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Cláudio Nassif da Cruz

Exploração do Método de Thompson


na aplicação em problemas com várias
escalas de comprimento

Departamento de Física
Instituto de Ciências Exatas – ICEX –
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
2002
Cláudio Nassif da Cruz

Exploração do Método de Thompson


na aplicação em problemas com várias
escalas de comprimento

Tese apresentada ao
Departamento de Física do
Instituto de Ciências Exatas –
ICEX – Universidade Federal de
Minas Gerais.

Orientador: P. R. Silva

Belo Horizonte
2002
1

Agradecimentos

Aos meus queridos pais por todo apoio e carinho que me deram ao
longo dessa jornada;

Ao grande amigo Carlos Magno, quem sempre me incentivou buscar por


um ideal nobre, porém sem transgredir o sistema estabelecido;

Ao meu queido amigo Ralf Rubow, da Alemanha, que esteve sempre ao


meu lado nos momentos de conquista e publicações durante a minha pesquisa,
incentivando-me ainda mais na conquista de novos patamares;

A Regina Athayde e Públio Athayde que trabalharam com muito afinco


na digitação e organização das figuras desse trabalho, sabendo sempre
compreender e atender as minhas sugestões, e, inclusive ter paciência comigo
nos meus momentos de inquietude e ansiedade.

Ao meu orientador Paulo Roberto por todo apoio e intensa participação


nessa longa jornada de debate e pesquisa.

Ao Prof. J. A. Helayell pelo apoio científico e importantes sugestões


dadas para fortalecer meus argumentos.

Ao CNPq pelo suporte financeiro.

A Deus.
2

Sumário

Introdução Geral ..................................................................................................................................... 7

Capítulo 1 ................................................................................................................................................ 13

1 Estudo comparado do Grupo de Renormalização de Wilson com o método


do Grupo de Renormalização de Thompson aplicado a sistemas
magnéticos da classe de universalidade dos modelos de Ising –  . ............... 13
4

1.1 O Grupo de Renormalização de Wilson aplicado em fenômenos críticos:


4
modelos tipo Ising – Φ . ...................................................................................................... 15
1.2 O Método do Grupo de Renormalização de Thompson aplicado a sistemas
magnéticos da classe de universalidade dos modelos de Ising. ................................... 29
1.3 Comparação dos resultados obtidos pelo G.R e pelo M.T. ............................................ 34
1.4 Apêndice ................................................................................................................................. 38
1.5 Conclusões............................................................................................................................. 42

Capítulo 2 ................................................................................................................................................ 45

2 O Método do Grupo de Renormalização de Thompson (M.T) aplicado ao


modelo N-vetorial, ao modelo de Ising com campo aleatório e ao modelo N-
vetorial com campo aleatório. ......................................................................................... 45
2.1 Uma revisão do M.T aplicado ao modelo N-vetorial ........................................................ 48
2.2 Uma revisão do M.T aplicado ao Modelo de Ising com campo aleatório (RFIM)........ 56
2.3 O M.T aplicado ao modelo N-vetorial com campo aleatório ........................................... 59
2.4 Conclusões............................................................................................................................. 73

3 O Método de Thompson aplicado às reações químicas limitadas por


difusão dos tipos A + A  0, A + B  0, com e sem difusão anômala, e às
reações químicas do tipo   l  l    . ......................................................... 76
3.1 Uma revisão do estudo das reações do tipo A A 0 (com difusão browniana). ... 78
3.2 Reações do tipo A + B  0 com concentrações iniciais iguais (com difusão
browniana).............................................................................................................................. 82
3.3 Tratamento unificado das reações do tipo A + A  0 e A + B  0. ............................. 85
3.4 O Método de Thompson aplicado às reações químicas limitadas por difusão do
tipo A + B 0, com concentrações iniciais diferentes para as duas espécies. ........... 87

3.5 Estudo das reações químicas do tipo AB0 e AA0, nas condições de
difusão modificada pela aplicação do M.T. ....................................................................... 93
3.6 O Método de Thompson aplicado às reações controladas por difusão do tipo
browniana e não-browniana KA A   K ......................................................... 105
3.7 Conclusões........................................................................................................................... 118

Capitulo 4 .............................................................................................................................................. 121


3

4 O Método de Thompson aplicado ao estudo de crescimento de polímeros. .... 121


4.1 Flexibilidade de uma cadeia. ............................................................................................. 123
4.2 Elaboração de uma ação que forneça as características do processo de
crescimento de uma cadeia de polímero......................................................................... 128
4.3 O M.T aplicado na ação obtida para crescimento de cadeias de polímeros. ............ 144

4.4 Obtenção do expoente de Fisher   . ............................................................................ 151


4.5 Obtenção do expoente de crescimento ( g ) ................................................................... 154

4.6 Apêndice ............................................................................................................................... 159


4.7 Conclusões........................................................................................................................... 163

Capitulo 5 .............................................................................................................................................. 165

5 O método de Thompson aplicado à teoria de campo escalar g. 4 . ................ 165


5.1 O método de Thompson aplicado à teoria g4. ............................................................. 166
5.2 Conclusões. ......................................................................................................................... 175
5.3 Apêndice ............................................................................................................................... 176

Capitulo 6 .............................................................................................................................................. 180

6 O Método de Thompson aplicado à Eletrodinâmica Quântica – QED4 ........... 180


6.1 A Lagrangeana da QED tratada pelo Método de Thompson. ...................................... 181

Q
E
D
4
6.2 Algumas elaborações a mais para o Método de Thompson aplicado à . ..... 185

6.3 Conclusões........................................................................................................................... 193


6.4 Apêndice: Obtenção da massa e da carga do elétron numa 2a aproximação ou
para energias mais altas – Uma extensão do Método de Thompson. ........................ 195

Conclusões Finais .............................................................................................................................. 202

7 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 208


5

Resumo

Nesse trabalho, empregamos o método das escalas e dimensões de


Thompson para estudar diversos sistemas físicos que apresentam várias escalas de
comprimento e com dimensionalidade d, incluindo flutuações nas várias escalas de
comprimento, dadas abaixo de uma certa dimensão crítica superior d c  , que é a
dimensão acima da qual o sistema entra em regime de campo médio. Portanto, o
Método de Thompson (M.T) é uma forma alternativa simples ao Grupo de
Renormalização (G.R).
Primeiramente, estudamos o modelo de Ising   4 através da Hamiltoniana de
Landau-Ginsburg-Wilson (LGW), na qual aplica-se o método para extrair
principalmente o expoente crítico do comprimento de correlação d  , com
dependência da dimensionalidade do modelo, dado nas vizinhanças do ponto crítico
Tc  de transição de 2ª ordem. Em seguida, estudamos o modelo N-vetorial, o modelo
de Ising num campo aleatório e o modelo N-vetorial num campo aleatório, extraindo
basicamente, de forma analítica os expoentes críticos N, d  e N, d  para tais
modelos, sendo  o expoente crítico para o calor específico.
Na terceira etapa, usamos o referido método para estudar as diversas classes
de reações químicas limitadas por difusão do tipo A  A  0, A  B  0 em
condições estequiométrica e não-estequiométrica (concentrações iniciais diferentes)
com difusão browniana e não-browniana, incluindo também as reações de
coalescência do tipo kA  lAl  k  , com e sem difusão anômala. Estas reações são
estudadas no regime estacionário com uma fonte homogênea externa de partículas
numa taxa h de tal forma que sejamos capazes de extrair os expoentes críticos
 e ` para a concentração  h e o tempo de relaxação  h no limite crítico h  0
(taxa de “campo” externo nula). Observamos que a taxa de reação k e a
concentração  para qualquer classe de reação sempre exibem um comportamento
logarítmico na escala de comprimento l  para a dimensão crítica superior do modelo
d  d c  .
Exploramos o método para estudar o crescimento de uma cadeia de polímero,
obtendo basicamente os expoentes g d  de crescimento da cadeia, d  de
decaimento de probabilidade da cadeia capturar monômeros em tempos longos e
 F d  , que é o chamado expoente de Flory. Algumas importantes relações de escalas
são obtidas entre tais expoentes. Depois, vamos além para explorar o método na
teoria de campo escalar  g 4 em 4d e na Eletrodinâmica Quântica em 4d QED 4  ,
obtendo principalmente o comportamento logarítmico dos acoplamentos em tais
teorias g e c arg a  em função das escalas de energia-comprimento. Assim, somos
capazes de extrair as funções-  do G.R para essas teorias, fazendo algumas
aproximações que serão justificadas.
6

Abstract

In this work, we apply Thompson’s Method (T.M) of scales and dimension to


study several physical systems which have many scales of length, by including
fluctuations in them, given below a certain upper critical dimension d c  , which is the
dimension above which the system goes into a mean field regime. Therefore T.M is a
simple alternative form to the Renormalization Group (R.G) approach.
Firstly, we study the Ising   4 model by using the Landau-Ginsburg-Wilson
(L.G.W) Hamiltonian, where the method is applied in order to extract the critical
exponent for correlation length d  , having a dependence with the dimensionality of
the model.  is given in the neighborhood of the critical point Tc  for second order
phase transition. After we study N-vectorial model, the Random field Ising model
(RFIM) and the N-vectorial model with Random field. So we basically obtain the
exponents N, d  and N, d  for such models. These exponents are given in an
analytical form, being  the critical exponent obtained for specific heat.
On the third Chapter we use such method to study the many classes of diffusion
limited chemical reactions of kind A  A  0, A  B  0 in sthequimetric conditions
and with different initial concentrations, having brownian and non-brownian condition
diffusion, by also including the coalescence reactions of type kA  lAl  k  , with
enhanced diffusion condition. These reactions are also studied on stationary regime in
the presence of a homogeneous external source of particles, in such a way that we are
able to extract the critical exponents  and ` for the concentration  h and for the
relaxation time  h , given in the critical limit of h  0zero field rate  . We also observe
that the mean reaction rate k  and the concentration   for all classes of reactions
always exhibit a logharithmic behavior on scale of length for upper critical dimension
( d c ) of the model.

We also explore the method to study the growth of a polymer chain, obtaining the
exponents g d  for the growth of the chain, d  for the probability decaying of
absorbing monomers by the chain for long-time, and  F d  , that is called Flory-
exponent. Some important scaling relations are obtained among such exponents. After
we go further to explore the method by studying the scalar field theory  g 4 in 4-d,
and the Quantum Electrodynamic in 4-d QED 4  . We just obtain the logarithmic
corrections on scale of energy-length for the couplings g and  (charge) in such
theories. So we are able to pick up the R.G  -functions of these theories, by making
some approximations which will be justified.
7

Introdução Geral

O tema da presente tese se refere ao estudo de sistemas físicos onde as

flutuações estão presentes em uma larga faixa de comprimentos de onda (várias

escalas de tamanho ou energia). Em geral consideramos esses sistemas imersos num

espaço de dimensão (d). Alguns desses sistemas possuem criticalidade, que se dá

através de um ponto crítico, com transição de fase em 2ª ordem. No ponto crítico, o

sistema torna-se invariante nas escalas, ou seja, torna-se auto-similar. Qualquer

escala de tamanho fica igualmente importante. Como exemplo, podemos citar o caso

de sistemas ferromagnéticos da classe de universalidade dos modelos de Ising

(Modelo Landau-Ginsburg).

Esse tema apresenta várias questões recorrentes. Tais questões fundamentais

dizem respeito ao comportamento desses sistemas na dimensão crítica superior,

acima da qual o sistema entra num regime de campo médio, e abaixo da qual surgem

flutuações nas várias escalas de comprimento, i. é, um regime fora do campo médio,

em que predominam as flutuações. Também estuda-se o comportamento de alguns

sistemas no ponto crítico da transição de fase de 2ª ordem, de onde se obtém

expoentes críticos, como por exemplo, os expoentes críticos do comprimento de

correlação v  e da magnetização (  ) no modelo de Landau-Ginsburg-Wilson (L.G.W)

para sistemas ferromagnéticos.

Um dos focos de nossa tese pretende examinar a seguinte questão:

Desenvolver uma maneira simples e heurística para lidar com problemas de diferentes

classes de universalidade, incluindo ao mesmo tempo as dimensões, as escalas de

comprimento e energia, e os pontos críticos, caso haja. Enfim, procuraremos


8

desenvolver também uma maneira unificada para lidar com sistemas de diversas

classes de universalidade.

Consideramos relevante desenvolver a questão acima proposta por várias

razões: Em primeiro lugar, esse tratamento heurístico seria capaz de reduzir de

maneira significativa o labor de cálculo, de tal forma que seria capaz de extrair de

maneira simples a informação que diz respeito ao comportamento das “constantes” de

acoplamento nas escalas e nas dimensões para a hamiltoniana do sistema

considerado. No entanto, em alguns casos, precisamos construir uma hamiltoniana

para o modelo, e depois fazer um tratamento heurístico, ou seja, um tratamento

baseado numa análise dimensional nas escalas de comprimento (ou energia).

Uma das vantagens da presente pesquisa é que ela nos remete a um certo

nível de versatilidade ao tratar vários modelos diferentes dentro de um mesmo

enfoque. Tal versatilidade nos possibilita obter de uma forma unificada o

comportamento universal logarítmico para constantes de acoplamento na dimensão

crítica superior d c  de vários sistemas.

Por exemplo, no caso da Eletrodinâmica quântica (QED) e da teoria de campo

escalar   4 , as formas usuais de se tratar estes problema podem envolver várias

técnicas de regularização para renormalização das teorias. No entanto, com a nossa

pesquisa de exploração do Método de Thompson, tentaremos mostrar algumas

possibilidades que poderiam reduzir significativamente esforços na obtenção de

alguns desses resultados. Um deles, por exemplo, seria o caso do cálculo da

“constante” de acoplamento    para a QED4.

Outro resultado de nosso trabalho será a obtenção de expoentes críticos para

os modelos N -vetorial e N -vetorial com campo aleatório, já incluindo o RFIM


9

(Modelo de Ising com campo aleatório), tendo em vista as dificuldades de tratar tais

problemas à luz de métodos numéricos e de simulação computacional (Simulação

Monte Carlo).

Nossa pesquisa se presta também à abordagem de problemas com níveis de

relevância específicos. Entre eles, citamos a questão do expoente de crescimento g 

para cadeias de polímeros, obtido de maneira analítica, sendo função da

dimensionalidade do sistema no qual a cadeia de polímero está embebida g  g d  .

Tal expoente crítico é dado nos instantes iniciais de crescimento da cadeia polimérica.

Em suma, o nosso objetivo será aplicar de maneira inovadora o Método de

Thompson nos vários sistemas. O M.T. representa uma forma alternativa simples ao

Método do Grupo de Renormalização de K.G. Wilson. Ambos os métodos podem ser

usados para tratar sistemas com várias dimensionalidades e escalas de comprimento

(ou energia).

Para tanto, construímos alguns passos que permitiriam o desenvolvimento da

pesquisa. Começamos em 1º lugar com o estudo do Grupo de Renormalização (G.R)

aplicado ao modelo L.G.W. Em seguida, aplicamos o Método de Thompson (M.T) no

referido modelo. Assim, poderemos fazer um estudo comparativo dos resultados

obtidos por ambos os métodos.

A tese está dividida em 6 capítulos, a saber:

No 1º capítulo, usamos o G.R e o M.T para estudar o modelo L.G.W. tendo em

vista estabelecer critérios de comparação entre eles. Como o G.R será usado numa 1ª

aproximação de regime ligeiramente fora do campo médio   4  d   1 , onde há

poucas flutuações, então, observamos por comparação, que o M.T é


10

essencialmente não-perturbativo, valendo em princípio para qualquer ' ' d  4 ,

de tal forma que a 1ª aproximação do G.R (ordem  em expansão perturbativa)

fica incorporada pelo M.T, sendo naturalmente recuperada quando fazemos

d  4 para os resultados obtidos pelo M.T.

No 2º capítulo, examinamos o modelo N -vetorial e o modelo N -vetorial na

presença de campo aleatório, com base no M.T, tendo em vista a obtenção dos

expoentes críticos do comprimento de correlação v  e do calor específico   , em

função da dimensionalidade do sistema d  e do grau de liberdade N  do parâmetro

de ordem. Como o parâmetro de ordem é representado pelo spin médio por

partícula Si  , o grau de liberdade N  associado ao spin no modelo N -vetorial

representa uma dimensionalidade intrínseca para o spin nesse modelo. Assim sendo,

se, por exemplo, N  1 , o spin fica reduzido a uma única dimensão, podendo assumir

apenas dois. Neste caso, temos o modelo de Ising. Quando N  2 , o spin (direção de

spin) se orienta num espaço 2  D (Ex: modelo xy). Para N  3 , o spin está no

espaço 3  D , que é chamado modelo de Heisenberg (Ex. magnetos isotrópicos).

Logo, em geral, temos N componentes de spin para o modelo N -vetorial. No limite em

que N   , temos o chamado modelo esférico.

No 3º capítulo, estudamos os modelos de reações químicas limitadas por

difusão do tipo A  A  0 e A  B  0 , com e sem difusão anômala, e também as

reações de coalescência do tipo KA  lA , com difusão browniana e não-browniana.

Em algumas reações, tratamos o caso de regime estacionário na presença de uma

fonte homogênea externa  h  de partículas. Neste caso, obtemos expoentes críticos e

relações de escala entre tais expoentes, que são os expoentes  para a concentração
11

 em regime estacionário e  ' para o tempo de relação  h ; ambos obtidos no limite


h

crítico em que h  0 , isto é, taxa de campo externo nula.

O capítulo 4 é um dos principais da tese. Nele é proposto uma nova forma de

se tratar o problema do crescimento de uma macromolécula de polímero, mediante a

elaboração de uma ação (“energia livre”), na qual se aplicam as prescrições de

Thompson. Com isso, seremos capazes de extrair informações de uma cadeia linear

de polímero, como por exemplo, o expoente g(d) de crescimento inicial da cadeia,

obtido de forma analítica em função da dimensionalidade (d) do espaço no qual a

cadeia está embebida; o expoente de Fisher d  , que fornece o grau de decaimento

da probabilidade de crescimento da cadeia, obtido em tempos longos quando a cadeia

polimérica alcança um tamanho limite máximo. Tal tamanho é dado pelo chamado raio

de Flory R F  , sendo R F  N F , onde N é o número de monômeros na cadeia e  F


é o chamado expoente de Flory, que também vamos obter  F d  pela aplicação do

M.T na ação construída para o modelo.

Tendo em vista investigar o alcance de aplicabilidade do M.T, o 5º capítulo se

destina ao estudo da teoria de campo escalar do tipo g 4 em 4-dimensões, na

obtenção do acoplamento g    do modelo. A importância desse capítulo prende-se

ao fato de que o método (M.T) pode ser estendido à aplicação em alguns tópicos de

teorias de campos. Então, embora o nosso objetivo seja a obtenção da função  4 do

grupo de renormalização para essa teoria, que já é bem conhecida pelos métodos

usuais, a novidade reside na maneira como tratamos o problema, através de

argumentos dimensionais que fundamentam uma das prescrições do presente método

(M.T).
12

Por fim, o último capítulo contempla a aplicação do M.T à Eletrodinâmica

Quântica em 4-dimensões QED4  , através da obtenção da função  do grupo de

renormalização para essa teoria, dada numa 1ª aproximação. Este capítulo traz

também um apêndice, onde se considera um aprimoramento para o método proposto

por Thompson com o objetivo de obter o comportamento da constante de acoplamento

  (estrutura fina) e m  (massa do elétron) em escalas de energias mais altas.

Esse tratamento representa uma 2ª aproximação para o método.

Ao findar essa introdução, alguns comentários tornam-se pertinentes. Sabe-se

que alguns resultados obtidos, tais como a função  da QED4 e da teoria g 4 já

estão consagrados na literatura existente. No entanto, a obtenção desses resultados

através do M.T. talvez se justifique tendo em vista a exploração do alcance do método.


13

Capítulo 1

1 Estudo comparado do Grupo de Renormalização de


Wilson com o método do Grupo de Renormalização
de Thompson aplicado a sistemas magnéticos da
classe de universalidade dos modelos de Ising –  4 .
Introdução

Na Física, existe um vasto espectro de problemas onde flutuações ocorrem em


todas as escalas de comprimento, desde os comprimentos de onda ao nível
microscópico (altas energias) até grandes comprimentos (energias muito baixas). Os
fenômenos críticos e a física de partículas elementares estão incluídos nesta classe de
problemas.

A maneira mais conhecida de lidar com esses problemas, envolvendo várias


escalas de comprimento é o chamado método do Grupo de Renormalização (G.R.),
que, quando aplicado para tratar o comportamento crítico de um sistema com
transição de fase de 2ª ordem, mostra-se capaz de obter os expoentes críticos desse
sistema [1-7].

Uma forma alternativa de lidar com problemas de várias escalas de


comprimento foi proposta por C.J. Thompson [8], que usou um método heurístico (das
dimensões) com o objetivo de obter o expoente crítico do comprimento de correlação
(), que controla o comportamento de um sistema nas vizinhanças de seu ponto
crítico.

Thompson [8] partiu da chamada hamiltoniana ou energia livre de Landau –


Ginsburg – Wilson, que trata de sistemas com magnetização M numa dada
temperatura T, sendo que daí ele obteve uma relação para o expoente  em função da
dimensionalidade d do problema. Assim, Thompson [8] obteve:

  d  2  para d  4

 4  d  1

 (d )  e (1.1)
1
 para d  4, (regime de campo médio),
 2
14

onde d representa a dimensionalidade do sistema.

1
O valor   para d  4 (regime de campo médio) está em concordância
2
com os argumentos do G.R.

Se expandirmos d  para d  4 em potências de ε  4 - d , obtemos

1 ε 1
 d   
    2  .... 
2 12  
 
   2 .... . Observa-se que tal expansão
2 1  
 6
para d  4  do resultado de Thompson 8 concorda com o obtido pelo G.R. [1,7]

em ordem   O    .   
O termo de ordem  2 O  2 , no entanto, não apresenta

concordância com os cálculos mais refinados do G  R9 . Portanto, apesar de não

haver concordância exata em todas as ordens  para  d  4  do Método de

Thompson M  T  em relação ao G.R., veremos nesse capítulo que a vantagem do

resultado obtido por Thompson está na forma analítica que é obtida para d d  4  ,

de onde obtemos que  d  1   . Este resultado é exato para d  1 . O M.T também

fornece o resultado exato  d  2   1 .

Nosso propósito é fazer um estudo comparado entre o G  R e o M  T quando


aplicados aos fenômenos críticos (transição de 2a ordem), em modelos do tipo
I sin g   4 (Hamiltoniana ou energia livre de Landau – Ginsburg – Wilson =
L  G W . O objetivo desse estudo inclui em principio a obtenção dos expoentes

críticos do sistema ,  , e também a obtenção de equações diferenciais que regem o

comportamento dos parâmetros L  e u L  da hamiltoniana L  G  W , obtidos numa

dada aproximação para a escala L (L grande) e o parâmetro de expansão   4  d .


