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Jos Afonso
12ano
Novembro
2010
10
Penso em Ruth. Num destes dias, quando passvamos beira do que, em vernculo
portugus, poderamos chamar uma taberna, vimos as filas de adoradores de pescoo esticado,
gestos mortos, fixando o ecr mgico. Cada um de ns lanou pedras ao dolo peonhento. Falouse em intoxicao e em coisas bem piores. Ruth, no seu modo seco e enervado, deunos ento
parte de um inqurito feito por uma professora sua. Metade da turma via com regularidade os
programas de televiso; a outra metade s de raro em raro. A professora, aps estremar os
alunos nessas duas categorias, disse-lhes que escrevessem umas laudas sobre o tema que mais
lhes agradasse, desenvolvendo-o, porm, sob um ngulo pessoal. Resultado: os que no estavam
habitualmente expostos ao assdio da televiso, apresentaram, como s as crianas o sabem
fazer, uma perspectiva inusitada, maravilhosa ou crtica, de um acontecimento ou de uma
aspirao. Os outros deixaram o papel em branco. Nenhuma ideia original. Nenhum tema os
estimulara. A televiso fornecia-lhes um mundo dirigido, onde j no cabia o impulso de o ver e de
o influenciar sob uma ptica diferente da que lhes era incutida.
Fernando Namora, Dilogo em Setembro
2.1.
2.2.
Coluna A
Coluna B
subjectividade