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Capitulo 18 Ferramentas para 0 melhoramento genético Raimundo Nonato Braga Lobo * Luciana Cristine Vasques Vilella * 1. SELECAO Quando uma populacdo atende aos principios do Teorema de Hardy-Weimberg, a freqiiéncia relativa dos alelos e as proporcdes genotipicas se mantém estaveis, em equilibrio ao longo do tempo, nao progredindo nem regredindo geneticamente. Para arrancé-la dessa estabilidade, é preciso empregar forcas capazes de alterar essas frequéncias génicas, aumentando o ntimero dos genes que atendam aos objetivos do melhoramento. Uma dessas “forcas” é a selegio, ferramenta utilizada pelo melhoramento genético para concentrar na populacio 0 patriménio genético dos individuos geneticamente superiores. Com isso, a freqliéncia génica da populacdo sofre alteracoes. Sendo assim, entende-se por forca seletiva ou selegio tudo aquilo que possa favorecer, ou ‘prejudiicar, determinados individuos, sob o ponto de vista da transmissio de seus gendtipos as futuras geracées. E a escolha de individuos para a reprodugao. Em uma populacao, essa escolha pode ser feita de maneira natural, o que se chama selecio natural, ou artifical, isto é, selegdo artificial. ‘A selegio natural atua “concentrando” na populacdo o patrimdnio genético dos individuos que, por qualquer motivo, mostram maior valor adaptativo, reproduzindo-se mais intensamente € originando um grande mamero de progenies vidveis. A cada nova geracdo, seus genes predominam sobre os dos outros componentes do grupo e os gendtipos da populacao se concentram no sentido da vantagem adaptativa. Exemplificando, alguns genes expressam 0 surgimento de uma enfermidade ou tornam seus portadores susceptiveis a determinada enfermidade. Assim, individuos portadores destes genes morrem antes de deixarem descendentes ou deixam poucos descendentes, caracterizando um processo de selecao natural. A selecio artificial é aquela em que os individuos sao escolhidos pelo homem, com base nas caracteristicas que ele considera importantes. Por ser orientada racionalmente, a selegéo artificial imprime na populacdo maior progresso genético por unidade de tempo que a selecéo natural. Na selecdo artificial, os animais podem ser escolhidos pelo seu fenstipo, isto é, selegao fenotipica, em que 0 animal é selecionado pelo que representa ou pelo que desempenha, ou pelo seu genstipo, isto 6, selecdo genotipica, em que o animal € selecionado por meio da medida de seu potencial genético, utilizando informacoes suas, de seus ancestrais e descendentes. Esta iltima geralmente é feita por meio das avaliagoes genéticas. ‘eequisadares da EMBRAPA - Caprinos 205 Raimundo Nonato Braga Lobo / Luciana Cristine Vasques Vilella 1.1 Objetivo e Critérios de selecio objetivo de selecdo usualmente é definido como uma combinagao de caracteristicas de importancia econdmica no sistema de produgao. Sua determinagao é crucial no desenvolvimento de um programa de melhoramento. Os critérios de selegio s4o as caracteristicas usadas na estimagio dos valores genéticos dos animais. Algumas caracteristicas no objetivo da selecdo sao dificeis ou caras para serem mensuradas e existem outras altamente correlacionadas com elas que podem ser usadas como critério de selecao. As caracteristicas do objetivo da selecdo so as que se deseja melhorar, enquanto aquelas do ctitério de selegao so as que se utiliza para alcangar o melhoramento das primeiras. A escolha dos critérios de selecdo deve ser determinada pelas caracteristicas do objetivo. Entretanto, é imprescindivel que 0 objetivo da selecao nao seja determinado pelo critério de selecao, uma vez que podem ser omitidas caracteristicas importantes. Como exemplo, a circunferéncia escrotal é uma caracteristica importante para o critério de selecdo, mas nao para o objetivo de selecdo. ‘Aumentar a circunferéncia escrotal dos machos nao promovera aumento das receitas econdmicas na propriedade, entretanto, esta caracteristica esta relacionada com fertilidade, que € uma caracteristica