Assim, tais equações diferenciais obtidas pelo G.R. [1] serão depois obtidas pelo M.T.
[8], de forma que podemos comparar melhor os dois métodos aplicados a esses tipos
de problemas. Assim, fundamentamos pelo G  R as prescrições heurísticas do M.T.
Em suma, devemos traçar basicamente um paralelo entre o G.R. [1] e o M.T. [8],
aplicados a tais sistemas cooperativos. Inicialmente, vamos começar com o G.R na
seção que se segue.
15

1.1 O Grupo de Renormalização de Wilson aplicado em


fenômenos críticos: modelos tipo Ising – Φ4 .
O Grupo de Renormalização de Wilson (G.R) é um método poderoso, capaz de
lidar com problemas envolvendo várias escalas de comprimento. A estratégia deste
método consiste em tratar um problema em passos; i  é , um passo para cada escala
de comprimento. No caso de fenômenos críticos, o problema tecnicamente está em
todas as escalas de tamanho no sistema. Portanto, o método G.R. permite fazer
integrações em seqüências de flutuações, começando com flutuações numa escala
atômica, e com isto, caminhando para escalas sucessivamente maiores, até que as
flutuações em todas as escalas tenham sido tomadas na média para cada uma destas
separadamente.

A fim de ilustrarmos as idéias do G  R , o caso básico de fenômeno crítico


será discutido em mais detalhes. Então, primeiramente, a teoria de campo médio de
Landau [10,11] será brevemente descrita e importantes questões ficarão definidas. O
G.R, portanto será apresentado como aperfeiçoamento para a teoria de Landau [1,2].

O ponto de Curie [10] de um material ferromagnético é usado como um


exemplo específico de um ponto crítico para estabelecer uma transição de fase em 2a
ordem, sendo a magnetização M o parâmetro de ordem do sistema. Assim, quando
estamos abaixo da temperatura de Curie T  Tc  , um ferromagneto ideal exibe

magnetização espontânea M  O  na ausência de um campo externo. Acima da


temperatura de Curie Tc T  Tc  não há magnetização espontânea M  O  . A figura

(1) mostra um gráfico típico da magnetização espontânea versus temperatura (T).

Justamente abaixo de TC , a magnetização comporta-se como M ~ TC  T  ,onde 


é o expoente crítico da magnetização. Para d  4 (campo médio, onde vale a teoria


1 1
de Landau), temos   . Para d  3 , obtém-se   12,13 . Para d  2 , temos
2 3
1
 (solução exata do modelo de Ising 2-d) [14].
8
16

Tc T

Figura 1: Gráfico da Magnetização versus Temperatura para um magneto.

Ao nível microscópico, o magnetismo é causado no nível atômico por elétrons


com momentos magnéticos desemparelhados. Para T  TC , o material é
ferromagnético, isto é, apresenta um par de elétrons vizinhos com momentos
alinhados (energia de ligação mais baixa). Para T  TC , os elétrons desemparelhados

começam a ter momentos magnéticos anti-alinhados, ou seja, o material torna-se


paramagnético. Na verdade, é o aumento da agitação térmica que vai destruindo tal
alinhamento [10] (energia mais alta).

Quando a temperatura é reduzida para bem perto da temperatura crítica de


Curie TC  T  TC  , o alinhamento de um dado momento magnético (spin) provoca

um alinhamento preferencial (idêntico) para uma distância considerável, chamada de


comprimento de correlação. Justamente em TC T  TC  , o comprimento de correlação

 torna-se infinito, e todo o sistema passa a ter preferência por um dado alinhamento.
Este torna-se invariante por escala em T  TC , ou auto-similar nas escalas de

comprimento [10].

Ligeiramente acima de TC , o comprimento de correlação comporta-se como

 ~ T  TC  , sendo  o chamado expoente crítico do comprimento de correlação.

1
Temos que   em regime de campo médio de Landau d  4  . Obteve-se
2
que   0,6 para d  3 [15]. Para d  2 , obtém-se   1 [14].
17

A proposta de Landau 10,11 foi que, se somente configurações com uma


dada densidade de magnetização M fossem consideradas, então teríamos uma
energia livre que é analítica em M. Logo, para M pequeno, a forma da energia livre até
a quarta ordem em M é dada da seguinte maneira, com base na condição de
analiticidade:

F  V M 2  uM 4  , (1.2).

onde V é o volume do magneto, e  e u são constantes que dependem


apenas da temperatura.

Na ausência de um campo magnético externo, a energia livre F em (1.2) não


pode depender do sinal de M, portanto somente potências pares de M ocorrem.

Na teoria de Landau, temos   0 na temperatura crítica, e u deve ser sempre


positivo u  O  . Na fase magnetizada T  Tc  , o mínimo de F ocorre para M  O ,

pois devemos ter a seguinte solução para o mínimo de F.

F
M

 2M  4uM 3 V  O  (1.3).

De (1.3) obtemos:


M , (1.4).
2u

sendo   T  TC  , quando T está próximo de TC T  TC  .  e u são

d 
funções analíticas de T . Embora TC   0 , considera-se que  0.
dT  TC

Quando se considera uma magnetização com variação espacial suave


M  Mx  na energia livre de Landau, esta por sua vez toma a forma da energia

livre de Landau – Ginsburg 16,17 , a saber:

 
F   d 3 x M  x   M 2 x   uM 4  x   B x M x  ,
2
(1.5)
18

onde B  x  é um campo magnético externo.

Na verdade, o termo gradiente em (1.5) é o termo predominante numa


expansão envolvendo arbitrariamente várias potências de gradiente e também várias
potências de M. [10]. Assim, para campos M x  , variando lentamente em x, podemos

desprezar as altas potências de M , pois este já é pequeno. Normalmente o termo

" Mx  " apresenta um coeficiente constante. Aqui, vamos fazê-lo igual a 1 .
2

De (1.5), obtém-se o expoente crítico  para o comprimento de correlação


perto de TC . Para tal propósito, vamos considerar Bx  uma função  localizada em

 
x = 0. O termo u em (1.5) uM 4 , neste caso, pode ser desprezado, e a magnetização

que minimiza a energia livre para T  TC na presença do campo externo será:

  2 Mx   Mx   B 3  x  , (1.6).

De onde vem:

M x   B 
exp.  R x / X 
(1.7)

1 1
 T  TC  2 .

sendo   (1.8).

1
Logo   . Este é um expoente no regime de campo médio, o que está em
2
desacordo com os resultados experimentais para d  3 (tri dimensional), gerando
uma quebra de validade da teoria de Landau nesta dimensionalidade. Isto requer uma
nova teoria para corrigí-la em d  4 . Aí entra o G  R de Wilson, pois abaixo de 4 –
dimensões, as flutuações em todas as escalas L até o comprimento de correlação 

são importantes [7]; sendo a  L   , onde ‘a’ representa o parâmetro de rede. Assim,

“d = 4” representa uma linha divisória no modelo de Ising   4 , abaixo da qual


flutuações são relevantes na obtenção dos expoentes críticos, e acima da qual
recaímos no campo médio clássico da teoria de Landau [10]. O chamado critério de
Ginsburg [18] também prevê que ' d  4' é a linha divisória desse modelo.
19

A teoria de Landau só é válida no regime d  4 (campo médio). Na teoria de


Landau,  e u em (1.5) deveriam ser independentes da escala L, sendo dependentes
apenas da temperatura. O método G.R também se aplica justamente onde a teoria de
Landau falha, isto é, para d  4 . Como flutuações nas escalas de L são relevantes
neste regime d  4  , então considera-se  e u dependentes de L [2]. Então vem:

  L, T  e u  u L, T  [2]. Assim, no caso de L   , a relação (1.8) fica corrigida


da seguinte forma:

1 1 1
 1
 r  

2 T  TC  2 , (1.9)
, T 2

sendo r    f ,   , o que pode ser obtido pelo G.R para todas as ordens em

  4  d . Em [2], K.G. Wilson obtém r   em O  . Ele obtém que    T  TC 


6 1
2 .

Se d  4 ou d  4 , então  6  1  0  , recaindo na teoria de campo médio de


Landau.

A magnetização espontânea fica dada da seguinte forma:

M  , T  / u , T  2 .
1
(1.10).

Dado  , T  e u ,   para L   , e dado também L, T  e u L,   , para

L   ; digamos que L  1 , onde teríamos 1, T  e u 1, T  ; então podemos conectar


1, T  com  , T  e u 1, T  com u , T  , que é feito através do método G.R. Este
busca derivar as equações diferenciais para d / dL e du / dL , que será o nosso
propósito. Para isto, vamos considerar uma pequena variação em L, isto é, L1 de

forma a relacionar L  com L  L  e u L  com u L  L  , tal que estas

pequenas variações nos permitam a obtenção das equações diferenciais para d / dL


e du / dL , onde algumas aproximações serão feitas [1].

Dado que os parâmetros  e u dependem de L, logo a energia livre F seria


denotada por FL . Assim teríamos:
20

L
 2

FL   d d d x M  x   L M 2  x   u L  M 4  x  , (1.11)

na ausência de um campo externo. A integral (1.11) é dada num volume d –


dimensional, de forma que d passa a ser uma variável livre. FL em (1.11) passa a ser
chamada energia livre de Landau – Ginsburg – Wilson (L.G.W).

A fim de estudar os efeitos de flutuações, somente uma única escala de


comprimento de onda L será considerada aqui, sendo L   . Quaisquer flutuações

com comprimento de onda L   serão sempre desprezadas. Então, devemos fixar L


nestas condições e pensarmos em flutuações nesta escala. Este é o passo
fundamental no método G.R [1].

Para podermos pensar em flutuações na escala L, e como também queremos


obter as equações diferenciais para d / dL e du / dL , então devemos considerar
somente flutuações com comprimentos de onda variando num intervalo infinitesimal L
para L  L .

Como estamos querendo fazer médias sobre esses comprimentos de onda


(flutuações), indo de L até L  L , devemos iniciar com o fator de Boltzmann
exp. - FL M  x  , onde os comprimentos de onda entre L e L   L ainda estão
presentes em M x  . Portanto, devemos pensar em fazer médias sobre flutuações em

M x  com comprimentos de onda entre L e L  L . Assim sendo, o resultado das


médias sobre estas flutuações em M x  será uma energia livre FL L para uma dada

função de magnetização denotada por M H x  , isto é, FL L M H  x . M H x  é uma

função de magnetização que se caracteriza pelo fato de apresentar flutuações


somente em comprimentos de onda  (L   L) ; portanto, no regime de comprimentos

 L   L , M H x  varia mais lentamente do que Mx  . Em virtude disso, fazemos


uma simplificação, dizendo que M x  fica praticamente constante neste regime

1 : M H x   M H .

Com isso, observamos que há uma diferença M  x   M H  x   0 . Na verdade,


tal diferença deveria ser expandida num conjunto de funções de pacote de onda
 n x  associado às flutuações. Cada pacote apresenta momentum somente no
21

intervalo 1 até 1
L L  L  , mas que é localizado em x o tanto quanto possível. Pelo
princípio da Incerteza, desde que cada função  n x  deva preencher um volume no

espaço de fase, o volume para cada  n x  é  V  Ld 1 / L . (1.12).

Logo existem V /  V funções de onda  n x  . Portanto, vamos escrever:

M x   M H x    m n  n x  , (1.13).
n

tal que as integrações a serem tomadas são integrações sobre os coeficientes


mn .

Vamos então tratar M H x  como se fosse uma constante sobre o volume

ocupado por  n x  . Em outras palavras, dizemos que os longos comprimentos de

onda em M H x  são colocados para perto de L.

O cálculo a ser feito é computar a seguinte integral sobre todos os coeficientes


m da expansão:

  FL  M H  m 
  dm e
-F
L  L  M H 
e , (1.14)


sendo M H  m  M x  para um “n”fixo.

Com base em (1.11), vamos escrever FL M H x   m x  através da seguinte


integral:

FL M H  m  


  d d x M H  m   L M H  m   u L M H  m  .
2 2 4
 (1.15).

Abrindo as chaves no integrando de (1.15), vem:


FL M H  m    d d x M H   m 2    2mM H  
2 2

  L  M 2H   L  m 2  2  2 L  M H m   u L  M 4H 
22

 4  4  4
 u L  mM H3   u L  m 2 M H2  2  u L  m 3 M H 3 
1   2 3

 4 
 u L  m 4 M 0H  4  (1.16).
 4 

Como queremos apenas pequenas flutuações, então vamos desprezar termos


em 3 e  4 em (1.16). Dado que os termos lineares em  apresentam integrais
nulas (no volume), logo escrevemos:


FL M H  m    d d x M H    L  M 2H  u L M 4H 
2

  4 
  d d x m 2     L  m 2  2  u L  m 2 M 2H  2  .
2
(1.17).
  2 

Ou também podemos escrever:

FL M H  m   FL M H  

  4 
  d d x m 2     L  m 2  2  u L  m 2 M 2H  2  .
2
(1.18).
  2 

Introduzindo a condição de normalização em (1.18), isto é,


1
"  d x  d d x  1" e "  d x  d d x 
2 2
" finalmente obtemos:
L L L2

 1 
FL M H  m   FL M H   L   2  m 2  6u L M 2H m 2  . (1.19).
 L  

Substituindo o integrando (expoente FL da exponencial) da integral (1.14) pelo


seu valor dado em (1.19), vem:

  1 
   L  2  6 u L M H2  m 2
e  FL L  M H   e  FL  M H    dm e  L 
. (1.20).

23

Devemos lembrar que a integral que aparece em (1.20) é uma integral


 
"  dx e -ax 
2
gaussiana da forma ", onde temos xm e
 a
 1 
a  a L   L   2  6u L  M 2H  .
 L 

Assim, substituindo esta informação em (1.20) e resolvendo a integral


gaussiana em (1.20), obtemos:

1

 1 
 L   2  6u L M 2H 
2
 FL  L M H   FL M H 
e   e (1.21).
 L 

Aplicando o logaritmo ln  em ambos os membros de (1.21), vem:

1 1 
FL  L M H   FL M H   ln  2  L   6u L M 2H  , (1.22).
2 L 

 
onde a constante “ ln  ” já está absorvida no “ln” de (1.22).

Por outro lado, observamos que também podemos escrever:

FLL M H   FL M H   FL M H  , (1.23).

ou então:

FL L M H   FL M H   FL M H  . (1.24).

Comparando (1.23) ou (1.24) com (1.22), obtemos que


1 1 
FL M H   ln  2    L   6u  L  M H2  . (1.25).
2 L 

Ainda, por outro lado, escrevemos:

FL   L L   L M H2  u L L  u L M H4 V . (1.26).

“ V ” representa um pequeno incremento de volume (devido a  L ), que é

ocupado por uma certa função (de flutuação)  n  x  . Assim sendo, a razão "V / V"
24

nos dá o número de funções  n x  (pacote de largura finita) que preenche o volume

total V . Obviamente, com base em (1.26), se fizermos L  0 , então vem que


F  0 .

Comparando (1.26) com (1.25), vem:

 L  L 
  L M 2H  u L  L  u L M 4H V 

1 1 
 ln  2  L   6u L M 2H  (1.27).
2 L 

1
Agora, vamos escrever o ‘ln’ em (1.27) da seguinte maneira, colocando em
L2
evidência no seu argumento:

1 1 
ln  2  L   6u L M 2H  
2 L 


1 1
2 L
 
ln  2 1  L L2  6u L M 2H L2   

1
2

 ln L1   ln 1  L L2  6u L M 2H L2 .  (1.28).

Expandimos o ‘ln’ em (1.28) e mantemos somente os termos da ordem M H2 e

M H4 . Já devemos ter em mente que a  L   , sendo ‘ a ’ o tamanho do sítio na


escala atômica, e  o comprimento de correlação. Se fizermos a  1 (1: unidade

mínima de escala), então 1  L   . Expandindo o ‘ln’, vem:

1
2

ln 1  L L2  6u L M 2H L2   


1
2
L L2  6u L M 2H L2   L L2  6u L M 2H L2  
1
4
2
25

 *  L L2   2 L L4   3u L M 2H L2  9u 2 L M 4H L4 


1 1 
2 4 

 3L u L M 2H L4  , (1.29).

*
1 1
sendo L L2   2 L L4  termos independentes de M H .
2 4

Quanto aos termos independentes de M H , podemos desprezá-los aqui,pois só

estamos interessados nos termos de dependência com M H2 e M H4 , com o objetivo de

compará-los diretamente com os termos de FL em (1.27). Assim, finalmente teremos:

 L  L 
  L M 2H  u L  L  u L M 4H V 

 3u L M 2H L2  9u 2 L M 4H L4  3L u L M 2H L4  . (1.30).

Sabe-se que o volume do espaço de posição para cada pacote  n x  é

V  Ld 1 / L1 . Daí escrevemos:

VL L d 1  1 . (1.31).

Como (1.31) é a unidade, vamos multiplicá-la pelo 2º. membro de (1.30) e


reagrupar os termos em M H2 e M H4 obtendo:

 L  L 
  L M 2H  u L  L  u L M 4H 


 L 3u L L1d  3 L u L L3d M 2H  9u 2L L3d M 4H .  (1.32).

Comparando os termos em M H2 e M H4 do 1o membro de (1.32) com os do 2o


membro, vem:

 L L   L  3u L L1d  3 L u L L3d L; (1.32-a).

u L L  u L  9u L2 L3 d L . (1.32-b).


26

De (1.32-a) e (1.32-b), extraímos as seguintes equações diferenciais:

d L
L  3u L L2d  3 L u L L4d ; (1.32-c).
dL

du L
L  9u L2 L4 d . (1.32-d).
dL

A solução u L  pode ser obtida pela integração de (1.32-d). Daí obtemos

u L  
4  d  Ld 4 . (1.33).
9

Introduzindo (1.33) em (1.32-c), obtemos a seguinte equação diferencial


somente para L  , desacoplando-se de u L  :

d L 4  d  4  d  L3
 L  (1.34).
dL 3L 3

Fazendo a aproximação L   (muito grande) em (1.34), e depois integrando


a equação, obtemos a seguinte solução:

d  4 
L   CT L 3
, (1.35).

onde CT  é um coeficiente que depende apenas da temperatura, sendo


definido da seguinte maneira:

CT     T  TC  .

Tendo por base os mesmos procedimentos do G.R usados na energia livre


L.G.W da classe do modelo Ising –  4 , então, agora, vamos aplicá-los a uma ação
L.G.W estendida (generalizada), dada da seguinte maneira a seguir:

L
 

2

FL , M  x    d  2 M  x    L M 2  x   u L M 4  x  d d x, (1.36).
27

onde  representa uma ‘mímica’ para o gradiente   . Assim, temos que

 seria

2
um gradiente modificado (gradiente fracional). Sua existência

  2  modificaria a forma do decaimento da função de correlação de dois spins


fixados espacialmente na rede; ou em outras palavras, modificaria a forma da variação
espacial da função de magnetização M x  na rede. Obviamente, se   2 ,
recaímos no gradiente usual da ação L.G.W.

Logo, dado que Mx   M H x   m x  , nas mesmas condições anteriores;

assim sendo, substituindo esta informação na ação FL acima, abrindo os parênteses

e selecionando apenas pequenas flutuações em  ao desprezarmos   3 , etc…,  


então chegamos na seguinte aproximação:

FL M H  m   FL , M H   m 2  d   / 2 d d x 
L
 
2

 m 2 L  d d d x   6u L M H2 m 2  d   d d x ,
2 2
(1.37)
L L

onde    x , M H  M H x  e FL , M H   FL , M H  x  =

L d

d d x  2M H

2
   L  M H2  u  L  M H4 . 
Vamos introduzir as mesmas condições de normalização já usadas

anteriormente, com exceção do termo em ‘  2 ’, de onde obtemos a seguinte condição
de normalização:

L d

ddx  2


2
 1 L . Assim, basta fazermos   2 , recaindo na condição


anterior ~ L2 . 
Fazendo isso, vamos escrever:

 1  
FL , M H  m   FL , M H     L     m 2  6u  L  M H2 m 2  (1.38).
 L  

Daí, podemos escrever:


28

  
exp  FL  L , M H   exp  FL , M H  x 

 1 
x  _  dm exp - L     6uL M 2H  m 2 , (1.39),
 L 

onde consideramos M H praticamente constante no volume Ld considerado.

Resolvendo a integral gaussiana acima e aplicando o logaritmo n em ambos


os lados da equação, vem:

1 1 
FLL , M H   FL , M H   n     L   6u L M 2H  (1.40).
2 L 

Expandindo ‘ n 1  x   x  x 2 2 ’ no ‘ n ’ acima, depois de colocarmos 1 L

em evidência no seu argumento, e desconsiderando os termos independentes de M H


que surgem, chegamos em

FL  L , M H   FL , M H   FL, 


 3u  L  L  3  L u  L  L2 M H2  9u 2L  L2 M H4  ;  (1.41).

Por outro lado, devemos ter

 FL ,   L L   L M H2  u L L  u L M H4 V , (1.42)

onde V representa uma pequena variação de volume, relacionado à variação


L .

Já sabemos que  VLL d 1  1 . Assim, multiplicando (1.41) por esta relação

ou a unidade, e comparando (1.42) com (1.41) através dos termos em M 2H e M 4H


separadamente, então finalmente obteremos as seguintes equações diferenciais,
depois de alguns passos algébricos:

d  L 
i) L  3u  L  L d  3 L  u  L  L2 d , (1.43).
dL
29

du  L 
ii) L  9u 2L  L2  d . (1.44).
dL

A solução u  L  para a equação (1.44) será

uL  
2  d  Ld 2 (1.45).
9

Daí obtemos d c (dimensão crítica superior)  2 . Se   2  d c  4 ,


recaindo no caso anterior (L.G.W).

Introduzindo a solução para u  L  na equação (1.43), obtemos a seguinte

equação diferencial para  L  na forma desacoplada:

d L 

2  d   
2  d  L1
L 
dL 3L 3 (1.46).

Fazendo L muito grande (regime assintótico) na equação (1.46) acima,


obtemos a seguinte solução neste regime:

d  2  
  L   CL 3
, (1.47)

onde C  C       c  , sendo  a temperatura. C é uma função da

temperatura somente, pois é apenas uma constante que surge na integração em L da


 
equação diferencial  L  no regime assintótico.

1.2 O Método do Grupo de Renormalização de Thompson


aplicado a sistemas magnéticos da classe de
universalidade dos modelos de Ising.
Num artigo de 1976, Thompson [8] aplicou seu método ao modelo de Landau –

Ginsburg – Wilson (Energia livre L.G.W) com o objetivo de obter o expoente crítico do

comprimento de correlação   do sistema magnético (magnetização M) nas


30

vizinhanças de sua temperatura crítica (Tc). Assim, ele partiu da seguinte energia livre

L.G.W:

L

F   d d d x M   r L M 2  u L M 4 ,
2
 (1.48)

onde M = M(x). Comparando (1.48) com (1.11) da secção anterior, observamos


que  L  L   r L  .

O parâmetro  é dado por     c  / c .

