Sie sind auf Seite 1von 12

Capítulo 1

Introdução

O objeto de estudo de Mat-22 são as funções definidas em Rn assumindo valores em Rm ,


com n, m ∈ N, isto é f : Rn → Rm . Quando n = m = 1 temos as funções reais de variável
real já estudadas em MAT-12. Quando n = 1 e m > 1, denominamos tais funções de
funções vetoriais, que são uma extensão natural do caso anterior e em geral descrevem
curvas. Quando n > 1 e m = 1 são denominadas campos escalares, que serão estudados
mais profundamente pois a maioria dos fenômenos não dependem de uma única variável;
por exemplo: o volume de um gás ideal, se mantivermos a temperatura constante, é função
de uma única variável mas em geral a temperatura também varia e portanto o volume
é função de duas variáveis: a temperatura e a pressão.. Estas serão o foco principal de
MAT-22. Finalmente quando n, m > 1 elas são denominadas campos vetoriais, que são
uma extensão dos campos escalares. Estudaremos nesta disciplina os conceitos de limite,
continuidade, derivabilidade e integrabilidade de campos escalares.
Vamos iniciar nosso curso estabelecendo as noções topológicas básicas do Rn , que nos
permitirão definir com rigor os conceitos de limite, continuidade de campos escalares e
vetoriais. Faremos uma breve apresentação do conceito de limite, continuidade, derivabil-
idade e integração de funções vetoriais, por ser uma extensão muito simples dos conceitos
estudados estudados em MAT-12.
Ao final deste curso o aluno deverá ser capaz de avaliar a existência de limite e analisar
a continuidade num ponto, de funções de várias variáveis, calcular a derivada direcional e
analisar a diferenciabilidade de funções de várias variáveis, determinar máximos e mínimos
locais e absolutos, condicionados ou não de uma função e finalmente calcular integrais
duplas e triplas em regiões gerais, utilizando mudança de variáveis.

1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Capítulo 2

Noções de topologia do Rn

Introduziremos algumas noções de topologia do Rn necessárias para o estudo do Cálculo


de funções de várias variáveis.

Definição 2.1 Seja E um espaço vetorial real. Uma métrica em E é uma função d :
E × E → R+ satisfazendo as seguintes condições:
a) d (x, y) = 0 ⇔ x = y
b) d (x, y) = d (y, x)
c) d(x, z) ≤ d (x, y) + d (y, z) .
Neste caso dizemos que E é um espaço métrico.

Exemplo 2.2 Se em R definimos d (x , y) = |x − y| , segue que (R,d) é um espaço


métrico.

Exemplo 2.3 Se x = (x1 , x2 ) , y = (y1 , y2 ) ∈ R2 podemos definir as seguintes métricas:

£ ¤1
1. d (x, y) = (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 2 ,

2. dS (x, y) = |x1 − y1 | + |x2 − y2 | ,

3. dM (x, y) = max {|x1 − y1 | , |x2 − y2 |} .

Temos assim três espaços métricos distintos, a saber, (R2 , d) , (R2 , dS ) e (R2 , dM ) , a
partir do mesmo espaço vetorial.

Exemplo 2.4 Em qualquer espaço vetorial E, pode-se definir o ½que denominamos de


0, x = y
métrica discreta, a saber, d : E × E → R+ , definida por d (x, y) = .
1, x 6= y

Nota 2.5 A métrica num espaço vetorial na realidade define uma distância entre dois
pontos do espaço.

3
4 CAPÍTULO 2. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DO RN

As métricas apresentadas nos dois primeiros exemplos são métricas que provêm de
uma norma, cuja definição veremos a seguir. Intuitivamente uma norma nos fornece o
comprimento de um vetor do espaço vetorial.

Definição 2.6 Seja V um espaço vetorial sobre R. Uma norma em E é uma função
k.k : E → R+ tal que para todos x, y ∈ E e para todo λ ∈ R satisfaz :

1. kxk = 0 ⇔ x = 0,

2. kλxk = |λ| kxk , ∀λ ∈ R, ∀x ∈ V.

3. kx + yk ≤ kxk + kyk , ∀x, y ∈ V.

