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O Papa concluiu a viagem a Chipre entregando o «Instrumentum laboris» do próximo Sínodo A cruz
Esperança para um mundo e a Igreja
em busca de paz GIOVANNI MARIA VIAN
A visita de Bento XVI a Chipre foi um
sucesso que deve permanecer, como dis-
se o próprio Papa ao despedir-se do
A invocação a um esforço internacional para resolver as tensões no Médio Oriente país. Como sempre, são palavras esco-
lhidas atentamente e não se referem
A «triste divisão» de Chi- apenas ao sucesso exterior da viagem,
pre é o emblema das ten- que é inegável, mas sobretudo ao seu
sões e dos conflitos que significado mais profundo. O décimo
ainda dilaceram dramati- sexto itinerário internacional do pontifi-
camente o Médio Orien- cado – explicitamente apresentado co-
te. O Papa teve esta si- mo uma continuação do que se fez na
tuação diante dos olhos Terra Santa – foi de facto importante
durante os três dias de antes de tudo para a grande ilha medi-
permanência na ilha: vi- terrânea, que festeja o cinquentenário
veu-a directamente du- da independência e sofre ainda hoje por
rante a estadia na nun- uma divisão inatural. Como mostrou a
ciatura apostólica – situa- própria colocação da nunciatura, onde
da na linha verde contro- o Papa hospedou nestes dias e que se
lada pelas Nações Unidas encontra na «linha verde» controlada
– e ouvindo os testemu- pelos militares das Nações Unidas no
nhos directos dos prófu- coração de uma capital dividida.
gos do norte do país. Por Mas o alcance da viagem, num país
isso, no momento da des- ortodoxo, é histórico pela ulterior apro-
pedida, na tarde de do- ximação a uma Igreja irmã conceituada
mingo 6 de Junho, citou- e veneranda, que sob a guia do arcebis-
a expressamente pedindo po Crisóstomo II se comprometeu com
para Chipre «um futuro decisão no caminho ecuménico. Um
melhor e mais seguro», processo interno às confissões cristãs que
fundado na verdade, na constitui também uma indicação e olha
reconciliação e no respei- para o futuro numa região – como o
to recíproco. Próximo e o Médio Oriente – atormen-
Poucas horas antes, na tada e com muita frequência ensan-
guentada, onde o único percurso realis-
missa celebrada em Nicósia o Papa denunciou os sofrimen- Luigi Padovese – assassinado no dia 3 de Junho – que o
ta para uma paz concreta e duradoura
tos dos cristãos e pediu «um esforço internacional urgente Pontífice recordou, convidando a ler na sua morte «uma é o confronto triplo entre cristãos, mu-
e concreto» para encontrar «soluções justas e duradouras» lúcida chamada à vocação que todos os cristãos partilham çulmanos e judeus. Não obstante o re-
para os conflitos que inflamam a região: «Antes que tais de ser, em todas as circunstâncias, testemunhas corajosas explodir contínuo da violência num es-
conflitos – esclareceu – conduzam a um maior derrama- de tudo o que é bom, nobre e justo». Do valor do teste- tado de tensão que parece insuperável,
mento de sangue». Palavras claras e explícitas, com as munho prestado em situações de dificuldade e sofrimento e também face às sombras de episódios
quais Bento XVI acompanhou a entrega do Instrumentum o Papa falou também aos sacerdotes, religiosos e leigos horríveis como o massacre e o assassínio
laboris do próximo Sínodo dos bispos para o Médio Orien- que participaram na missa celebrada na tarde de sábado de um homem inerme, D. Luigi Pado-
te aos representantes das Igrejas locais e dos organismos na igreja de Santa Cruz em Nicósia. vese, testemunha corajosa da verdade e
empenhados na preparação da assembleia.
Um texto para cuja elaboração contribuiu também D. PÁGINAS 2-11 CONTINUA NA PÁGINA 11