Na representação de Landau, a magnetização de equilíbrio satisfaz:

 M L 2 para   0 ou T  c ,
M2  (1.49)
0 para   0 ou T  c ,

onde ML2 = r (L) / u (L). O comprimento de correlação é dado da seguinte


forma:

 = [  r () ] -1/2
 L  -1/2
 L(T – Tc) -1/2
, sendo L = [r () ]- ½
, que é
interpretado como um tipo de comprimento de coerência resultante de flutuações nas
vizinhanças de Tc, o que vai depender da dimensionalidade d do sistema que estamos
considerando. Esta relação acima é a mesma relação (1.49) do GR, obtida na secção
anterior.

Então, vamos mostrar que, se não há flutuações em d  4 (campo médio), ML2


e L ficam constantes, e assim obtemos que

  C te   2  C te T  Tc   C te T  Tc  , onde  = ½ (expoente crítico do


1  12 

comprimento de correlação no regime de campo médio). Neste regime também

obtemos:

 2

M 2     C te , M L  C te  M 2  C te Tc  T   M  C te Tc  T    
 1
2 ,

que é o expoente crítico da magnetização em regime clássico ou campo médio


(sem flutuações).
31

Em geral, devemos escrever:

   L 1 / 2    , (1.50)

onde    (d), que vamos obter pela aplicação do Método de Thompson (M.T)
na ação em (1.48). Já sabemos que  ( d  4 ,) = ½ no regime de campo médio, onde
‘ d c  4 ’ representa a dimensão crítica superior do problema, acima da qual temos um

regime de campo médio.

O Método de Thompson fundamenta-se em 3 prescrições heurísticas, a seguir:

a) O módulo da integral de cada termo da ação tomado separadamente,


considerando a integral num dado volume de coerência Ld em d – dimensões, deve
ser da ordem da unidade, onde L representa a escala de comprimento considerada na
integração. Na verdade, esta prescrição nos permite fazer uma análise dimensional de
escala (L) em d – dimensões para certas grandezas na ação considerada, tomando-as
em valores médios dentro de um dado volume de coerência ou característico Ld . O
volume da coerência é tal que a d  Ld   d , sendo “a” o parâmetro de rede (a=1) e  o

comprimento de correlação.

b) Para valores de d  4 , (no caso Ising – 4), devemos ter u (L) e r (L)  1
(constante) ou independente de L, o que corresponde ao regime de campo médio.

c) A flutuação da energia livre deve ser da ordem de  Ld ; isto é,

 L d  [r  L ] . Assim, teremos f   dL ~ 1 .
d
2

Vamos aplicar a prescrição (a) em cada termo da ação:

1o termo:

 M  d
2 d
x ~ Ld  2 M 2 ~ 1
Ld

 M 2 ~ L2 d  (1.51)

2o termo:
32

 r L M 2 d d x ~ 1
Ld

 r ( L) M 2 Ld ~ 1. (1.52)

Substituindo (1.51) em (1.52), obtemos:

 r (L) L2 ~1. (1.53)

Pensando que L =  para o caso do comprimento de correlação perto do ponto


crítico, então vem:

 ~ r      L       
1 1
2 2
(1.54)

Este resultado (1.54) foi obtido anteriormente na secção (1.1), mas agora,
fomos capazes de obtê-lo a partir do M.T, que é uma forma alternativa ao GR.

3° termo: Ld
u ( L) M 4 d d x ~ 1  (1.55)

Daí, obtemos: u  L  M 4 Ld ~ 1 .

2
Agora, vamos pensar que: M4  M2 ~ L4  2 d . Substituindo esta última

informação em (1.55), vem: u (L) L4 – d ~1; ou melhor,

 Ld  4 para d  4
u L  ~  (1.56)
1 para d  4

Em (1.56), introduzimos a 2ª prescrição de Thompson, de forma que, para


d  4 , temos u (L)  Lo = 1.

Aplicando a 3a prescrição de Thompson, já sabemos que

f   L-d = [r (L)] d/2, (1.57)

onde f é a flutuação da energia livre F.

r L 
Assim, se escrevemos: F f, (1.58)
u L 
33

teremos
L
 2

f   d m   r  L m 2  r  L m 4 d d x , onde m representa uma

M2
flutuação na magnetização, sendo que vamos definir m 2  2
.
ML

2 r L 
Já sabemos que M L  .
u L 

Substituindo (1.57) em (1.58) e sabendo que F ~ 1 , escrevemos:

r L 
F r L d 2 ~ 1. (1.59)
u L 

Substituindo (1.56) em (1.59), finalmente obtemos:

 L2 d  4  / d  2  para d  4
r L  ~  (1.60)
1 para d  4

Fazendo L =  (perto do ponto crítico) em (1.60), e sabendo que

   1 / 2  r
1 / 2
    , então, finalmente podemos obter.

 d  2 
 4d  1 para d4
 (1.61)
1 para d4
 2

Para d  1     , que é o expoente crítico para o modelo de Ising 1- D.

Para d  2    1 , para o modelo de Ising 2-D [14].

5
Para d  3    , para o modelo de Ising 3-D.
8

5
Obtivemos   d  3 pelo M.T. Não se obteve ainda  exato para o caso 3-
8

D. Logo, por comparação, observa-se que ‘  3   5 ’ obtido pelo M.T não está longe
8
daqueles obtidos na literatura [15], onde técnicas numéricas (Simulação Monte Carlo)
são utilizadas.
34

1.3 Comparação dos resultados obtidos pelo G.R e pelo M.T.


Na seção 1.1 desse capítulo, obtivemos duas equações diferenciais de G.R

para os parâmetros u L  e L  da energia livre L.G.W, tendo por base a

aproximação para regime assintótico (L grande). São elas:

du L 
L  9u 2L  L4d , (1.62).
dL

dL  4  d 
L  L   0 , (1.63)
dL 3

estando em regime assintótico L    . No caso mais geral   2  , tínhamos

basicamente as mesmas equações diferenciais, porém, obtínhamos d c  2 . Assim,

se   2 , recaíamos em (1.62) e (1.63) acima. Portanto, para o estudo comparado


entre o G.R e o M.T, as equações (1.62) e (1.63) já nos fornecem uma boa base para
comparação dos resultados.

De (1.62), obtivemos a seguinte solução:

u L  
4  d  Ld 4 . (1.64)
9

De (1.63), vem

L   CT Ld  4  / 3 , (1.65)

onde CT     T  Tc  .

Na seção 1.2, aplicamos o M.T na ação L.G.W, e daí obtemos o


comportamento de u L  e L  . Tínhamos obtido primeiramente que

u L  ~ Ld  4 . (1.66)

De fato, quando comparamos (1.66) obtido pelo M.T com (1.64) obtido pelo
G.R, observamos que (1.66) é uma relação de escalonamento contida em (1.64); ou
seja, é o comportamento de escalonamento para o parâmetro u(L) dado em regime
35

assintótico. Daí concluímos que o M.T permite apenas obter o escalonamento de


certos parâmetros, enquanto que o G.R, além disto, nos fornece também a amplitude

associada ao parâmetro, que, no caso (1.64), é dada por A d  


4  d  .
9

Assim, (1.66) é consistente com (1.64), sendo oriundo do seguinte


escalonamento: u L L4 d ~ C te  1 . Agora, podemos facilmente verificar que tal

escalonamento vem diretamente da ação L.G.W FL  . Para isso, vamos fazer

u L L4d  u L L4d  d d  u L L22d  Ld ~ 1 . Sendo M 2 ~ L2d , já obtido do para o


L

1º. termo da ação FL , então vem:

Ld   d u L M 4 d x ~ 1 . Esta é exatamente a 1ª prescrição de


2 d
uL  M 2
L L

Thompson aplicada ao 3º. termo da ação L.G.W para a obtenção de u L  , dado em


(1.66). De fato, esta é uma forma alternativa simples de obtenção de escalonamento,
diretamente a partir da ação (energia livre). O M.T [8] é portanto um método heurístico,
capaz de extrair os relações de escalonamento para os parâmetros obtidos via G.R
[1,2,4].

Em segundo lugar, obtemos via M.T o parâmetro r L  .

r L ~ L2d  4  / d  2  (1.67)

Podemos observar que o escalonamento (1.67) dado por Thompson satisfaz a


seguinte equação diferencial:

dr L  2d  4 2d  4  / d  2  1
 L .L ,
dL d  2

ou

dr L  2d  4 2d  4  / d  2 
L  L , (1.68)
dL d  2

ou ainda
36

dr L  24  d 
L  r L   0 . (1.69)
dL d  2

A equação diferencial (1.69) acima é obtida pelo M.T. Então, podemos


compará-la com a equação (1.63) obtida pelo G.R. Quando fazemos isto, observamos
de imediato que a relação “ L, T   CT r L   r L  ” é satisfeita, pois temos

‘   L, T  ’, enquanto que ‘r = r(L)’. A equação (1.69) recai praticamente na equação

(1.63) do G.R quando pensamos em d perto de 4d  4  . Fazendo esta aproximação,

podemos dizer que o coeficiente '24  d  / d  2 ' , que aparece em (1.69), fica da
seguinte forma:

24  d  24  d  4  d 
  , p./d  4 .
d  2 6 3

De fato, a equação (1.63) obtida pelo G.R contém apenas os efeitos de ordem
  4  d  quando pensamos na expansão perturbativa em   para o G.R. Em
outras palavras, a equação (1.63) do G.R só é válida nas vizinhanças inferiores da
dimensão crítica superior d c  4  do sistema. Isso ocorreu, pois, quando aplicamos o

   
G.R na ação L.G.W, tínhamos desprezado termos de O  3 , O  4 m 3  3 , m 4  4 ,... ,
etc…, simplificando o problema.

Com tudo isso, podemos concluir que (1.69) obtida pelo M.T, embora seja
válida apenas em regime assintótico, já contenha em princípio a informação para
qualquer d  4 , não se restringindo somente nas vizinhanças de ' d  4' . Apesar de
ser provavelmente um resultado não exato para qualquer d considerado, pelo menos é
fechado em d, i é, não-perturbativo. Isso, no fundo, já se deve ao fato do resultado
(1.67) incluir em princípio qualquer valor de d  4 . Em suma, o M.T fica indiferente
(insensível) ao tratamento perturbativo   usado normalmente na aplicação do G.R.

Pelo M.T (seção 1.2), o expoente crítico do comprimento de correlação   é


dado da seguinte maneira:

d2
 d   ; d  4. (1.70)
4d  1
37

Vamos expandir d  do M.T (rel. 1.70) em ordens de   4  d , e depois


comparamos o resultado obtido com a expansão  para  do G.R. Expandindo (1.70)
vem:

1 1   / 6  1
 
2 1   / 3 2
 
 1   / 6  1  /3   2 /9   3 / 27  ... 

1    2 3 
 1     ...  . (1.71)
2  6 18 54 

Logo, escrevemos:

1  
  1    O 2   ... , (1.72)
2 6

onde introduzimos d  4   em (1.70) para obtermos (1.72).

Observamos que, se   0 em (1.72), recaímos em   1 / 2 , que é o caso


clássico de expoente de campo médio na teoria de Landau.

Vamos escrever (1.72) enfatizando apenas a 1ª. ordem de O  . Então,


escrevemos:

1
1  
  2   , (1.73)
21   / 6  3

sendo   1. Este resultado bate exatamente com o obtido pelo G.R na 1ª.
ordem em  da expansão perturbativa [2] para o expoente  [2].

Assim, conclui-se que  obtido pelo M.T (eqs. 1.71, 1.72 e 1.73), reproduz
exatamente a 1ª. ordem em  dada pelo G.R [2] quando  eq. 1.70  é expandido em

  4  d . Em suma, o expoente  obtido pelo M.T bate exatamente com o do G.R [2]
 
na 1ª ordem de  O  da expansão. Isto já não ocorre com O  2 , etc...; no entanto,

numa situação global (efeito total ou não perturbativo), o expoente  d  do M.T


garante bons resultados para d longe de 4.
38

1.4 Apêndice
Tendo em vista que o M.T. é uma forma alternativa simples para o G.R, vamos
primeiramente procurar justificar a 1ª prescrição de escala de Thompson com base em
alguns argumentos básicos do próprio G.R. Assim, vamos apresentar aqui as
transformações básicas do G.R [10].

Começamos apresentando a hamiltoniana de Landau-Ginsburg na forma


generalizada. Pode-se considerar esta hamiltoniana, sendo obtida de um modelo de
spin, porém numa forma contínua, i. é, o spin é substituído por uma variável contínua
de spin  x  , que, basicamente, estaria representando uma magnetização (parâmetro
de ordem no caso de haver transição de 2ª ordem para a hamiltoniana particularizada,
definida nas seções anteriores). Assim, vamos escrever a seguinte hamiltoniana
generalizada:

1 1 1 1 1
H   d d x  c   r  2  u   4  u 6  6  u 8  8 
2

2 2! 4! 6! 8!

1 
  2    ... ,
2
 (1.74)
4! 

onde, se fizermos u 6  u8  ...   ...  0 , sendo r  0 , u   0 e c uma


constante, recaímos na forma particularizada da hamiltoniana, que normalmente
usamos para estudar a transição em 2ª ordem, fazendo r positivo ou negativo, porém

u   0 (positivo).

Na hamiltoniana (1.74), temos o chamado espaço de parâmetros, que é o


espaço desses vários coeficientes ou constantes de acoplamento, ou seja,

u  c, r , u  , u 6 , u 8 , ,.... (1.75)

´ x  ´ é uma função da variável contínua de rede (x).

~
Assim sendo, é conveniente introduzir a transformada de Fourier k  para

x  , dada por


39

~ aD d d x iK . x
 k   D / 2 e x    D / 2 e x  ,
iK . x
(1.76)
L x L

onde L é o tamanho do sistema.

As duas primeiras operações na transformação do grupo de renormalização


(RGT) são uma integração sobre os vetores de onda  / s  k   , seguida por uma
dilatação da unidade de comprimento por um fator s, isto é,

x  x ` x / s;

k  k ` sk . (1.77)

A terceira operação do RGT consiste numa “renormalização” da variável de


campo x  , ou seja,

i   x   ` x `  s  x   s d    x , ,

ou no espaço k, teremos:

~ ~ ~ ~
ii  k   `k `   s s  D / 2 k   s d   D / 2 k  (1.78)

A transformação (1.78) (ii) no espaço  k pode ser obtida da seguinte maneira,


sendo L` L / s :

~ d D x` iK `. x `
`k `   e ` x' 
L`d / 2
D

 LD / 2 e  s x  
 D / 2 d x iK . x
s
~ ~
  s s  D / 2  k   s d   D / 2 k .

O 1º termo da hamiltoniana (1.74) contém o gradiente do campo   e um

coeficiente c / 2 . Nota-se que o parâmetro c é irrelevante [10], pois o ponto fixo para
“ c  0 ” é trivial; ou seja, este caso corresponde ao limite T   , estando todos os
sítios (spins) desacoplados na rede. Portanto, podemos fixar seu valor em c  1 , e isto
é o que vamos fazer. Assim sendo, vamos mais adiante na obtenção do 1º termo
(gradiente) da hamiltoniana quando submetido a uma transformação de escala do G.R
40

(RGT). Sabendo que x` x / s, `x`  s d   x  e também que ` s , onde


` k ` e   k , então vamos escrever que

 d x```   d D x s  D  2 2 d    
D 2 2

  d x s  D  2 2 d      d D x  
D 2 2

 D  2  2d   0 , ou então, d   D / 2   1 (1.79)

Logo, se esta condição (1.79) é satisfeita, então obtemos uma invariância tal

 d x```   d D x   , sendo d  a dimensão do campo  pela análise


D 2 2
que

dimensional, que é a condição (1.79). Essa idéia de invariância pode ser estendida
para o espaço  k e também para toda a hamiltoniana, ou todos os termos da
hamiltoniana.

Assim, obtemos a invariância, tal que H` H . De outra maneira, podemos dizer
que a condição (1.79) para o campo  , que é a chamada dimensão canônica ou
normal do campo, nos leva a uma invariância de escala da hamiltoniana. Isto significa
que a condição (1.79) vem do fato de considerarmos que a hamiltoniana tenha
dimensão zero, pois não depende da escala  (invariância de escala), i. é, temos

H   0 , sendo H  H`   1 (constante). Assim sendo, para tal invariância ser

obedecida, então a troca ou variação na escala de comprimento `   deve ser

compensada pela troca na normalização do campo `   . Agora, já começamos a


perceber que a 1ª prescrição do grupo de renormalização de Thompson (M.T) está
fundamentada numa análise dimensional de escala, que tem origem na condição de
invariância de escala que impomos para cada termo da hamiltoniana, fazendo cada
termo constante    ou da ordem da unidade (1). Como, por exemplo, para o 1º
termo da hamiltoniana, tínhamos:

d
2

d d x  ~ 1   .  (1.80)

De (1.80), obtemos a seguinte análise dimensional de escala:  2     



2

d
~ 1.

      
Sendo  2 
2 2
, então finalmente obtemos:
41

 2   2 ~  2d ,

d
  1
ou   ~  2
 d  , (1.81)

d
sendo  ~  1 , e d      1 . Esta é exatamente a mesma condição (1.79)
2
obtida da condição de invariância por transformações de G.R.

Em suma, a invariância de escala corresponde ao comportamento governado


puramente por análise dimensional, e que dá o fundamento para a 1ª prescrição do
M.T. De fato, isto é o que o modelo gaussiano [10] dá em   c , que é o ponto fixo

não trivial (ponto crítico de transição) no modelo L.G.W, já descrito nas seções
anteriores. Logo, devemos concluir que a condição de invariância na 1ª prescrição do
M.T é feita com propósito de estudar o sistema nas vizinhanças de seu ponto crítico,
onde há invariância de escala (o sistema possui auto-similaridade nas escalas); e
portanto, daí obter os expoentes críticos do sistema, que são obtidos somente nas
vizinhanças do ponto crítico.

No entanto, embora a 1ª prescrição do M.T se fundamente numa análise


dimensional obtida da condição de invariância, tal prescrição ainda vai mais além, no
sentido de que ela já inclui naturalmente um argumento heurístico adicional, que, de
um ponto de vista estatístico, é dado quando fazemos a substituição da integral pelos
valores médios de cada elemento do integrando num certo volume  d , que é o próprio
volume de integração na 1ª prescrição de escala do M.T. Assim, por exemplo,
teremos:

 d d x  ~ 1 
2
d

  2  d  2 ~ 1   2 ~  2d
  . (1.82)

Comparando (1.82) com (1.81), observamos que (1.81) corresponde a uma

análise dimensional pura, onde obtemos  2     



2
   2d ; enquanto que (1.82)
representa uma análise dimensional + uma dada média estatística do campo
42

2
quadrático na escala  , com volume  d , tal que tenhamos  
 2   2d .

Logo, concluímos que a 1ª prescrição de Thompson introduz também o


comportamento dimensional para certas médias estatísticas na escala  de
integração. De fato, o comportamento obtido para tais médias estatísticas de campo já
obedece à invariância de escala da hamiltoniana perto de   c , justamente pelo fato

de fazermos a integral de cada termo na ordem da unidade (constante).

Finalmente, já tendo em vista que H  0 (invariância de escala), então,


aplicando essa condição de invariância nos outros termos da hamiltoniana
generalizada (1.74), podemos determinar as dimensões normais das constantes de
 
acoplamento no espaço de parâmetros r , u  , u 6 ,   , etc... . Assim, obtemos:

r   2 , u    4  D ;

u 6   6  2 D ,    2  D ; etc... (1.83)

ou então, também podemos escrever:

r    2  2 , u     D 4  4 D ;

u 6    2 D6  62 D ,     D 2  2 D , (1.84)

etc...

1.5 Conclusões
Nesse 1º capítulo, estudamos sistemas ferromagnéticos da classe de modelos
do tipo Ising   4 , através da hamiltoniana de Landau-Ginsburg-Wilson (L.G.W.), que
é normalmente usada para tratar tais sistemas. Primeiramente, tratamos o modelo
L.G.W. pela ótica do Grupo de Renormalização (G.R), visando obter as equações
diferenciais do G.R para os acoplamentos u L  e R L  da teoria, dados numa 1ª

 
aproximação O    e em regime assintótico L    . Assim obtivemos:
43

dR  L 
i) L  3u  L  L2d  3R  L  u  L  L4d ;
dL

du  L 
ii) L  9u 2  L  L4d .
dL

Observamos que o método G.R representa uma correção na teoria de Landau,


sendo dada em regime não-clássico d  4  , isto é, fora do regime de campo médio,
de tal maneira que os parâmetros R e u passam a ser funções da escala L, sendo
a  L   (comprimento de correlação). “a” é a unidade de rede.

Em 2º lugar, tratamos o referido modelo pelo Método das dimensões e escalas


de Thompson, que representa uma alternativa simples ao G.R, permitindo também
obter os parâmetros de acoplamento R L  e u L  em regime assintótico. Assim,

obtivemos u L  ~ Ld  4 d  4 , e r L  ~ L2d  4  / d  2  d  4 . Com isso, extraímos do


modelo o expoente crítico do comprimento de correlação d  em função da
dimensionalidade do sistema, isto é,

 d  2 
 4d  1 , d  4;
d   
 1 , d  4,
 2

onde  ~ T  Tc 

.

Tendo estudado o modelo L.G.W sob a ótica de ambos os métodos (G.R e


M.T), fizemos um estudo comparado dos dois, procurando fundamentar as prescrições
do M.T com base em argumentos de transformação de escalas do G.R. Por exemplo,
 
verificamos que o parâmetro u L  ~ Ld  4 obtido pelo M.T reproduz o comportamento
de escalonamento (‘scaling’) daquele obtido pelo G.R numa 1ª aproximação como
solução da equação diferencial do G.R para u L  . Por outro lado, o parâmetro r L 
obtido pelo M.T vale, em princípio para qualquer d  4 , recaindo naquele obtido pelo
G.R na 1ª aproximação quando fazemos d  4 . Logo, tínhamos concluído que o M.T é
essencialmente não-perturbativo, embora não seja exato para todo d  4 ; enquanto
que o G.R, sendo tratado perturbativamente, ordem por ordem de  4  d  , dá
resultado exato para cada ordem na expansão em  , incluindo cada vez mais as
44

flutuações de ordens mais elevadas. No caso do expoente  obtido pelo M.T, quando
foi expandido em potencias de  e comparado com a expansão perturbativa do G.R,


obtivemos exata concordância com o G.R apenas para a 1ª ordem em  O    , 
embora os expoentes d  1   e d  2   1 dados pelo M.T longe do campo
médio coincidam com os resultados exatos do modelo de Ising 1  D e 2  D
respectivamente; o que, do ponto de vista da expansão  no G.R, iria requerer
elevadas potências de  para serem obtidos com maior precisão. Daí uma das
vantagens do M.T, o que nos motiva ir adiante para o 2º capítulo, onde vamos
generalizar o modelo L.G.W de forma a incluir outros graus de liberdade para o
parâmetro de ordem. Trata-se do modelo N -vetorial e deste na presença de um
campo aleatório. O modelo de Ising num campo aleatório (RFIM), que é um caso
especial, também será explorado com certos detalhes no próximo capítulo.
45

Capítulo 2

2 O Método do Grupo de Renormalização de


Thompson (M.T) aplicado ao modelo N-vetorial, ao
modelo de Ising com campo aleatório e ao modelo
N-vetorial com campo aleatório.
Introdução

Com base na hipótese de universalidade, o comportamento crítico de um


sistema cooperativo, que sofre uma transição de fase de 2ª ordem é governado por
amplitudes e expoentes críticos que dependem somente de poucos parâmetros
básicos do modelo, como por exemplo, a dimensão espacial (d) da rede cristalina e a
simetria do parâmetro de ordem (N). O modelo N-vetorial, como o próprio nome já
sugere, é caracterizado pelo grau de liberdade do parâmetro de ordem.

