Sie sind auf Seite 1von 12

O IMPACTO DA WEB 2.

0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL

António Pedro B. Pereira

http://eeducandu.blogspot.com

Educação e Sociedade em Rede

Mestrado em Pedagogia do E-learning

Universidade Aberta

Julho de 2010

RESUMO

A Web 2.0 surgiu numa altura em que parte da sociedade estava distraída a aprender a

trabalhar com a Web anterior. Boa parte da população, incluindo académicos e decisores

políticos, não se apercebeu logo desta revolução. Felizmente estavam lançadas, no mundo e

na escola, bases para a utilização massiva da Web 1.0. Por outro lado, muitos jovens

estudantes utilizam, no dia a dia, serviços da Web 2.0. Neste paper vou intuir que o impacto

da Web 2.0 na aprendizagem pode, se bem aproveitado, construir o terceiro e quarto pilares

apresentados em 1996 no relatório elaborado para a Unesco pela Comissão Internacional

sobre Educação para o século XXI.

INTRODUÇÃO

Com o fim do milénio, o mundo preparou-se para a sociedade em rede e iniciou previsões

para o ensino no início do século XXI. Estas previsões foram baseadas nas metodologias

associadas às ferramentas da Internet disponíveis. Estávamos numa época em que a Internet

disponibilizava informação de poucos para muitos. A produção de conteúdos estava limitada a

quem tinha conhecimentos técnicos para o fazer e boa parte da informação disponibilizada

pelos não profissionais tinha má qualidade gráfica e logo pouco apelativa ao olhar do

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 1 de 12


estudante, a informação com bom grafismo estava reservada às empresas que contratavam

informáticos e designers gráficos. A população era sobretudo receptora de informação e

como tal a escola continuava a ser a principal produtora de informação crítica. As

aprendizagens informais eram obtidas da família, da comunidade local, da televisão ou então

em livros especializados. Alguns conseguiram ter conhecimento da existência de

comunidades em rede e iniciaram a partilha de experiências que levaram a aprendizagens não

formais através desta.

Por coincidência com os primeiros anos do novo milénio surgiram ferramentas que

permitiram dar voz a cada um dos indivíduos ligados à rede e com elas apareceu a Web 2.0.

O ANO DE 1996

Em 1996, foi publicado para a UNESCO, um relatório sobre a Educação para o século XXI:

"Educação: um tesouro a descobrir"(1). Este foi elaborado por um conjunto de especialistas

da qual fez parte o antigo ministro de educação português, Roberto Carneiro, que escreveu no

prefácio da edição portuguesa:

No termo de três anos de aturada reflexão - e de acalorada discussão - a Comissão sobre a


Educação para o século XXI deliberou depositar o produto do seu trabalho nas mãos do director geral
da Unesco sob a égide de um pensamento metafórico. O novo século, tempo de esperança por
excelência, encerra uma visão motora e mobilizadora de consciências e das boas vontades. Esse
fabuloso tesouro a descobrir pelas gerações vindouras, o qual pode constituir os alicerces de um
"humanismo XXI" a partilhar no oceano da intensa comunicação que caracteriza o tempo próximo, é
nada mais nada menos do que a educação. (1 p. 9)

Este relatório foi o resultado de três anos de reflexão pelo que terá recebido directa ou

indirectamente influência dos pensamentos que foram publicados nessa altura e claro terá

influenciado os que se lhe seguiram.

Dois anos antes da publicação deste relatório ou um ano depois do início da discussão, em

1994, Pierre Lévy publica o livro "L'intelligence collective. Pour une anthropologie du

cyberespace" publicado em Português com o título "A inteligência colectiva: para uma

antropologia do ciberespaço" (2), em que Lévy defende a existência de uma inteligência

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 2 de 12


colectiva distribuída em rede em que cada um acrescenta um pouco do seu saber ao

conhecimento colectivo da humanidade. Também em 1994 é publicado por Andy Hargreaves

o livro "Changing Teachers Changing Times" que aborda a temática do trabalho e da cultura

dos professores na idade pós-moderna, publicado em língua portuguesa com o título "Os

Professores Em Tempos De Mudança" (3).

