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Nº 1337 - Ano 28 - 07.02.2002

Dissertação defende penas para crime virtual


Primeira página
Segunda página
Estudo analisa aspectos jurídicos dos acessos não autorizados à Internet
Terceira página
Mariana Rodarte
Quarta página
Quinta página pesar de ser o segundo país em número de casos de acessos não-
Sexta página autorizados à rede mundial de computadores, o Brasil ainda não possui uma
Setima página legislação sobre crimes cometidos via Internet. "A entrada sem permissão
Oitava página num computador ou página eletrônica é considerada apenas uma invasão de
privacidade," conta o advogado Túlio Vianna. Ele é autor de um estudo em que
Edições Anteriores
defende a classificação desses acessos não-autorizados como crime.

"É necessário penalizar a atividade dos hackers. Mas não proponho penas privativas
de liberdade, pois as considero uma forma de vingança pelos crimes e não um
instrumento de correção. Creio que a prestação de serviços comunitários é
suficiente em casos menos graves," afirma Vianna, professor de Direito Penal da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). As conclusões de seu
estudo serão apresentadas na segunda edição da Semana do Conhecimento, que
será realizada de 21 a 23 de fevereiro, no campus Pampulha.

Ao comparar legislações de 15 países sobre o assunto, Túlio Vianna materializou,


em sua dissertação de mestrado, um projeto de lei para disciplinar essa atividade no
Brasil. Ele quer qualificar como crime apenas a invasão de computadores ou páginas
da Internet, pois outros tipos de delito cometidos na rede, como furto ou
estelionato, devem ser classificados pela legislação comum. "Um hacker que invade
a página de um banco e desvia dinheiro para sua própria conta não está cometendo
apenas crime de acesso não-autorizado, mas um furto", explica o pesquisador.

Carências

Há dois projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional para a classificação do


acesso não-autorizado como crime. Para Túlio Vianna, ambos possuem falhas, pois
não foram produzidos por pessoas com conhecimento suficiente sobre o assunto.
Uma carência agravada pela falta de literatura especializada, já que a Internet ainda
é um fenômeno recente. São poucos os países que dispõem de uma lei para
regulamentar o assunto. "Apenas Estados Unidos, Canadá, Austrália e 12 países da
União Européia possuem uma legislação específica," conta o pesquisador.

Outro entrave está no fato de os juristas não terem conhecimento técnico em


informática. Para Túlio Vianna, assim como o especialista em Direito Econômico
precisa dominar fundamentos da Ciência Econômica, o estudo de crimes via
computador requer conhecimentos na área de Ciência da Computação. "Geralmente,
quem elabora as leis são pessoas de mais idade e que possuem dificuldades em
lidar com a informática", afirma o pesquisador.

Anonimato

Os juristas também encontram problemas de definição de competência para julgar


os casos. As poucas legislações existentes têm pontos de vistas diferentes para o
acesso não-autorizado. Além disso, a Internet possibilita o acesso a informações do
mundo inteiro, e ainda não foi definido que país deve julgar os possíveis delitos. "Na
minha opinião, isso deveria ser crime em qualquer lugar", afirma Vianna. Outro
problema diz respeito ao aparato policial. A polícia, em especial a brasileira, tem
dificuldades para identificar o autor de crimes virtuais, pois não há formas de
registrar o flagrante. "Quando está atrás de um computador, o indivíduo se sente
muito protegido, pois a possibilidade de flagrante é quase zero. A polícia não tem
como vigiar um hacker em potencial, até que ele cometa o delito", argumenta
Vianna.

A falta de divulgação dos crimes virtuais também dificulta a ação da polícia e da


justiça. As pessoas e empresas que sofrem os efeitos dessas ações raramente
registram queixa. "Muitas vezes, os bancos que têm seus websites invadidos
preferem abafar o caso a correr o risco de perder a credibilidade do público", diz
Túlio Vianna.

Em busca de afirmação

Em sua dissertação, Túlio Vianna (foto) traça um breve


perfil das pessoas que cometem crimes informáticos. São,
em geral, crianças ou adolescentes que buscam
afirmação. "É aquele garoto inteligente, que costuma ser
tachado de nerd, CDF ou gênio pela turma da escola",
explica Vianna. O computador torna-se um meio de ele
mostrar seu conhecimento e fazer amigos: "É nesse
ambiente que ele se impõe e se sente valorizado", diz o
advogado, que se debruçou sobre estudos de casos de
hackers para chegar a esse perfil.

Dissertação: Do acesso não-autorizado a computadores

Autor: Túlio Vianna

Defesa: setembro de 2001, junto ao mestrado em Ciências Penais da Faculdade de


Direito

Orientador: Ariosvaldo Campos Pires

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