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Atualmente, a história oral tem influído no comportamento das disciplinas universitárias e atuado diretamente na conduta de museus e arquivos. Repercute em três aspectos:
• O registro, arquivamento e a análise da documentação, com recursos da moderna tecnologia.
• A inclusão de histórias e versões de segmentos populacionais antes silenciados por diversos motivos.
• As interpretações não oficiais de acontecimentos manifestos na sociedade contemporânea.
Dá voz principalmente às minorias culturais e discriminadas como as mulheres, índios, homossexuais, negros, desempregados, migrantes, exilados, etc. Assim, ela humaniza os estudos até então centrados no âmbito institucional das macro-estruturas: partidos políticos, sindicatos, processos econômicos como a industrialização, a relação campo-cidade.
Atualmente, a história oral tem influído no comportamento das disciplinas universitárias e atuado diretamente na conduta de museus e arquivos. Repercute em três aspectos:
• O registro, arquivamento e a análise da documentação, com recursos da moderna tecnologia.
• A inclusão de histórias e versões de segmentos populacionais antes silenciados por diversos motivos.
• As interpretações não oficiais de acontecimentos manifestos na sociedade contemporânea.
Dá voz principalmente às minorias culturais e discriminadas como as mulheres, índios, homossexuais, negros, desempregados, migrantes, exilados, etc. Assim, ela humaniza os estudos até então centrados no âmbito institucional das macro-estruturas: partidos políticos, sindicatos, processos econômicos como a industrialização, a relação campo-cidade.
Atualmente, a história oral tem influído no comportamento das disciplinas universitárias e atuado diretamente na conduta de museus e arquivos. Repercute em três aspectos:
• O registro, arquivamento e a análise da documentação, com recursos da moderna tecnologia.
• A inclusão de histórias e versões de segmentos populacionais antes silenciados por diversos motivos.
• As interpretações não oficiais de acontecimentos manifestos na sociedade contemporânea.
Dá voz principalmente às minorias culturais e discriminadas como as mulheres, índios, homossexuais, negros, desempregados, migrantes, exilados, etc. Assim, ela humaniza os estudos até então centrados no âmbito institucional das macro-estruturas: partidos políticos, sindicatos, processos econômicos como a industrialização, a relação campo-cidade.
comportamento das disciplinas universitrias e atuado diretamente na conduta de museus e arquivos. Repercute em trs aspectos: O registro, arquivamento e a anlise da documentao, com recursos da moderna tecnologia. A incluso de histrias e verses de segmentos populacionais antes silenciados por diversos motivos. As interpretaes no oficiais de acontecimentos manifestos na sociedade contempornea. D voz principalmente s minorias culturais e discriminadas como as mulheres, ndios, homossexuais, negros, desempregados, migrantes, exilados, etc. Assim, ela humaniza os estudos at ento centrados no mbito institucional das macroestruturas: partidos polticos, sindicatos, processos econmicos como a industrializao, a relao campo-cidade. Prevalecem dois enfoques: o da histria mida, o testemunho do cotidiano de pessoas annimas, e da grande histria, baseada no cruzamento documental para sustentar anlises historiogrficas visando grandes explicaes. H tambm historiadores que, vendo a histria oral como expresso exclusiva das minorias silenciadas, justificam o estudo das elites especialmente no caso das situaes de grupos que no geraram documentos ou circunstncias em que se apresentam impedimento de registros. Os trabalhos de histria oral no Brasil so bem vistos internacionalmente. Sintetizam os avanos da histria oral em outros pases e aqui se realizam
experincias multitnicas, religiosas e de trabalho
