Sie sind auf Seite 1von 1

Voc estava deitada na cama, um lenol a cobria.

Estava acordada,
mas ainda sob o efeito sonolento da anestesia. Est tudo bem, me?
Voc me respondeu com um grunhido que no pude compreender.
Desde que saiu da sala, ela pergunta por uma tal Vivi. Voc se chama
Vivi?, quis saber a enfermeira. No, eu disse, assustada, com medo de
voc ter enlouquecido, de ter esquecido o meu nome. E me pus a
repetir feito boba: me, sou eu, voc no est me reconhecendo? E
voc dizia: Vivi. Eu, completamente tomada pela certeza da
enfermeira de que Vivi era algum, perguntei-lhe: quem Vivi? Voc
apenas repetia: vi-vi, vi-vi, vi-vi. At que de repente entendi, voc no
chamava por ningum, voc falava consigo mesma, falava com o
mundo. Foi s ento que compreendi que seu medo era sem tamanho.
Quando larguei a sua mo e voc entrou na sala, era isso que eu sentia.
Eu no tinha entendido nada, no tinha sentido esse medo. Nem
passava pela minha cabea que pudesse acontecer algo de to grave,
voc iria apenas tirar o bao. Foi s quando percebi que Vivi no era
ningum que compreendi pela primeira vez que o medo que voc
tinha no era um medo qualquer: era o medo da morte.

Das könnte Ihnen auch gefallen