1996 foi também o ano em que Manuel Castells publicou o livro "The Rise Of The Network

Society" publicado em Português com o título "A Sociedade Em Rede" (4) onde o autor

escreve sobre o impacto das tecnologias e da Internet na sociedade na economia e na cultura.

Um ano depois de se tornar público o relatório "Educação para o século XXI", Lévy publica o

livro "Cyberculture", publicado em português com o nome "Cibercultura" (5) onde escreve

sobre a forma como a sociedade interage numa cultura cada vez mais digital e em rede.

Em termos económicos, Castells (4 p. 126) afirma que, entre 1983 e 1995, "o PIB mundial

crescia cerca de 3.4% e o volume das exportações mundiais subia cerca de 6%" enquanto

emergia uma economia global assente na rede. Estávamos portanto longe da crise que se

instalou no mundo nos últimos anos.

É interessante verificar que, em 1996, existiam em Portugal 10 fornecedores de acesso à

Internet (6) e que "By 1996 usage of the word Internet had become commonplace" (7).

Podemos dizer então que foi, por volta de 1996, que se iniciou a expansão pública da Internet.

No entanto, ainda estávamos longe dos serviços da Web 2.0 termo atribuído por Tim O'Reilly

em 2004 (8).

Este relatório (1 p. 77) aponta para quatro pilares que deveriam sustentar a educação:

"aprender a conhecer, isto é a adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer,

para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e

cooperar com os outros em todas as actividades humanas; finalmente aprender a ser, via

essencial que integra as três precedentes."

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 3 de 12


Será que estes pilares estão a ser implementados no ensino? Segundo os membros da

comissão, não.

Mas, em regra geral ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a
conhecer, e, em menor escala, para o aprender fazer. As outras duas aprendizagens dependem, a maior
parte das vezes, de circunstâncias aleatórias quando não são tidas, de algum modo, como
prolongamento natural das duas primeiras. (1 p. 78)

A COMPETIÇÃO PELAS ESTATÍSTICAS

Conjuntamente com o aumento da velocidade das comunicações veio o interesse da sociedade

sobre a forma como cada comunidade competia com as outras. Surgiram os relatórios PISA

que mostram que a aprendizagem não se faz de modo igual entre todos os países

desenvolvidos. Conseguimos "imaginar" o que se passava nos países não desenvolvidos.

Parece existir algumas contradições quando se pretende, por um lado, competir em rankings

de educação formados por vários países e, por outro lado, quando os currículos e condições de

aprendizagem são tão díspares entre eles. É norma falar em percentagens do PIB gastas em

educação e é claro que alguns países gastam mais em percentagem que outros. No entanto,

não se deveriam comparar os valores gastos em educação por percentagem de PIB, pois uma

elevada percentagem de PIB num país com um baixo produto per capita geralmente é um

valor muito inferior ao obtido com uma pequena percentagem num país com maior PIB. Ou

seja, não existe igualdade entre o real valor atribuído à educação nos diferentes estados/países.

O relatório (1) aponta para uma uniformização das aprendizagens sem esquecer as

especificidades culturais de cada região, mas, por outro lado, parece que cada país continua a

rumar para seu lado, na tentativa que os seus cidadãos estejam melhor preparados que os

outros para assumir a liderança nos processos produtivos e económicos. Num momento em

que se fecham empresas por todo o lado, e em que a competição é forte, assistimos

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 4 de 12


diariamente a notícias que mostram alguns países numa competição pela vitória de um

campeonato de índices económicos enquanto outros procuram manter-se longe da bancarrota.

