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A história conta a triste situação de uma menina pobre que tenta vender fósforos nas ruas geladas na véspera de Ano Novo para sobreviver. Sem conseguir vender nenhum maço, ela acende alguns fósforos para se aquecer e vê visões mágicas que a levam a lugares quentes e a reencontrar sua avó falecida. No final, a menina é encontrada morta de frio, ainda segurando os fósforos restantes.
A história conta a triste situação de uma menina pobre que tenta vender fósforos nas ruas geladas na véspera de Ano Novo para sobreviver. Sem conseguir vender nenhum maço, ela acende alguns fósforos para se aquecer e vê visões mágicas que a levam a lugares quentes e a reencontrar sua avó falecida. No final, a menina é encontrada morta de frio, ainda segurando os fósforos restantes.
A história conta a triste situação de uma menina pobre que tenta vender fósforos nas ruas geladas na véspera de Ano Novo para sobreviver. Sem conseguir vender nenhum maço, ela acende alguns fósforos para se aquecer e vê visões mágicas que a levam a lugares quentes e a reencontrar sua avó falecida. No final, a menina é encontrada morta de frio, ainda segurando os fósforos restantes.
Fazia tanto frio! A neve no parava de cair na Europa, e a noite
aproximava-se. Aquela era a ltima noite de dezembro, vspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escurido, uma pobre menina seguia pela rua afora, com a cabea descoberta e os ps descalos. certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas no duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que j tinham pertencido me, e ficavam-lhe to grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua correndo para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um bero para a irm mais nova brincar. Por isso, a menina seguia com os ps descalos e j roxos de frio; levava no avental uma quantidade de fsforos, e estendia um mao deles a todos que passavam, dizendo: Quer comprar fsforos bons e baratos? Mas o dia tinha ido mal. Ningum comprara os fsforos, e, portanto, ela ainda no conseguira ganhar um tosto. Sentia fome e frio, e estava com a cara plida e as faces encovadas. Pobre criana! Os flocos de neve caam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoo magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Atravs das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam rua, porque era vspera de Ano Novo. Nisso, sim, que ela pensava. Sentou-se no cho e encolheu-se no canto de uma varanda. Sentia cada vez mais frio, mas no tinha coragem de voltar para casa, porque no vendera um nico mao de fsforos, e no podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa tambm no havia calor. A famlia morava numa meia-gua, um barraco, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fsforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um s,
do mao, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num
fsforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fsforo comeou a arder! Parecia a chama quente e viva de uma vela, quando a menina a tapou com a mo. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de uma lareira cheia de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama to intensa, e dava um calor to bom! Mas, o que se passava? A menina estendia j os ps para se aquecer, quando a chama se apagou e a lareira desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fsforo queimado na mo. Riscou outro fsforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como tule. E a menina viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de louas delicadas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e pur de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o cho, com o garfo e a faca espetados nas costas, at junto da menina. O fsforo apagou-se, e a pobre menina s viu na sua frente a parede negra e fria. E acendeu um terceiro fsforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme rvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no ltimo Natal, atravs da porta envidraada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as vitrines das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mos para a rvore, mas o fsforo apagou-se, e todas as velas de Natal comearam a subir, a subir, e ela percebeu ento que eram apenas as estrelas a brilhar no cu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direo terra, deixando atrs de si um comprido rastro de luz. Foi algum que morreu, pensou para consigo a menina; porque a av, a nica pessoa que tinha sido boa para ela, mas que j no era viva, dizialhe vezes: Quando vires uma estrela cadente, uma alma que vai a caminho do cu. Esfregou ainda mais outro fsforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a av, de p, com uma expresso muito suave, cheia de felicidade! Av! gritou a menina leva-me contigo! Quando este fsforo se apagar, eu sei que j no estars aqui. Vais desaparecer como a lareira, como o ganso assado, e como a rvore de Natal, to linda. Riscou imediatamente o punhado de fsforos que restava daquele mao, porque queria que a av continuasse junto dela, e os fsforos espalharam em redor uma luz to brilhante como se fosse dia. Nunca a av lhe parecera to alta nem to bonita. Tomou a neta nos braos e, soltando os ps da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas to alto, to alto, que j no podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham
chegado ao reino de Deus.
Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manh gelada, estava cada uma menina, com as faces roxas, um sorriso nos lbios morta de frio, na ltima noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadver, que ainda tinha no regao um punhado de fsforos. Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! exclamou algum. Mas nunca ningum soube quantas coisas lindas a menina viu luz dos fsforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da av, no Ano Novo.