ainda no consideradas analiticamente. Questionando a tradio historiogrfica centrada em documentos oficiais, a histria oral traz tona a presena do passado no presente imediato das pessoas. Isto , entendendo o passado como algo que tem continuidade hoje e cujo processo histrico no est acabado, a histria oral garante sentido social vida dos depoentes e leitores que passam a entender a seqncia histrica e sentir-se parte do contexto em que vivem. Em face do debate sobre sua representatividade,no justo pensar que uma ou duas entrevistas representem um conjunto. Em vez de pensar nos pontos comuns que marcam uma experincia coletiva, fica claro que a histria oral se preocupa com as verses individuais sobre cada fenmeno e que ela apenas se justifica em razo da soma de argumentos que caracterizam a experincia em conjunto. O conjunto das histrias, alm de propor discusso sobre as motivaes individuais, serve para que, se equiparadas, elas forneam elementos capazes de iluminar o conjunto das individualidades que se sustentam sob alguns traos comuns. Logicamente as comunicaes com o geral, com o coletivo, so fundamentais. Mas sero melhores se no prejudicarem o particular que tambm tem seu sentido como experincia singular. Em face do alcance histrico, preciso deixar claro que a histria oral sozinha est mais prxima da micro-histria que da macro. Isso no significa que a histria oral oposta macro-histria, mas sim, que ela precisa de um reforo para dar conta da macro-histria. Quer dizer, na maioria das vezes, precisa de uma equipe e do cruzamento documental com outras fontes. Assim, se de um lado a histria
oral tem menor alcance e relativa, de outra parte,
ela subverte as generalizaes, as vises historiogrficas amplas e sem humanidade e singularidades . Alis, entretecidos pelos fios da subjetividade, os contatos pessoais diretos entre depoentes e oralistas nas entrevistas so indispensveis para se produzir histria oral. Ao valorizar a palavra dita como documento, a histria oral aumenta o elenco dos personagens histricos: no mais apenas as grandes figuras, os heris e senhores de renome ou as vtimas sacrificadas e todos aqueles que deixaram marcas arquivadas em espaos oficiais e oficializados, mas tambm agora a arraia-mida, o z-povinho cuja rotina de antanho revela a lgica na vida coletiva de todos ns que vivemos no presente. I- O que histria oral? Histria oral: *Recurso moderno usado para a elaborao de documentos, arquivamento e estudos referentes vida social de pessoas. *Histria do tempo presente * Histria viva Histria oral no Brasil: A maioria dos historiadores prope vnculos diretos entre a histria oral e a sociedade, no se limitando aos crculos acadmicos. * Quase sempre o sentido prtico da histria leva a um posicionamento poltico manifesto na realizao do projeto. Na prtica de sua elaborao, a histria oral revela sua temporalidade e atualidade ao empregar os vrios aparelhos tecnolgicos contemporneos ( gravador, vdeo, computador). Mas, embora o uso dos meios eletrnicos de hoje signifiquem
abandonar recursos antigos como anotaes e
memorizaes, a histria oral continua fundada no encontro pessoal. Sem contato direto, no h histria oral. Quer dizer, a internet s serve para divulgar os resultados, no para fazer entrevistas. II- O Estatuto da Histria Oral Mtodo: Valorizando a Histria oral como mtodo, os oralistas no se atm aos depoimentos, mas abrangem tambm os critrios de elaborao do projeto, de entrevistas, do processo de passar do oral para o escrito e de harmonia com o sentido das entrevistas. Tcnica: As entrevistas aqui no aparecem como objetivo central, limitando a ser um recurso a mais. Entre os usurios de histria oral, maior tem sido o grupo que a v como objeto definido, com bases filosficas e procedimentos que a justificam como mtodo. Nesse caso, ela se torna o fundamento da pesquisa. sobre ela que se organiza o projeto do trabalho. Por outro lado, vale tambm no considerar a histria oral unicamente como alternativa para a falta de documentao, tanto em termos de qualidade como de quantidade. Apesar de muitas vezes a existncia de depoimentos colhidos no tempo presente ser usada para preencher vazios documentais, lacunas de informaes e promover o dilogo com outras fontes j conhecidas, a histria oral tambm mostra valores em si mesma, no sendo apenas um substitutivo. Ela pode facilitar a compreenso de aspectos subjetivos de casos que se apagam com racionalismos, objetividades e
neutralidades das verses oficiais, ou so