Também já é bem sabido que na vizinhança do ponto crítico, o comprimento de


correlação   experimenta um grande crescimento. Logo, as divergências das várias
quantidades termodinâmicas no ponto crítico, tais como a suscetibilidade e o calor
específico na transição de fase para-ferromagnética são ocasionadas pela divergência
do comprimento de correlação [20 – 22].

Já sabemos que o comprimento de correlação é dado como  ~    , onde

  T  Tc  / Tc . “  ” mede o desvio de temperatura do ponto crítico Tc  , sendo  o


expoente crítico do comprimento de correlação.

Para o modelo N-vetorial, por exemplo, temos   d, N  , sendo d a dimensão


espacial da rede e N o número de componentes do parâmetro de ordem, que está
relacionado a sua simetria.

Assim, na 1ª seção, vamos obter os expoentes críticos do comprimento de


correlação vd, N  e do calor específico d, N  para o modelo N-vetorial, com
base em duas aproximações, sendo a 2ª aproximação aquela que fornece resultados
de  e  mais próximos da realidade, válidos para todos os valores de N1  N    .
46

Na 2ª seção, vamos aplicar o M.T ao Modelo de Ising com campo aleatório


(RFIM). O campo aleatório cria uma desordem no sistema, assumindo valores
flutuantes, de tal forma que podemos considerar uma média nula para tal distribuição.
Por exemplo, poderíamos pensar numa distribuição de probabilidade de campo
aleatório Ph  gaussiana, com média nula (centrada no zero: h 0  0 ). No nosso caso,

qualquer outra distribuição de campo seria válida, desde que tenha média nula
 h x   0  , não sendo necessariamente gaussiana. Nessa seção, vamos obter uma

nova dimensão crítica superior ( d u  6 ) e inferior ( d L  2 ) do modelo, o que é devido

à presença do campo aleatório na rede. Assim, também, devemos obter um expoente


crítico d  para o RFIM, de onde poderemos extrair os referidos de d u e d L .

Na 3ª seção, vamos generalizar o modelo com campo aleatório, de maneira a


introduzir os N graus de liberdade para o parâmetro de ordem M i  do sistema.

Portanto, vamos tratar o modelo N-vetorial N  1 na presença de um campo


aleatório, explorando o M.T nesse caso mais geral. Esta exploração se fundamentará
em duas aproximações heurísticas, conforme o que será feito também na 1ª seção
para o modelo N-vetorial puro (sem campo aleatório). Na 1ª aproximação, iremos obter
os expoentes críticos d, N  e d, N  (calor específico), considerando um único

intervalo para N1  N    .

Assim, como tais expoentes não dão resultados exatos para valores
intermediários de N, iremos para uma 2ª aproximação em que faremos a seguinte
partição para os valores de N : A) N  2 (modelo contínuo); B)1  N  2 (inclui o

RFIM para N  1 ). No 1º caso N  2  , vamos obter os expoentes d, N  e d, N  ,


sendo este último obtido a partir da relação de hiperescala modificada

  d     2    , com   2 . Iremos observar que, no caso em que N   , vamos

recuperar os expoentes críticos da 1ª aproximação, válida quando N é grande.

No 2º caso 1  N  2 , vamos também extrair os expoentes   d, N  e

d, N  . Nesse caso, faremos duas considerações para a obtenção dos expoentes. A
1ª delas se baseia na conjectura de que o valor de d` d   para a redução efetiva

na dimensionalidade continua sendo   2 , da mesma forma que no 1º caso N  2  .


47

Assim, obteremos os expoentes  e  . No caso especial em que N  1 (RFIM),


extraímos N  1, d  e depois comparamos este resultado com aquele já obtido na 2ª
seção. A 2ª consideração a ser feita vai se fundamentar nas boas aproximações
numéricas para  no RFIM, com base na literatura, incluindo as mais recentes, onde
se obtém d   d / 2 . Logo, seremos capazes de extrair o expoente  com maior

exatidão, obtendo N  1, d  , que reproduz bem aquele d  3 para o RFIM real

3  d , obtido por métodos numéricos e computacionais (Monte Carlo). A vantagem do


nosso resultado está no fato de ser obtido de forma analítica, de forma a prever os
valores dos expoentes não-clássicos para qualquer dimensionalidade d  d u  6 ,

sendo d u a dimensão crítica superior do modelo quando se introduz campo aleatório.

Quanto ao expoente  , vamos obtê-lo a partir de uma relação de hiperescala


d
modificada para   ; no entanto, vamos verificar que o nosso resultado não é bom,
2
o que já era de ser esperado, pois já se sabe que, na presença de campo aleatório, as
relações de hiperescala modificadas são violadas; e além disso, os vários resultados
para d  3 no RFIM, dados por vários outros métodos são discrepantes entre si. A
pesquisa ainda está em aberto nesse ponto.

Em geral, os expoentes críticos obtidos do modelo N-vetorial N  1 , como por


exemplo, o expoente  , podem ser obtidos através da expansão  do G.R [6], onde
  4  d [6]. Tal expansão na 1ª ordem em  (linear em  ) é boa somente perto de
d  4 . No entanto, quando afastamos muito de d  4 , devemos considerar potências
das séries em  , de ordens mais altas, a fim de obter resultados mais satisfatórios.
Tais procedimentos acarretam um grande aumento no número de cálculos a serem
feitos [20-22]. Mas, por outro lado, temos o M.T [8], que é um método heurístico, e já
foi bem sucedido para a derivação de uma expressão do expoente crítico do
comprimento de correlação do modelo de Ising N  1 , válida para todas as
dimensões d ([8], veja 2ª. seção do 1º. Capítulo).

Aqui, nesse capítulo, o nosso objetivo primeiramente é estender o M.T para ser
aplicado no caso geral do modelo N-vetorial N  1 , sendo N  1 o caso do modelo
48

de Ising [8] com apenas 1 grau de liberdade  N  1 para o parâmetro de ordem

 1
 Sz   2  , dado com dois valores possíveis de spin sobre um eixo escolhido (eixo z).
 

2.1 Uma revisão do M.T aplicado ao modelo N-vetorial


Vamos introduzir aqui a hamiltoniana L.G.W ou energia livre FL para o modelo
N-vetorial clássico. A presente seção é uma revisão do trabalho de P.R. Silva [23], que
partiu da seguinte energia livre:

  2
2

FL   d    M i    r  L  M i    u  L  M i  d d x .
2 2
(2.1)
L
 i i  i  

M i x  representa a “i-ésima” componente do campo vetorial N-dimensional, e


a integração em (2.1) é feita sobre um dado volume d-dimensional. Os coeficientes
r L  e u L  já são bem conhecidos do modelo de Ising (N=1) (Capítulo 1). Como foi
apontado por Thompson [8], o parâmetro L forma a base de seu argumento
dimensional, e pode ser entendido como um comprimento de onda de corte
considerado na integração (uma espécie de corte no infra-vermelho).

No caso N  1 [8], introduzimos no 1º capítulo (2ª. seção) as três hipóteses


básicas adotadas por Thompson [8]. Agora, a fim de generalizar o M.T para o modelo
N-vetorial, fazemos a seguinte consideração: usamos o procedimento de Thompson
para avaliar a contribuição separada de cada uma das N componentes do parâmetro
de ordem. O jeito agora é obter uma forma correta de distribuir e dispor os vários
modos em N, a fim de obter o resultado final. Para isso, vamos fazer duas
aproximações a seguir.

2.1.1 A primeira aproximação

Alguns resultados básicos do trabalho de Thompson (caso N  1 ) [8] que

estamos considerando são:

r L 
F f ~ 1, (2.2)
u L 
49

f   Ld  r L 2 ,
d
(2.3)

  r   
1  12
2
~   , (2.4)

u L  ~ Ld  4 . (2.5)

Nossa primeira providência a fim de obter o expoente crítico d, N  consiste


em ampliar as equações (2.2) e (2.5) através das seguintes conjecturas: Uma análise
de FL em (2.1) mostra que o segundo termo na integral (2.1) é da ordem de N,

enquanto que o terceiro termo é da ordem de N 2 . Isso nos leva a propor a seguinte
modificação em (2.2):

F
r L N f ~ 1 [23] (2.6)
u L 

Consideramos, também aqui, que u L  é essencialmente uma contribuição p/.


a entropia na energia livre [24]. Pensando em termos de probabilidades
independentes, escrevemos a modificação de (2.5) da seguinte maneira ampliada:

u L  ~ Ld 4  . [23]
N
(2.7)

Introduzindo (2.3) em (2.6), obtemos:

r L  ~ u L 
2 / 2 N d 
(2.8)

Usando (2.7) e (2.8) em (2.4), finalmente obtemos:

 d , N  
2 N  d  . (2.9)
2d  4N  2 N  d 

Se N  1 (Ising), recaímos em d, N  1d  4  , obtido por Thompson [8].

Tomando o limite de (2.9) quando N   , temos

1
    , (2.10)
d2
50

que concorda com o resultado exato para o modelo esférico [25]. Logo, (2.10) nos
revela a dimensão crítica inferior d L  2 do modelo esférico N    . No caso

N  1 , (2.9) reproduz o resultado de Thompson [8], que fornece d L  1 (dimensão


crítica inferior) para o modelo de Ising.

A dimensão crítica inferior é aquela abaixo da qual o sistema não apresenta


transição de fase. Ela vale ‘1’ para o modelo de Ising ( N  1 ), e vale ‘2’ para o modelo

esférico N    . Já, a dimensão crítica superior du  é aquela acima da qual o

sistema entra em regime de campo médio, que vale ‘4’ tanto para o modelo de Ising
quanto para o modelo N-vetorial com N  1 .

O conhecimento do expoente crítico do comprimento de correlação (eq. 2.9)


como uma função explícita dos parâmetros d e N, permite-nos imediatamente
determinar o expoente crítico do calor específico   . Primeiramente, escrevemos a
seguinte relação de hiperescala:

2    d . (2.11)

Introduzindo (2.9) em (2.11), obtemos


4  d d  2 N  . (2.12)
21  N  d  2 N 

Os zeros do denominador de (2.9) são valores que anulam este denominador,


permitindo a obtenção da dimensão crítica inferior d L  em função de N. Então, para
obtermos tal função (valores), devemos fazer

2d  4  N  2 N  d   0 . (2.13)

De (2.13), obtemos

2N
d  d L N   . (2.14)
N 1

Se N  1 , de (2.14) obtemos d  d L  1 (modelo de Ising).

Se N   , de (2.14) vem d  d L  2 (modelo esférico).


51

Podemos usar (2.9) para construir um diagrama no plano (d, N), separando
várias regiões de acordo com a seguinte classificação: região sem transição de fase
d  d L N  , região de expoentes críticos clássicos, e a região onde os expoentes
críticos são não-clássicos. Esse diagrama está ilustrado na Figura 2. Os zeros do
denominador de (2.9), dados em (2.14) nos fornecem dimensões críticas inferiores que
variam entre zero (para N  0 ) e dois quando N   . A dimensão crítica superior

permanece igual a quatro  d u  4  , (veja 2.7).

5
expoentes críticos clássicos
4

3 a<0
d

a>0
2

1 sem transição de fase

0
-2 0 2 4 6 8 10 12
N

Figura 2: Diagrama (d,N) para a 1a aproximação no modelo N-vetorial.

Um diagrama similar ao da Figura 2 foi proposto por Pfeuty e Toulouse [20],


porém dentro de um contexto mais qualitativo. A figura 2 foi extraída da ref. [23].

Também podemos usar o diagrama da Figura 2 com o propósito de delimitar as


porções do plano (d, N), onde o calor específico apresenta uma divergência   0  , e

onde ele apresenta um comportamento tipo “cúspide”   0  . Uma inspeção em

(2.12) mostra que o calor específico irá divergir   0  na região do plano (d, N)

indicado pela relação d  2 N , sendo d  2 N a reta sobre a qual temos   0 .

Na verdade, o gráfico para d L N  (eq. 2.14), obtido na Figura 2 mostra que

temos d L  2 somente quando N   ; no entanto, sabe-se que, na verdade

obtemos d L  2 para qualquer N  2 , ou o que se denomina de modelo contínuo.


52

Com isto, conclui-se que a Figura 2 corresponde apenas a uma 1a aproximação para a
solução do problema, embora predizemos com exatidão   N    e d L    2 .
Portanto, alguns melhoramentos serão feitos a seguir, o que chamaremos de 2ª
aproximação.

2.1.2 A segunda aproximação

O fato de que o nosso primeiro cálculo (aproximação) funcionou bem para

determinar o expoente crítico d, N  no limite de N grande, nos encoraja a prosseguir

com os cálculos a fim de se obter resultados mais consistentes para qualquer N.

Então, vamos escrever novas formas modificadas de (2.2) e (2.5). Teremos

F
rL p f ~ 1 (2.15)
u L 

u L  ~ Ld  4 
q
(2.16)

Nas relações (2.15) e (2.16) acima, p e q são funções de N a serem


determinadas. Usando procedimentos similares aos usados na 1ª aproximação,
obtemos

1 2p  d
 , (2.17)
2 d  4q  2p  d 

sendo p  pN  e q  q N  . No caso particular em que pN   q N   N , então


(2.17) recai em (2.9).

As considerações que vamos usar como forma de determinar as funções


pN  e qN  são as seguintes:

Primeiramente, impomos que (2.17) preencha as condições que levam às


dimensões críticas inferiores corretas. Assim, consideramos que d L  2 para N  2 e

d L  1 para 1  N  2 .
53

Em segundo lugar, lançamos mão de um resultado que foi inferido dos cálculos
de séries [26], a saber quando impomos o seguinte vínculo para (2.17):

N4
d  3, N   (2.18)
N7

No entanto, parece que (2.18) foi obtido sem levar em conta valores negativos
do parâmetro N.

Usando as considerações (2.17) e (2.18), somos capazes de encontrar as


funções pN  e q N  . Mas para realizarmos isto, vamos fazer uma partição do

parâmetro N em dois intervalos diferentes: a) N  2 ; b) 1  N  2 .

a) Primeiro intervalo: N  2

Neste intervalo do parâmetro N, a dimensão crítica inferior é d L  2 . Fazendo

o denominador de (2.17) igual a zero para d  2 , e ao mesmo tempo usando a


relação de vínculo dada em (2.18), obtemos

N 1 N5
q  q N   e p  p N   (2.19)
6 6

Introduzindo q  N  e p N  de (2.19) em (2.17), finalmente obtemos:

  d, N  
N  5  3d , (2.20)
N  7 d  2

para N  2 . Tomando o limite de (2.20) quando N   , recuperamos também


o resultado exato do modelo esférico dado em (2.10). Além disto, se fizermos d  3
em (2.20), recuperamos 3, N  dado em (2.18), o que já era de ser esperado. De

(2.20), temos d c  2 para qualquer N  2 , que é o caso mais realístico obtido nessa

2ª aproximação.

b) Segundo intervalo: 1≤N<2.

Se consideramos que a dimensão crítica inferior neste intervalo do parâmetro N


é d L  1 ; então fazendo o denominador de (2.17) ser igual a zero para d  1 e ao
mesmo tempo, usando a relação de vínculo dada em (2.18), obtemos:
54

2 N  1 7 N 1
q  q N   e p  p N   ; (2.21)
5  N  2 5  N 

7 N  1  5  N d
  d, N   , (2.22)
2N  7 d  1

para 1  N  2 . De (2.22), observamos que d L  1 . Naturalmente, fazendo

N  1 em (2.22), recuperamos o resultado de Thompson [8] para o modelo de Ising.

O expoente do calor específico   pode agora ser obtido na segunda


aproximação.

No primeiro intervalo N  2  , para obtermos  , basta introduzirmos (2.20) na


relação de hiperescala (2.11), e daí obtemos:

   d , N  
4  d 3d  N  7  , (2.23)
N  7 d  2

para N  2 .

No segundo intervalo 1  N  2  , para obtermos  , introduzimos (2.22) na


relação (2.11), e daí obtemos:

   d , N  
4  d 5  N  d  N  7 , (2.24)
2 N  7 d  1

para 1  N  2 .

Agora, seria interessante construir um diagrama análogo ao da Figura 2,


levando em conta a 2ª aproximação. Veja figura seguinte:
55

5
expoentes críticos clássicos
4
d

-2 0 2 4 6 8 10 12
3
>0 <0
2

1 sem transição de fase

0
N

Figura 3: Diagrama (d,N) para a 2a aproximação no modelo N-vetorial.

É o diagrama para a segunda aproximação extraído da ref. [23]. As dimensões


críticas inferiores são dadas por: d L  2 para N  2 ; d L  1 , para 1  N  2 . Estas

linhas separam a região inferior (região sem transição de fase ou com Tc  0 ) da

região intermediária (região de expoentes críticos não-clássicos). A curva d  4 para


qualquer N delimita a região superior onde os expoentes críticos tornam-se clássicos.
Também mostramos na Figura 3 as regiões onde o calor específico apresenta uma
divergência   0  ou um comportamento tipo “cúspide”   0  . Nesse diagrama, o

ponto N  1, d  2 pertence a curva superior dada por d N   d  N  7  / 5  N  ,

N7
com 1  N  2 . A outra curva mais acima será d  d N   , com N  2 . O ponto
3
N  2, d  3 é o início (inferior) dessa curva.

Se d  N  7  / 5  N  , então   0 .Se d  N  7  / 5  N  , então   0 , e se

d  N  7  / 5  N  , então   0 . Isto é válido para o intervalo 1  N  2 .

N7 N7 N7


Se d  , então   0 . Se d  , então   0 , e se d  ,
3 3 3
então   0 . Isto é válido para o intervalo 2  N  5 . Para N  5,   0 para d  4 ,

sendo   0 para d  4 .
56

" d u  4" é a dimensão crítica superior. O ponto N  onde a reta ' d  4'

intercepta d  N  7  / 3 é o ponto N  5 (veja Figura 3).

2.2 Uma revisão do M.T aplicado ao Modelo de Ising com campo aleatório
(RFIM).

Um modelo relacionado ao modelo de Ising e que apresenta um


comportamento crítico mais rico em detalhes é o modelo de Ising num campo aleatório
(RFIM) [27, 28]. Os expoentes críticos de equilíbrio no RFIM foram objetos de vários
cálculos teóricos. Podemos citar o trabalho de Bray e Moore [29], onde se estima o
expoente crítico do comprimento de correlação   1 para três dimensões ( d  3 ) no
modelo RFIM, usando uma teoria de scaling. Ogielski e Huse [30] mediram
  1,3  0,3 , através de simulação de Monte Carlo para o caso d  3 no modelo
RFIM. Aharony, Imry [31] e Silva [32] obtiveram d  3  5 / 4 pela aplicação do M.T

ao RFIM. Por outro lado, medidas feitas num sistema descrito pelo RFIM d  3 nos
fornece  aproximadamente igual a 1 [33]. A presente seção faz uma revisão da
referência [32].

Vamos começar essa seção com a hamiltoniana L.G.W (energia livre) para o
RFIM. Assim, escrevemos:

L
 2

FL   d d d x M x   r L M 2 x   u L M 4 x   h x Mx  , (2.25)

onde M x  (função magnetização) é o parâmetro de ordem; h x  é uma


função (em x) de campo aleatório (veja[32]), sendo a integração feita sobre o volume
de escala d-dimensional L  .
d
Os coeficientes r L  e u L  devem ser finitos e

positivos na temperatura crítica Tc , sendo   T  Tc  / Tc .

No caso h x   0 (modelo de Ising puro), Thompson [8] fez uma prescrição


básica de ‘scaling’ (escalonamento) na qual todos os três primeiros termos em (2.25),
 
para um volume Ld , são separadamente da ordem da unidade.

Também tínhamos do trabalho de Thompson que


57

f .r L 
F ~ 1, (2.26)
u L 

onde relembramos aqui que f é interpretada como a parte para flutuação da


densidade de energia livre. Thompson também avaliou f como

f ~  Ld  r L 
d/2
. (2.27)

Inserindo (2.27) em (2.26) vem

r L  ~ u L 
2 / d  2 
. (2.28)

Levando em conta que   r 


1 / 2
  L  1 / 2 ~    , então o expoente  pode
ser obtido daí e de (2.28).

2.2.1 Derivação do expoente  pelo M.T segundo Aharony-Imry e


Ma (AIM)
Aplicando a 1ª prescrição de Thompson [8] ao 1º termo de (2.25), obtemos

M 2 ~ L2d . (2.29)

Agora, a fim de obter o expoente crítico  para o RFIM, seguindo o


procedimento AIM [31], precisamos avaliar a forma explícita de u L  primeiramente.

Como foi sugerido por AIM, para um volume Ld , o novo quarto termo em (2.25)
é da ordem de 1 / 2 Ld / 2 M [31]. Também, por outro lado, já que da teoria de
perturbação, a variável u substitui u em todo lugar [31], então é razoável substituir a
prescrição de Thompson no que diz respeito ao terceiro termo em (2.25) pela
prescrição de que somente seu produto com o quadrado do último termo de energia
livre é da ordem da unidade. Tal produto nos lembra uma convolução. Fazendo isto,
temos:

 u L M . 
4 1/ 2 2
d
Ld / 2 M d d x ~ 1 . (2.30)
L

Também, podemos pensar em (2.30) escrito da seguinte forma:


58

 uM  hM  d x 
4 2 d 2
~ 1, (2.31)

sendo  h   h 2   .
2

De (2.31), vem:

u M 4 M 2 L2 d ~ 1 . (2.32)

Fazendo   1 por conveniência, e substituindo (2.29) em (2.32), dado que


2
M4  M2 , então vem:

u L L6d ~ 1 . (2.33)

Como, pela 2ª prescrição de Thompson, temos u L  ~ constante para d  6


neste caso (RFIM), então escrevemos:

Ld 6 d  6,
u L  ~  (2.34)
1 d  6

onde u L   u eff L  do RFIM, sendo d u  6 (dimensão crítica superior).

Colocando (2.34) (para d  6 ) em (2.28), e usando o fato de que


  r  
1 / 2
  1 / 2     , então obtemos  :

d2
 , (2.35)
4d  2

para d  6 . Para d  6 (campo médio), recuperamos os esperados expoentes


críticos clássicos para o RFIM   1 / 2  .