do objetivo de selecdo. O aumento da fertilidade gera maiores retornos para 0 sistema produtivo, pois aumenta a disponibilidade de animais para venda e reduz custos com manutencao de animais, por exemplo, com a redugao da idade ao primeiro parto das femeas. Geneticistas e economistas preferem definir 0 objetivo da selecdo como um agregado de valores génicos (breeding values) para todas as caracteristicas influenciando receitas e despesas, cada um ponderado por um valor econémico apropriado. Outra forma de entendimento do objetivo da selecéo pode ser constatada. Alguns técnicos e criadores preferem pensar em termos de uma combinacdo especifica de niveis a serem atingidos para diferentes caracteristicas. Os criadores sentem-se mais confortaveis definindo o objetivo da selegdo como niveis de producéo a serem atingidos, uma vez que eles rapidamente aceitam a énfase a ser dada a cada caracteristica, identificando eles préprios quais 05 objetivos escolhidos. ‘A determinagao do objetivo da selecao é um dos pontos primarios no delineamento de um programa de melhoramento, sendo especifico para 0 sistema em contexto. Para a formulacdo do objetivo da selecao uma seqiiéncia ordenada também é importante: (1) especificagao dos sistemas de produgo e mercado; (2) identificagéo das receitas e despesas em populagées comerciais; (3) determinacéo de caracteristicas biol6gicas influenciando receitas e despesas; (4) derivacao dos valores econémicos para cada caracteristica Em sistema de corte para caprinos ¢ ovinos, as caracteristicas de importancia econémica que deve estar no objetivo de selecdo sao dia do parto, peso da carcaca ou peso de abate, facilidade de parto, peso a desmama, rendimento de carcaca, depésito de gordura, porcentagem de miisculo, consumo alimentar, crias desmamadas/fémea exposta, taxa de sobrevivencia, peso adulto, idade ao primeiro parto, intervalo de partos e mimero de servigos por concepséo, entre outras. Para atingir o objetivo de selecdo em sistema de corte, as caracteristicas a serem mensuradas € inclufdas no critério de selegéo sio pesos a0 nascimento, a desmama e a um ano de idade, os ganhos em peso pré e pés-desmama, circunferéncia escrotal, dia do parto, escore corporal, escore de facilidade de parto, peso total das crias ao nascimento e ao desmama, crias desmamadas/ fémea exposta, taxa de sobrevivéncia, peso adulto, idade ao primeiro parto, mimero de servicos por concepsao, utilizagao de ultra-som para mensuracéo de depésito de gordura e area de olho de lombo, entre outras. 206 Capitulo 18 Ferramentas para o melhoramento genético 1.2 Escrituracéo zootécnica Uma das principais ferramentas que torna possfvel e eficiente um processo de selecio é a escrituragéo zootécnica. Esta se refere, em um sentido mais amplo, ao conjunto de praticas relacionado as anotagdes de uma propriedade rural que possui atividade de exploragdo animal, ‘u seja, € a descricio formal de toda a estrutura da propriedade. E, em um sentido mais restrito, aescrituragio zootécnica compreende as anotagoes de controle do rebanho, com fichas individuais para cada animal, contendo sua genealogia, ocorréncias e desempenho. Estas anotacées devem englobar o maximo de informacées possiveis, datas, condicao e extensao do nascimento, coberturas, partos, enfermidades, mortes, descartes, registros de desempenho produtivo, como esagens e controle leiteiro, medidas morfométricas, como altura, comprimento e circunferéncia escrotal, condigio corporal e medidas de tipo e conformagéo. Quanto mais detalhadas forem estas anotagdes, maiores sero os beneficios que delas poderao ser extraidos. A escrituracio zootécnica pode ser feita de maneira manual ou informatizada. Atualmente, ‘com 0 avango da tecnologia, muitas propriedades passaram a utilizar a escrituracao informatizada, ‘em que as fichas de cada animal ficam acondicionadas em programas especificos de computador, permitindo maior controle, detalhe e integrago da informagao, com disponibilizacao facil ¢ répida, aumentando, desta