dificultados pela lgica da documentao escrita que usa um cdigo diferente do oral. III-Caractersticas da Histria Oral Sem gravao no se pode falar em histria oral. Pode-se dizer que h trs elementos como condio mnima da histria oral: 1) o entrevistador; 2) o entrevistado; 3) a aparelhagem de gravao. O mais comum so entrevistas individuais feitas com gravadores portteis, de preferncia com microfone embutido. Mas, j que a histria oral um recurso direto, o uso de maquinrio, principalmente dos gravadores, deve ser complementar. Histria oral um conjunto de procedimentos que se iniciam com a elaborao de um projeto e continuam com a definio de um grupo de pessoas ( ou colnia) a serem entrevistadas, com o planejamento da conduo das gravaes, com a transcrio, com a conferncia do depoimento, com a autorizao para o uso, arquivamento e, sempre que possvel, com a publicao dos resultados que devem, em primeiro lugar, ao grupo que gerou as entrevistas. A histria oral tem trs tempos: 1) o da gravao; 2) o da confeco do documento escrito; 3) o de sua eventual anlise. No primeiro, no instante da gravao, quando se materializa o documento inicial. Dele depende a seqncia dos demais passos da formulao da fonte capaz de dar sentido ao projeto. O segundo momento, o da produo do documento, envolve
uma srie de cuidados tcnicos. E o terceiro_ a
anlise propriamente dita_ pode ou no existir em relao ao primeiro e segundo tempo. Existem grupos que s aceitam a histria oral se analisada. Isso requer todas as trs etapas, sendo que a anlise depende da transcrio. Mas, para outros oralistas, tanto a produo do texto quanto o exame da entrevista podem ou no ocorrer, sendo que para muitos, a mera feitura do documento j preenche os requisitos do conceito de histria oral. H muitas pessoas que trabalham com histria oral que apontam a gravao como o documento mais importante de histria oral. Outras definem como documento a transcrio, que tem sido a forma mais aceita de documento de histria oral devido complexidade do processo e a carga de responsabilidade da verso final. Seja como for, h trs modalidades de histria oral: 1) histria oral de vida; 2) histria oral temtica; 3) tradio oral. Todas as trs formas implicam em entrevistas com pessoas em boas condies para se expressar e que do depoimento independente de pagamento. No se busca com as entrevistas descobrir a verdade ou verdades objetivas, mas sim a verso dos fatos. Dessa maneira, a histria oral pode perfeitamente discutir experincias que ultrapassam a lgica plana do racionalismo, como xtases espirituais e contatos esotricos. IV-Um Pouco da Histria da Histria Oral Apenas depois da Segunda Guerra Mundial que a histria oral emergiu com fora. A moderna histria oral nasceu em 1947, na Universidade de Columbia, em Nova York. Depois da guerra, os
avanos tecnolgicos combinaram com a
necessidade de se propor formas de captao de experincias importantes como as vividas ento por combatentes, familiares e vtimas dos conflitos. O jornalismo foi um significativo degrau para os avanos da histria oral. As revistas e os jornais ajudaram a divulgar depoimentos que eram, quase sempre, complementados por fotos. Esse tipo de divulgao popularizou o depoimento como um gnero importante e integrado ao gosto urbano moderno. De incio a histria oral combinou trs funes complementares: registrar relatos, divulgar experincias relevantes e estabelecer vnculos com o imediato urbano, promovendo assim um incentivo histria local e imediata. A histria oral como entrevista tem um passado que poderamos chamar de pr-histria da histria oral. Diante de seu desprestgio inicial nos circuitos acadmicos, alguns autores invocaram o pressuposto de que os primeiros historiadores, como Herdoto, legitimavam com o testemunho oral a descrio da verdade do que se via . Esse mtodo foi a base para a histria oral pura, que trabalha apenas com depoimentos. Seja apenas uma ou vrias narrativas, a histria oral pode tanto revelar a entrevista como a anlise dela, desde que apenas sejam considerados os depoimentos como fontes. A histria oral pura est vinculada ao tratamento de mtodo conferido s entrevistas. Tucdides discordava do mtodo de Herdoto. Propunha estudos que combinavam testemunhos com outras fontes. Esse critrio _ que no descartava os depoimentos_ pode ser considerado inspirador da histria oral hbrida, onde as entrevistas so usadas enquanto tcnica.