Uma inspeção em (2.35) revela que    em d  2 , que representa a


dimensão crítica inferior d L  do RFIM. Também, obtemos de (2.35) que

d  3  5 / 4 . Abaixo da dimensão crítica inferior, o sistema não apresenta transição


de fase. Esta vale 2d L  2  para o RFIM [32] e d  1 para o modelo de Ising [8].
59

2.3 O M.T aplicado ao modelo N-vetorial com campo aleatório

Para obtermos a energia livre FL para o modelo N-vetorial com campo

aleatório, devemos partir da energia livre do Modelo de Ising num campo aleatório

(seção 2.2), estendendo-a de forma a considerar os N-graus de liberdade do

parâmetro de ordem M. Assim, vamos escrever a seguinte energia livre:

  2
2

FL   d  M i    r L  M i    u L M i  
2 2
L
 i i  i 


  h i x  M i x  d d x , (2.36)
i 

sendo M i  M i x  . Quando fazemos N  1 e h x   0 , recaímos no modelo de

Ising puro (L.G.W) [8]. Assim, a energia livre acima é a mais geral: FL  FL , N , h .

A presente seção já é novidade, sendo uma extensão dos trabalhos anteriores


[23], [32].

De forma análoga ao modelo N-vetorial na seção 2.1, usaremos duas


aproximações. Na primeira aproximação, tínhamos as seguintes considerações dadas
a seguir:

2.3.1 1ª aproximação

A primeira modificação em Thompson [8] é a seguinte:

F
r L N f ~ 1 . (2.37)
u eff L 

Agora, com esse modelo N-vetorial na presença de um campo aleatório, então


vamos partir do coeficiente u eff L  já obtido na seção anterior, i é, u eff L  ~ Ld 6 , para

d  6 . Este resultado já inclui a modulação gerada pela presença do campo aleatório.


Portanto, quando estendemos esse resultado para o caso N-vetorial numa 1ª
60

aproximação, ou considerando N-probabilidades independentes, então escrevemos a


seguinte modificação para u eff :


u eff L  ~ Ld 6  N
. (2.38)

Por outro lado, já é sabido que

f   L d  r L 
d/2
, (2.39)

   1 / 2 r  
1 / 2
   . (2.40)

Introduzindo (2.39) em (2.37), obtemos

r L  ~ u eff L 
2 / 2 N  d 
. (2.41)

Introduzindo (2.38) em (2.41), vem:

r L  ~ L2 N d 6  / 2 N  d , (2.42)

para d  6 .

Para L   , escrevemos

r   ~  2 N d 6  / 2 N  d (2.43)

Introduzindo (2.43) em (2.40), finalmente obtemos


2 N  d  . (2.44)
2d  6 N  2 N  d 

Observamos que para N  1 , recaímos em d  obtido para o RFIM (eq. 2.11
da seção 2.2).

Agora, é importante observarmos que quando fazemos N   em (2.44)


(modelo esférico), obtemos

1
    , (2.45)
d4
61

sendo ' d  d L  4' a dimensão crítica inferior para o modelo esférico com campo

aleatório. Esse resultado (2.45) está em exata concordância com , d  obtido para o
modelo esférico num campo aleatório [35]. No caso do modelo esférico sem campo
aleatório, tínhamos    1 / d  2  , sendo d L  2 (seção 2.1). Assim, naturalmente
concluímos que a presença de um campo aleatório contribui para o aumento da
dimensão crítica inferior. Isto ocorre pelo menos no caso esférico N    .

Na verdade, sabe-se que a relação de hiperescala deve ser modificada no caso


de campo aleatório, de forma a se considerar uma dimensionalidade efetiva " d  O"
(redução de dimensionalidade) [36], que possibilita calcular o expoente  do calor
específico. Logo, teríamos a relação de hiperescala modificada " d  O   2   "
[29].

Em sistemas desordenados, a aleatoriedade associada com a desordem


usualmente suplanta as flutuações térmicas [37, 38], e portanto surge uma
dimensionalidade efetiva reduzida [35]. Obviamente, quando não há campo aleatório,
temos O  0 , recaindo na relação de hiperescala usual (modelo N-vetorial sem campo
aleatório).

Vamos obter  com base nessa 1ª aproximação.Para isso, vamos substituir 


(em (2.44)) na relação de hiperescala modificada, de forma que obtemos a seguinte
expressão para d, N, O  , deixando inicialmente uma dependência explícita em O :


4  d  O d  2 N   8N  4 NO . (2.46)
21  N d  4 N 

Podemos obter O em (2.46), partindo de uma condição de contorno que deve


ser obedecida para  . A condição básica é que d  6, N, O   0 (caso clássico,

sendo a dimensão crítica superior d u  6 ). Então, quando d  6 , o numerador de

(2.46) deve se anular; isto é, teríamos a seguinte condição:

O  26  2 N   8N  4 NO  0 . (2.47)

De (2.47) obtemos que O  2 . Assim sendo, introduzindo O  2 em (2.46),


obtemos  na 1ª aproximação considerada, isto é,
62


6  d d  2 N  . (2.48)
2 1  N  d  4 N 

Em princípio, encontramos O  2 (a partir de (2.46) e (2.47)), com base na 1ª


aproximação, para todo N  1 .

No entanto, sabe-se que O  1 nas proximidades da dimensão crítica inferior


para N  1 (no RFIM). Mais adiante faremos tal correção ou melhoramento. Quando
N  2 (modelo contínuo) com campo aleatório, aí sabe-se que O  2 [35], o que pôde
ser obtido da 1ª aproximação em (2.46) e (2.47). Na verdade, a 1ª aproximação é boa
somente para N grande; por isto, entraremos com o refinamento de uma 2ª
aproximação mais adiante. De qualquer modo, já que eq.2.44  e eq.2.48 são
válidas para N grande, mesmo assim tal particularidade nos permitiu obter a dimensão
crítica inferior d L  4  e a redução de dimensionalidade O  2  para a relação de
hiperescala modificada. Na verdade, quando levarmos em consideração a 2ª
aproximação (para qualquer N), veremos que " d L  4" [35, 39] e " O  2" são apenas

válidos no modelo N-vetorial com campo aleatório para todo N  2 .Já, no RFIM
N  1 , O  2 e d L  2 ,o que será estudado adiante.

Nessa 1ª aproximação, obtemos de (2.44) ou (2.48) a seguinte dimensão


crítica inferior, sobre a qual  e  divergem:

4N
dL  (2.49)
N  1

Com base em (2.49), temos d L  4 se e somente se N   ; logo temos que

d L  4 d L  4  para N   , o que não condiz totalmente com o resultado correto


d L  4 , N  2  [35, 39]. Por isto é que enfatizamos a necessidade de uma 2ª
aproximação.

De (2.48), observamos que, se d  2 N , então   0 .Logo, se d  2 N , temos


  0 ; se d  2 N , então vem   0 .

De forma similar ao que foi feito na 1ª aproximação para o modelo N-vetorial,


podemos usar agora os resultados (2.48) e (2.49) para construir um diagrama no plano
63

d, N  , separando regiões de acordo com a seguinte classificação: região sem

transição de fase d  4 N / N  1 , região com expoentes críticos clássicos d  6  , e a


mais interessante, que é a região onde os expoentes críticos são não-clássicos, i é,
4 N / N  1  d  6 . Com base em (2.48), delimitamos duas porções do plano d, N 
onde o calor específico apresenta divergência   0  , e onde ele apresenta um

comportamento tipo- “cúspide”   0  conforme a figura 4.

8
expoentes críticos clássicos
6
<0
4
d

>0
2
sem transição de fase

0
-2 0 2 4 6 8 10
N

Figura 4: Diagrama (d,N) para a 1a aproximação do modelo N-vetorial.

2.3.2 2ª aproximação

Nesta 2ª aproximação, vamos prosseguir com os cálculos a fim de se obter

resultados mais consistentes para qualquer N  1 . Assim, vamos escrever as novas

formas modificadas de (2.37) e (2.38), usando os mesmos procedimentos da seção

2.1 (subseção 2.1.2); isto é, temos

F
r L p f ~ 1 (2.50)
u L 

u L  ~ Ld 6  .
q
(2.51)
64

Nas relações (2.50) e (2.51) acima, p e q são funções de N a serem


determinadas. Então, procedendo de forma similar à primeira aproximação, obtemos:


1 2p  d  . (2.52)
2 d  6q  2p  d 

Tendo por base (2.52), iremos estudar dois casos: A) N  2 , B) 1  N  2 .

A): Do modelo N-vetorial, foi obtido que d  3, N   N  4  / N  7  [26].


Como agora temos a presença de um campo aleatório externo a esse sistema, então
surge uma redução de dimensionalidade O  2 [35]. Em virtude disto, vamos pensar
numa dimensionalidade efetiva d eff  5 na qual o antigo expoente d  3, N 

mantenha sua forma, porém dado na dimensão d eff  3  2  5 , tal que reduzida de

O  2 recaia no caso tridimensional d  3 para o modelo N-vetorial sem campo


aleatório. Assim, vamos escrever:

d  5, N  
N  4  , N  2 . (2.53).
N  7 

A relação (2.53) acima é um vínculo introduzido para  na presença de campo


aleatório. A segunda condição que vamos impor em (2.52) é que para d  4 tenhamos
   , o que significa que " d L  4" comporta como a dimensão crítica inferior. Para
isto, basta fazermos o denominador de (2.52) ser nulo em d  4 . Assim, obtemos o
segundo vínculo:

4  6 q  2p  4  0 (2.54)

De (2.54), vem a seguinte relação:

q p2 (2.55)

Comparando (2.53) com (2.52) em d  5 , escrevemos

d  5, N  
1 2p  5 
N  4  (2.56)
2 5  6q  2p  5 N  7 

Usando (2.55) em (2.56), finalmente obtemos


65

N  11
p  pN   ,
6

N 1
q  q N   . (2.57)
6

Finalmente, substituindo pN  e qN  em (2.52), obtemos d, N  , que é

  d, N  
3d  N  11 , N  2 (2.58)
d  4N  7 

De (2.58), vem que d L  4 (dimensão crítica inferior), sendo d  4, N    ; e

d u  6 (dimensão crítica superior), pois d  6, N   1 / 2 (expoente clássico).

Agora, com base na relação de hiperescala modificada, podemos obter  a


partir de  .

d  2  2  , (2.59)

sendo O  2 .

Substituindo (2.58) em (2.59), obtemos  .

   d , N  
d  6 N  3d  31d  78 , (2.60)
d  4N  7 

sendo N  2 .

Até agora, obtivemos os expoentes  e  no caso do modelo N-vetorial com


campo aleatório, na condição em que N  2 (modelo contínuo); portanto (2.58) e
(2.60) não valem para o RFIM ( N  1 , com campo aleatório).

B): No caso do RFIM, a dimensão crítica inferior será d L  2 ; enquanto a

dimensão crítica superior aumenta de d u  4 (I.M) para d u  6 (RFIM), havendo um

incremento d  2 para a dimensão crítica superior, devido ao campo aleatório.


Assim, em virtude deste incremento, vamos fazer uma primeira conjectura de que
O  d  2 para o RFIM. No caso anterior do modelo N-vetorial com campo aleatório
66

(caso N  2 ), tínhamos a redução de dimensionalidade O  2 [35], sendo


d  6  4  2 .

Considerando também O  2 para o intervalo 1  N  2 , então devemos


também utilizar a mesma condição (2.53) para 5, N  , i. é,

d  5, N  
N  4  , 1  N  2 . (2.61)
N  7 

A diferença aqui está no fato de que consideramos d L  2 ; portanto o

denominador de (2.52) irá se anular somente para d  2 neste caso, ou seja

2  6q  2p  2  0 . (2.62)

De (2.62), obtemos a seguinte relação:

p  2q  1 (2.63)

Fazendo d  5 em (2.52), podemos comparar (2.52) com (2.61). Assim,


escrevemos:

d  5, N  
1 2p  5 
N  4  . (2.64)
2 5  6 q  2p  5 N  7 

Usando (2.63) em (2.64), finalmente obtemos

3 N  1
q  q N   ,
2 2  N 

p  pN  
4 N  1 ; 1  N  2 . (2.65)
2  N 

Introduzindo (2.65) em (2.52), obtemos

  d, N  
8  d N  2  18 ; 1 N  2 (2.66)
d - 2N  7 
67

De fato, observamos em (2.66) que d L  2 , sendo ‘ d u  6 ’ a dimensão crítica

superior já esperada, pois d  6, N   1 / 2 . Para o caso do RFIM, temos exatamente

N  1 ; logo, fazendo N  1 em (2.66), vem:

d  10
N  1, d   . (2.67)
8d  2

Agora, podemos obter  , usando a relação de hiperescala modificada


d  2  2   , com O  2 . Assim, introduzindo  (2.66) nesta relação de
hiperescala modificada, obtemos

   d , N  
d 2

 8d  12 N - 2 
. (2.68)
d  2N  7 

Para N  1 , obtemos

   N  1, d  
8d  d  12
2
.
 (2.69)
8d  2 

Para d  6 , temos   0 (expoente crítico clássico). Fazendo d  2 em (2.69),


obtemos   0 / 0 , que é uma indeterminação. Para levantar tal indeterminação,
fazemos lim d 2  pela aplicação da regra do teorema de L’hôpital. Assim vem

lim .d 2   lim .d 2
8  2d   1 .
8 2

De (2.69), observa-se que, para 2  d  6 , temos   0 .

No caso em que N  2 (modelo contínuo), tínhamos obtido   d , N 

(relação 2.60). Daí podemos obter os valores de d e N que anulam o expoente  .


Então, fazendo o numerador de (2.60) igual a zero, obtemos d   N  13 / 3 e d  6 .

Estas duas retas interceptam no ponto N  5 . Veja figura abaixo para os casos
1  N  2 e N  2 , no plano d, N  :
68

8

Região de expoentes críticos clássicos
6
>0
5 <0
>0
4
d

Região sem transição de fase


2
Sem
transição

0
-2 0 1 2 4 5 6 8
N

Figura 5: Diagrama para a 2a aproximação fraca   2 p/1  N  2  do modelo N-


vetorial no campo aleatório.

A figura 5 representa o diagrama para a 2a aproximação. As dimensões críticas


inferiores são dadas por d L  4 para N  2 ; d L  2 para 1  N  2 .

Estas linhas separam a região inferior (região sem transição de fase ou com
Tc  0 ) da região intermediária (região de expoentes críticos não-clássicos). A curva
d  6 para qualquer N delimita a região superior onde os expoentes críticos tornam-se
clássicos. Nessa figura, também mostramos as regiões onde o calor específico
apresenta divergências   0  ou um comportamento tipo “cúspide”   0  . Nesse

diagrama, observamos que, no intervalo 1  N  2 , temos que   0 para 2  d  6 ;


  0 para d  6 (regime de campo médio).

No intervalo 2  N  5 , obtemos   0 na região N  13 / 3  d  6 . Para

4  d  N  13 / 3 vem que   0 . Para d  6 ; d  N  13 / 3 , então   0 .

Para o intervalo N  5 , obtemos que   0 para 4  d  6 ;   0d  6


(campo médio). Logo, não há valor positivo para  neste intervalo. Em suma,
observamos que para o intervalo 1  N  2 , podemos ter somente   0 .

Para o intervalo 2  N  5 , já podemos ter   0 ,   0 e também   0 .


Finalmente, para N  5 , só podemos ter   0 .
69

Acabamos de obter o comportamento dos expoentes críticos  e   para

campo aleatório no caso 1  N  2 , tendo conjecturado que O  2 , mantendo-se


constante para qualquer N  1 . No entanto, apesar de O  2 funcionar para o caso
contínuo N  2  , os melhores resultados de Monte Carlo para o caso Ising real 3d 

com campo aleatório (RFIM) 40,41 mostraram uma dimensão reduzida


d ` 3  O ,sendo d ` 1,44 10  40, 41, o que já nos leva a concluir que O  2 . Assim,
tendo em vista os resultados mais apurados obtidos para O no RFIM, vamos melhorar
ainda mais os nossos resultados para o caso 1  N  2 .

Alguns trabalhos recentes sobre RFIM fazem conjecturas de que O seria


função da dimensionalidade do sistema, isto é, O  Od  40, 42 . Assim, supõe-se que

O  d / 240, 42; pois, para d  3 , teríamos O  1,5 . Este valor está bem próximo
daqueles obtidos pelas várias simulações Monte Carlo 41, 43, 44. Também, um
trabalho ainda mais recente, usando o G.R de Migdal-Kadanoff e a expansão
  d  2 [45] obtém-se que d ` d  y  d    1,496 para d  3 , sendo y obtido por
expansão   y  .

No modelo N  vetorial puro (sem campo aleatório) tínhamos que


N4
 d  3, N  = 26. Quando pensamos em campo aleatório, consideramos que o
N7
expoente  mantém essa mesma forma somente para d  3  O , ou seja,
N4
 d  3  O, N   . Sendo O  O d   d / 2 40, 42 para o RFIM, vamos pensar
N7
que este valor também seja válido no intervalo 1  N  2 . Portanto, obtemos a
seguinte condição:

  d  N4
 d   3  , N   , 1  N  2 (2.70)
  2  N7

Devemos observar que somente quando d  4 , a condição (2.70) recai em


(2.61), i. é,  d  5, N  . Assim, vamos observar que a condição (2.70) torna-se mais

correta que (2.61) para o caso real do RFIM 3d40  44 . Daí a necessidade de
70

introduzir tal correção para O como uma função da dimensionadidade, no intervalo


1 N  2.

Fazendo d  3  d / 2  em (2.52) e comparando com (2.70), obtemos a


seguinte identidade:

  d  1
 d   3  , N  
2p  3  d / 2 
N4
. (2.71)
  2   2 3  d / 2  6q  2p  3  d / 2 N  7

Por outro lado, ‘ d  2 ’ anula o denominador de (2.52), já que esta é a

dimensão crítica inferior desse sistema. Assim vem:

2  6q  2p  2  0 (2.72)

De (2.72), obtemos a seguinte relação:

p  2q  1 . (2.73)

Substituindo (2.73) em (2.71), obtemos:

q  q  N, d  
N  1d  2 ; (2.74)
8N  7   2d  2N  4

e substituindo este resultado acima para q N, d  em (2.73), vem

2 d  22 N  5  8 N  7 
p  p  N, d   . (2.75)
8 N  7   2 d  2N  4

Devemos observar que as relações em (2.65) para q N  e p N  são

restauradas somente quando fazemos d  4 em (2.74) e (2.75). Assim, teremos:

p  p  N, 4   p  N  
4 N  1 , e q  q ( N, 4)  q N  
3N  1
.
2  N  22  N 

Isto ocorre, pois quando fazemos d  4 , temos O  4 / 2  2 , recaindo no caso


anterior (primeira conjectura para O  2 , no intervalo 1  N  2 ). Finalmente,
71

introduzindo (2.74) e (2.75) em (2.52) e efetuando os cálculos, obtemos  N, d  ,


dado da seguinte forma:

 N, d  
d  2  4  d N  4d  10  4N  7 d  2 ,
d  2  d  6N  1  2 N4  d   8d  20  8N  7 d  2

para 1  N  2 . (2.76).

Observamos em (2.76) que  N, d  6   1 / 2 , que é o expoente crítico

clássico, sendo “d  6” a dimensão crítica superior. Para d  2, vem


 N, d  2    , sendo “ d  2 ” a dimensão crítica inferior. Assim, verificamos que
(2.76) obedece às condições básicas já estabelecidas (condições de contorno). Vamos
agora obter  N  1, d  para o caso RFIM. Então, fazendo N  1 em (2.76),
obteremos a seguinte expressão para o expoente  :

1
 N  1, d   (2.77)

2 1 
d  2d  6 
2 
 36 d  1  5d 

Para o caso RFIM real 3d  , obtemos de (2.77) que

 N  1, d  3  27 / 24  1,125 . Este resultado merece um comentário: Obtivemos


primeiramente na seção 2.2 , equação (2.35), uma relação para  , sendo

 d  3  5 / 4  1,25 . Depois, na seção (2.3), da equação (2.67) para  N  1, d  , no


caso 1  N  2 com O  2 , vem que  d  3  13 / 8  1,625 . Por último, obtivemos

 d  3  1,125 para O  3 / 2  1,5 40. Assim, concluímos que, dessas três


estimativas para  do RFIM-3d, somente a última está em boa concordância com as
estimativas de simulação Monte Carlo 29, 30, 33, 41 . Também, devemos observar

que o valor obtido ‘1,125’ no caso 3d é exatamente a média entre   1 [29] e


  1,25 da relação (2.35) na seção 2-2, estando mais próximo da unidade, em
concordância com tais resultados de simulação. Tal concordância se deve ao fato de
que consideramos em d  3 , O  1,5 ; ao passo que para“ O  2 ”, temos   1, 625
(eq. 2.67), que é um resultado discrepante em relação aos obtidos por simulação
Monte Carlo.
72

Dado que O  d / 2 , e dada a relação de hiperescala modificada na forma


d  O   2   [40], então, neste caso, obteríamos a seguinte relação de hiperescala
modificada:

d 
   2   . (2.78)
2

Com base na relação de hiperescala modificada (2.78), vamos estimar  do


RFIM para d  3 . De (2.77), obtivemos   N  1, d  3  1,125 . Assim, substituindo
este valor em (2.78), no caso 3d, obtemos o seguinte valor para
 :  d  3  15 / 48  0,3125 . A primeira observação importante a fazer aqui é notar
que certas estimativas já feitas para  d  3 no RFIM [42], usando distribuições
gaussianas e bimodais de campo aleatório [42], levam a diferentes valores de  ,
sendo   0,5  0,2 para o caso gaussiano [42] e   1,0  0,3 para o caso bimodal
[42]. Estas estimativas feitas para  [42] são bem discrepantes da estimativa de 
obtida por intermédio da relação de hiperescala modificada (2.78), i.é  =+0,3125,
sendo positivo (comportamento divergente). De fato, já é bem sabido que as
estimativas feitas para  [42] violam a relação de hiperescala modificada, sendo que
na verdade se obtém  <0 (comportamento tipo-cúspide) [42, 46, 47, 48]. Mas,
inicialmente se obteve um valor nulo para o expoente    0  [49].

Outras estimativas mais recentes dos expoentes críticos no RFIM têm


mostrado alguns resultados conflitantes com aqueles já obtidos em [42]. Por exemplo,
vamos citar um estudo recente do G.R de Migdal-Kadanoff [46] [50], onde foi
encontrado   2,25 ;   1,37 e   0,02 . No entanto, observamos que este valor
de  é negativo e grande em módulo quando comparado com as estimativas para 
em [42] [51]. Este valor de  , grande em módulo, causa na verdade sérias
dificuldades no que diz respeito à relação de Rushbrooke, i. é,   2     2 [52], e
também em relação aos resultados mais rigorosos dados pela desigualdade de
Rushbrooke, i. é,   2     2 [52].

Concluímos, portanto, que esses conflitos de resultados, incluindo as várias


relações de escala para os expoentes ainda permanecem em aberto para serem
solucionados no futuro.
73

O modelo RFIM é essencialmente teórico, no entanto, vamos apenas lembrar


que existe uma situação experimental que represente efetivamente o RFIM, i. é, uma
situação de onde podemos obter os mesmos expoentes. Trata-se na verdade do
sistema antiferromagnético diluído num campo externo (DAFF), que tem demonstrado
ser da mesma classe de universalidade do RFIM [53, 54, 55].