A DIFICULDADE DE EMPREGO E A DESMOTIVAÇÃO NO ENSINO

Todos podemos constatar que, desde há alguns anos, se estão a formar nas nossas escolas

alunos para o desemprego. Se o mundo de trabalho não precisa de mais especialistas numa

determinada área, então porque a nossa sociedade os continua a produzir? Cada novo aluno

formado para o desemprego empobrece o país, uma vez que o jovem, a família e o estado

investem neste estudante tempo e recursos. Quem lucra com isso? Este jovem será mais um a

quem vai ser proposto um salário reduzido e não irá provavelmente trabalhar/criar/contribuir

para o que estava vocacionado. A instabilidade social provocada por estes novos

desempregados está à vista de todos. Muitos jovens com formação superior estão a fazer

trabalho de "caixa de supermercado".

Os jovens têm consciência do lugar que a sociedade lhes reserva para o futuro e verificam que

o sacrifício de cumprir com as obrigações escolares não garante, no futuro, um emprego e que

a lei da procura e da oferta está a provocar um abaixamento dos salários.

PARA QUE SERVE A ESCOLA?

Do ponto de vista do aluno, para que serve a escola? No vídeo do antropólogo Michael

Wesch, “A Vision of Students Today” (9), uma estudante questiona o porquê de ter de

ler/estudar tudo se apenas 26% do que lhe é indicado será relevante para a vida futura?

Alguns pais vêem a escola como um depósito de jovens, lugar onde são deixados os miúdos

enquanto os pais trabalham. No jornal Público de 04.02.2009 surgiu uma notícia em que a

Confap (Confederação das Associações de Pais) propunha que as escolas estivessem abertas

doze horas por dia:

O objectivo, segundo o responsável da Confap, "não é transformar as escolas em armazéns de crianças".


Nem sequer reforçar a carga lectiva, roubando tempo para a brincadeira. "O que queremos é que as

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 5 de 12


escolas funcionem numa lógica de centro educativo, deixando de estar exclusivamente centradas na
instrução e com uma componente de apoio às famílias." (10)
Os jovens têm consciência destes problemas sociais. Sabe-se que os jovens costumam

protestar com o que vai contra as suas convicções. Então o que é que os faz ir à escola?

Num poema referenciado como sendo do educador brasileiro Paulo Freire a escola aparece

como "o lugar onde se faz amigos" e é composta por "gente (...) que se alegra, se reconhece,

se estima". Por isso, não será de estranhar que os jovens vão para a escola para sociabilizar,

para jogar e namorar.

A WEB 2.0

Não estava previsto o aparecimento da Web 2.0. Com o aumento exponencial do número de

pessoas ligadas à rede e da existência de redes de programadores independentes e adeptos do

código aberto, começaram a surgir novos serviços ligados à Internet que criaram e continuam

a criar conexões entre o nosso mundo real e virtual.

A Web 2.0 veio permitir que cada um possa publicar o que quiser na Internet sem ter

conhecimentos técnicos, permite também aos cidadãos participar em discussões criticas sobre

qualquer assunto sem terem de se deslocar ao Speakers' Corner.

A emergência da Web 2.0, ou Read/Write Web, é algo que vai muito para além do mero domínio
tecnológico: ela é, mais do que uma revolução tecnológica, uma revolução social e cultural, estendendo-
se a todas as áreas da sociedade. Em poucos anos, a Web 2.0 mudou radicalmente a forma como as
pessoas utilizam a Internet e interagem com os outros, com a informação e com o conhecimento. De
consumidores de conteúdos e informação, estes novos cidadãos digitais passaram também a ser
produtores de informação, criando conteúdos que partilham e que passam a fazer parte do corpus de
informação e de conhecimento disponíveis na Web , tomando para si o controlo de muitos processos e
espaços tradicionalmente dominados por corporações e instituições. (11 p. 5)

Se no passado o aluno frequentava a escola, porque era ali que se encontrava a sabedoria e o

espírito crítico dos mestres, hoje a sabedoria da escola está disponível na ponta do rato e o

espírito crítico está acessível em fóruns e blogues. Michael Wesch propõe no vídeo "The

Machine is (Changing) Us: YouTube and the Politics of Authenticity" (12) que se deve levar

para a sala de aula os novos serviços proporcionados pela Web 2.0; o que faz sentido, porque

é com essas ferramentas que a sociedade está trabalhando e é uma linguagem comum aos

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 6 de 12


jovens. Quem está atento aos jovens das nossas cidades, verifica que estes interagem

diariamente com estes serviços integrando diferentes redes sociais.