Entretanto, medida que ocorria o
distanciamento dos acontecimentos imediatos e a relao com situaes distantes se impunha, surgia a necessidade de credibilidade documental. O imprio romano, por exemplo, dada a vastido territorial e a complexidade das culturas dominadas, exigiu uma burocratizao administrativa que implicava, para o melhor controle e domnio, conhecimentos histricos. A histria feita ento no poderia ser mais apenas testemunhal. Na Idade Mdia, com os monges copistas, isso tornou-se mais bvio. A partir da descoberta da imprensa, a validade do escrito sobrepujou, em muito, tudo o que era dito. No sculo XIX, as cincias e a literatura apoiaram-se na palavra grafada para centrar nela sua credibilidade cientfica. Este trajeto implicou numa ditadura da palavra escrita que contrasta at hoje,com a fragilidade da palavra oral. Mas a par do primado da escrita, os depoimentos continuaram a ser valorizados para alguns historiadores. Assim fez Michelet, ao registrar a Histria da Revoluo Francesa em1789, e Macaulay, ao fazer a sua Histria da Inglaterra a partir do reinado de Jaime II( 1848-55). A partir do sculo XIX, com Karl Marx e Frederich Engels, fundadores do comunismo, a esquerda registra a voz operria para poder usar a escrita. O grande salto da pr-histria da moderna histria oral foi dado nos anos 1918-20, quando a escola de sociologia de Chicago elaborou regras capazes de dar credibilidade s histrias de vida. Esse esforo foi caracterizado por um projeto norteamericano que,em 1938, pretendia recolher de cidados ilustres as mais completas informaes sobre suas trajetrias. Nos anos 50, seguindo o modelo da Universidade de Columbia, vrias
associaes e universidades comearam projetos de
histria oral, mais centrados na histria oral das elites. Apenas recentemente a oralidade vem sendo cobiada como fonte de captao e meio capaz de promover a anlise social por meio de entrevistas. A sistemizao que efetivamente permitiu histria oral ter respeitabilidade remete sua retomada na Inglaterra pelo grupo da chamada nova esquerda, nos anos 60. V-A Histria Oral no Brasil No Brasil, a histria oral demorou para se desenvolver devido principalmente a dois fatores: falta de tradies institucionais no-acadmicas que registrassem as histrias locais e a ausncia de relao entre universidades e a cultura popular de cada local. Paralelamente, a escassez de estudos sobre folclore e as barreiras multidisciplinaridade dificultaram o incio dos projetos de histria oral. E, alm disso, enquanto a contracultura e as novidades tecnolgicas ( gravadores, mquinas fotogrficas e outros meios de registros visuais e auditivos) alimentava a histria oral em outros pases, o golpe militar de 64 sufocou seu desenvolvimento no Brasil. Com a campanha pela anistia no fim dos anos 70 e principalmente depois da abertura poltica em 1983, cresce a busca pela retomada da histria oral, impulsionando universidades, arquivos e museus. Uma das razes que explicam a adeso brasileira s prticas da histria oral a frustrao reinante nos crculos acadmicos que no mais se satisfazem com os resultados anteriores. E, por outro lado, aumenta e se diversifica o interesse dos movimentos sociais pela abordagem da histria oral.
Fora das universidades, levantando questes da
histria local e das comunidades, pequenos e grandes museus tambm tm interligado o saber acadmico e as necessidades regionais de exame social de questes especficas. Contra os determinismos das grandes estruturas, a histria oral subverte as tendncias massificantes que expulsaram os seres humanos das reflexes sociais. O desenvolvimento da histria oral estimulado principalmente a partir de 1992, no Congresso Internacional Amrica 92: razes e trajetrias, quando se props criar uma Associao brasileira de histria oral , que aconteceu em abril de 1994. Antes, depois de 1975, a Fundao Ford e a Fundao Getlio Vargas no Rio de Janeiro se vincularam num registro historiogrfico dos depoimentos da elite poltica nacional. Baseado num modelo importado e voltado pesquisa durante as perseguies da ditadura, o projeto de histria oral do CPDOC/FGV no ganhou o pblico e se prendeu a crticas e snteses da produo estrangeira. Embora sem desmerecer as trocas importantes com outros crculos de oralistas, os estudos atuais procuram caractersticas especficas que marcam nossa experincia cultural. VI-Quem quem em Histria Oral Os avanos tecnolgicos da modernidade e os debates sobre relaes ticas, de direito autoria e a funo social do produto intelectual instigam preocupaes com o papel da entrevista na histria oral. Esse cuidado a diferencia do jornalismo. Enquanto este usa a entrevista como propriedade sua e de modo imediato, a histria oral lhe reserva a condio de meio sujeito a juzo.