Exemplo 2.7 No Rn , se x = (x1 , x2 ..., xn ) , podemos considerar as normas:

1. Norma euclidiana
" n # 12
1 X
kxk = [< x, x >] = 2 x2i .
i=1

2. Norma da soma
X
n
kxkS = |xi | .
i=1

3. Norma do máximo

kxkM = max {|x1 | , |x2 | , ..., |xn |} .

Nota 2.8 Podemos mostrar que :

(∗) kxkM ≤ kxk ≤ kxkS ≤ n kxkM .

Quando uma desigualdade como em (∗) ocorre dizemos que as normas envolvidas são
normas equivalentes.

Nota 2.9 Uma norma no espaço vetorial V dá origem a uma métrica, basta definir

d (x, y) = kx − yk , ∀x, y ∈ V.

Como é fácil observar, as métricas definidas em R2 , provêm das normas definidas acima.

Proposição 2.10 Seja (V, kk) um espaço vetorial normado. Então |kxk − kyk| ≤ kx − yk ,
∀x, y ∈ V.
5

Prova. Como x = x − y + y e y = y − x + x então segue da desigualdade triangular


que kxk ≤ kx − yk + kyk e kyk ≤ ky − xk + kxk . Assim, utilizando a propriedade (ii)
da definição de norma, segue que kxk − kyk ≤ kx − yk e kyk − kxk ≤ kx − yk . Portanto
temos que

− kx − yk ≤ kxk − kyk ≤ kx − yk ⇒ |kxk − kyk| ≤ kx − yk .

Definição 2.11 Seja V um espaço vetorial real. Um produto interno em V é uma função
hi : V × V → R, satisfazendo as seguintes condições:
i)hx, xi ≥ 0, ∀x ∈ V e hx, xi = 0 ⇔ x = 0.
ii)hx, yi = hy, xi , ∀x, y ∈ V.
iii)hαx, yi = α hx, yi , ∀x, y ∈ V, ∀α ∈ R.
iv)hx + y, wi = hx, wi + hy, wi , ∀x, y, w ∈ V .

Exemplo 2.12 Em R3 tem-se que h(x, y, z) , (a, b, c)i = xa+yb+zc é um produto interno,
como vocês já viram em MAT-17. Generalizando o produto interno usual do Rn é definido
P
n
por h(x1 , x2 , . . . , xn ) , (y1 , y2 , . . . , yn )i = xi yi .
i=1

Rb
Exemplo 2.13 Considerando V = C ([a, b]) pode-se mostrar que hf, gi = a
f (x)g(x)dx
é um produto interno em V. (Mostre!).

Nota 2.14 Um produto interno num espaço vetorial fornece uma norma, a sber, kxk =
[hx, xi]1/2 , denominada norma euclidiana.
p
Exemplo 2.15 Em R3 a norma já conhecida de vocês, isto é, k(x, y, z)k = x2 + y 2 + z 2
é uma norma euclidiana, pois provém do produto interno.

hR i1/2
b 2
Exemplo 2.16 Em C ([a, b]) a norma euclidiana é definida como kf k = a
(f (x)) dx .

Para sabermos se uma norma provém ou não de um produto interno temos o seguinte
resultado.

Proposição 2.17 Seja V um espaço vetorial real e kk uma norma definida em V. Então
tal norma provém de um produto interno em V ⇔ esta norma satisfaz a lei do paralelo-
grama, isto é,
¡ ¢
kx + yk2 + kx − yk2 = 2 kxk2 + kyk2 .
6 CAPÍTULO 2. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DO RN

Prova. (⇒) Se a norma provém de um produto interno, segue que kxk2 = hx, xi . As-
sim, das propriedades de produto interno segue que kx + yk2 +kx − yk ¡
2
= hx + y,¢x + yi+
hx − y, x − yi = kxk2 + 2 hx, yi + kyk2 + kxk2 − 2 hx, yi + kyk2 = 2 kxk2 + kyk2 .
(⇐) Supondo que a norma satisfaz a lei do paralelogramo, devemos provar que ela
provém de um produto interno definida em V. Definimos então hi : V × V → R por
1£ ¤ 1
hx, yi = kx + yk2 − kx − yk2 . É claro que hx, xi = k2xk2 = kxk2 . Assim só resta
4 4
mostrar que função definida acima é um produto interno. Para isso devomos mostrar que
ela satisfaz as propriedades da definição. Primeiro é fácil provar que h0, yi = hy, 0i = 0,
∀y ∈ V. Mostraremos a seguir que tal função satisfaz as propriedades exigidas a um
produto interno. De fato:
i) hx, xi = kxk2 ≥ 0, ∀x ∈ V e hx, xi = 0 ⇔ kxk2 = 0 ⇔ x = 0.
1£ ¤ 1£ ¤
ii) hx, yi = kx + yk2 − kx − yk2 = ky + xk2 − k− (y − x)k2 =
4 4
1£ 2 2¤
= ky + xk − ky − xk = hy, xi .
4
2 2 2 2
iii) kx
¡ + y + 22zk + kx −2 ¢yk = k(x + z) + (z + y)k + k(x + z) − (y + z)k =
= 2 kx + zk + ky + zk .
¡ ¢
Analogamente tem-se que kx + y − 2zk2 + kx − yk2 = 2 kx − zk2 + ky − zk2 .
¡ ¢ ¡ ¢
Logo, 2 kx + zk2 − kx − zk2 +2 ky + zk2 − ky − zk2 = kx + y + 2zk2 −kx + y − 2zk2 .
1£ ¤ 1£ ¤
Assim, hx, zi + hy, zi = kx + zk2 − kx − zk2 + ky + zk2 − ky − zk2 =
4 4
1£ 2 2¤ 1
= kx + y + 2zk − kx + y − 2zk = hx + y, 2zi .
8 2
1
Portanto, hx, zi + hy, zi = hx + y, 2zi , ∀x, y, z ∈ V. Logo, fazendo y = 0 nesta
2
1
igualdade, obtemos hx, zi = hx, 2zi , ∀x, z ∈ V e portanto, pode-se concluir que
2
1
hx, zi + hy, zi = hx + y, 2zi = hx + y, zi , ∀x, y, z ∈ V.
2
A quarta e última propriedade será provada primeiramente para todos os inteiros, em
seguida para todos os racionais e finalmente por um processo de limite para todos os reais.
Vejamos.
iv) hx, yi = 1 hx, yi , ∀x, y ∈ V. Suponhamos que n hx, yi = hnx, yi , ∀x, y ∈ V. As-
sim, h(n + 1) x, yi = hnx + x, yi = hnx, yi + hx, yi = n hx, yi + hx, yi = (n + 1) hx, yi .
Logo a propriedade está demonstrada para todo n ∈ N. Ainda como h0x, yi = h0, yi =
0 = 0 hx, yi , então esta propriedade é válida para todo n ∈ Z, n ≥ 0. Considere
agora n ∈ Z, n < 0, então n = −m, onde m ∈ N. Assim, hnx, yi = h−mx, yi =
1£ ¤ 1£ ¤
k(−mx) + yk2 − k(−mx) − yk2 = k− (mx − y)k2 − k− (mx + y)k2 =
4 4
1£ 2¤ 1£ ¤
= kmx − yk − kmx + yk = − kmx + yk2 − kmx − yk2 =
2
4 4
= − hmx, yi = −m hx, yi = n hx, yi .
Logo a propriedade está demonstrada para todo n ∈ Z. Considere então¿p ∈ Q, À ou
m D m E 1
seja, p = , onde m, n ∈ Z com n 6= 0. Assim, hpx, yi = x, y = m x, y =
n n n
7
¿ À
m 1 m Dn E m
n x, y = x, y = hx, yi = p hx, yi . Resta agora mostrarmos que a pro-
n n n n n
priedade é válida para todo α ∈ R. Sabemos de MAT-12 que ∃ uma seqüência de números
racionais (pn ) ⊂ Q tal que pn → α. Assim, segue que pn hx, yi → α hx, yi e das pro-
n→∞
priedades de norma segue que hpn x, yi → hαx, yi . Logo como pn hx, yi = hpn x, yi , então
hαx, yi = α hx, yi , ∀α ∈ R e ∀x, y ∈ V.
Concluímos então que tal função é um produto interno em V e assim a norma que
satisfaz a lei do paralelogramo provém deste produto interno. ¤

Veremos a seguir algumas definições e propriedades de conjuntos, necessárias no decor-


rer do curso.
Definição 2.18 Seja k.k uma norma qualquer no Rn .
1. A bola aberta de centro em a ∈ Rn e raio r > 0 é o conjunto:
Br (a) = {x ∈ Rn : kx − ak < r} .

2. A bola fechada de centro em a ∈ Rn e raio r > 0 é o conjunto :


Br (a) = {x ∈ Rn : kx − ak ≤ r} .

3. A esfera de centro em a ∈ Rn e raio r > 0 é o conjunto :


∂Br (a) = {x ∈ Rn : kx − ak = r} .

Exemplo 2.19 Em R temos :


1. Br (a) = (a − r, a + r) .
2. Br (a) = [a − r, a + r] .
3. ∂Br (a) = {a − r, a + r} .
Exemplo 2.20 No R2 a forma geométrica desses conjuntos depende da norma consider-
ada, vejamos os exemplos na figura abaixo.
8 CAPÍTULO 2. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DO RN

Exemplo 2.21 No R3 as bolas abertas podem ser: o interior de uma esfera para a norma
euclidiana, o interior de cubos com arestas paralelas aos eixos para a norma do máximo,
e o interior de octaedros com diagonais paralelas aos eixos para a norma da soma.

Em todo o resto do curso estaremos trabalhando com o Rn munido do produto interno


usual e portanto com a norma euclidiana.

Definição 2.22 Sejam S e F subconjuntos do Rn . Dizemos que a ∈ S é um ponto


interior de S quando
∃ r > 0 tal que B (a, r) ⊂ S.

Exemplo 2.23 Todos os pontos de uma bola aberta do Rn são pontos interiores. De fato
considere Br (a) ⊂ Rn e x ∈ Br (a) então kx − ak < r. Tome δ = r − kx − ak > 0 e
provemos que Bδ (x) ⊂ Br (a) . Para isso tomemos y ∈ Bδ (x) então ky − xk < δ. Logo
ky − ak ≤ ky − xk + kx − ak < δ + kx − ak = r − kx − ak + kx − ak = r ⇒ y ∈ Br (a) e
como y é qualquer, segue que Bδ (x) ⊂ Br (a) , como queríamos mostrar.

Definição 2.24 Seja S ⊂ Rn . Definimos o conjunto interior de S, como sendo o


conjunto de todos os pontos interiores de S, denotado por S 0 . Dizemos então que S é
aberto se e só se S = S 0 , ou seja se todos os pontos de S são interiores.

Exemplo 2.25 Pode-se concluir do exemplo anterior que toda bola aberta é um conjunto
aberto.

Exemplo 2.26 S =] − 2, 3[×]0, 1[ é um conjunto aberto do R2 .

Exemplo 2.27 S = [0, 1[×] − 1, 2[ não é aberto, pois os pontos da forma (0, y) , com
y ∈] − 1, 2[ não são pontos interiores de S.
µ ¶
1 √
Exemplo 2.28 S = { , n , n ∈ N} não é aberto pois nenhum de seus pontos é
n

n
interior, uma vez que todo a bola aberta centrada num deles contém pontos que não estão
em S.

Definição 2.29 Seja S ⊂ Rn . Dizemos que S é fechado se e só se seu complementar,


isto é, S C é aberto.

Exemplo 2.30 Toda bola fechada do Rn é um conjunto fechado. De fato considere B r (a)
¡ ¢C
uma bola do Rn . Seja x ∈ B r (a) então kx − ak > r. Tome δ = kx − ak − r > 0, logo
para cada y ∈ Bδ (x) tem-se que ky − xk < δ e portanto ky − ak ≥ |ky − xk − kx − ak| ≥
¡ ¢C
kx − ak − ky − xk > kx − ak−δ = kx − ak+r −kx − ak = r e portanto y ∈ B r (a) ⇒
¡ ¢C ¡ ¢C
Bδ (x) ⊂ B r (a) logo B r (a) é aberto e portanto B r (a) é fechado.
9

Exemplo 2.31 S = [0, 1[×] − 1, 2[ não é fechado, pois S C = (] − ∞, 0[∪[1, +∞[) ×


(] − ∞, −1] ∪ [2, +∞[) não é aberto, já que os pontos da forma (1, y) com y ∈] − ∞, −1] ∪
[2, +∞[ não são pontos interiores de S C . Portanto tal conjunto não é nem aberto nem
fechado.

Exemplo 2.32 S = [−2, 6] × [1, 4] é fechado, uma vez que S C = (] − ∞, −2[∪]6, +∞[) ×
(] − ∞, 1[∪]4, +∞[) é aberto.

Definição 2.33 Seja S ⊂ Rn e a ∈ Rn . Dizemos que a é um ponto de acumulação de


S se e só se
∀r > 0, (Br (a) \{a}) ∩ S 6= ∅.
Denotamos por S 0 , denominado conjunto derivado de S, o conjunto de todos os pontos
de acumulação de S.

Nota 2.34 Observe que um ponto de acumulação de um conjunto não é necessariamente


um elemento do conjunto. Ainda a definição acima afirma que tão próximo de um ponto
de acumulação a de um conjunto, quanto se queira, existem pontos do conjunto distintos
de a.

Exemplo 2.35 Considerando S =] − 2, 3[×]0, 1[ , segue que S 0 = [−2, 3] × [0, 1].

Exemplo 2.36 Se S é uma bola aberta centrada em a de raio r, então seu conjunto
derivado é a bola fechada centrada em a de raio r.

Exemplo 2.37 S = [0, 1[×] − 1, 2[∪{(3, 5)} então S 0 = [0, 1] × [−1, 2].
µ ¶
1 √ 1 √
Exemplo 2.38 S = { , n , n ∈ N} então S 0 = {(0, 1)} pois como → 0 e n n → 1,
n

n µ ¶ n
1 √
segue que ∀r > 0, ∃n0 ∈ N tal que , n n ∈ Br ((0, 1)) , ∀n ≥ n0 .
n

Exemplo 2.39 S = {(n, n + 1) ; n ∈ Z} então S 0 = ∅ pois existe 0 < r < 1 tal que
Br ((n, n + 1)) ∩ S = ∅, ∀n ∈ Z. Ainda, como para todo x ∈ R, exste n ∈ Z tal que
n ≤ x < n+1, segue que para cada (x, y) ∈ R2 \S, exsitem n, m ∈ Z tais que n ≤ x < n+1
e m ≤ y < m + 1. Assim, tomando

r = min{k(x, y) − (n + i, n + i + 1)k , k(x, y) − (m + i, m + i + 1)k , i = 0, 1}

segue que Br ((x, y)) ∩ S = ∅.

Definição 2.40 Seja S ⊂ Rn . O fecho de S, denotado por S, é definido da seguinte


maneira:
S = {x ∈ Rn ; ∀r > 0, Br (x) ∩ S 6= ∅}.

Proposição 2.41 Seja S ⊂ Rn então S = S ∪ S 0 .


10 CAPÍTULO 2. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DO RN

Prova. É claro que S, S 0 ⊂ S e portanto S ∪ S 0 ⊂ S. Resta provar a outra inclusão.


Seja então a ∈ S ⇒ a ∈ S ou a ∈ / S. Se a ∈ S ⇒ a ∈ S ∪ S 0 . Caso a ∈
/ S e como a ∈ S,
segue que ∀r > 0, (Br (a) \{a}) ∩ S 6= ∅ ⇒ a ∈ S 0 ⇒ a ∈ S ∪ S 0 , ou seja em qualquer
situação tem-se que a ∈ S ∪ S 0 , o que implica que S ⊂ S ∪ S 0 . Fica então provada a
igualdade de conjuntos. ¤

Daremos a seguir um resultado, que permite determinar se um conjunto é fechado,


sem necessariamente determinar seu complementar, usando o fecho do conjunto.