SÃO PRECISOS NOVOS ESTUDOS.

O facto da Web 2.0 ter surgido sem aviso prévio, apanhou a comunidade educativa

desprevenida. Neste momento existem estudos sobre elearning e da forma como este foi

influenciado pela Web 2.0. Estes estudos estão relacionados com o facto de terem surgido no

ensino superior modalidades de ensino à distância em ambientes de aprendizagem suportados

por computador. Em 2009, José Mota, investigador do Laboratório de Ensino a Distância da

Universidade Aberta, cita trabalhos de George Siemens publicados entre 2003 e 2006.

É comum associarmos a aquisição ou a criação de conhecimento com a aprendizagem formal, mas a


verdade é que o encontramos de muitas e variadas formas: aprendizagem informal, experimentação,
diálogo, pensamento e reflexão. A aprendizagem é contínua, não é uma actividade que aconteça à
margem das nossas vidas quotidianas (Siemens, 2006).
Nem os cursos tradicionais nem as teorias da aprendizagem existentes respondem de forma satisfatória
a esta realidade (Siemens, 17-10-2003). Um dos problemas das teorias existentes é que se apresentam
como a única solução adequada, quando, na verdade, nunca nenhuma é a melhor ou a pior solução,
podendo ser, isso sim, a mais adequada em determinadas circunstâncias. Torna-se necessário agregar
metodologias variadas que acomodem e promovam os vários aspectos envolvidos na aprendizagem e,
para Siemens (op. cit.), são as comunidades que melhor podem acorrer às necessidades dos aprendentes
neste aspecto.
Trata-se, no fundo, de trazer para a experiência de aprendizagem elementos que permitam ir além da
sala de aula, do curso, de a integrar na vida real, de modo a que as pessoas, sobretudo nas áreas em que
a informação se expande de forma acelerada, possam manter-se actualizadas. Não é nos cursos e nas
instituições tradicionais que se pode encontrar essa adaptatividade, auto-suficiência e permanência do
conhecimento (enquanto o aprendente dele necessitar), mas sim 104 numa noção de aprendizagem
como uma ecologia, uma comunidade, uma rede (Siemens, 17-10-2003). (11 p. 103)

Em termos sumários, esta teoria visava responder às novas necessidades dos aprendentes do século XXI
e às novas realidades introduzidas pelo desenvolvimento tecnológico e as transformações económicas,
sociais e culturais (Siemens, 12-12-2004). O Behaviorismo, o Cognitivismo ou o Construtivismo, as três
teorias da aprendizagem mais frequentemente utilizadas no desenho de ambientes instrucionais,
segundo Siemens (op. cit.), pertencem a um tempo em que a aprendizagem não beneficiava do
tremendo impacto da tecnologia, como acontece actualmente. Assim, não têm em conta os actuais
ambientes sociais subjacentes ao processo de aprendizagem, nem outros aspectos muito relevantes,
como sejam a mobilidade profissional ao longo da vida, a importância da aprendizagem informal, a
grande variedade de formas e meios de aprendizagem – através de comunidades de práticas, redes
pessoais ou tarefas ligadas ao desempenho de uma profissão, desenvolvendo-se continuamente ao longo
da vida. (11 p. 106)

São precisos novos estudos para utilizar na escola presencial. Claro que não se devem

abandonar os estudos anteriores, mas a maioria dos livros a que acedi, mesmo os mais

recentes, baseiam-se em perspectivas anteriores ao aparecimento da Web 2.0.

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 7 de 12


O FIM DA SALA DE AULA?