Diferente da outras tradies disciplinares_ que
do ao entrevistado a condio de objeto de pesquisa, atorou informante_ a histria oral atualmente redefine o relacionamento entre entrevistado e entrevistador. Reconhecendo o ltimo como colaborador, ela estabelece uma relao de afinidade entre as partes. O entrevistador deixa de encarar o entrevistado co mo um reles objeto de pesquisa e trabalha de maneira mais sensvel e compartilhada. Por sua vez, a importncia do colaborador cresce. ele quem decide se a parte ou o todo da entrevista ser publicado alm de poder e dever participar das etapas de transcrio e reviso do texto. Como o depoente escolhe o que narrar e revelar, ele tem o poder de comandar os rumos da entrevista_ o que contrabalana o aparente controle sobre a relao que o entrevistador teria. Na verdade, a relao de poder continua at depois das entrevistas, cujos detalhes so supervisionados pelo autor das transcries_ mas tudo pode ainda mudar, na conferncia das entrevistas, at se chegar ao texto final. Outra questo polmica na histria oral a da autoria. Afinal, quem o autor, quem conta a histria ou quem a redige? Apesar de o tratamento dado ao depoente ser o de colaborador, mediante as responsabilidades do escrito, o autor deve ser smpre quem colhe a entrevista, dirige o projeto e assume publicamente a responsabilidade sobre o que est escrito e gravado. Toda entrevista, depois de acabada, deve ter um duplo termo de cesso assinado pelo depoente. por meio deste documento que se garante a existncia pblica do depoimento e os direitos de uso da entrevista ( gravada ou escrita).
A carta de cesso tem de ser clara, pessoal, feita
com cpia registrada em cartrio quando se fizer necessrio e revelando os limites do uso da entrevista( se, alm de poder ser ouvida e publicada no todo ou em parte, se pode ou no ser colocada em uso imediatamente ou se deve aguardar prazos e neste caso, quais). A Incluso ( ou no) da entrevista nas pginas da internet tambm deve ser garantida. Projetos que trabalham com situaes de risco, de vexames, de impresses comprometedoras sobre outros, podem valer-se da invisibilidade. S que tem que ficar claro o nvel e as razes do disfarce na apresentao do trabalho. Nesses casos, tambm importante que se tenha a autorizao do colaborador para publicar o depoimento. Da mesma forma, o leitor deve ser avisado. Uma das questes centrais na histria oral envolve o reconhecimento do papel social do depoente. Nesse sentido, igualmente o nmero de pessoas ligadas a um projeto. Em face do papel pblico do depoente, deve-se ter em conta que todos os testemunhos so vlidos, dependendo do projeto e independentemente de classe social, status ou fama do narrador. O argumento decisivo para marcar o limite do nmero de entrevistas depende da utilidade e do aproveitamento delas. Quando os argumentos comeam a ficar repetitivos, deve-se parar. VII- o Eu e o Outro Outro ponto polmico a definio do eu narrador. Enquanto a entrevista no est autorizada para vir a pblico, o eu dominante o do narrador; depois, com o trabalho de edio e o
acordo permitido pelo depoente, a autoria passa a
ser do diretor do projeto. Mas, bom lembrar, ao apresentar o produto final do texto, o oralista se preocupa em esconder sua interveno para destacar o narrador. Para o autor significa que, quanto menos ele aparecer, melhor sair o produto de seu trabalho. Todo trabalho de histria oral busca esclarecer situaes objetivas ou subjetivas. De qualquer maneira, ser sempre uma verso dos fatos acompanhada de um juzo de valor. Quatro fatores diferenciam as entrevistas em histria oral das realizadas em vrias outras reas: 1) a tcnica usada para registrar os depoimentos; 2) a transcrio que revela a funo do