Proposição 2.42 Um conjunto F ⊂ Rn é um conjunto fechado se e só se F = F .


Portanto, um conjunto é fechado se e só se F 0 ⊂ F.

Prova. (⇒)É fácil ver que F ⊂ F . Assim, basta provar que F ⊂ F. Para isso,
suponhamos por absurdo que F não está contido em F, ou seja, F Ã F logo existe y ∈ F
/ F ⇒ y ∈ F c . Como F é fechado temos que F c é aberto, logo:
tal que y ∈

∃δ > 0 : B (y, δ) ⊂ F c . (2.1)

Assim, ∃δ > 0 tal que B (y, δ) ∩ F = ∅, o que contradiz o fato de y ∈ F . Assim F ⊂ F e


portanto F = F .
(⇐)Devemos provar que F c é aberto. Seja y ∈ F c , logo y ∈
/ F = F então

∃ r > 0 tq B (y, r) ∩ F = φ,

ou seja
∃ r > 0 tq B (y, r) ⊂ F c ,
assim F c é aberto. ¤

Exemplo 2.43 S = [0, 1[×] − 1, 2[∪{(3, 5)} então S = [0, 1] × [−1, 2] 6= S, logo como já
havíamos visto, S não é fechado.
µ ¶
1 √
Exemplo 2.44 S = { , n , n ∈ N} entãoS = S ∪ {(0, 1)} 6= S ⇒ S não é fechado.
n

Definição 2.45 Seja S ⊂ Rn e a ∈ Rn . Dizemos que a é um ponto fronteira de S se e


só se
∀r > 0, Br (a) ∩ S 6= ∅ e Br (a) ∩ S C 6= ∅.
Denotamos por ∂S o conjunto de todos os pontos fronteira de S, denominado fronteira de
S.

Nota 2.46 Novamente, pode-se observar que os pontos fronteira de um conjunto não são
necessariamente elementos do conjunto. Intuitivamente a fronteira de um conjunto é a
borda do mesmo.
11

Exemplo 2.47 A fronteira de uma bola , aberta ou fechada é a esfera de mesmo centro
e raio.
Exemplo 2.48 S = [0, 1[×] − 1, 2[∪{(3, 5)} então
∂S = {(0, y) ; y ∈ [−1, 2]} ∪ {(1, y) ; y ∈ [−1, 2]} ∪ {(x, −1) ; x ∈ [0, 1]} ∪ {(x, 2) ;
x ∈ [0, 1]} ∪ {(3, 5)}
µ ¶
1 √
Exemplo 2.49 S = { , n , n ∈ N} então ∂S = S ∪ {(0, 1)}.
n

n
Definição 2.50 Seja S ⊂ Rn e a ∈ Rn . Dizemos que a é um ponto exterior de S se e
só se
∃r > 0 tal que Br (a) ∩ S = ∅.
Ou seja, um ponto exterior de um conjunto é um ponto que não pertence ao seu fecho.
Definição 2.51 Dizemos que X ⊂ Rn é conexo quando para todo par de conjuntos
abertos A, B ⊂ Rn tais que (A ∩ X) ∩ (B ∩ X) = ∅ e X = (A ∩ X) ∪ (B ∩ X) implica
que A ∩ X = ∅ ou B ∩ X = ∅.
Nota 2.52 Intuitivamente, dizemos que um conjunto é conexo se é constituído de um
só "pedaço", mas podendo ter "buracos". Assim, os únicos subconjuntos de R que são
conexos são os intervalos.
Proposição 2.53 Sejam X, Y ⊂ Rn tais que X ⊂ Y ⊂ X. Se X é conexo então Y
também é conexo.
Prova. Sejam A, B abertos do Rn tais que (A ∩ Y ) ∩ (B ∩ Y ) = ∅ e Y = (A ∩ Y ) ∪
(B ∩ Y ) . Como X ⊂ Y então segue que (A ∩ X)∩(B ∩ X) = ∅ e X = (A ∩ X)∪(B ∩ X) ,
logo como X é conexo tem-se que (A ∩ X) = ∅ ou (B ∩ X) = ∅. Suponhamos que
(A ∩ X) = ∅ e suponhamos por absurdo que (A ∩ Y ) 6= ∅. Assim, existe y0 ∈ (A ∩ Y ) e
como (A ∩ X) = ∅, segue que y0 ∈ / X. Como Y ⊂ X então y0 ∈ X 0 . Ainda como y0 ∈ A
e A é aberto, segue que existe r > 0 tal que Br (y0 ) ⊂ A e do fato de y0 ∈ X 0 , segue
que Br (y0 ) ∩ X 6= ∅, e como Br (y0 ) ∩ X ⊂ A ∩ X, tem-se que (A ∩ X) 6= ∅, o que
contradiz a hipótese, portanto (A ∩ Y ) 6= ∅. Analogamente, prova-se que se (B ∩ X) =
∅ ⇒ (B ∩ Y ) = ∅. Logo Y é conexo. ¤