A desmotivação que alguns alunos apresentam na escola e o discurso que esta transmite ao

aluno e que se afasta do seu mundo de interesses, leva alguns alunos a não querer estar na sala

de aula. No entanto, se o aluno não quer aprender na tradicional sala de aula, talvez possa

aprender fora dela. Desde há alguns anos que está "tudo" na Net, incluindo os livros, os

exercícios e as respostas destes. Será este o fim do ensino na sala de aula?

A escola não poderá desaparecer, pois para além do estado precisar controlar os currículos, as

famílias continuam a precisar de um lugar para depositar os jovens e estes precisam de um

local físico para sociabilizar.

A possibilidade do estudante aprender fora da tradicional sala de aula, parece estar a ganhar

adeptos entre os nossos decisores políticos. Algumas escolas em Portugal estão a ser

remodeladas e a empresa Parque Escolar, responsável por essa modificação está a preparar

novos espaços dentro da escola, veja um excerto de uma notícia publicada no jornal Público

em 7/6/2010:

Uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os
seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos - é
esta a visão que a Parque Escolar tem para o ensino em Portugal (...)
Num modelo muito inspirado em experiências de países como a Finlândia ou a Holanda, a Parque
Escolar propõe uma escola com espaços mais informais (13)

Durante anos os professores aprenderam a sua profissão com os seus mestres e orientadores,

pouco a pouco foram integrando as tecnologias que existiam. No entanto, a maioria dos

professores e decisores políticos não conviveu enquanto jovem num ambiente Web e muito

menos num ambiente da Web 2.0 (que tem cerca de 6 anos). Por isso, a escola não está

preparada para lidar com novas práticas educativas e continua agarrada aos currículos que

descendem em linha directa da escola escolástica.

Imaginando que os professores possuem pensamento crítico sobre as aprendizagens em

espaços informais, que conhecem metodologias que incorporem a Web 2.0 e que estejam

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 8 de 12


disponíveis bons recursos educativos que permitam à escola simular aprendizagem formais

como sendo informais, então talvez a escola consiga acompanhar a linguagem dos estudantes

e as necessidades da preparação dos jovens para a nova sociedade em rede.

A INFORMATIZAÇÃO DA SALA DE AULA.

Em Novembro de 2005, os ministros responsáveis pelas Políticas da Sociedade da Informação

dos Estados Membros da União Europeia defenderam o fortalecimento de uma Economia

Digital Europeia apostando na generalização do uso das TIC na aprendizagem (14 p. 2)

Em Portugal, em 2007, arranca o Plano Tecnológico da Educação e com ele o início da

informatização das salas de aula e os programas e.escola e e.escolinha que visam levar aos

estudantes e através destes às famílias computadores com ligação à Internet. Para o programa

e.escolinhas foi escolhido um computador de baixo custo, o Magalhães, clone do Classmate

PC que está presente em mais de 30 países (15). A informatização das escolas é global.

Estão criadas condições para as escolas ficarem ligas à rede, para que os estudantes adiram

desde os primeiros anos de escolaridade às ferramentas da Web 2.0. Por isso, está em marcha

uma revolução nas aprendizagens.

IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL

Em 2006, foi realizado um projecto de criação de um wiki "O lugar onde moro é assim" com

alunos do ensino básico e que teve a colaboração de escolas brasileiras e portuguesas. Os

autores justificam deste modo o porquê deste projecto:

Vivemos uma época em que os avanços tecnológicos e o acesso à informação são muito rápidos. Os
jovens de hoje estão cada vez mais atualizados, informados e interessados nos avanços das tecnologias.
A escola não pode ficar à margem dessa realidade, repetindo modelos tradicionais de transmissão de
conhecimento. É necessário que o professor seja o mediador no processo de construção de
conhecimento, instigando a pesquisa e a troca de idéias entre professor-aluno e aluno-aluno. Nesse
contexto, a Internet é uma excelente ferramenta que pode tornar o processo educacional mais dinâmico
e eficaz, possibilitando ao aluno traçar seu próprio caminho de aprendizagem através da interação com
outros estudantes separados geograficamente. (16)

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 9 de 12


Repare-se que se fala de Internet como sendo a ferramenta que permitiu este projecto, mas a

ferramenta utilizada foi um wiki que apareceu apenas com a Web 2.0 pelo que não seria

possível prever e realizar este projecto em 1996.