eu; 3) o uso analtico ou no das mesmas; 4) o resultado a que se destina( se para a academia ou para o pblico em geral). A histria oral tem um claro comprometimento com o pblico. Ela , porm, produto de um saber instrudo. Pela lgica deve ter lugar na universidade, mas tambm direito de outras camadas realiza-la. O que deve ser visto com cautela seu uso comercial ou a banalizao promovida por pessoas inescrupulosas, curiosos, diletantes. Projetos mais completos de histria oral, muitas vezes, abrangem mltiplos aspectos de uma mesma questo. Preocupam-se no s em dar voz aos vencidos, mas tambm em registrar as razes dos vencedores ou dos participantes pouco conhecidos em algumas tramas. O fato de haver entrevistas de diferentes posies no significa que h cumplicidade com os ramos opostos. Entrevistar torturadores, por exemplo, no quer dizer partidarismo afinado com eles. Por outro
lado, o projeto ficar muito mais rico com as vozes
destoantes. Diversidade e multiplicidade tambm caracterizam a transmisso de significados. Diferenas de gnero e dos cdigos vocabulares prprios a categorias profissionais ou grupos clandestinos e marginalizados marcam a linguagem, com influncias para a distino das falas. VIII- Histria Oral de Vida A histria oral de vida muito mais subjetiva que objetiva. Como o prprio nome indica, trata-se da narrativa do conjunto da experincia de vida de uma pessoa. Por isso mesmo, tem que ser dado espao para o narrador encadear sua histria como ele quiser
Guia Prtico de Histria Oral
Fundamentos: Histria Oral um conjunto de procedimentos que se iniciam com a elaborao de um projeto e que continua com a definio de um grupo de pessoas a serem entrevistadas. Entrevista parte do projeto. No vale confundir entrevista como se fosse o trabalho em histria oral. O que caracteriza a entrevista em histria oral a sistematizao dos processos organizados pela lgica proposta no projeto inicial . Sem projeto, no h histria oral. Um projeto funciona como mapa da pesquisa e prev: 1. planejamento da conduo das gravaes segundo indicaes previamente feitas; 2. respeito aos procedimentos do gnero escolhido e adequado de histria oral;
3.
4. 5. 6. 7.
tratamento da passagem do cdigo oral para o
escrito, no caso da elaborao de um texto final para a pesquisa ou escritura de um livro; conferncia de gravao e validao; autorizao para o uso; arquivamento e/ou eventual anlise; sempre eu possvel, publicao dos resultados em : catlogos, relatrios, textos de divulgao, sites, documentrios em vdeo ou exames analticos como dissertaes ou teses.
Histria Oral: Fins e Meios
Pensada em srie de registros gravados, como fim, a proposta de histria oral se esgota na constituio de arquivo ou coleo de entrevistas. Organizam-se bancos de histrias ou conjunto de gravaes que se orientariam segundo relatos de grupos atentos prpria presena em contextos sociais ou institucionais, como: migrantes, emigrantes, grupos profissionais, agremiaes de manifestantes de determinada causa, escola, empresas, setores profissionais ou de lazer ou ainda participantes de determinado evento circunstancial como campanha ou testemunho. Com planejamento cuidadoso, as entrevistas se renem em bancos de histria. Neles, no h uma anlise imediata, mas j se dispem a exames futuros baseados nesses acervos. Muitas instituies iniciam seus cuidados na organizao de tais bancos relacionando seu contedo ao acervo de documentao escrita_ tudo sob a guarda do que vem sendo costumeiramente chamado de centros de informao, de documentao ou de memria. MEIHY,Jose Carlos Sebe B. Guia Prtico de Histria Oral para empresas, universidades, comunidades, famlias/Jose Carlos Sebe B. Meihy e Suzana L.Salgado Ribeiro, - So Paulo : Contexto, 2011. Fonte: