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O documento discute a noção de "acontecimento" na arqueologia de Michel Foucault, que se refere às condições que tornam um discurso possível, incluindo condições discursivas e não-discursivas. Embora Foucault não sistematize explicitamente a relação entre discurso e não-discurso, o autor argumenta que esta relação pode ser entendida através da noção de acontecimento discursivo em A Arqueologia do Saber.
Originalbeschreibung:
Artigo comenta o conceito de Acontecimento em Foucault
O documento discute a noção de "acontecimento" na arqueologia de Michel Foucault, que se refere às condições que tornam um discurso possível, incluindo condições discursivas e não-discursivas. Embora Foucault não sistematize explicitamente a relação entre discurso e não-discurso, o autor argumenta que esta relação pode ser entendida através da noção de acontecimento discursivo em A Arqueologia do Saber.
O documento discute a noção de "acontecimento" na arqueologia de Michel Foucault, que se refere às condições que tornam um discurso possível, incluindo condições discursivas e não-discursivas. Embora Foucault não sistematize explicitamente a relação entre discurso e não-discurso, o autor argumenta que esta relação pode ser entendida através da noção de acontecimento discursivo em A Arqueologia do Saber.
A NOO DE ACONTECIMENTO NA ARQUEOLOGIA DE MICHEL FOUCAULT
Daniel Salsio Vandresen
Mestre em Filosofia Unioeste/Pr E-mail: danielsvandresen@yahoo.com.br Esta comunicao visa pensar a noo de acontecimento na arqueologia de Michel Foucault, a qual aparece principalmente na obra A Arqueologia do Saber (1969) e indispensvel para entender a relao entre o discurso e o no-discursivo. O pensador Frances entende por acontecimento o prprio conjunto das condies que tornam um discurso possvel. Acontecimento como a irrupo de uma nova regularidade discursiva, irrupo que coloca em jogo o acontecimento discursivo com acontecimentos no-discursivos. A anlise do discurso enquanto acontecimento no referente as leis do pensamento (esprito como influncia para algo surgir), nem da ordem das coisas (jogo das circunstncias), mas do conjunto de regras que compe a condio/acontecimento para que um discurso possa aparecer. E estas condies no so apenas regras internas ao discurso, mas tambm condies no-discursivas. Para que um discurso seja legitimo, autorizado institucionalmente para dizer a verdade, precisa seguir padres estabelecidos. Compreender o discurso como acontecimento significa entender quais as condies que algum precisa aceitar quando pronuncia algo em algum momento. De modo que a tarefa do arquelogo responder a questo: qual essa singularidade que est em jogo quando se diz algo? Assim, o autor chama de acontecimento o fato de algum poder dizer algo em um determinado momento. Contudo, na trajetria arqueolgica o que no aparece sistematizado em nenhum momento desta fase de seu pensamento o estatuto da relao entre o discurso e o nodiscursivo. Isto no quer dizer que o no-discursivo esteja em segundo plano para Foucault, mas, ao contrrio, fazem parte das condies de existncia do discursivo. Embora, nesta fase de seu pensamento, nenhum de seus livros tematize a relao entre o discurso e o nodiscursivo, h em cada uma de suas quatro principais obras uma articulao mais explcita ou no. Assim, percebe-se que na Histria da Loucura (1961) as transformaes nos discursos sobre a loucura esto em coexistncia com as mudanas institucionais e sociais. Em O Nascimento da Clnica (1963), analisam-se as transformaes no discurso mdico em coexistncia com as mudanas histricas da medicina. J em As Palavras e as Coisas (1966), constata-se um afunilamento da anlise arqueolgica em descrever as condies de formao dos discursos a partir de uma regularidade que permite descrever mudanas epistmicas. Obra que menos recorre a relacionar o discurso com o no-discursivo. Enfim, a obra A Arqueologia
do Saber marca uma descontinuidade em relao s obras anteriores, porque ao propor
analisar a materialidade do enunciado pretende dar conta do discurso em seu domnio de acontecimento. E, ento, deixa de ser uma investigao restrita a anlise das epistemes e passa a tratar o discurso como prtica. Nessa obra Foucault no fala mais em epistemes, mas em formao discursiva, a qual no remete apenas ao discurso, mas tambm as condies que o antecedem e permite diz-lo. Portanto, justamente porque Foucault no sistematiza essa relao entre as prticas discursivas e no discursivas, que este trabalho visa pensar esta relao a partir da noo de acontecimento. Assim, na obra de 1969 a noo de acontecimento discursivo o que permite relacionar o acontecimento enunciativo (discursivo) com acontecimentos que so de outra ordem (tcnica, econmica, social, poltica). Na arqueologia tudo se passa no nvel discursivo. As condies no-discursivas fazem parte das condies de emergncia do prprio discurso. Os conceitos constitudos, os objetos formados, as estratgias traadas so dados pela interao com o espao discursivo. O discurso entendido como prtica no poder ser separada das prticas que no so discursivas, pois a relao do discurso com o no-discursivo algo que se d discursivamente.