babelece medidas para a reprossio do waico de afticanos neste Impero”esimplesmente rorcaa determinagio anterior, ‘quando afirma, em seu peimeleo parigrato: Asembareges ral ncontradas em qualquer pases rants enonadas nos pores, ensadas, ancoradauros ou ma res rts do Bra tendo aseu bord esraos cjetmpariasgo poide pellet de? de nove de 83, ouhavend-os dese brad, sero apreendiis pels suterdades,o pelos navi de gue rastetoseconstderadasimprtadoras esas ara completar a discussio este rexpeto © eacion-a & discusses ata pode ser til recorer ama documentagdo huastante cent, prods no mblto do julgameato em curso ‘no Supremo Tribunal Federal (STP) acerca da Argulgho de Des ‘cumprimento de Preceto Fundamental (DPF) 106 sjuizada pelo partido Democrats em julho de 2000, visando a decara ‘0 de Inconsiucionalidade da instulgso de coms racials na Universidade de Brasilia (Ua). O parecer do histocador Late Felipe de Alencastro (2010) ido em audiéneta pila no STE ‘em marco de 2010, pode ser debatido com os alunos Aeneas ‘ao faz um stro ds legisla gue psbiao trfica de exc os desde otratadoanglo-portugués de 1818, que vetava o trf- “do Mana poi sce do testo inl dea lho de mio Eiiemccmenenme im ti tha rl 48 ensino dehistriae cults afro-brasteras endigenas co nomnorte do Equador passand pelo watade anglo- brasileira {de 1825 peas eis de 1881 ©1850, e mostaque adespelto des salegslao edo Codigo Ceiinal de 1830, que,emseu At 178, cconsiderava cine "Redz 4 escravldao a pessoa lve, que se char em posse da sua liberdade’* 0 govemo imperial “anis- ‘lou, na prética, os sentioreseupados do crime de sequestto" © “delyou livre curso ao crime correlatoaescravizagao de pessoas livres Bacreseent De olpe, os 780.00 aftanosdouerbareados até 180 ~# ta ade de seus descendestes- continua sendo mantis ie mente n escavdoat 188, Pats que no etoursssom relies decnreose de gente legulenteescraviada para que lgaidn- de da posse decd senor de cada sequestadr, nos ranaor- assem inseguranga coat dos prpritsos, de ses scion © ‘reores-abiland todo pals ra prec gue igorasseumco- a eral um pac pict em favor davolag da el. [1 Resa quest rine cole garda wn siuiendo damtice:x0arreplo Use. amsiovindo ican ntades no Bsilaparte de 18-6 todos as seus descendents - form mantdos na eco ts 16080 se boa parte ds ds na erage de nds cravizadoso Bran en exer, Moralmente gina aescra- ‘io do Impéro era ind - rimeioesobretudo egal. [a] Te io para im qe este pac dos sequesadores consti oped ‘gal da vole e da order jrdiea bras, (ALENCAS- ‘eo.2000) ‘ii hii de 10 deepsea — do rworetanenn edn cept ers parte doe tinged pi rk mer ooo cape pena {Ee a 13 do Cig Ginnl sno J Br nda se {ert do 6d deve de 0, Dagon ce ceased ‘pnbeseon/nesoaconLeghnesenl> ose 321 algumas esratéglas para oensino 39 Depois de 1888, o Incentvo a imigragio europela pode ser ‘eabalhad com ajuda de deceto de 190, que “Regulrisalva o servigo da inrodeyoe localisagto de nmigrantes na Repu- blca dos Estados Unidos do Brae impedia a entrada de imi- ‘antes prowenientes da Asia e da Aia.Assnado por Deodoa ‘da Fonseca ainda no Governo Provisrlo da Replica, o deere to determinava, fino seu Art. I= Bimetrament fees entad nos porto a Republi, dos nd vos vllose ates para.o usb, qe no seach sues & ‘seg criminal dose pal excepts asndienas da Asa, da Aiea que simence modianteautoratn do Cones Nacional oder ser admitsds de accrta coma condiges que foe en ‘io etpuladas* (assunto continua a ocupar os argos sepulnes do dectet, ‘que detrminam, por exemple, que A policia dos portos da Re- publica impediré o desembarque de taesindividuos” (Ar. 3) © que os comandantes das emibareagdes que os wowerem fea Sujeitos a mula e perdem seus priilgios, em caso de eine Lea (Ara). Dols anos depots fol atorzada a imigracto de as de nacionalidade chinese Japonesa mas entrada migrants aftleanos coninuou proibide A politica de branqueamento da populacie brasileira pode trabalhada também com o quad de Modesto Brocos, ‘Ar mode Cam; de 1885, que integra oacervo do Museu Nacio: cle Bolas Artes, no Ri de aera pron th de 2a 15 pone ya sna, iserinde pace 20. n.7 eset de 2 apn em hs saa nde son me 2, 50 ensino de histiriae cultures afro-braslelraseindigenas cos, Moet ee de Oa 55 eo ae 9.6105 tte ca ela ts de ci, peace fe Paras alunos do sino Médlotlvez ej interessante saber _queestequairojé fo objeto de questo de vestibular da Fuvest, td 2008. A questi pedia que se reaclonasse o quedro com as ‘questes da migra eutopela do final do século XIX e com as oncepybes dominantes sobre ragas no perfodo'* pamapmen dpe

Das könnte Ihnen auch gefallen