2.4 Conclusões

Nesse capítulo, fizemos uma revisão do Método de Thompson (M.T) no estudo


do modelo N-vetorial, do modelo de Ising com campo aleatório (RFIM) e, finalmente,
exploramos o caso mais geral do modelo N-vetorial na presença de campo aleatório.

No 1º modelo (seção 2.1: modelo N-vetorial), obtivemos os expoentes críticos


  N, d  e N, d  , dados da seguinte forma:

1ª aproximação:

  2N  d 
  d, N  
2  d  4  N   2N  d  
1  N     ;
 d, N   4  d  d  2N  .
  
2 1  N  d  2N 

2ª aproximação:

 N  5  3d
d, N   N  7 d  2 ;

A) N  2 : 
d, N   4  d 3d  N  7  .
 N  7 d  2

  7N  1 5  N  d ;
  d, N  
 2  N  7  d  1
B) 1  N  2 :  .
  4  d   5  N  d  N  7 
  d, N   2  N  7  d  1

onde d L  2 e d u  4 .
74

No 2º modelo (seção 2.2: RFIM) derivamos o expoente  pelo M.T segundo

Aharony-Imry e Ma(AIM), e obtivemos que  


d2
4d  2

, sendo d u  6 6   12
e

d L  22     . ´d u ` é a dimensão crítica superior acima da qual temos o regime

de campo médio; ´d L ` é a dimensão crítica inferior, abaixo da qual o sistema não


apresenta transição de fase de 2ª ordem.

Na 3ª seção (modelo N-vetorial com campo aleatório), extraímos os expoentes


vN, d  e N, d  com base em duas aproximações heurísticas, a saber:

1ª aproximação:

  2N  d 
  d, N   ;
 2  d  6  N   2N  d  
1  N    
  6  d  d  2N  
  d , N   .
 2 
  N  1  d  4N 

2ª aproximação:

1ª hipótese:   2  

 3d  N  11
d, N   4  d N  7  ;

- A) N  2 : 
d, N   d  6N3d  31d  78 .
 d  4N  7 

com d u  6 e d L  4 .

 8  d  N  2   18 ;
  d, N  
1 N  2   d  2  N  7 
- B) : 
  2   
d 2  8d  12  N  2 
  d, N   .
  d  2  N  7 

com d u  6 e d L  2 .
75

d
2ª hipótese (   , dado apenas para o intervalo 1  N  2 , incluindo o RFIM
2
para N  1 ). Obtivemos que:

d, N  
d  24  d N  4d  10  N  7 d  2 ;
d  2d  6N  1  2 N4  d   8d  20  8N  7 d  2
com
1
N  1, d   ,

2 1 
d  2 d  6 
2 
 36d  1  5d 

sendo o caso N  1, d  3  1,125 : Expoente  para o RFIM real 3  d .

Temos d u  6 e d L  2 para o RFIM.

No caso do expoente d, N  , verificamos que o nosso resultado é discrepante


com os da literatura. Além do mais, os próprios resultados da literatura pesquisada são
discrepantes entre si. De fato, trata-se de uma pesquisa em aberto, onde se procura
por novos métodos mais poderosos de investigação.

O próximo capítulo se destina à exploração do M.T no estudo das várias


classes de reações químicas limitadas por difusão.
76

Capitulo 3

3 O Método de Thompson aplicado às reações


químicas limitadas por difusão dos tipos A + A  0,
A + B  0, com e sem difusão anômala, e às reações
químicas do tipo   l  l    .

Introdução

Nesse capítulo, primeiramente iremos usar o método do grupo de


renormalização de Thompson para estudar as reações químicas limitadas por difusão
do tipo A + A  0 (de mesma espécie A), obtendo a dimensão crítica superior d c  2

para esse sistema; o decaimento da taxa de concentração média    no regime de


campo médio d  2  e fora deste d  2  , e a taxa de reação nesses dois regimes.

Em seguida, iremos usar o método para estudar a reação do tipo A + B  0, com


espécies diferentes, apresentando portanto o efeito de segregação d c  4  . Já, na

terceira seção, iremos propor um tratamento unificado para esses dois tipos de
reação, através da elaboração de uma ação geral capaz de encampar os dois casos
num mesmo formalismo que, quando tratado sob a ótica do Método de Thompson, nos
leva a um comportamento logarítmico universal para o decaimento da concentração e
taxa de reação, em qualquer dimensão crítica superior d c  , independente da reação

considerada.

Na quarta seção, usaremos o Método de Thompson para tratar as reações


limitadas por difusão do tipo A + B  0, com concentrações iniciais diferentes para as
duas espécies, considerando que a concentração inicial da espécie A seja muito
menor que a concentração inicial da espécie B, i. é, A (0)  B (0) . Para d  2 ,

obtemos um decaimento exponencial modificado da espécie A. Para d  2 , obtemos


um decaimento exponencial simples da espécie A.

A quinta seção será destinada ao estudo de ambas as reações A + B  0 e A


+ A  0 sob a condição de difusão anômala. Consideraremos uma ação geral de
forma a englobar os dois tipos de reações, já incluindo o mecanismo de difusão não-
browniana   2  para o caso de superdifusão; como por exemplo, o chamado efeito
77

“Lévy-mixing”. Assim, mostraremos que para   3


2 , o efeito de segregação já

desaparece em d  3 na reação A + B  0, havendo a chamada quebra de


segregação. No caso da reação A + A  0, o mecanismo de superdifusão leva ao
decrescimento da dimensão crítica superior do sistema. Também iremos mostrar que,
na dimensão crítica superior, mesmo nos casos de difusão anômala, ainda vamos
obter correções logarítmicas para as taxas de reação e o decaimento de concentração
dos reagentes.

Finalmente, na sexta secção, iremos estudar as reações de coalescência do


tipo kA  0 k  2  , sendo que iremos tratar o caso de difusão browniana (  2)

como também o caso de difusão anômala   2  . Em seguida, prosseguiremos


estudando também o caso da presença de uma fonte externa homogênea (h) de
partículas ‘A’ na situação de regime estacionário. Então, seremos capazes de obter o
expoente crítico  que caracteriza o decaimento da concentração nesse regime no
limite em que fazemos h  0 , e o expoente crítico ` para o tempo de relaxação; ou

seja,  h ~ h e  h ~ h  ` , sendo este último expoente também avaliado no limite


1

crítico em que h  0 . Também deveremos obter relações de escala entre os índices


críticos  e ` , mostrando suas universalidades, no sentido de não dependerem do
fator  , que dá a condição de difusão.

Reações limitadas por difusão

A pesquisa dos fenômenos de reações controladas por difusão é antiga;


entretanto, ela é ainda de muito interesse [56-63]. As reações controladas por difusão
foram primeiramente estudadas por Smoluchowskii [56]. Um rápido progresso na
compreensão dos vários processos de reações controladas por difusão tem sido
obtido nas últimas três décadas; por exemplo, podemos citar a reação ABO
em condições estequiométricas (concentrações iniciais iguais) e aleatória, que tem
sido estudada em detalhe [59; 60, 64-71]. De interesse particular, temos o fenômeno
de segregação Ovchinnikov – Zeldovich (OZ) [59], que se caracteriza pela presença
de partículas diferentes A e B, não podendo A reagir com A e nem B com B. A
segregação [59], também foi estudada analiticamente e numericamente por Toussaint
e Wilczek(T.W) [59]. Basicamente, as reações limitadas por difusão são caracterizadas
por um processo difusivo de partículas numa rede d-dimensional, sendo que essas
partículas interagem no momento em que se encontram durante a caminhada aleatória
78

gerando um certo produto. O fenômeno da segregação tem origem no fato de que as


partículas de mesma espécie não podem reagir entre si.

Os fenômenos de difusão, incluindo as reações de aniquilação controladas por


difusão vêm sendo de fato explorados de várias maneiras, com base, por exemplo, em
teoria quântica de campos [72], e no próprio grupo de renormalização. Usa-se também
de técnicas numéricas e soluções analíticas exatas [73-84].

Nesse capítulo, vamos explorar alguns tipos de reações limitadas por difusão,
com base no método do Grupo de Renormalização de Thompson [M.T], que é uma
forma alternativa simples para o G.R.

3.1 Uma revisão do estudo das reações do tipo A A 0 (com


difusão browniana).
Consideremos um sistema onde ocorra a difusão de partículas da mesma
espécie A, com a possibilidade destas interagirem (reagirem) entre si quando se
encontram, gerando um produto inerte que se deposita, isto é, não mais reage.

Formalmente, temos que ‘ d  2 ’ é a dimensão crítica superior para tais


reações bimoleculares [85-88].

Nessa seção, vamos tratar o caso de difusão browniana nas reações


A  A  O (produto inerte); no entanto, podemos citar alguns casos mais específicos
dessa reações; como, por exemplo, o estudo da reação A  A  O no estado
estacionário sob a influência de correlações na fonte [89]. Alguns métodos teóricos
têm considerado correlações na fonte de partículas externas [90]. Li e Kopelman [91]
estudaram esse problema em 1-D para comprimentos de correlação arbitrários,
usando simulações computacionais. Outros trabalhos consideraram também a
correlação de fonte para as reações A  A  O e A  A  A [92, 93-97], que
pertencem a uma mesma classe de universalidade.

Aqui, no nosso caso, queremos estudar a reação A  A  O com base no


modelo que foi proposto por Krug [98]. Krug propôs um modelo para uma versão
contínua de uma aniquilação limitada por difusão (DLA) com uma fonte pontual [98],
cuja equação de movimento fica da seguinte forma:
79

  r , t 
 D 2     r    2 , (3.1)
t

onde  é a concentração dos reagentes A; D é uma constante de difusão; K

representa a taxa de reação; logo o termo ' K 2 ' representa um termo de interação.

‘  (r)’ [98] representa uma fonte localizada na origem (r = 0) do sistema em


difusão.

A equação de movimento (3.1) gera a seguinte ação A:

1 1 1   2  
 D       
2
A  d dr 3
 , (3.2)
Ld
2 3 2  t 

Fazendo  A = 0 para t fixo; obtemos a eq. Euler–Lagrange, de onde extraímos


a eq. de movimento dada em (3.1). Também podemos escrever:

1 1 1   2 
D     r    3 
2
L = .
2 3 2 t

Aplicando a 1ª prescrição de Thompson na ação A, obtemos o seguinte para o


1º termo:

 2 ~ L 2 d  (3.3)

Para o 2o termo, fazendo  = 1, obtemos:

 ~ L d . (3.4)

Para o 3 o termo, fazendo  3   2  ,devido ao caráter bilinear da interação

 A 
 A   2 , e dado as relações (3.3) e (3.4), obtemos:

 
1
2
2
K L
~ L . (3.5)
80

No 4 o
termo, pensando que      0  exp. (–  t), então obtemos que

 
1  2
  2 . Assim, aplicando a 1ª prescrição de Thompson no 4 o termo, vem:
2 t

  2 Ld ~ 1. (3.6)

Substituindo (3.3) em (3.6), obtemos:

1
 ~ L2 ~ , (3.7)

onde  representa um tempo médio característico para que A viaje até encontrar com
outro A no caminho aleatório, durante o processo de difusão.

Substituindo (3.7) em (3.5), também podemos obter K da seguinte forma:

d
1
K ~ 2 (3.8)

O comportamento difusivo ‘ L ~  1 / 2 ’ que obtemos aqui é do tipo browniano.


Logo, substituindo este resultado em (3.4), obtemos:

 ~
d
2
. (3.9)

O resultado (3.5) ou (3.8) reproduz o resultado obtido por L. Peliti [84], que
usou renormalização em cada termo de uma série perturbativa (loop) associada às
interações de A com A no processo de difusão. Também, devemos observar que a
dimensão crítica superior (dc) desse problema é dc = 2. Logo, para d > 2, devemos
considerar K  1 , de forma que K não seja infinito no limite L   para d  2.
Assim, vamos escrever:

 L2   1
d
2
para d  2
K ~ (3.10)
1 para d  2
L

Agora, vamos estudar mais detalhadamente esse problema no caso em que


estamos exatamente sobre a dimensão crítica superior (dc = 2), de forma a obter um
81

ajuste mais preciso para o comportamento de K (taxa de reação) e

 (concentração).

Veremos que K e  exibem uma dependência logarítmica na escala L.

Para d  2 , temos que  3   2   L2 (veja (3.3) e (3.4)).

Devemos lembrar que a 1ª. prescrição de Thompson aplicada ao 3º termo da


ação nos leva a

1
L d
3
 3 d d r ~ 1. (3.11)

Agora, considerando d  2 e fazendo  3  r 2 dentro da integral (3.11) como


variável em r,então vem:

1 2
r  rdr ~ 1   ~ ln L  ,
L

1
(3.12)
1 3

onde 1 é um comprimento de corte inferior.

Baseando-se na 1ª prescrição de Thompson e considerando a igualdade entre


os 1°e 3° termos da ação em (3.2), porém, assumindo que podemos substituir a
igualdade entre as integrais pela igualdade entre os integrandos, depois de trocar
pelo  , obtemos daí a seguinte equação diferencial:

2
1    1
D     3  0 (3.13)
2  r  3

Podemos resolver (3.13) sobre a dimensão d  2 , fazendo a integração entre 1

e L e usando (3.12). Obtemos daí o comportamento de  na dimensão crítica

superior, a saber:

ln L  ln  
 ~ ~ , para d  2. (3.14)
L2 
82

Todos esses resultados da aplicação do M.T ao modelo de reação A  A  O


foram obtidos por Silva [99].

3.2 Reações do tipo A + B  0 com concentrações iniciais


iguais (com difusão browniana).
Nessa seção, vamos abordar as reações limitadas por difusão entre duas
espécies diferentes (A e B) sob condições estequiométricas. Nessa situação, surge o
fenômeno de segregação quando d  4 (fora do campo médio). A segregação foi
muito estudada em diversas condições [100, 101]. Mais recentemente, estudou-se o
comportamento de campo médio d  d c  no caso de estado estacionário [102], e

depois essas idéias foram refinadas através do G.R, motivadas por argumentos de
‘scaling’ [103]. As reações em sistemas com condições de homogeneidade inicial
também têm sido estudadas [104,105].

O modelo que vamos usar para a reação A  A  O é aquele em que as


partículas realizam continuamente caminhos aleatórios (‘random walks’) numa rede
hipercúbica. Consideramos em geral as constantes de difusão D A e D B para as
partículas A e B respectivamente. Se A e B se encontram, então elas se aniquilam
com alguma taxa de reação característica K.

Para o caso da aniquilação entre as duas espécies A e B, numa 1ª instância,


deveríamos considerar duas equações diferenciais de movimento para descrever
A A  e B B  separadamente com constantes de difusão D A e D B respectivamente.
No entanto, como as concentrações iniciais são iguais, então as duas equações
podem ser expressas em apenas uma, sendo  A   B   . Assim, se as
concentrações de partida são iguais, e considerando que elas se difundem da mesma
maneira D A  D B  D  , elas então permanecerão iguais no tempo.

Para este caso, temos a seguinte equação de movimento:

  r , t 
 D 2   h    2 (3.15)
t

A novidade apresentada pela equação (3.15) quando comparada com (3.15) na


1ª seção para o caso da reação A  A  O , introduzida por Krug [98] é a presença
83

da taxa de fonte efetiva ‘ h  ’, que aparece aqui com o objetivo de incorporar

efetivamente os efeitos de segregação na equação de movimento. Como já sabemos,


a taxa efetiva h   h ' também decai, devido ao decaimento de  . Isto vem do fato

de não ser possível a aniquilação entre mesmas espécies [(A com A) ou (B com B)],
reduzindo a taxa de reação efetiva e o decaimento da concentração no tempo, quando
são comparados com o caso A  A  O , onde não há segregação.

Vamos escrever a ação para a equação (3.15):

1 1 3 1 
A   d  D     h    K 
2
2
  d r,d
(3.16)
L
 2 3 2 t 

onde fazemos A  0 (condição de ação mínima) para obtermos (3.15) a partir de


(3.16).

Usando procedimentos análogos aos que já foram feitos no caso anterior pela
aplicação das duas primeiras prescrições de Thompson, obtemos:

1o. termo da ação:  2 ~ L2  d . (3.17)

 L2 
d 2 d 4
2o. termo da ação:  ~ L , (3.18)

onde fizemos h  1 (constante).

3o. termo da ação:  3   2  ~ L2d .L d / 2 , de onde obtemos

d 4 1
 L2  4 ~ 
1
K ~ L  2
d d
2
. (3.19)

Devemos observar que a dimensão crítica superior (dc) é dc = 4 neste caso. Na


verdade, isto se deve ao fato de haver segregação no caso A  B  O , o que nos
leva ao aumento da dimensão crítica de ‘2’, no caso ( A  A  O ), para ‘4’ no
caso( A  B  O ).
84

1
4o. termo da ação: L2 ~  ~  (tempo médio característico). Esse é o
comportamento de difusão browniana. (3.20)

Agora, considerando que estamos na dimensão crítica superior d  4 neste


caso, vamos fazer as mesmas considerações adicionais usadas no caso anterior
A  A  O , para a obtenção das correções logarítmicas na concentração  e na

taxa K . Assim, no terceiro termo, fazendo d  4 ,vem:

 3 ~ L4 . (3.21)

Trocando L pela variável r associada, em (3.21), e introduzindo dentro da


integral do 3°. termo, obtemos em d  4 que

1 3  4  1 4  3
 3 r r dr ~ 1   ~ ln L  .
L
 
1
L d  3   d r ~ 1
(3.22)

Considerando a igualdade entre o 1° e 3° termo da ação, como já foi feito


anteriormente, recaímos na equação diferencial (3.13) da seção anterior, e daí
encontramos novamente o comportamento de  , ajustado logaritmicamente em

d  4 , isto é

ln L  ln 
 ~ ~ , para d  4. (3.23)
L2 

É interessante observarmos que o mesmo comportamento de (3.22) e (3.23) foi


obtido em (3.12) e (3.14) para o caso de A  A  O na seção anterior. Isto nos leva a
concluir naturalmente que, embora as reações A  A  O d c  2 e A  B  O

d c  4 sejam de classes de universalidade diferentes; quando estamos na dimensão


crítica superior, o comportamento de  e K torna-se invariante; isto é, o

comportamento logarítmico é mantido na dimensão crítica d c  do sistema.


85

3.3 Tratamento unificado das reações do tipo A + A  0 e A +


B  0.
O sucesso do Método de Thompson no tratamento dessas reações, obtendo o
mesmo comportamento em cima da dimensão crítica (dc), nos encoraja a estender a
ação A de forma a incluir as duas classes de reações num mesmo esquema (ação),
pela aplicação do Método de Thompson (M.T). Assim sendo, vamos escrever a
seguinte ação estendida:

1 1 1   2  
A   d d d r  D   h 

2
 K 3  , (3.24)
L
2 3 2 t 

onde   0 .

De forma análoga ao que já foi feito anteriormente, podemos aplicar o M.T na


ação dada acima, e daí obtemos:

 d   1 
 
~L (3.25)

d  2  2  1
K 
~ L2  (3.26)

A relação (3.26) nos mostra que, para a ação geral dada em (3.24), a dimensão
crítica é dada por

d c    2  2 (3.27)

Assim, podemos escrever (3.26) da seguinte maneira alternativa:

K 
 
~ L2
d / dc 1
~  d / dc 1 (3.28)

Devemos observar que, se fizermos   0 , teremos d c  2 , o que caracteriza

o comportamento de campo médio na reação do tipo A  A  O [99].

Se fizermos   1 , obtemos d c  4 , o que representa a dimensão crítica

superior para a reação do tipo A  B  O .


86

É muito interessante verificar que a ação dada em (3.24) é capaz de reproduzir


os resultados do trabalho de Lindemberg [106] no caso de geometrias euclidianas.

No trabalho de Lindemberg [106], também se considera geometrias fractais, de


onde se obtém a taxa de decaimento da concentração  no tempo. Obtém-se que:

 ~ t  , [106]

ds  d s 
onde   1   [106]. (3.29)
2  2d f 

Respectivamente, ‘df’ e ‘ds’ representam as dimensões fractal e espectral do


problema em questão, sendo que a própria escolha de   nos leva à descrição de um
tipo específico de reação. Como exemplo, se consideramos geometrias euclidianas,
teremos d f  d s  d . Assim sendo, se   1 , temos o caso A  B  O ; se   0 ,

obtemos o caso A  A  O .

De (3.25), também podemos escrever:

~ L2 
 d  2  2   d dc
 
~ .
(3.30)

Comparando o expoente de (3.30) com o expoente  em (3.29), no caso de


geometrias euclidianas d s  d f  d  , obtemos:


 (3.31)
2 

Quando   0    0 ; quando   1    1 , tendo respectivamente o caso

A  A  O     0  e o caso A  B  O     1 .

Finalmente, quando tratamos o modelo descrito pela ação (3.24) na dimensão


crítica dada por d c  2   2 , obtemos novamente correções logarítmicas para o

comportamento de campo médio. Fazendo este tratamento, obtemos:

ln L  ln  
 ~ ~ , para d c  2  2. (3.32)

L2 
87

Então, concluímos que o comportamento logarítmico na dimensão crítica é


mantido para o caso geral ( d c  2   2 ).

Em suma, vamos escrever o comportamento da concentração média  


:

t d / 2  2  ; d  2  2,



 
 n t  / t ; d  d c  2  2, (3.33)
 1
t ; d  2  2.

Para   0 em (3.33), temos o caso A  A  O d c  2  [99, 85].

Para   1 em (3.33), obtemos o comportamento assintótico em A  B  O


d c  4 , que está em concordância com os resultados rigorosos de Bramson e

Lebowitz [107] para a reação A  B  O [108] com concentrações iniciais iguais.

Todo esse tratamento unificado das reações A  A  O e A  B  O pela


aplicação do M.T foi trabalho de Nassif e Silva [109].

3.4 O Método de Thompson aplicado às reações químicas limitadas por


difusão do tipo A + B 0, com concentrações iniciais diferentes para as
duas espécies.

Nessa seção, propomos uma ação efetiva para descrever a reação química

limitada por difusão do tipo A + B 0 (produto inerte), com concentrações iniciais

diferentes para as duas espécies, sendo P A o   P B o . Essa ação será tratada

através do Método de Thompson (M.T), de onde será obtida uma taxa de reação

efetiva K eff . Este raciocínio será usado para tratar a equação diferencial de movimento

para a concentração P A t  , quando consideramos o comportamento de tempo longo.


88

3.4.1 Dinâmica das reações A + B 0 com concentrações iniciais


diferentes.

Dado que P A t  e P B t  dão as concentrações das espécies A e B no tempo,

então, em regime de campo médio, consideramos as seguintes equações diferenciais

para as duas espécies:

dP A
  K AP AP B ; (3.34)
dt

dP B
  K BP BP A . (3.35)
dt

Vamos Fazer as seguintes considerações: K A  KP A e K B  KP B , onde

pensamos que K A  K B , de tal forma que poderíamos pensar na seguinte


proporcionalidade: K A  P A e K B  P B , pois já consideramos apriori que P A  P B .
Assim, introduzindo tais considerações em (3.34) e (3.35), teremos respectivamente
as seguintes equações:

dP A t 
 KP A t P A t PB t ; (3.36)
dt

dP B t 
 KP B t P B t P A t  . (3.37)
dt

Multiplicando (3.36) por PB t  e (3.37) por P A t  , e depois somando as duas


equações, obtemos:

dP B t  dP A t 
P A t   P B t   -2 K P A t P B t  .
2
(3.38)
dt dt

Também, podemos escrever (3.38) na seguinte forma compacta:

d
P APB   2K P APB 2 , (3.39)
dt
89

onde P A  P A t  e P B  P B t .

Fazendo  t   P A t P B t , ou simplesmente   P AP B , e também K '  2K ,


sendo uma taxa de reação efetiva, escrevemos (3.39) da seguinte forma:

d
  K '  2. (3.40)
dt

A equação (3.40) representa uma equação de movimento para a concentração


efetiva  das duas espécies no caso de ‘campo médio’. Assim, se quisermos estender
(3.40) para uma ação equivalente, onde aparece explicitamente variações espaciais
em    , e também uma fonte na origem do tipo  r  , então vamos escrever a
seguinte ação efetiva:

1 1
Aeff   d  D    r   K '  3 
2 1  2   d d
r, (3.41)

L
2 3 2 t 

onde K '  2K e   P A P B , sendo   r , t . ‘D’ é uma constante de difusão efetiva.

É muito importante observar que a ação efetiva (3.41) é similar àquela ação
considerada no caso de reação mais simples do tipo A  A  0 , quando tratada pelo
método das dimensões de Thompson [8], e Silva [99] que se baseou no trabalho de
Krug [98].

Sabemos que Krug [98] propôs um modelo para uma versão contínua de uma
aniquilação limitada por difusão (DLA) com uma fonte pontual, cuja equação de
movimento é a mesma daquela tratada por Silva no caso da reação A  A  0 [99], e
que é similar à equação de movimento efetiva obtida de (3.41), fazendo a ação mínima
 A eff  0 ; isto é, temos

  r , t 
 D 2    r   K  '2 , (3.42)
t

onde já sabemos que    eff  P A P B e K   K eff  2K .


90

Como já introduzimos a ação efetiva (3.41); então, quando aplicamos nela o


M.T, de maneira análoga ao que foi feito nas seções anteriores, obtemos a seguinte
taxa efetiva média K ' :

d
~ L2  2
d 1
1
K ' K' L
 2K L
 2
, (3.43)

d
1
onde, agora vamos pensar na função K ' t  ~ t 2
como função da variável t, mantendo
a mesma forma de (3.43).

Agora, substituindo a forma livre K ' t  na própria equação diferencial para

' P A t ' , então vem a seguinte equação:

dP A t   d 1 
 K eff P APB  - t 2 P A t PB t , (3.44)
dt  

d
1
sendo K ' t   K eff t   t 2 .

Já que consideramos P A t   P B t , então podemos fazer a seguinte

aproximação: PB  PB o. Esta aproximação pode ser feita, pois como a concentração
da espécie B é muito maior, então, no decorrer do tempo, esta pode ser considerada
praticamente constante quando comparada com P A , que é muito menor. Assim, em

virtude disso, vamos pensar que P B t   P B 0    (constante), que é uma boa

aproximação para esse caso de forte desigualdade P A  P B  , que foi estudada por

Bramson e Lebowitz [107]. Portanto, como temos P B t   P B 0    , agora fica fácil


compreender porque a ação efetiva (3.41) e a equação de movimento (3.42) são
efetivamente as mesmas obtidas da reação A  A  0 [99]. Na verdade, tal
similaridade ocorre porque a espécie A está sempre reagindo com a espécie B, já que
a espécie B está sempre disponível na rede devido a sua alta concentração. Logo, a
probabilidade de A ir ao encontro de B permanece sempre grande durante o tempo, e
conseqüentemente a reação ocorre como se fosse efetivamente a reação A  A  0 ,
não havendo segregação.
91

Tendo em vista que PB o    , sendo  praticamente constante, então,


introduzindo esta informação em (3.44), obtemos a seguinte aproximação esperada
para o caso P A  PB :

dP A t   1
d
 
  t  2 P A t . (3.45)
dt

Assim, de (3.45) vem a seguinte solução:

 2 d2 
P A t   P A 0exp  t . (3.46)
 d 

De (3.46), obtemos basicamente três casos, dependendo da dimensionalidade


do problema em questão.


1o caso: d=1  P A t   P A 0  exp   1 t ,  (3.47)

onde 1  2.

2o caso:d=2  P A t   P A 0  exp   2 t , (3.48)

onde 2  .

3o caso: d  3 (dentro do regime de campo médio)

P A t   P A 0  exp   d  3t , (3.49)

onde, em geral, observamos que  d   2 / d. Também devemos observar que, aqui,

usamos a 2ª prescrição de Thompson para o comportamento de campo médio, isto é,


K '  C te  (para todo) d>2, a fim de evitar as divergências na taxa de reação efetiva K’
para tempos grandes e para d>2.

Os resultados (3.47) e (3.49) reproduzem bem os resultados de Maury


Bramson e J. L. Lebowitz [107], com exceção ainda do resultado (3.48) para d=2, onde
devemos esperar um comportamento logarítmico para P A t  ,no argumento da função
92

exponencial; porém, quando refinamos os cálculos pelo M.T em d  d c  2 ,

recuperamos o comportamento logarítmico. Isto será feito a seguir:

Já sabemos que obtemos 3 L


~ L2 para d=2. Assim, expressando este

resultado na variável r, já sabemos que  3 ~ r 2. A integral para o terceiro termo da


ação (3.41), considerando d=2, será:

K '  3 d 2 r ~  K ' r  2 rdr ~ 1,


1 L1
 L2
3 1 3
(3.50)

onde d 2 r ~ rdr.

De (3.50), obtemos:

K '  K ' L ~ ln L  ~ ln  ,


1 1
(3.51)

sendo K '  K eff . Aqui, também introduzimos um comprimento de corte 1 inferior para a

integral em (3.50).

Colocando (3.51) na variável livre t, vem K eff ~ lnt  . Retornando com este
1

resultado ajustado para dc=2 na equação diferencial para P A t  , no lugar de


d
1
K eff ~ t 2
; então, fazendo esta substituição, escrevemos a seguinte equação para a

dimensão crítica:

dP A t 
 lnt  P A t ,
1
(3.52)
dt

para d=2.

Como estamos pensando no comportamento de P A t  para t grande, então

podemos pensar que a função ' lnt ' neste limite é praticamente constante. Assim
sendo, obtemos a seguinte solução para (3.52):
93

 t 
P A t    P A 0 exp  , (3.53)
 ln t  
para d=2 e t grande.

Comparando (3.53) com (3.48), observamos que estas diferem entre si pela
função ' lnt ' no argumento da função exponencial em (3.53), o que corresponde ao
ajuste logarítmico, dado exatamente sobre a dimensão crítica. Assim, a solução (3.53)
é mais apropriada para descrever a variação tamporal da concentração de A em
d=dc=2. A solução (3.53) reproduz o resultado rigoroso de Lebowitz [107] para d=2.
Todos esses resultados, obtidos para P A t  em d  1,2 e d  3 , no caso
P A t   P B t  , fazem parte de uma publicação recente (veja Nassif e Silva [110]).

3.5 Estudo das reações químicas do tipo AB0 e AA0, nas


condições de difusão modificada pela aplicação do M.T.
Sabe-se que o estudo dos fenômenos de difusão é antigo. A difusão sob
condições normais (movimento browniano) se baseia em movimentos aleatórios de
partículas (random walks). Após uma exaustiva investigação desses movimentos,
Robert Brown publicou um trabalho em 1828. Mesmo assim, o movimento browniano
não era bem compreendido, pois, naquela época ainda não se tinha demonstrado a
existência dos átomos. A explicação veio através de Albert Einstein em 1905 [111],
porém Einstein não se referiu a esse movimento como sendo o movimento browniano,
porque ele não tinha ainda tomado conhecimento dos trabalhos de Brown.

Desde 1905, o movimento browniano tem-se tornado o exemplo canônico de


um processo aleatório [112]. Matematicamente, esse processo é regido pela equação
da difusão, dada da seguinte forma:

Px , t   2 P x , t 
D , (3.54)
t x 2

sendo Px , t  a probabilidade de um caminhante aleatório browniano estar na posição

x, no tempo t, dado que ele partiu da origem x  0  , no tempo t  0 .

A solução de (3.54) é gaussiana, isto é,


94

1
P  x, t  
2
ex / 4 Dt
. (3.55)
4Dt

De (3.55), vem que o desvio médio quadrático x 2 é dado da seguinte forma:

x 2 t   2Dt , (3.56)

 
onde D é a constante de difusão, que tem a unidade de ‘ x 2 /t  ’.

Estudos recentes têm sido feitos para os vários casos de difusão modificada
(não-browniana) [113], incluindo movimentos que estariam “acima” [113], “abaixo”
[113] e além [113, 114] do movimento browniano. Basicamente, tais efeitos de difusão
modificada se fundamentam no seguinte escalonamento (‘scaling’) para desvio médio
quadrático:

x 2 t  ~ t  , (3.57)

onde  representa um expoente que descreve a anomalia do caráter difusivo,


gerando o comportamento não browniano [115]. Para   1 , recuperamos a condição
de movimento browniano, dado em (3.56). No caso   1 , temos a condição de
subdifusão [115], [113], que está “abaixo” do movimento browniano. Quando   1 ,
temos a condição de superdifusão [115], que nos leva a uma difusão mais rápida que
a difusão browniana. No caso especial em que   2 , obtemos um caso especial de
superdifusão, denominada de difusão balística [115], que está bem além do
movimento browniano. Ainda, além do movimento browniano, temos os casos em que
  2 , o que vem sendo investigado recentemente [114]. Trata-se da dinâmica não-
linear dos movimentos da classe Lévy-Walk [116], tendo em vista o aparecimento de
fractalidade nessa dinâmica [117]. Um caso muito especial de Lévy-Walks é a
turbulência (difusão turbulenta) [114,118,119], onde   3 . Este resultado já foi obtido
em 1926 por L.F.Richardson, que publicou sua descoberta de que a média do
quadrado da separação r entre duas partículas num fluido turbulento cresce com t 3 ,

isto é, r 2 ~ t 3 .
95

3.5.1 O estudo da anomalia de difusão nas reações do tipo A B 0 ,


levando à quebra de segregação.
Nessa seção, vamos usar o método de Thompson (M.T) como uma forma de
estudar o fenômeno da quebra de segregação na reação de aniquilação de duas
espécies A  B  0  com concentrações iniciais iguais.

Na seção 3.2, propomos uma ação para estudar a reação de aniquilação de


duas espécies A  B  0 [109] sob a condição de difusão browniana; isto é

r 2 ~ t , ou então, r ~ t 1 / 2 , com   1 ou  =2.

Neste caso, temos a condição normal de segregação tal que se obtém a


dimensão crítica d c  4 [109]. A ação da seção 3.2 foi dada da seguinte forma:

1 1
A   Ld d d r  D   h    K 3 
2  
1  2 

2 3 2 t 
. (3.58)

De (3.58), fazendo A  0 , tínhamos obtido a seguinte equação de


movimento, que é a equação de difusão browniana com aniquilação das duas
espécies A e B:

r, t 
 D 2   h   K 2 . (3.59)
t

Como já é bem sabido, a segregação normalmente aparece na reação


A  B  0 devido à impossibilidade de aniquilação entre mesmas espécies A(ou B).
No entanto, um recente trabalho de Zumofen, Klafter e Shlesinger [120] mostrou a
possibilidade da quebra de segregação na reação A  B  0 , devido ao chamado
efeito Lévy-mixing, que pertence à classe dos Lévy-Walks.

Numa condição de difusão modificada para o caso da reação A  B  0 , é


possível suprimir a segregação em dimensões d  4 [120]. Tal redução de segregação
leva a uma aceleração no processo de reação, e tal efeito tem sido de maior interesse
prático [121]. Portanto, se misturamos continuamente as partículas A e B, facilitamos a
reação entre elas; assim, a possibilidade de uma partícula A encontrar a B é
aumentada, permitindo uma reação mais eficiente entre elas. Isso leva, naturalmente,
a uma maior homogeneidade espacial da densidade das partículas durante todo o
96

tempo de mistura. Agora, se olharmos para a ação (3.58), observamos que, devido ao
termo de gradiente “   ” na ação, estamos levando em conta flutuações espaciais na
densidade de partículas. No entanto, a quebra da segregação pode ser conseguida,
aumentando a homogeneidade espacial da densidade de partículas [120], o que nos
leva a uma redução das flutuações. Primeiramente, do ponto de vista matemático, este
raciocínio nos leva a pensar a respeito de algum tipo de “gradiente modificado”(um tipo
de gradiente ou derivada fracional [115]) para a nossa ação, mimicada por alguma
coisa como “   ”, com   1 , para garantir o aumento da homogeneidade espacial da
densidade de partículas, através da redução ou supressão das flutuações desta
densidade.

De fato, a supressão de flutuações nos leva a uma redução da dimensão crítica


superior (campo médio) do modelo, sendo d c  4 no caso da reação ‘ A  B  0 ’

modificada pelo “mixing”(mistura).

Na seção 3.2, tínhamos mostrado que o termo “ h   ” na ação (3.58) contém

uma importante informação da segregação, pelo fato de que ele contém o valor médio
 
da concentração  , que, por sua vez, decai no tempo, indo a zero para tempos

longos; ou em outras palavras, dizemos que ele corresponde a um termo de ação


efetiva para segregação [109]. Portanto, quando reduzimos as flutuações espaciais
  na ação, e com isso, aceleramos o processo de reação, conseqüentemente
também deveríamos modificar a maneira como  decai no tempo. Isto é porque as

flutuações suprimidas no processo de difusão por mistura (‘mixing’) nos levam


diretamente a algum tipo de erosão de segregação.

Já que a erosão de segregação implica em considerar alguma modificação do


valor médio  no 2º termo da ação (3.58), poderíamos pensar que tal supressão de

flutuação de segregação está diretamente ligada ou refletida nas flutuações espaciais



dadas pelo gradiente fracional (modificado)  . Assim, está linha de raciocínio nos
permite considerar que o tempo de decaimento modificado de  deva estar em ‘pé-

 
de-igualdade’ com as flutuações espaciais modificadas de     . Logo, isso nos leva
97

a introduzir o seguinte termo modificado para levar em conta uma certa quebra de

segregação: h  , sendo   1 . Para   1 , recuperamos o caso de d c  4  [109].


Finalmente, com base nas considerações acima para o caso de difusão


modificada para a reação A  B  0 , podemos escrever a seguinte ação:

1

A   d d d x  D    
2
h 
 1
  K 3 
 , ,
1  2
(3.60)

L
2 3 2 t 

com   1 .

No trabalho de Zumofen, Klafter e Shlesinger [120], um (expoente)  foi usado


por eles a fim de caracterizar o comportamento difusivo anômalo, de tal forma que,
quando se considerou   2 , a difusão modificada desaparecia, recaindo na condição

browniana. No entanto, quando   2 pela mistura (Lévy-mixing), eles [120]


mostraram que a condição de difusão modificada emergia, e assim, obtiveram a
quebra de segregação para a reação A  B  0 em dimensões menores que 4.

Considerando-se o fato de que  [120] e  introduzido aqui na ação (3.60) são


expoentes que introduzem efeitos de difusão anômala para a reação, então é
importante observar que podemos relacionar  com  dado em (3.60). Quando   2 ,

obtemos   1 da condição de movimento browniano. Logo, para   2 , deveríamos

ter <1 para condição não-browniana (uma condição de superdifusão devido ao


“mixing”). Portanto, para sermos consistentes com a descrição dada em [120], vamos

fazer a seguinte identificação de expoente na ação (3.60):   .
2

Então, usando o parâmetro  , a ação (3.60) pode ser escrita alternativamente


como:

d 1
 2
A    d r D   / 2  h  /2
  K 
 
1 3 1  2 
. (3.61)
Ld 2 3 2 t 

Se   2 , recuperamos novamente a ação (3.58). Pela imposição de que

A   0 em (3.61), obtemos a seguinte equação diferencial para difusão modificada:


98

r, t  /2
 D    h   K 2 . (3.62)
t

Se   2 , recuperamos a equação diferencial (3.59). A equação diferencial


fracional acima nos sugere uma propriedade de não-localidade devido à derivada
fracional que causa a anomalia na difusão [115,122].

Vamos agora aplicar as prescrições do M.T na ação (3.61). Usando a 1ª


prescrição do M.T, que é um argumento de escala, no 1º termo de (3.61), temos:

r  D  / 2    ~  d    2 ~ 1 .
1 2
d
d
(3.63)
Ld 2 

De (3.63), obtemos que o valor médio quadrático de   2   se comporta como


 2 ~   d (3.64)

Do 4° termo de (3.61), temos:

d  1   
2

d  2 t  ~    ~ 1 ,
2 d
d r (3.65)
L

onde consideramos que t    o exp- t  . Introduzindo (3.64) em (3.65), obtemos:

1
   ~  ,

ou  ~  1 /  . (3.66)

Observamos que (3.66) dá o caráter não-browniano dessas reações limitadas


por difusão [115,123]. Na verdade, quando consideramos   2 em (3.66), obtemos as
condições de movimento além do movimento browniano [124,125,126], que
correspondem às condições de superdifusão.

Em casos gerais de processos de difusão (veja ref. [115]), temos o seguinte

desvio médio quadrático dado por x 2 t  ~ t  . A condição de Lévy-mixing que

consideramos aqui leva a uma difusão mais rápida que a difusão browniana. Então,
99

vamos fixar nossa atenção na condição de superdifusão, isto é,   1 [114]ou   2

[120]. Assim, podemos relacionar os expoentes ,  [120] e  [115], que caracterizam


basicamente a anomalia difusiva; logo obtemos:     1 . Para
2
  1    2    1 , temos o caso do movimento browniano. Se   1, e   2 , o
que implica em   1 , temos a condição de superdifusão, que é dada aqui pelo Lévy-
mixing.

Aplicando a 1ª prescrição do M.T no 2° termo de (3.61), obtemos:

 ddr h    /2

 ~ h 
 / 2 1
d ~ 1 (3.67)
d

Fazendo h  1 , obtemos de (3.67) o seguinte comportamento de

escalonamento para o valor médio  :

 
 d /  1 
 
~ 2 
. (3.68)

Usando (3.66) em (3.68), obtemos:

 ~   
 d /   / 2 1
~   d /   / 2 1 . (3.69)

Colocando   2 em (3.69), recaímos nos resultados rigorosos de Bramson e

Lebowitz [107] para as reações A  B  0 com segregação completa, como também,


recaímos nos resultados obtidos de um tratamento dessas reações pelo M.T [109].

Vamos agora aplicar a 1ª prescrição do M.T no 3° termo de (3.61). Assim:

1 
d r K 3  ~ K  3  d ~ 1 .
d
(3.70)
d 3 

Vamos fazer a seguinte hipótese plausível:

3 ~  2  . (3.71)
100

O desacoplamento (3.71) acima já foi justificado nas seções precedentes, e ao


mesmo tempo foi utilizado com sucesso em trabalhos anteriores [99,109], onde se
reproduziu exatamente os resultados de Peliti [85] para a reação A  A  0 e os de

Bramson e Lebowitz [107] para a reação A  B  0 com total segregação.

Usando (3.64),(3.68) e (3.71) em (3.70), obtemos:

       
   
K ~
 d /  1   
  2 
 
~    d /   2 1   1
   ~
 d /   1   1
  2 
, (3.72)

sendo,  ~   .

   
A equação (3.72) nos fornece d c      1 como a dimensão crítica
 2  
superior para o modelo. Para o caso   2 , obtemos d c  4 , onde temos a condição
de difusão browniana para a reação A  B  0 . É possível extrair de (3.72) alguns
casos particulares, onde temos quebras de segregação. Vamos considerar
basicamente dois casos de   2 :

a)   1 : um caso de forte mistura que leva à difusão balística, que é um caso

especial de superdifusão com   2 [115]. Para   1 , obtemos d c  3 / 2  1,5 , que


corresponde a um tipo de dimensão crítica superior fractal para este caso. Aqui, nós
temos uma forte quebra de segregação, de tal forma que para d  2 o sistema já
possui comportamento de campo médio.

b) Um outro caso, que é conhecido, havendo forte quebra de segregação


ocorre quando   1,25 , sendo d c  2 . Logo, em d  3 , obtemos a quebra de
segregação, já que, nesta dimensão, temos justamente um regime de campo médio
devido ao Lévy-mixing ou estado de mistura constante das espécies reagentes.
Zumofen, Klafter e Shlesinger [120] estudaram as reações A  B  0 com Lévy-
mixing, no caso em que   1,25 . Eles também observaram a quebra de segregação
em d  3 , o que está em concordância com os resultados que acabamos de obter de
(3.72) para o caso   1,25 .

Zumofen, Klafter e Shlesinger [120] obtiveram as curvas do comportamento


das funções de correlação entre partículas de mesma espécie AC AA r , t  e entre
101

partículas A e BC AB r , t  para o caso 3-D, levando em consideração a difusão por


caminhos aleatórios i. é, com segregação; e também o caso de difusão modificada
pelo ‘mixing’, com quebra de segregação para   1,25 ,em d  3 . Tudo isso foi obtido
para um dado tempo t fixo. Veja figura abaixo, onde se pode comparar o caso “   2 ”
com “   1,25 ” em 3-dimensões:

d =3
3 3 4
~ t = 10 , 3 x 10 , 10
2
C AA

NN-RW

γ = 1.25
1

~
C AB

0
0 0,5 1 1,5 2

1
  r /t 

~ ~
Figura 6: Funções de correlação C AA r , t  e C AB r, t  em d  3 dimensões.

As curvas da figura 6 com valores visivelmente maiores e menores que 1 são

os resultados de Random Walks – R.W   2  . As curvas centradas ao redor do valor

1 são os resultados de Lévy-Walk para   1,25 (figura 6 extraída da ref. [120]).

   
De (3.72), podemos ver que K diverge quando    , para d      1 .
 2  

Então, a fim de satisfazer a 2ª prescrição do M.T, adotamos K  1 para


102

   
d      1 . Logo, a descrição de campo médio desse modelo é correta para
 2  

   
d      1 .
 2  

    
Na dimensão crítica superior,  d  d c      1  ,vamos fazer algumas
  2   

considerações adicionais a fim de obter as correções logarítmicas para a taxa de

   
reação K e a concentração  . Temos para d  d c      1 (veja (3.64), (3.68) e
 2  
(3.71)), a seguinte relação

   
     1
 3
~  2
 ~  2  
. (3.73)

Se usamos a 1ª prescrição de Thompson para o 3º termo de (3.61), num certo

contexto modificado, isto é, fazendo dentro da integral do 3º termo a seguinte

substituição:

   
     1
 ~r
3  2  
, (3.74)

então podemos escrever:

      1      1 1
       
d 1 3 1  2     2  
 d  3   1  3
d r K ~ Kr r dr ~ K n   ~ 1 , (3.75)

 

onde  é medido em unidades de espaçamento de rede, sendo 1 o corte inferior, e

   
    1 1
d c 1
d rd rr
d dc
dr  r  2  
dr.

