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Os pirahãs: uma tribo que fascina o mundo!

Os pirahãs, uma pequena tribo de 350 pessoas no Amazonas, estão

desafiando as teorias aceitas pelos lingüistas modernos. Tudo porque os pirahãs

tem uma língua pra lá de esquisita: possui apenas 8 consoantes e 3 vogais, não

tem palavras para números (exceto um, dois, muitos) e nem para cores (ao

invés de dizerem vermelho, por exemplo, eles podem dizer algo como “Isso

parece sangue”), não tem verbos no passado (não tem, portanto, mitos ou

histórias) e não tem orações subordinadas (em frases como “As crianças que

moram em Araxá são cativantes”, os pirahãs diriam “As crianças moram em

Araxá. As crianças são cativantes”).

E a lista de peculiaridades continua. Foneticamente falando, é uma língua

muito difícil. Sons produzidos por estalos, bater dos lábios, respiração curta, por

exemplo, fazem parte do repertório fonético e tem significado. Além disso, é uma

língua de tons, isto é, o significado das palavras depende do volume das sílabas.

A diferença entre as palavras amigo e inimigo, por exemplo, depende do volume

de uma sílaba da palavra. E para complicar mais ainda, há uma versão da língua

para os homens e outra para as mulheres.

De todas as peculiaridades que esta língua apresenta, a que mais vem

intrigando os especialistas, é o fato de que a língua não tem oração

subordinada, ou seja, não tem recursividade. A recursividade é uma operação


lingüística que consite em inserir uma frase na outra, combinando diferentes

pensamentos em uma frase (As crianças que moram em Araxá onde tem o

Museu Calmom Barreto que eu adoro são cativantes.).

De acordo com Noam Chomsky, o lingüista mais famoso da atualidade,

recursividade é a única característica que distingue a nossa faculdade humana

da linguagem da dos animais. Gatos e cachorros, por exemplo, podem usar

sons para se comunicar, mas nunca ocorrerá a recursividade. A língua dos

pirahãs, portanto, tem deixado especialistas incomodados.

Dan Everett, um ex-missionário e lingüista americano, juntamente com

sua família, viveu entre os pirahãs por muitos anos e tem estudado sua língua

por 30 anos. É a única pessoa que sabe falar pirahã fluentemente. Ele afirma

que a língua apresenta aspectos ligados à cultura e não à Gramática Universal.

Para Everett, se eles não têm os numerais três, quarto, etc., em seu léxico, eles

não têm a concepção desses números e, portanto, terão limitações em trabalhar

com esses conceitos. A hipótese de que o vocabulário de uma língua determina

como nós pensamos é controvertida. Essa hipótese foi criada em 1914 por um

lingüista chamado Benjamin Whorf e diz que as pessoas são somente capazes

de construir pensamentos para os quais elas possuem palavras.


Futuras pesquisas deverão trazer mais luz sobre o assunto e então,

saberemos se esta pequena tribo do Amazonas irá ter mudado o rumo da

lingüística atual.

Denise Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers College

Columbia University (Nova York) e professora de português como língua

estrangeira.

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2007, July 27). Os Pirahãs: Uma tribo que fascina o mundo! Clarim,
Ano 12, n. 578, p. A2.

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