forma, os beneficios para o usudrio. Porém, esta nao é uma realidade para todos os produtores, e muitos, ainda continuam utilizando, sem qualquer problema, a escrituracdo zootécnica manual, em que o produtor utiliza fichas individuais para 0 registro do desempenho de cada animal e fichas coletivas para o controle das praticas de manejo. A utilizacdo dessas informagbes disponibilizadas pela escrituracao zootécnica permite que © produtor gerencie seu rebanho e sua propriedade de forma mais eficiente, uma vez que ele passa a conhecer melhor cada um dos animais; a identificar os mais produtivos; a identificar com maior rapidez possiveis problemas que estejam ocorrendo no rebanho; a facilitar 0 manejo em geral; a reduzir custos com alimentacao, separando os animais por categorias de producao; a determinar melhores épocas para priticas sanitérias e reprodutivas; a identificar animais e familias mais sensiveis e propensos a enfermidades; e a observar o hist6rico reprodutivo dos animais. Ainda, € possivel agregar valor aos animais no momento da venda, pois o comprador est adqui- indo, além do animal, um “certificado” com seu histérico e desempenho. E, é a escrituracao zootécnica que auxilia 0 produtora selecionar e a descartar os animais do seu rebanho. Entretanto, no Brasil, é relativamente baixo o nivel de utilizacao da escrituragio zootécnica nas propriedades que se dedicam a caprino-ovinocultura, A escrituracéo zootécnica é fundamental para 0 melhoramento genético, especialmente para a eficiéncia dos programas de selegio. E necessario que os produtores se conscientizem de sua importancia e comecem a anotar estas informagoes. Os que jé a fazem, devem procurar se agregar a outros, buscando um maior nivel de utilizacdo da informagao, de forma mais criteriosa. 1.3 AvaliagGes visuais Asavaliagées visuais podem contribuir para o melhoramento genético dos caprinos e ovinos de corte, quando consideradas como critérios adicionais para a selecdo dos animais. Ressalta-se que a selecdo sempre deve priorizar os aspectos produtivos, utilizando-se critérios que possuam maior correlagao com 0 objetivo de selecdo, que est diretamente relacionado com o impacto econdmico da atividade. Por outro lado, buscando-se um equilibrio de forcas, as caracteristicas visuais devem ser utilizadas com bom senso, evitando-se 0 descarte de animais produtivamente superiores, mas com menor apresentagio estética. Os selecionadores devem estar atentos a este aspecto, j4 que ha preferéncia e mercado para os animais com melhor aparéncia visual. Capitulo 18 207 Raimundo Nonato Braga Lobo / Luciana Cristine Vasques Vilella Deve ser destacado, entretanto, que as caracteristicas avaliadas visualmente esto muito sujeitas a subjetividade do avaliador e so bastante influenciadas pelo meio ambiente, principal- mente no que se refere a alimentacdo, e aos efeitos genéticos nao aditivos. Isto significa que um animal positivamente avaliado, nao apresenta grandes garantias de transmissao deste potencial e assim contribuir para o melhoramento das futuras geracoes. Dentre as caracteristicas que podem ser utilizadas para as avaliacoes visuais, pode-se destacar a conformacéo, a musculatura e a precocidade de acabamento. Estas caracteristicas so avaliadas atribuindo notas de 1 a5, de acordo com o grau de superioridade. A conformacao é a presenca de ‘massa muscular e a quantidade total estimada de carne na carcaca com aspectos de estrutura fisica boa forte, incluindo bons aprumos e tamanho. A precocidade de acabamento € avaliada pela capacidade ou grau de deposicéo precoce de gordura. Geralmente, um animal longo e alto € mais tardio e um animal troncudo é mais precoce. A musculatura é 0 desenvolvimento da massa muscular pela observacdo de pontos como 0 antebraco, a perna, a paleta, o lombo, a garupa ea largura e a profundidade dos quartos traseiros. Ha possibilidade de realizar avaliacées genéticas para estas caracteristicas, utilizando apropriadas metodologias de andlises (LOBO, 2004). 14 Avaliagbes genéticas O melhoramento genético é promovido através da selecdo de individuos superiores para que sejam os pais da futura geracio, isto é, selecio e acasalamento dos melhores animais. E, 0 meio mais eficiente para realizar esta selecao € a avaliacao genética. Com a avaliacéo genética, os valores genéticos dos animais so expressos na forma de Diferenca Esperada na Progenie (DEP) para cada caracteristica a ser considerada. A DEP é usada em todo mundo para comparar o mérito genético dos animais para varias caracteristicas e prediz a habilidade de transmissao genética de um animal avaliado como progenitor. Ela é expressa na unidade da caracteristica, exemplo: kg de peso ou dia para idade ao primeiro parto (IPP), com sinal positivo ou negativo. ‘A DEP deve ser usada para comparar a futura progénie de um animal com a progenie de ‘outros animais da mesma raca. A DEP nao deve ser usada para predizer o desempenho de uma ‘ou duas progénies de um animal, mas deve ser usada para comparar animais com base na esti- ‘mativa de desempenho de suas progenies. DEP prediz diferenca e nao valor absoluto. ‘A DEP é derivada de qualquer combinacao de informagées de desempenho individual, pedigree e progénie. O seu uso é mais confidvel do que qualquer outro tipo de informacao disponivel, pois utiliza fatores como: valor genético das fémeas com que um reprodutor € acasalado; diferencas ambientais afetando os grupos contemporaneos; qualidade de outros reprodutores no grupo de contemporaneos; e, tendéncia genética. A identificacao dos grupos contemporaneos que serao incluidos nas anélises € o fator mais importante para a confiabilidade da avaliagao. Os fatores determinantes de um grupo so: animais do mesmo sexo; animais com idades similares, isto €, nao mais que 90 dias entre datas de nascimento; animais manejados juntos e recebendo as ‘mesmas oportunidades de desempenho, etc. As avaliagdes genéticas s4o realizadas utilizando as técnicas estatisticas de modelo misto e modelo animal, utilizando a metodologia conhecida por Melhor Predigao Linear Na Viesada (BLUP) do mérito genético. Os Procedimentos BLUP incorporam toda informacio di ponivel na predicao de uma DEP individual. As informacdes que devem estar disponiveis para um individuo sao: progénie; parentes no pedigree, particularmente pai e mae; desempenho proprio; e, netos, se possfvel. Com as informagGes sobre a progénie, 2 superioridade ou a inferioridade dos acasalamentos individuais deve ser ajustada nos procedimentos de andlises. Isto elimina, ou pelo menos reduz, 208 Capitulo 18 Ferramentas para o melhoramento genético de acasalamentos preferenciais. As DEP's sao comparadas entre rebanhos e/ou gera- Reprodutores com maior ntimero de progénies sero avaliados com maior confianca. ), DEP’s para reprodutores jovens, que ainda no tiveram progénie, sao mais confidveis 1a tomada de decisao na selecdo do que pesos ajustados, taxas ou outras medidas fenotipicas. As caracteristicas que poderiam ser consideradas na avaliacéo de caprinos e ovinos de = DEP para peso ao nascimento (DEP,,); DEP para peso ao desmame (DEP,,); DEP para ‘20 ano de idade (DEP,,); DEP para peso adulto (DEP,,); DEP para habilidade materna, ‘em kg de cabritos/cordeiros desmamados por fémea (DEP,.,); DEP para habilidade total (DEP,,,,), que pode ser considerada como DEP,,, + /4 DEP;,; DEP para idade ao ‘primeiro parto (DEP,,,); DEP para intervalo de partos (DEP,,,); DEP para periodo de gestacao (DEP,,.); DEP para perimetro escrotal ao ano (DEP,,), entre outras. E importante que os criadores utilizem as DEP’s mais atualizadas. A adicao de novos dados, ‘© melhoramento nas técnicas de andlises e o uso da inseminagao artificial causam mudancas nas DEP's de um ano para outro. Estas causas aumentam a confianca da predicdo, assim, cada novo sumério de reprodutores é mais acurado que o anterior. A acurdcia expressa a confiabilidade das DEP’s e pode variar de zero (0) a um (1). Quanto ‘mais préxima de um, mais confidvel é a DEP e pode-se esperar menor mudanga futura, a medida