Sie sind auf Seite 1von 2

CULTURA TAMBÉM DÁ CHOQUE

Ela havia acabado de chegar nos Estados Unidos e queria comprar


modes. “Como é mesmo modes em inglês? Nunca aprendi essa palavra na
escola!” Entrou em uma farmárcia. “Modes são iguais aqui ou na China. Não vai
ser difícil achar.” Em casa, ela abriu o pacote. Havia, na verdade,
comprado…fraldas!
De fato, conhecer a língua é essencial para se adptar completamente em
um país. Porém, além da barreira lingüística, entramos também em contato com
uma cultura diversa o que pode resultar no chamado choque cultural. Turistas,
imigrantes, estudantes, homens e mulheres de negócios, por exemplo, estão
sujeitos ao choque cultural desde o momento em que saem do avião. O choque
cultural pode provocar crises psicológicas e disfunções sociais, de acordo com
Michael Winkelman, um importante estudioso do fenômeno. Para ele, é
importante que as pessoas reconheçam e que estejam preparadas para o
choque cultural. A partir daí, poderão, então, lidar mais efetivamente com as
diferenças culturais.
Ela iria ficar em Nova York por uns três meses, acompanhando o filho que
iria trabalhar lá. Primeira vez que saía do Brasil. “Passei o dia inteiro procurando
queijo mineiro e não encontrei!”, me disse. “Aqui não tem queijo mineiro. Nas
poucas lojas brasileiras em Nova York, você vai encontrar queijos chamados
‘Queijo Mineiro’ ou ‘Queijo de Minas’ mas, na verdade, eles são fabricados em
Boston. Uma imitação!”, contei a ela para o seu desapontamento.
As reações individuais ao choque cultural dependem de vários fatores,
como, por exemplo, experiências anteriores com outras culturas, o grau de
diferença entre a nossa cultura e a outra, como nos preparamos antes de viajar
e nossas próprias caracterísitcas pscicológicas.
De acordo com Winkelman, o choque cultural acontece a cada momento
em que encontramos um nova crise ou situação inesperada que requer
ajustamento adicional. E situações novas acontecem a toda hora, como por
exemplo, quando fui apresentada a um americano que me disse “Muito prazer.
Meu nome é John. O que você faz?”. Minha reação interna foi de estranheza.
Por que ele quer saber o que eu faço? O que ele tem a ver com isso? Mas, na
verdade, essa é uma das primeiras perguntas que eles fazem. Não é
considerado intrusivo. Porém, perguntar se é casado(a) e se tem filhos, é
considerado ofensivo porque é pessoal.
E a lista de diferenças culturais vai longe: os presentes são muitas vezes
dados acompanhados do recibo. Assim, você pode trocar o presente, se não
gostar. Quando o adolescente faz 18 anos (às vezes aos 21 anos), ele ou ela
deve sair de casa. Um adulto morando com os pais é visto com um(a)
fracassado(a) na vida. Ainda mais estranho é como os americanos tratam seus
os gatos e cachorros: jóias caras, sapatos para os cachorros no inverno, deixam
a televisão ligada durante o dia para que eles não se sintam sozinhos e chegam
até o ponto de limpar o cachorro atrás, depois que ele ‘vai ao banheiro’. Cena
que vi com os meus próprios olhos!
O grande desafio é entender que os fatos e os comportamentos culturais
fazem sentido e são lógicos do ponto de vista da cultura, apesar de as regras
lógicas serem diferentes da nossa. É importante ter uma prática cultural de
abertura e reconhecer os comportamentos culturais no contexto da cultura em
que são produzidos.

Denise Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers College

Columbia University (Nova York) e professora de português como língua

estrangeira.

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2007, October 05). Cultura também dá choque. Clarim, Ano 12,

n. 588, p. A2.

Das könnte Ihnen auch gefallen