"Uma das escolas mais avançadas do mundo é portuguesa" esta frase foi manchete em vários

jornais, por exemplo, em Fevereiro de 2010 a revista Visão dedica um artigo a este tema:

Terminado o dia de escola, João anda com a mãe no campo a cuidar da horta.
- Olha João! - diz a sua mãe. - Um ninho de melros aqui no ervilhal.
Entusiasmado, o rapaz corre desenfreadamente até casa para ir buscar o Magalhães. Liga o pequeno
portátil ainda antes de sair do quarto e desabelha, de novo, em grande velocidade, para junto da mãe.
Pelo caminho, a câmara, sempre em sobressalto, filma-lhe o rosto e vai deixando antever pedaços do
sinuoso percurso. Riachos, poças de água, algumas pedras, silvas. A arfar, João chega, finalmente, à
plantação de ervilhas. Com uma das mãos afasta, cuidadosamente, os pés das plantas e mostra o ninho.
Perfeito. Vêem-se, até, dois pequenos ovos esverdeados. O último plano do filme-mudo é o rosto feliz
do rapaz, com o boné de pala para o lado.
(...)
Foi com exemplos como este, de João, cujo filme está disponível no YouTube, que a EB1 de Várzea de
Abrunhais conquistou a atenção da Microsoft e recebeu, em fins de 2009, um prémio que a coloca entre
as escolas tecnologicamente mais inovadoras do mundo. É, desde então, a única em Portugal e uma das
31 em todo o planeta.
(...)
Foi, precisamente, com o blogue que a janela da pequena escola de Várzea de Abrunhais se abriu ao
mundo. (17)

Este é outro exemplo de um projecto apenas possível graças à utilização da Web 2.0. Começa

a ter efeito o impacto da Web 2.0 na aprendizagem formal.

George Siemens escreve em 2009 que todos temos algo a aprender com o que cada um

publica na rede, mesmo com o que é publicado por não peritos.

I’ve gained much from being a transparent learner. Over the last nine years – on blogs, wikis, and
recently Twitter – I’ve expressed half-formed ideas and received the benefit of constructive (and critical
feedback). I generally focus on what I’ve gained, but I suspect readers of my sites and articles have
gained something from the experience as well. Putting ideas out for discussion contrasts with formal
“reach a conclusion and publish” model.
(...)
Watching others learn is an act of learning. When someone decides to share their thoughts and ideas in a
transparent manner, they become a teacher to those who are observing.
(...)
The varying cognitive architecture of those who are new to a subject and those with significant
experience provides support to the value of peer-to-peer learning. A student who has just started
blogging can likely relate better to someone who is still only considering blogging. when we make our
learning transparent, we become teachers. Even if we are new to a field and don’t have the confidence
to dialogue with experts, we can still provide important learning opportunities to others. (18)

Com o impacto da Web 2.0 na aprendizagem informal está facilitada a criação e divulgação

de grupos de interesse na medida em que cada um pode publicar e deixar comentários ao

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 10 de 12


trabalho dos outros. O impacto na aprendizagem informal tornou este tipo de aprendizagem

num dos motores de evolução da própria Web 2.0 e já se comenta a possibilidade de em breve

surgir uma Web semântica e uma Web 3.0.

CONCLUSÃO

O relatório "Educação: um tesouro a descobrir" (1) aponta que o ensino formal não tem em

conta os pilares aprender a viver juntos "a fim de participar e cooperar com os outros em

todas as actividades humanas" (1 p. 77) e aprender a ser que "deve contribuir para o

desenvolvimento total da pessoa - espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido

estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade" (1 p. 85). Este pilar depende dos outros três

(1 p. 77) pelo que se o ensino formal não desenvolve o pilar aprender a viver juntos não poderá

aspirar ao quarto pilar.