que aumentam os dados de progénie acumulada. A acurdcia pode ser categorizada como baixa (0 a 0,59), média (0,6 a 0,79) e alta (0,8 a 1). As DEP’s devem ser usadas para decidir quais animais sero selecionados, enquanto a acurécia sugere extensivamente o quanto dos animais deve ser usado. Reprodutores com DEP's favordveis ealta acurdcia podem ser usados com confianca porque contribuem favoravelmente para o melho- ramento genético do rebanho. A acurécia é um método abreviado de expressar a confiabilidade de uma DEP. Outro indi cador especifico € 0 erro padrao da predico, ou mudanga possivel. A medida que a acurdcia aumenta, a possibilidade de mudanga diminui. Para visualizar melhor a utilizagdo das DEP’s observe o exemplo: Em média esperamos que a progénie do reprodutor A pese 3 kg mais ao nascer e 5 kg mais a0 desmame comparada com a progénie do reprodutor B. As filhas do reprodutor A iro parir cerca de 3 dias mais cedo que as filhas do reprodutor B. Entretanto, as filhas de B terao em média 3,5 a menos em intervalo de partos. Esperamos que a progenie do reprodutor B nasca 1,5 dia mais cedo em média que a progénie do reprodutor A. Na caprino-ovinocultura € necessario que o processo de selecdo atual, pouco confidvel, seja deixado de lado e que se comece a realizar avaliagSes genéticas que se constitui em um processo mais confidvel e previsivel. 1.5 Provas de desempenho As provas ou testes de desempenho consistem na medi¢ao e registro sistematico de caracteristicas vinculadas & producao animal, estruturadas com o propésito de comparar individuos. Os principais objetivos para sua realizacao sao a identificacao e selecao de individuos, Capitulo 18 209 Raimundo Nonato Braga Lobo / Luciana Cristine Vasques Vilella ‘manejo, pesquisa e publicidade. Geralmente, para animais de corte, sdo realizadas as provas de ganho ponderal, realizadas em estagdes centrais ou fazendas. Em uma prova de ganho de peso, os animais s4o mantidos em condig6es ambientais similares € comparados sob diversos aspectos. Os participantes, geralmente machos, devem ser animais jovens recém desmamados e apresentarem idade semelhante. Deve haver um periodo de adaptacao, em torno de 14 dias, seguido pela fase de coleta das informagées, de cerca de 84 dias. Este periodo é muito dependent dos custos da prova. Os animais devem receber todos os tratos sanitarios antes e durante a prova, principalmente a vermifugacéo anterior a realizacdo da prova. A alimentacao deve ser balanceada, permitindo 0 maximo de desempenho do animal. Os animais sao pesados ao chegarem a prova, apés o periodo de adaptacao e periodicamente a cada 14 dias. As principais caracteristicas avaliadas sao: ganho de peso médio disrio, peso por dia de idade, eficiéncia alimentar, perimetro escrotal, drea de olho do lombo e espessura de gordura, além das avaliagdes visuais, tais como, conformacdo, precocidade, musculatura e tipo racial. As medidas so submetidas a anélises estatisticas. Apés a prova os participantes so clasificados por cada caracteristica individualmente e por um mérito genético total que engloba aquelas de maior importancia econémica. 2, METODOS DE ACASALAMENTO. 21 Cruzamentos Cruzamento € 0 método de acasalamento de individuos de racas ou grupamentos genéticos diferentes, Os produtos dos cruzamentos sio conhecidos como mesticos. Realiza-se o cruzamento quando se deseja obter vigor hibrido ou heterose, que € a superioridade da progénie em relacao 8 média dos pais, e ou reunir em um animal as caracteristicas de duas ou mais racas, utilizando a complementariedade e os efeitos da diversidade genética. Heterose é definida como sendo a diferenca entre a média da caracteristica avaliada, ou seja, fendtipo, nos individuos oriundos do cruzamento, os mesticos, e a média desta mesma caracteristica medida nos pais, e é calculada segundo a seguinte formula: Ht= (Média dos mestigos - média dos pais)(média dos pais) x 100 Veja o exemplo na figura 3.1 coe [Boer Desmame (ka) 49. 