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O documento discute a concepção moderna de adolescência como uma construção social que surgiu no século XIX para ordenar e classificar os cidadãos de acordo com faixas etárias. A adolescência passou a ser vista como uma fase universal entre a infância e a vida adulta, ignorando diferenças individuais e culturais. A perspectiva sócio-histórica enfatiza que a adolescência é uma identidade construída que varia de acordo com fatores sociais e históricos.
Originalbeschreibung:
Concepção de adolescência segundo a autora papalia beck
O documento discute a concepção moderna de adolescência como uma construção social que surgiu no século XIX para ordenar e classificar os cidadãos de acordo com faixas etárias. A adolescência passou a ser vista como uma fase universal entre a infância e a vida adulta, ignorando diferenças individuais e culturais. A perspectiva sócio-histórica enfatiza que a adolescência é uma identidade construída que varia de acordo com fatores sociais e históricos.
O documento discute a concepção moderna de adolescência como uma construção social que surgiu no século XIX para ordenar e classificar os cidadãos de acordo com faixas etárias. A adolescência passou a ser vista como uma fase universal entre a infância e a vida adulta, ignorando diferenças individuais e culturais. A perspectiva sócio-histórica enfatiza que a adolescência é uma identidade construída que varia de acordo com fatores sociais e históricos.
caractersticas biolgicas, como base para a organizao de conjuntos sociais, remonta ao sculo XIX.
Necessidade de ordenar, classificar e tratar com
exatido os cidados do Estado moderno, conforme a racionalidade moderna da crescente sociedade capitalista e cientfica.
Com a diviso ordenadora da sociedade surgem
as instituies adequadas para compreender e cuidar de cada etapa da vida.
As etapas eram calcadas em fases sequenciais
de maturao, cada uma com caractersticas prprias e com tratamento diferenciado.
Corresponde naturalizao das faixas etrias
pelas tcnicas sociais, pelas cincias mdicas e humanas que enfatizaram a infncia e a adolescncia.
A passagem de uma fase para a outra era dada
pela natureza biolgica com mudanas bio- psicossociais. Neste processo de naturalizao, a puberdade, como fato biolgico caracterizado por mudanas fsicas, passa a se confundir com a adolescncia que assumida tambm como uma condio universal.
A perspectiva universalizante nega as diferenas
entre sujeitos concretos, padronizando a experincia humana.
Os sujeitos sentem-se compelidos a adquirir o
padro institudo para no serem marginalizados. Cria-se uma estereotipia da adolescncia que demarca o que podem ser, sentir e pensar.
Medicina, Psicologia e Pedagogia se reforam.
...constitui um perodo crtico, crucial, na vida dos indivduos, por se tratar de momento de definio de identidade sexual, profissional, de valores, etc, que gera crises que beiram ao patolgico (Peres e Rosemburg).
H grande variao quanto idade de incio e
trmino da adolescncia, que depende do ngulo de abordagem das teorias. 14 a18 como transio para a vida adulta 12 a 20 como desenvolvimento muscular/nervoso 25 anos ou mais para os socilogos que estudam os adolescentes tardios.
Para alguns autores, a adolescncia termina
quando a ansiedade dos pais j no interfere em suas vidas.
12 aos 18 anos para o ECA.
Pr-adolescentes de 10 a 14 anos e os jovens
adolescentes entre 15 e 19 anos para as anlises demogrficas. O incio da adolescncia associado s caractersticas fsicas, em geral vinculadas ao desenvolvimento sexual.
O trmino da adolescncia atribudo a diferentes
condies e habilidades sociais, tais como a independncia econmica e afetiva dos pais, a aquisio de uma identidade com seus pares ou o final da escolaridade regular.
Quando considerado maduro ou adulto.
A adolescncia comea na biologia e termina na
cultura / sociedade. O incio visvel e bem determinado, o final da adolescncia estereotipado por traos que variam, tais como:
o Estabelecimento de uma identidade sexual
o Estabelecimento de relaes afetivas estveis o Capacidade de assumir compromissos profissionais o Capacidade de se manter financeiramente o Ter um sistema de valores pessoais e relaes de reciprocidade com a gerao anterior
Como se o adolescente no tivesse condies de
participao social como cidado e pessoa. O demarcador do incio da adolescncia remete diferena com a infncia e o trmino ao conceito de adulto, ficando a adolescncia descrita como um intervalo, uma passagem vazia de si mesmo, sem identidade prpria.
Ficam omitidas as condies sociais que criam
esse modelo de adolescncia.
Ao ser descrita como uma fase, com seus
problemas tpicos, naturaliza a noo de adolescncia como se ela fosse um dado intrnseco ao ser e no uma construo social do sujeito. A organizao dos sujeitos em fases de vida visa controlar o futuro cuja lgica, ao no se realizar, aponta um erro, desvio ou problema do sujeito.
A noo de fases, portanto, culpabiliza o sujeito por
sua prpria existncia.
Algumas teorias usam fatores psicolgicos, como
comportamentos e sentimentos possveis, para definir a adolescncia.
Criam um modelo de normalidade, uma
padronizao dos contedos emocionais, impem um conjunto de expectativas do sujeito sobre si mesmo, levando o prprio adolescente a reivindicar o esteretipo que o aprisiona.
A fase da adolescncia explicada na
Psicologia, em boa parte, por aquilo que ela no , nem infncia nem fase adulta, com nfase em crises e descontroles no comportamento e nas relaes sociais.
Freud (1905 -Trs ensaios sobre a sexualidade)
com a chegada da puberdade, introduz-se as mudanas que levam a vida sexual infantil a sua configurao normal definitiva. Ana Freud (1966 - O ego e os mecanismos de defesa) define o comportamento padro do adolescente impulsos agressivos so intensificados at o ponto da completa falta de controle, fome se transforma em voracidade e a desobedincia do perodo de latncia se transforma no comportamento delituoso da adolescncia.
Considera como uma recapitulao das vivncias
infantis existem poucos elementos novos nas foras invasoras. Seu violento ataque apenas traz superfcie, mais uma vez, o contedo costumeiro da primitiva sexualidade infantil das crianas. Os aspectos psicolgicos atribudos adolescncia so marcados por condies tais como: o Busca de si mesmo o Tendncia a atividades grupais o Flutuao de humor o Vivncias de crise
Knobel (1973) fala da sndrome normal da
adolescncia, um estado patolgico considerado inerente evoluo normal do adolescente.
Erikson (1973) supe a adolescncia como
perodo importante para a construo da personalidade, pois s ento o indivduo capaz de localizar seu ego no tempo e no espao podendo lidar com o passado e planejar o futuro. Para ele, o desenvolvimento um processo contnuo. Acha que os ajustamentos, ou no, podem variar muito de uma cultura para outra.
A ideia da crise inerente usada para dissimular
os reais motivos dos conflitos, tornando a crise uma realidade em si mesma, uma desordem previsvel e sanvel atravs de aes educativas.
Se a crise no for superada fere os cdigos
legais ou a normalidade, configurando um desvio. Piaget reconhece que no possvel estabelecer generalizaes para faixas etrias devido aos processos sociais das classes numa mesma sociedade ou em sociedades distintas.
Margaret Mead e Ruth Benedict, antroplogas,
afirmavam desde 1930 que o conceito de crise da adolescncia no era universal.
Muuss (1973) aponta que a descontinuidade no
processo de socializao estaria na raiz dos estados de tenso e angstia dos jovens. Groppo (2000) afirma que o discurso das psicologias sobre a adolescncia aponta que os distrbios e conflitos seriam parte do processo de construo da identidade adolescente, no podendo ser este um momento tranquilo, devendo conter problemas emocionais, conflitos com os pais e com os valores sociais.
Groppo usa o termo juventude como uma
categoria social, algo mais que uma faixa etria ou uma classe de idade, no sendo um grupo coeso, no existindo uma classe formada por todos os indivduos de uma mesma faixa etria. Para ele, deve-se evitar o determinismo da faixa etria pois o comportamento dos jovens muda de acordo com a classe social, o grupo tnico, a nacionalidade, o gnero, o contexto histrico, regional e nacional.
O fato adolescente percebido como um
processo definido pelo sistema sociocultural e econmico a juventude uma representao ou criao simblica fabricada pelos grupos sociais ou pelos prprios indivduos tidos como jovens para significar uma srie de comportamentos e atitudes a ela atribudos (Groppo, 2000). A apropriao da ideia de adolescncia pelos prprios adolescentes demonstra a eficcia ideolgica do conceito que assumido pelo jovem homogeneizado como sendo a expresso autntica de sua forma de ser.
Na perspectiva scio-histrica a concepo de
adolescncia: despatologiza o desenvolvimento humano na medida em que o torna histrico. Passamos a compreender que as formas que assumimos como identidades, personalidades, subjetividades so construdas historicamente. A sociedade que ns construmos nos d os limites e possibilidades de sermos. A adolescncia, na forma como se constitui, deve ser entendida no seu movimento, e suas caractersticas devem ser compreendidas no processo histrico de sua constituio (Aguiar, Bock, Ozella, 2001).