A Web 2.0, por permitir que cada um publique os seus trabalhos e opiniões e participe em

discussões a nível global e por permitir aos alunos criarem trabalhos colaborativos e

cooperativos com qualquer um da rede, vem ao encontro das recomendações do relatório (1)

que afirma que os cidadãos devem Aprender a conviver - viver juntos "desenvolvendo a

compreensão do outro e a percepção das interdependências - realizar projectos comuns e

preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão

mútua e da paz." (1 p. 88)

Em suma, a Web 2.0 veio interligar as aprendizagens formal e informal e contribuir para

sustentação dos quatro pilares que, segundo as ideias de 1996, suportam a construção da

sociedade em rede.

Será que estes pilares estão a ser implementados no ensino? Assim que for disseminada a

utilização da Web 2.0 no ensino, sim.

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 11 de 12


REFERÊNCIAS
1. Delors, Jacques [et. al]. Educação um tesouro a descobrir. s.l. : ASA Editores, S.A., Janeiro 2003/ 8ª
Edição. ISBN 972-41-1775-8.

2. Lévy, Pierre. A inteligência colectiva: para uma antropologia do ciberespaço. Lisboa : Instituto Piaget, 1997.
ISBN 978-972-8407-02-5.

3. Hargraves, Andy. Os professores em tempos de mudança. Amadora : McGraw-Hill de Portugal, L.da, 1998.
ISBN: 972-773-009-4.

4. Castells, Manuel. A socieade em rede. Lisboa : Fundação Caloutre Gulbenkian, 2007, 3ª edição. ISBN 978-
972-31-0984-9.

5. Lévy, Pierre. Cibercultura. São Paulo : 34 Ltda, 1999. ISBN 85-7326-126-9.

6. História da Internet. wikipédia. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Internet.

7. Internet. wikipédia. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Internet.

8. Web 2.0. wikipédia. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Web_2.0.

9. Wesch, Michael. A Vision of Students Today . video no youtube. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=dGCJ46vyR9o.

10. Faria, Natália. Pais querem escolas do 1.º ciclo abertas doze horas por dia e dizem que ME já deu luz verde.
www.publico.pt. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:
http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/pais-querem-escolas-do-1%C2%BA-ciclo-abertas-doze-
horas-por-dia-e-dizem-que-me-ja-deu-luz-verde_1358774.

11. Mota, José. Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0: Aprender na Rede. Dissertação de Mestrado, Universidade
Aberta. 6 de 2009.[acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em: http://repositorioaberto.univ-
ab.pt/bitstream/10400.2/1381/1/web20_e-learning20_aprender_na_rede.pdf.

12. Wesch, Michael. The Machine is (Changing) Us: YouTube and the Politics of Authenticity. video no
youtube. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=09gR6VPVrpw.

13. Coelho, Alexandra Prado. As novas escolas querem mudar o ensino em Portugal. www.publico.pt. [acedido
em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em: http://www.publico.pt/Cultura/as-novas-escolas-querem-mudar-o-ensino-
em-portugal_1440839.

14. http://www.eescola.pt/novidades.aspx?id=260. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:


http://www.mityc.es/es-es/gabineteprensa/notasprensa/documents/declaraci%C3%B3ncastellano.pdf.

15. Classmate PC. wikipédia. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Classmate_PC.

16. dos Santos, Gládis Leal. Projeto O Lugar onde Moro. [acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:
http://saladeaula.wikispaces.com/Projeto+O+Lugar+onde+Moro.

17. Campos, Mario David. Uma das escolas mais avançadas do mundo é portuguesa. visão.pt. [acedido em: 10
de 7 de 2010]. Disponível em: http://aeiou.visao.pt/uma-das-escolas-mais-avancadas-do-mundo-e-
portuguesa=f547669.

18. Siemens, George. connectivism. 2009.[acedido em: 10 de 7 de 2010]. Disponível em:


http://www.connectivism.ca/?p=122.

O IMPACTO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM FORMAL E INFORMAL - Página 12 de 12

Das könnte Ihnen auch gefallen