11/2 Boer x SRD oSRD Grupo Genético Figura 3.1. Pesos médios ao desmame (kg) em animais da raga Boer e do tipo Sem Raca Definida (SRD) e seus mesticos (4 Boer x 4 SRD). Média dos progenitores ~ (20,40 +12,00/2=16,20 kg; Mesticos = 18,30 kg; Heterose = 12,96% 210 Capitulo 18 Ferramentas para o melhoramento genético Ressalta-se que somente haverd heterose quando houver diferenga em freqiiéncia genica entre as racas ou grupos envolvidos no cruzamento e, 0 efeito de dominancia entre alelos nao for zero. Se qualquer destas situacGes deixarem de existir, a heterose seré nula. Isto pode ser mais bem entendido se considerarmos que as racas, durante seu processo de formagao, permaneceram geneticamente isoladas e foram submetidas a presses de selecao variaveis, tanto artificial, quanto natural. Este processo resultou em alguma consangitinidade, que, juntamente com a flutuacao aleatéria na freqiéncia génica, contribuiu para a fixacao de alguns homozigotos. Estes homozi- gotos produzidos tanto podem ser de genes com efeitos indesejaveis, quanto de genes cuja combi- nagio heterozigética produz resultados favoraveis. E pouco provavel que as diferentes racas tenham tido os mesmos alelos indesejéveis fixados na forma homozigética, principalmente quanto mais distantes na origem e mais separadas espa- cialmente forem as ragas. Desta forma, ao se cruzar racas diferentes, as progénies terao os efeitos deletérios dos genes recessivos encobertos pelos genes dominantes e maior taxa de heterozigose. Em relacdo a complementariedade entre as racas, deve ser destacada a importancia da exploracao dos potenciais entre as ragas exéticas e as nativas. Em clima tropical, e nas condic6es de criagdo brasileira, em geral, as racas exdticas nao produzem de forma econdmica. Entretanto, apesar dos animais naturalizados nao sofrerem os rigores do clima, nao apresentam indices produtivos satisfatorios. O cruzamento entre estas racas origina uma populacao cuja média geral de producao-rusticidade supera a média dos pais. Por outro lado, deve ser lembrado que geral- mente estes mesticos se tornam mais exigentes quanto as condides ambientais, isto é, por apre- sentarem maior potencial genético produtivo requerem condic6es necessdrias para manifestarem este potencial. Esta € uma causa dos insucessos verificados na pratica com a realizagao de alguns cruzamentos: os produtores tendem a criar os mestigos nas mesmas condicdes da raca mais riistica, de maneira que estes animais tendem, muitas vezes, a apresentar indices mais baixos que © esperado, E importante comentar sobre a expresso “grau de sangue’, tao utilizada nos cruzamentos. Esta expresso dar a idéia de “mistura de sangue” entre as racas utilizadas no cruzamento, o que nao € verdadeiro tecnicamente. Entretanto, é um termo jé consagrado em Zootecnia e indica, no individuo mestico, as fragGes de genes provenientes das diferentes racas ou grupos genéticos que integram sua constituicao genética. O individuo recebe 50% do patriménio genético de cada um de seus pais. Assim, para determinar 0 grau de sangue dos mesticos, basta multiplicar os fenotipos parentais por ¥ ¢ somar os resultados desta operagao, dentro da raca. Por exemplo, como verificado na figura 3.1,, acasalando-se animais da raca Boer com animais Sem Raca Definida (SRD), 0 produto apresentard o seguinte grau de sangue: 4 Boer + ¥4 SRD. Se este produto for acasalado novamente com animais da raca Boer, o novo mestigo serd assim constituido: ¥% Boer + % (4 Boer + % SRD) ¥% Boer + % Boer + Yi SRD % Boer + % SRD Existem varios tipos de cruzamentos, dependendo do produto que se quer alcancar. Quando ‘s= deseja substituir uma raca ou grupo de animais por outra (0) faz-se 0 cruzamento continuo ou absorvente. Neste tipo de cruzamento, duas racas diferentes sao acasaladas e os mesticos ‘Provenientes deste acasalamento sdo acasalados, nas geracoes sucessivas, por individuos de uma F2c2s iniciais. Com a repeticio do acasalamento dos mesticos com a raca pura escolhida, a0 “absorvendo” o patriménio genético da raca inicial. ‘Quando se deseja