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presena
ali
denotava
uma
pequena
incongruncia.
Todos
se
neste teatro e at onde ele pode ir? Quanto do encontro com o pblico esse
teatro pode suportar e como fazer desse encontro um disparador de
diferenciao, seja no pblico, seja nos artistas, seja no prprio teatro. Como a
potncia criadora que est nas mos dos artistas pode ser compartilhada
provocando nos espectadores um estado-de-arte?
Rubens Corra disse certa vez que se ele tivesse que elencar trs dos
grandes momentos de sua vida, um deles seria a apresentao do espetculo
Artaud para os internos do Hospital Psiquitrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Ele
nos conta que a certa altura os espectadores comearam a se aproximar,
subiram ao palco e construram o que ele chamou de um espetculo
realmente artaudiano 2 . Esses momentos so nicos, raros, quase sublimes.
So momentos de contaminao em que experimentamos a fora de um
processo de criao em ato.
*
Antnio Conselheiro, fantico, louco, visionrio, foi morto, seu sonho
sepultado, seus seguidores dizimados ....
Ele, bbado, louco, chato, foi arrancado a fora da platia e do palco do
Teatro Oficina. (Haveria uma soluo melhor?)
Z Celso, visionrio, louco, criador genial, continua com sua trupe em
seu teatro no Bexiga. At quando? Esperamos que por muito tempo e de forma
viva, aceitando e habitando as contradies e os paradoxos que qualquer
proposta radical abriga; enfrentando as impossibilidades que se apresentam
em experincias como esta, que apontam para os limites de uma configurao
e que so elementos constitutivos do ato criador.
Afinal, como aprendemos com Deleuze, se um criador no agarrado
pelo pescoo por um conjunto de impossibilidades, no um criador. (...) sem
um conjunto de impossibilidades no se ter essa linha de fuga, essa sada
que constitui a criao. 3
Verssimo, L.F. (1981) Recital in: O analista de Bag. Porto Alegre: L&PM Editores.
Rubens Corra in: Passetti, E. (roteiro, edio e direo). Encontro com pessoas notveis n. 1: Nise da
Silveira. So Paulo: Fundao Cultural So Paulo / PUC-Cogeae, 1992. (vdeo)
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Deleuze, G. (1992)Conversaes. So Paulo: Editora 34, p. 167.
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