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P. 27-30 : BIOGRAFIA
na minha adolescncia e no meu incio literrio foi assim: houve o acaso;
Deus corrigiu o acaso, quando ele se revelou com possibilidades de maus
resultados... e eu estou tentando at hoje trabalhar essse acaso,
Eu sou elo, visto assim pela maioria dos autores negros mais jovens que
eu. Questo de circunstancia, de acaso. E tambm porque muita gente que
escreve no nosso tempo acaba morrendo cedo. Muita gente vai antes do
tempo. Eu no morri, segui escrevendo, comparecendo e informando,
enquanto vrios de meus companheiros se transfiguravam em
lembrana...que eu podia fazer? Ento cada vez aparece mais gente me
situando como elo. E por que? Circunstncia, repito. (p. 34)
Porque eu nunca me afastei do meio negro, desde que l comecei a viver,
nos meus 19 anos, e porque subsisti para poder contar. Ento, um elo.
Oswaldo de Camargo se renova, se reinventa, permanece escrevendo e
ligado ao movimento, ao espao negro, por isso, como ele mesmo
reconhece um elo. Por isso um autor que pode estar na tendncia afro-
brasileira apontada por Bernd.
Se voc no domina a palavra, voc no consegue revelar-se poeta. Se
voc no sabe lidar com a palavra na sua substancia ntima, voc no tem
os instrumentos do poeta ou do prosador. E no questo de raa. uma
questo de trabalho, tempo e dedicao.
A memria um dos pilares da literatura negra, como afirma Oswaldo de
Camargo
No meu ver, a literatura negra se realiza quando o autor, voltando-se para
a sua pessoa e sua vida como autor de origem negra, escreve em torno
dessa experincia especfica. Dois dados: ele negro, ele voltou-se para
dentro de si mesmo, olhando-se, e ele vai se referir a essa experincia de
que s ele dono. (...) Se eu no tiver esse olhar atento sobre mim mesmo
e for indiferente minha experincia especifica, o viver comigo mesmo,
com minha histria, memria, mesmo sendo negro, no estarei fazendo
uma literatura negra. P.40
uma verso de mundo, de arte, de vida e busca da memria escolhida
pelo autor, que timbra em frisar que se trata de uma viso oferecida por um
negro. (p.41)