explorar apenas os animais da primeira geracdo, realiza-se 0 cruzamento ial ou simples, ou seja, acasalam-se duas racas, reunindo as caracteristicas das duas no produto chamado meio sangue, que é comercializado. Raimundo Nonato Braga Lobo / Luciana Cristine Vasques Vilella Quando se deseja reunir caracteristicas de varias racas em um animal, realiza-se o cruzamento rotativo ou altermado, que consiste emir alternando no acasalamento, uma raca e outra, sucessivamente. Nao existe um tipo de cruzamento absolutamente mais indicado, isto dependeré da situagao € do objetivo que se quer alcancar. Para a realizagao do cruzamento, é muito importante selecionar as racas paternas, que fornecerdo os reprodutores, ¢ as racas maternas, que fornecerao as matrizes e que servirao de bases para o cruzamento, uma vez que existem racas com maiores velocidades de crescimento, mais indicadas para serem paternas, e outras que apresentam melhor fertilidade, boa habilidade materna e menor peso adulto (tamanho), mais indicadas para serem maternas. No Nordeste, especialmente no Semi-Arido, onde as condig6es de alimentacdo sao desfa- voraveis durante boa parte do ano é conveniente que a linhagem materna seja constituida de animais de elevada rusticidade. Nestas condig6es, para ovinos, o tipo racial Sem Raca Definida (RD) e as racas Morada Nova, Cariri e Damara devem ser utilizadas como linhagem materna e reprodutores das racas Santa Inés, Somalis Brasileira ou Dorper, como linhagem paterna. Isto dependera da combinacao, por exemplo, quando se tem animais Santa Inés e Somalis Brasileira, a primeira poderia ser paterna e a segunda materna. Para caprinos, as racas ou tipos maternos seriam Moxot6, Canindé, Marota, Repartida, Gurguéia e SRD e Anglo-nubiana linhagem corte, Boer, Savana e Kalahari como racas paternas. A utilizacéo de racas ovinas lanadas dependeria de cada caso. Para regides de clima mais ‘ameno, elas até podem ser uma boa opsdo, mas, para o Nordeste, regio de clima quente, 0 desempenho animal seria prejudicado. Assim, a utilizacéo das racas lanadas para o cruzamento dependeria do ambiente de exploracio, da raca considerada e do objetivo do produtor. Entretanto, destaca-se a baixa qualidade da pele dos ovinos lanados. Estudo com mesticos 4 sangue das racas Santa Inés, Texel, Ile-de-France, Hampshire Down e Suffolk, demonstrou que somente a pele dos mesticos Santa Inés nao apresentou restrigdes para fins industriais, sendo as demais consideradas de qualidade inferior, principalmente a de mesticos Suffolk, que foi classificada como imprestavel para fins industriais. Assim, se por um lado o cruzamento com racas européias de corte pode levar a um pequeno aumento da precocidade no acabamento e na qualidade de carcaca, por outro se perde muito em qualidade de pele. Ressalta-se que este produto possui grande valor agregado, podendo alcancar até 30% do valor do animal comercializado para abate, sendo estratégico para 0 mercado nacional e internacional. ‘Assim, antes de decidir qual cruzamento utilizar, é preciso pensar nos objetivos de mercado e exercitar muito bem os custos de producao, 0 que ainda nao tem sido muito explorado pelas pesquisas no Brasil. 2.2 Endogamia Endogamia ou consangiiinidade € o método de acasalamento que consiste na unido entre individuos parentes, que so geneticamente semelhantes. Quando os pais de um animal possuem um ou mais ancestrais comuns, isto é, sao parentes, diz-se que o animal é consangitineo. O resultado deste acasalamento entre individuos consangiiineos é o aumento da homozigose. Os individuos sio homozig6ticos para um determinado locus génico sob duas condigées: * Osalelos podem ser idénticos em estado, ou seja, provenientes de genes diferentes, portanto nao derivando do genétipo do mesmo ancestral. Quando a homozigose € conseqiténcia de genes idénticos em estado, diz-se que o individuo € alozigotico; ‘* Os genes homélogos podem ser idénticos por descendéncia, isto é, ambos possuem origem comum e derivam de um mesmo gene presente no genotipo