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IRANDE ANTUNES Muito, além gramctica ITER] 'B, parufraseando Pessoa, nfio podemos debxar de lamentar: Pobre lingua escolar! Tantas yezes fora le vox ‘tio cheia de nto ser nada! CAPITULOR Que gramaticas existem? NORMAEMENTE, quando as pessoas falam em gramética, ) dasregras que definem ofuncionamento de determinada norma, ‘como em:"a gramética da norma eulta”, por exemplo; ©) deuma perspectva deestudo, como ema gramtica gerativa", “a gramética estruturalista”,*a gramética funcionalsta”; ou de una de ubordagem, coma em *% ‘graméitica pat exemplo; «de uma diseiptina escola, como em "aulas de granitiea”; 1) de um ivro, como em:*a Gramtica de Celso Cunt Cauda uma dessas acepges se refer a uma eoisa diferente das, ta vera, coexistem. Sem problemas, mas precisam ser pereeidas us suas partcularidades nas suas fungoes ens sus limites. Vamos ‘Yorum pouquinho de cada uma, demorando-nos naquelas que mais os interessam neste momento, GRAMATICA 1: CONJUNTO DE REGRAS QUE DEFINEM 0 FUNCIONAMENTO DE UMA LINGUA Nesse sentido, granztica abarea todas as regras de uso de ‘ma lingua, Envolve, portanto, desde os padres de formagiio das, ‘ilabas, pasando por aqueles outros de formagio de palavras e suas Mlexdes, até aqueles niveis mais complexos de distribuicao arranjo das unidades para a constituigio das frases e dos ‘eriodos. Nada na lingua, em nenhuma lingua, escapa a essa [gfnintica. Por isso é que se diz que ndo existe lingua sem gra- Aitica. Nem existe gramtiea fora da lingua. Ou, ninguém aprende Jum lingua para depois aprender a sua gramyitiea. Qualquer pessoa Aue fala uma lingua fala essa lingua porque sabe a sua gramatiea, Imesino que no tena conseiéncia disso. Como ilustrago, analisemos o seguinte fato, Uma erianga de 2 4n0s-e quatro meses, ao ser interogada se queria falar pelo telefon ‘6am a a6, respondeu prontamente: = Quer, ‘Observemos que essa crianga nio disse “queremos”, “quis", rem, nem outra coisa qualquer que ndo fizesse sentido nessa siglo especitia,Pelo contro, usou o verbo nas flexées de tempo, Iolo, pessoa enimero adequadas, omitin 0 pronomesajeito, omit do verbo, uma vee que esses elementos estava canton artexto da interagio, Certamente, ve a pergunta tivesse sido: © Quem quer falar com a vow? — 0 garoto nio teria omitido 0 ee tera respondido: = Bu quero! — ou, simplesmente: © propésito dessa simples andlise 6 apenas tentar demonstrar ‘eomo a gramética da lingua, nesse sentido de “gramética {nteriorizada”, de conhecimento das particularidades da gramética da lingua nativa faz parte do conjunto de saberes que as pessoas Alesenvolvem desde a mais tenraidade. aera ia eee ean cree eae mee meat pe eee Being cena ren Oa ‘da sua lingua: por exemplo, se a lingua tem artigos, se tem preposicies, se adota flexes (de ndimero, de género, de grau, de tempo ete. € para que tipos de palavras), que posigbes as palavras podem ocupar na frase, que ‘fungdes podem ser atribuidas a essas posig6es ete, Como lembra Scherre (2005, p.9),*com3 anos de ida, qualquer cranga de qualquer parte do pasar ees a See hii dt = tet ange ere ee ee aes eae eas apace ee wie asa ere ie tee coon pocene eee rem ee ee esti falando de outra gramatica. E que, nesse primeiro sentido, no parte, Nem requer ensino formal “Tambsém quando alguém fala emregras gramaticais complicadas™ em em mente outra gramtiea, Nao existe Kingua complicada para (08 fants nativos le qualquer lingua, Todos saber dizer 0 que squerem dizer, que precisam dizer. ee. 4 ‘Quando um professor pergunta:“O que fizer para ajudar os alunos ‘product estos, quando ees no tm conhecimento de gramtia?”, demonstra que ainda nao entendeu que existe uma gramitica ja Jnternalzaca. Certamente;a essa altura, o que mais os alunos saber 61 gramitica da lingua: nesse sentido dos seus usos reas Acredito que valeria a pena dizer esas enisas para 0s alunos; Delo menos, cles se sentiriam mais encorajados a empreender a tarefa, dle ampliar suas habilidades comunicativas. Seria étimo se nés, Drofessores, de vez em quando disséssemos: “Voots sabiam que j Sabem a gramética da nossa lingua?”, e demonstrésemos isso por Ineio de exemplos simples ericos! curioso peresber que, entre a populacio analfaheta ou pouco Tetra, no se ouve a queixa de que aingua € dif” ou a*gramatica complicada”.S6 na escola é que v20 nos canvencer de que“a lingua & Aili”, piorainda, de que"no sabemos empregéJabera”. Meespanta, fconstatar que esa ideia de que “nao sabemos falar portagués 6 uns muito poueos & que sabem!” 6 uma das mals arraigadas, das mais Jnculeadas, que resiste a toda ¢ qualquer argumentacZo em contréro, (Funciona como um dogma: éintocivel) Por outro lad, talver, nem me \evesse espantar,reconheeend o agar de origem dessa cantina, ———— [Vie ape ero eo 0 potas so dl. sutra da profesara Rast Virgin Mattos Saver ince complets ma blared, sob nfo ives, so talades problemas relatos ivrsidade gun do portage ‘Um menino, em tena ida, aprende faitnent una Hngua, Um. ao contri, tem difiuldade em aprender“a lingua que ensinatn, Por qué? Vale a pena perguntarse. Emsintese, a gramatica da liygun viendo aprendidanaturalmente, {quer diver, na propria experiéncia de er fazendo tentativas, ouvindo fefalando, Ni Iii um momento especial nem uma pessoa especiica Uestiados ao ensino dessa gramética Ela vai sendo incorporaa 20 ‘cothecimento intuitivo, pelo simples fto de a pessoa estar exposta feotvivéncia com os outros, a atividades sociais de uso da lingua, das fonversas familiares 2s abwages mals tensas ¢ formas. Ou sea, ess turanitia estdinerentemente ligada & exposigao da pessoa os sos da lingua, A escola vir depois; para ampliar ‘Todas essas consideragées nos fazem lembrar 0 Drummond, Aula de portugués, no qual aparece expressa perplexidade de quem, na escola, se encontra frente a frente com. ‘uma lingua que parece outra; bem diferente daquela que fala nas siluagbes mais triviais do cotidiano. poema de ‘Uma pausa para o poems: Aula de portugues A linguagem [Na ponta da lingua Tio teil de falar Edeentender A linguagem na superice estretada das letras Sabe lio que ela quer dizer? Professor Carlos Géis, ele é quem sabe E vai desmatando (0 amazonas da minha ignordncia. FFiguras de grametica, esquipaticas Atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

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