Corolário 2.54 Se X ⊂ Rn é conexo então X também é conexo.


Exemplo 2.55 S = B r (a) \{a} é um conjunto conexo.
µ µ ¶¶
1
Exemplo 2.56 S = { t, sen ; t ∈ (0, 1]} é um conjunto conexo, pois é o gráfico
t
de uma função contínua e portanto é constituído de um só "pedaço". Pelo corolário
pode-se concluir que D = S = S ∪ {(0, t) ; t ∈ [−1, 1]} é também conexo. Observe que
esta conclusão já não é tão intuitiva. Ainda da proposição temos que S ∪ I, onde I ⊂
{(0, t) ; t ∈ [−1, 1]}, também é conexo. Por exemplo S ∪ {(0, 0)} é conexo.
12 CAPÍTULO 2. NOÇÕES DE TOPOLOGIA DO RN

Definição 2.57 Seja S ⊂ Rn . Dizemos que S é um domínio, isto é aberto e conexo, se


e só se S é aberto e não existem dois abertos não vazios e disjuntos cuja união seja igual
a S.

Nota 2.58 Intuitivamente, dizemos que um domínio é um aberto constituído de um só


"pedaço", mas podendo ter "buracos". Observe que os únicos subconjuntos de R que são
domínios são os intervalos abertos.

Nota 2.59 Nenhum dos dois exemplos anteriores é um domínio, pois apesar de serem
conexos, não são abertos.

Definição 2.60 Seja S ⊂ Rn . Dizemos que S é um conjunto convexo se dados dois


pontos quaisquer de S, o segmento de reta unindo estes dois pontos está inteiramente
contido em S.

Nota 2.61 É claro que todo subconjunto convexo é conexo, mas a recíproca não é ver-
dadeira.

Exemplo 2.62 S =]0, 1[×] − 1, 2[ é um domínio é também convexo.

Exemplo 2.63 S =]0, 1[×[−1, 2] é conexo e é também convexo.

Exemplo 2.64 Toda bola aberta é um domínio e é um conjunto convexo.

Exemplo 2.65 Toda bola aberta ou fechada é um conjunto conexo e também é um con-
junto convexo.

Exemplo 2.66 S = Br (a) \Br/2 (a) é um domínio, mas não é convexo.

Exemplo 2.67 S = B1 ((0, 0)) ∪ B1 ((2, 3)) não é um domínio, pois apesar de ser aberto
existem dois abertos não vazios e disjuntos, a saber B1 ((0, 0)) e B1 ((2, 3)) , tais que sua
união é igual a S.

Definição 2.68 Dizemos que X ⊂ Rn é um conjunto limitado quando exsite M > 0 tal
que kxk ≤ M, ∀x ∈ X.

Exemplo 2.69 X = B2 (a) é limitado, pois para todo x ∈ X, tem-se que kx − ak < 2 ⇒
kxk < 2 + kak = M.

Definição 2.70 Dizemos que X ⊂ Rn é um conjunto compacto quando X é um conjunto


fechado e limitado.

Nota 2.71 O exemplo anterior não é um conjunto compacto, pois apesar de ser limitado
não é fechado.

Exemplo 2.72 X = B 2 (a) é compacto, pois é fechado e limitado.

Das könnte Ihnen auch gefallen