do ancestral comum aos pais do 2 Capitulo 18 Ferramentas para o melhoramento genético individuo consangitineo. Quando a homozigose é conseqiiéncia de genes idénticos por descendéncia, diz-se que 0 individuo é autozigético. Os acasalamentos consangiiineos aumentam a fragéo da homozigose decorrente da autozigose e diminuem a heterozigose da populacdo. Portanto, dois parentes possuem maior probabilidade de apresentarem entre si maior porcentagem de genes idénticos por descendéncia. Conseqiientemente, o acasalamento de individuos geneticamente semelhantes aumenta a probabilidade de que diferentes locus alcancem o estado homozigético. 2.2.1 Coeficiente de consangiii iidade ou de endogamia O efeito fundamental da consangitinidade é aumentar a homozigose e, conseqientemente, Provocar o decréscimo da heterozigose da populacao. Essa alteracao é quantificada pelo coeficiente de consangitinidade ou de endogamia (F), definido como a probabilidade de que o individuo seja autozigdtico para os loci considerados. 2.2.2 Vantagens e desvantagens da consangiiinidade Devido ao aumento da homozigose, a consangiinidade permite “apurar” geneticamente 05 animais, sendo importante para a fixacao e refinamento do tipo desejado. © aumento da homozigose ocorre tanto para genes dominantes quanto para genes recessivos. Quando a homozigose ocorre para genes dominantes, os individuos assim obtidos, quando acasalados com outros nao consangiiineos, tendem a imprimir, com maior intensidade, suas caracteristicas e isto é chamado de prepoténcia. A endogamia permite que a selecdo para separacao da populagao em familias diferentes, facilitando a eliminacdo das piores, seja mais eficiente. Isto pode contribuir para a formagio de linhagens consangitineas distintas, que; quando acasaladas, contribuem para aumentara heterose em caracteristicas econémicas. Esta técnica ¢ muito utilizada para a formagio e linhagens comerciais compostas. Por outro lado, a endogamia ou consangitinidade apura tanto as qualidades quanto os defeitos. Os efeitos desfavoraveis da consangilinidade sio caracterizados pela redugio geral da fertilidade, sobrevivéncia e vigor dos animais. 3. O papel das técnicas de multiplicagio animal E comum haver confuséo por parte de técnicos e produtores a respeito do papel da repro- ‘S2s20 animal para o melhoramento genético. Para muitos, o fato de utilizar algumas biotécnicas, ‘emo inseminacao artificial ea transferéncia de embrides, é tido como a execucao de programas ‘melhoramento genético. O simples uso destas técnicas nao oferece garantias que haveré ganhos De fato, 0 uso de animais que nao sejam comprovadamente superiores poderd inclusive © potencial genético dos rebanhos. ‘Isto é verdade em fungao do poder de multiplicagio do material genético pelas biotécnicas vas. Assim, esta multiplicacdo pode contribuir no sentido favoravel ou desfavordvel. atrelado a um programa de avaliacdo genética eficiente, 0 uso das ferramentas de animal contribuem bastante para o melhoramento genético das populagdes animais, artificial (LA) tanto contribui para a melhoria no processo de avaliacao genética ‘como também para a disseminacao de material genético comprovadamente superior, 213 Raimundo Nonato Braga L6bo / Luciana Cristine Vasques Vilella permitindo aumentar a taxa de ganho genético. A IA auxilia nos testes de progenie e aumenta a conectabilidade dos rebanhos, aumentando a eficiéncia das anilises. Ressalta-se que 0 uso exagerado de poucos animais por meio das técnicas reprodutivas pode comprometer a base genética dos rebanhos e reduzir a variancia genética, de extrema importancia para o melhoramento animal. A transferéncia de embrides aumenta este risco mais. ainda, em virtude da multiplicacéo em bloco de uma mesma combinacio, tanto paterna quanto materna. Por outro lado, o modismo por parte dos criadores utilizando sémen de determinados reprodutores, por longos periodos, aumenta a probabilidade de ocorréncia deste fato. Capitulo 18

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