De (3.75) obtemos que


103

K ~ n   .
1
(3.76)

Tendo por base as considerações de escalonamento dadas pela 1ª prescrição

de Thompson aplicada em (3.61), onde o gradiente modificado escalona

 
como   / 2 ~   / 2 , então vamos definir que  r / 2    
 d 

d
, onde u  r  / 2 .
 dr   / 2 du

Naturalmente que, para   2 acima, recaímos na derivada usual, onde du  dr . No

 
entanto, dado que u  r  / 2 , vem que du ~ r   / 2 1 dr . Assim sendo, vamos considerar

a seguinte equação diferencial:

2
1  d  1
D  / 2 1   K  3  0 . (3.77)
2  r dr  3

A equação (3.77) pode ser obtida, considerando-se a igualdade dos 1º e 3º

termos de (3.61) (dada pela 1ª prescrição do M.T), onde supomos que podemos

substituir a igualdade entre integrais pela igualdade entre integrandos, depois de

substituir K por K .

    
Podemos resolver (3.77) na dimensão crítica superior  d  d c      1  ,
  2   

usando (3.76) em (3.77). Assim, fazendo a integração de (3.77) neste caso, obtemos:

n   n  
 ~ ~ , para d  d c . (3.78)

 

Como podemos observar em (3.76) e (3.78), justamente na dimensão crítica

superior, obtemos a correção logarítmica para a descrição de campo médio. Este

mesmo comportamento foi obtido anteriormente (veja ref. [109]) para a reação

A  B  0 , no caso de difusão browniana.


104

3.5.2 Tratamento unificado das reações A A 0 e A B 0 com


condições de difusão modificada.
O relativo sucesso do M.T no tratamento das reações A  A  0 e A  B  0

[109], e também nas seções 3.1, 3.2 e 3.3 nos encoraja a buscar por uma ação efetiva

estendida, capaz de englobar as duas reações mencionadas, também já incluindo as

condições de difusão modificadas. Portanto, vamos escrever a seguinte ação

estendida efetiva:

1 2
A ,   d d d r  D   / 2   h      / 2  1
  K 3 
 
1  2 
, (3.79)
2 3 2 t 

onde 0    1 e   2 . Se fizermos   2 em (3.79), recaímos na ação A  da seção

3.3, que engloba as reações A  A  0   0 e A  B  0   1 na condição


browniana.

De forma análoga ao que já foi feio nas seções anteriores, aplicando o M.T em
(3.79), obtemos os seguintes escalonamentos:

 
 d /    1
 ,
~ 2 
, (3.80)

d d
    
1 1
    1      

 
 2       1
K ,
~  ~  2  
(3.81)

O escalonamento (3.81) implica que, para o modelo estendido e, ainda com


condições de difusão modificada, definido em (3.79), a dimensão crítica superior é
dada por:

   
d c ,         1 , (3.82)
 2  

com 0    1 e   2 . Logo, alternativamente, vamos escrever:


105

K  ,
~    d / d c 1
~  d / d c 1 , (3.83)

sendo  ~   , e d c dado em (3.82).

Como temos em (3.79) a possibilidade de considerar   2 , então, também

somos capazes de englobar as reações A  A  0   0 e A  B  0   1 , já

incluindo a possibilidade de quebra de segregação no caso   1 reação A  B  0  ,

e uma possibilidade de ‘mixing’ no caso   0 reação A  A  0  .

Finalmente, é importante ressaltar que, na dimensão crítica do modelo


generalizado descrito pela ação (3.79), temos novamente correções logarítmicas para
o comportamento de campo médio nessa dimensão crítica. Esse resultado pode ser
obtido da maneira análoga já obtida anteriormente. Fazendo isso, obtemos:

n   n 
 ~ ~ , (3.84)
,
 

   
para d  d c      1 .
 2  

De fato, as correções logarítmicas obtidas na dimensão crítica superior de todos

esses modelos (seções 3.1, 3.2, 3.3 e a presente seção) são resultados universais.

3.6 O Método de Thompson aplicado às reações controladas


por difusão do tipo browniana e não-browniana
KA A   K
As reações controladas por difusão do tipo KA  A , com   K , e que
naturalmente incluem o caso de reações KA  0  0  dentro da mesma classe de
universalidade são conhecidas por apresentar forte dependência nas flutuações no
regime abaixo de uma dada dimensão crítica d c . Tais reações se baseiam na

interação de K partículas da espécie A, que, ao interagirem, coalescem num número 


de partículas, onde naturalmente   K .
106

Primeiramente, nessa seção, vamos aplicar o M.T, que é uma forma alternativa
simples ao G.R, numa ação efetiva que nos permita descrever o comportamento
dessa classe de reações com difusão browniana, obtendo o comportamento
assintótico da densidade  , em d  d c , e inclusive em d  d c . As leis de escala que

vamos obter aqui estão em concordância com os cálculos do G.R num trabalho de Lee
[128], e também com um trabalho mais recente de Oliveira [129]. Aqui, também,
vamos citar o trabalho de Ohtsuki [130], que aplicou o G.R a esses
sistemas kA  A  . Paralelamente, vamos mencionar outros trabalhos mais recentes
que tratam da cinética, dinâmica crítica e processos de difusão [131,132]. Citamos
também um recente trabalho de Oliveira [133].

3.6.1 As reações KA A (com difusão browniana)

Vamos aplicar o M.T para estudar a reação controlada por difusão do tipo

KA  A0    K  ; mas antes disto, devemos considerar os casos particulares de

reações dos tipos A  A  0 e A  A  A , em que K  2, e   0 e 1

respectivamente. Estas reações foram tratadas por Peliti [85], e também por Silva [99]

pela aplicação do M.T. Silva [99] considerou a seguinte equação diferencial para as

reações do tipo A  A  0ou A  , com K  2 :

r, t 
 D 2   hr    2 , (3.85)
t

onde  é a concentração da espécie A; D é a constante de difusão; hr  é uma fonte


introduzida por Krug [98], e  é a taxa de reação. A equação diferencial (3.85) já foi
introduzida na seção 3.1 desse capítulo.

A fim de tratar o fenômeno descrito por (3.85), usando o M.T, Silva [98] definiu
a seguinte ação:

1 2 1
A    d  D   h r    3 
1  2  d d
 r. (3.86)
2 3 2 t 
107

A equação (3.85) pode ser obtida diretamente de (3.86), impondo a condição


de ação mínima  A  0 .

No trabalho de Lee [128], a reação controlada por difusão do tipo KA  0 foi


considerada no regime de campo médio, i. é, para dimensões suficientemente altas, a
saber:

t 
   K , (3.87)
t

com taxa de reação constante   . Isto implica que acima da dimensão crítica

superior, a densidade irá decair assintoticamente com  ~ t 


1 /  k 1
. Para d  d c , o

comportamento da densidade  é conjecturado, tendo por base argumentos de escala


[134] e argumentos rigorosos [135]. Resultados exatos são dados para d  1 [136-
139]. Para d  d c , esperamos correções logarítmicas para o campo médio.

Agora, se consideramos uma equação diferencial para a reação KA  0 ,


incluindo flutuações espaciais de densidade e uma fonte do tipo hr  [98], então
podemos escrever a seguinte equação:

r, t 
 D 2   hr    k . (3.88)
t

Naturalmente, colocando k  2 em (3.88), recuperamos a equação para o


caso A  A  0ou A  [85,98,99].

A fim de tratar o fenômeno da reação KA  0 , ou KA  A , descrita pela


equação (3.88), usando o M.T, vamos definir a ação:

1
  2
 
A K    d  D   h r  
1 k 1
 
1  2  dd
 r. (3.89)
2 k  1 2 t 

A equação (3.88) pode ser obtida de (3.89), fazendo a condição  A k  0 .

Usando a 1ª prescrição do M.T [8], que é um argumento de escala, no 1º termo


de (3.89), obtemos:
108

1 2
 d
d d r  D   ~  d 2  2 ~ 1 , (3.90)
2 

sendo que o valor médio quadrático de   2   comporta-se como


 2 ~  2d
(3.91)

Para o 4º termo em (3.89), temos

d 1   
2
 
 d  2 t  ~    ~ 1 ,
2 d
d r (3.92)

onde consideramos que

 t     exp t  . (3.93)

Introduzindo (3.91) em (3.92), obtemos:

1
   ~ 2
. (3.94)

Observamos que (3.94) caracteriza a difusão browniana, onde  representa


um tempo de vida médio que uma partícula leva para atingir a outra e se aniquilarem.

Aplicando a 1ª prescrição do M.T no 2º termo de (3.89), obtemos:

   d d d r h  ~ h   d ~ 1 . (3.95)

Supondo h ~ 1 , temos para o valor médio de     o comportamento

 ~  d
. (3.96)

Usando (3.94) em (3.96), obtemos:

 ~  2 
d / 2
~  d / 2
. (3.97)
109

Esse resultado (Eq. 3.97) coincide com aquele que foi obtido por Silva [99], que
é o tempo de decaimento da concentração para a reação A  A  0 k  2  através
do M.T. Assim, esse resultado de escala nos leva a concluir que o comportamento
para tempos longos da concentração  é independente de k, o que foi mostrado por
Lee[128].

Agora, finalmente, vamos usar a 1ª prescrição do M.T no 3º termo de (3.89), a


saber:

 1 
 dd r  k 1  ~   k 1  d ~ 1 . (3.89)
 k  1
d

Prosseguindo, vamos fazer uma hipótese plausível:

k 1
 k 1 ~  2  . (3.99)

Este tipo de desacoplamento poderia ser justificado, como já foi feito em


trabalhos anteriores [99,109,110], levando-se em conta que o termo de reação que
aparece na equação (3.88) é basicamente de uma forma bilinear (uma correlação de
dois pontos), embora tenhamos aqui interações de k partículas k  2  . Na verdade,
apesar de haver k partículas para reagirem, consideramos que tal reação ocorre passo
a passo, segundo uma forma bilinear de interação (aos pares), tal que haja a
necessidade de se obter um tipo de desacoplamento que preserve a forma de uma

densidade média quadrática para   2   como já considerado anteriormente [99, 109,


110]. Em particular, quando fazemos k  2 para o desacoplamento acima (eq. 3.99),
naturalmente recuperamos aquele já usado num trabalho anterior [99] para a reação

A  A  0 , a saber:  3 ~  2 .  [99].

Usando (3.91), (3.96) e (3.99) em (3.98), obtemos:

d  k 1
 ~  d k 1 2 ~  2  2
1

. (3.100)

Considerando (3.94) em (3.100), também podemos escrever:


110

d  k 1
1
 ~ 2
. (3.101)

2
A equação (3.100) ou (3.101) fornece d c  , sendo a dimensão crítica
k 1
superior para o modelo, em concordância com os resultados dos trabalhos de Lee
[128] e Oliveira [129]. Se k  2 , temos d c  2 para o caso das reações

A  A  0ou A  [99].

Podemos ver de (3.100) que  diverge quando    , para d  2 /(k  1) .

Então, a fim de satisfazer a 2ª prescrição do M.T, adotamos   1 para

d  2 /(k  1) . Logo, a descrição de campo médio desse modelo é apropriada


para d  2 /( k  1) .

Agora, estando na dimensão critica superior desse modelo d  2 / k  1 ,


vamos fazer algumas considerações adicionais a fim de obter as correções
logarítmicas para a taxa de reação  e a concentração  . Temos para

d  2 / k  1 (veja (3.91), (3.96) e (3.99)) o seguinte resultado:

~  2 / k 1
k 1
 K 1 ~  2 
, (3.102)

2
para d  d c  .
k 1

Se usamos a 1ª prescrição de Thompson para o 3º termo de (3.89) num certo


contexto modificado, i. é, tendo feito dentro da integral a seguinte substituição:

2

 k 1
 k 1 ~ r , (3.103)
111

logo podemos escrever

 1  k 1  l 1  2
 k 1  2 /  k 11
ld   k  1   1   k  1 
d
d r   ~  r r dr ~
   

~  n   ~ 1 , (3.104)

onde  é medido em unidades de espaçamento de rede, sendo 1 o comprimento de


corte inferior.

De (3.104), obtemos que

 ~ n 
1
, (3.105)

para d  d c  2 / k  1 .

Nesse ponto, vamos considerar a seguinte equação diferencial:

2
1    1
D     k 1  0 . (3.106)
2  r  k  1

Esta equação (3.106) pode ser obtida, considerando a igualdade do 1º e 3º


termos de (3.89) (dado pela 1ª prescrição do M.T), onde supomos que podemos
substituir a igualdade entre integrais pela igualdade entre integrandos, após substituir
 por  .

Podemos resolver (3.106) na dimensão crítica superior d c  2 / k  1 ,


realizando a integração entre 1 e  , e usando (3.105). Assim, obtemos:

 ln     ln   
1 / k 1 1 / k 1

 ~ 2  ~ , (3.107)
     

para d  d c  2 / k  1 , e para  grande.


112

Como podemos ver em (3.105) e (3.107), justamente na dimensão crítica


superior, e no limite de comprimentos de onda longos, obtivemos correções
logarítmicas para a descrição de campo médio desses sistemas [128, 129].

3.6.2 As reações KA  lA (com difusão não browniana)

 

Tendo por base a idéia de gradiente modificado 


2
, já utilizado para o caso

da difusão anômala, e também a idéia da coalescência de k-partículas, expressa no


termo ‘ Γε k ’ da equação de movimento (3.88); então, vamos construir a seguinte ação
para representar as reações do tipo KA  lA , incluindo difusão modificada:

1 
 
2
A k ,    d d d r  D  2   h 
1
 k 1 
 
1  2 
(3.108)

l
2 k  1 2 t 

Para   2 (difusão browniana), recaímos na ação (3.89).

Impondo que A k ,   0 para t constante, em (3.108), obtemos a seguinte

equação diferencial de difusão modificada (fracional) para a reação de coalescência:

r, t 
 D    hr    k (3.109)
t

Usando a 1a prescrição de Thompson em cada termo da ação (3.108), obtemos


as seguintes relações de escala:

Primeiro termo:

 2 ~ L d .
(3.110)

Segundo termo:

 ~ L d  L 
d / 
~  d / 
. (3.111)

Terceiro termo:

d  k 1
1
d  k 1
 ~L ~ 
, (3.112)
113

k 1
onde temos que  ~ L e  k 1 ~  2  .

Quarto termo:

1
   ~ L
. (3.113)

De (3.112), obtemos imediatamente a dimensão crítica do modelo, a saber:

 2
d c  k,     , (3.114)
 k  1   k  1

2
sendo   .

Fazendo   2 ou   1 em (3.114), recaímos em d c obtida por Lee [128].

De (3.114), podemos extrair alguns resultados interessantes para dimensões


críticas desse modelo, como por exemplo:

Para


  1(difusão  browniana )

d c  2;
i k  2 (duas partículas)  2(sup erdifusão  difusão (3.115)
balística ) : d  1;
 c

 1
  2 (subdifusão) : d c  4.


  1 : d c  1;

ii k  3 (três partículas)  2 : d c  0,5; (3.116)
 1
  : d c  2
 2

Finalmente, para a dimensão crítica d c   / k  1 , obtemos novamente

 ~ nL 
1
, (3.117)
114

onde consideramos  k 1 ~ r  / k 1 (terceiro termo em (3.108)).

De maneira análoga ao que já foi feito anteriormente, quando se considera a


igualdade do primeiro e terceiro termos de (3.108), onde substituímos a igualdade
entre integrais pela igualdade entre integrandos, e tendo em vista que

 d  d
 r / 2      , sendo u  r  / 2 , por definição, então consideramos a
  / 2
dr du
seguinte equação diferencial:

1 d 1
D /2    k 1  0 . (3.118)
2 dr  
k  1

Podemos resolver (3.118) na dimensão crítica superior d   / k  1 , usando


(3.117) em (3.118). Logo, fazendo a integração de (3.118) no limite de comprimento de
onda longo n L   cons tan te  , obtemos:

1 /  k 1 1 /  k 1
 n  L    n  L   1 /  k 1
 n 
      2 /  ~  , (3.119)
  
 ,k
 L   L 

para d   / k  1 .

Os resultados de Lee [127] e Oliveira [129] são obtidos de (3.119) no caso


especial em que   2 ou   1 .

3.6.3 Fonte homogênea externa: Expoentes críticos no regime


estacionário

Finalmente, propomos estudar o modelo de reação de coalescência kA  A

com condição de difusão modificada, sendo esse sistema (rede) agora submetido a

 
uma fonte homogênea externa h  c te de partículas A. Logo, sugerimos que o limite

de taxa de campo externo nula h  0  possa ser considerada como um ponto crítico

[140], e conseqüentemente, perto desse ponto h  0  , somos capazes de extrair os

 
seguintes expoentes críticos:   h ~ h1 /  , que é um expoente crítico estático para a
115

 
concentração em regime estacionário;  '  h ~ h   ' , que é um expoente crítico

dinâmico para o tempo de relaxação  h , obtido no limite h  0 ; e finalmente o

 
expoente   ~ t  , que representa o expoente para o decaimento da concentração

no limite de taxa de campo zero h  0  [140].

A equação de campo médio para tais reações, considerando uma fonte

h homogênea externa de partículas, é dada da seguinte forma:


 h   k . (3.120)
t

Já sabemos que, no regime de campo médio, temos  ~ cons tan te . No

entanto, vamos pensar numa taxa de reação efetiva eff que dependa da

dimensionalidade d da rede, i.e, eff  d  , e portanto, vamos introduzir esta

informação na equação (3.120), obtendo


 h  eff  k . (3.121)
t

  
No regime estacionário   0  , obtemos de (3.121)
 t 


h  eff 
k
0
. (3.122)

Agora, usando o resultado (2.112) dessa seção, que dá a taxa de reação

efetiva d  , e considerando (3.111) L ~  1 / d


 para dentro de (3.112), então

escrevemos


1 k
eff    d , (3.123)

onde  é uma constante de proporcionalidade.


116

Finalmente introduzindo (3.123) em (3.121), e também considerando a


condição de regime estacionário dada em (3.122), obtemos.

d
h   d  
    ~ h1 /  , (3.124)
  

de onde extraímos

 
d   
d . (3.125)

Por outro lado, no caso da difusão modificada, obtemos que  ~ L ~   / d ,

sendo L ~  1 / d (relação (3.111)).

Logo, daí também podemos escrever:

 ~   d /     , (3.126)

d
onde   representa o expoente do decaimento da concentração.

Introduzindo (3.126) acima em (3.123) e em (3.122), finalmente obtemos

  /  d  
h 
 h    ~ h  ' , (3.127)
  

de onde extraímos


'  . (3.128)
d   

Portanto, podemos concluir que os expoentes críticos  em (3.125) e  ' em

(3.128) realmente ainda satisfazem as relações de escala dadas abaixo:

1  d
'    1; (3.129)
 d    d   
117

d   
1
1   d
 .   . (3.130)
'   d    d  

No caso especial de   2 (difusão browniana), naturalmente recuperamos os

resultados para  ' ,  e  obtidos por Rácz [140].

No regime de campo médio, temos d  d c   / k  1 (relação 3.114). Agora,

podemos obter os expoentes  c , 'c e  c , dados no regime de campo médio ou acima

da dimensão crítica. Logo, a fim de obtê-los, devemos introduzir (3.114) em (3.125) e

(3.128), e também na relação  c  d c /  , obtendo

c 
d c     k ; (3.131)
dc

'c 


k  1 ; (3.132)
d c    k

dc 1
c   . (3.133)
 k  1

Notamos que, se fizermos k  2 (reação A  A  0( A) ) em (3.131), (3.132) e

(3.133), naturalmente recuperamos os conhecidos expoentes de campo médio

1
  2, '  e   1 [140].
2

Podemos ainda observar que os expoentes críticos (3.131, 3.132, 3.133)


obtidos no regime de campo médio são independentes de  , e dependem somente de

k . Podemos explicar tais resultados devido ao fato de que, no regime de campo


médio, as flutuações devido ao fenômeno da difusão não são relevantes para o

problema, de tal forma que o caráter da difusão   não realiza papel de importância

para a obtenção do comportamento dos expoentes críticos nesse caso.


118

Somente o número de partículas k que coalescem (reagem) torna-se relevante

nesse regime clássico.

O artigo referente à presente seção está publicado na MPLB (2002) [141].

3.7 Conclusões
Nesse capítulo, propomos um conjunto de ações efetivas para descrever o
comportamento das várias classes de reações químicas limitadas por difusão;
incluindo partículas de mesma espécies ou espécies diferentes, com e sem difusão
browniana (difusão anômala), e também o problema de coalescência de várias

partículas da mesma espécie A . Algumas dessas reações foram estudadas sob a

ótica da existência de regime estacionário na presença de uma fonte homogênea h 

externa de partículas A , obtendo-se portanto alguns expoentes críticos em tais


sistemas, e também algumas importantes relações de escala entre estes expoentes.

Na 1ª seção, abordamos as reações do tipo A  A  0( A) , obtendo

comportamento logarítmico na escala  para o decaimento da concentração e taxa de

reação na dimensão crítica do regime de campo médio d c  2  .

Na 2ª seção, estudamos as reações A  B  0 com segregação d c  4 ,

obtendo também o mesmo comportamento logarítmico para a concentração e taxa de

reação, porém dado na dimensão crítica d c  4 , devido à presença de segregação.

Em virtude da presença do comportamento logarítmico na dimensão crítica

superior d c  , fomos levados, na 3ª seção, a propor um tratamento unificado para as

reações A  A  0 e A  B  0 , através de uma ação efetiva que incorpora estas

duas classes de reações dentro de um mesmo formalismo.

Na quarta seção, elaboramos uma ação efetiva para descrever as reações

limitadas por difusão de duas espécies com concentrações iniciais diferentes


119

PA 0«PB 0 . Para d  2 , obtivemos o decaimento exponencial modificado da

 2 d / 2 
espécie A , na forma PA t   PA 0  exp  t  , com   PB  c te . No entanto, com
 d 

alguns ajustes, melhoramos o nosso resultado para d c  2 em tempos longos,

obtendo o seguinte comportamento logaritmico dentro da função exponencial:

 t 
PA t   PA 0 exp  .
 nt  

Na 5ª seção, estudamos as reações do tipo A  B  0 , incluindo casos de

difusão modificada do tipo Lévy-mixing, o que levou à quebra de segregação de tal

forma que d c  4 para   2 (superdifusão obtida pelo ´Lévy-mixing`). Mesmo assim,

continuamos a obter o comportamento logarítmico para a taxa de reação

n  L  
K ~ n L 
1
 e o decaimento da concentração   
~
L 
 na dimensão crítica

superior considerada. Esse mesmo comportamento foi obtido para o caso A  A  0

com difusão modificada, o que nos motivou a fazer um tratamento unificado dessas

duas reações sob a condição de difusão modificada   2  .

Na 6ª seção, aplicamos o método de Thompson para estudar as reações de

coalescência do tipo kA  A  k  na condição de difusão browniana e não-

browniana   2 . Ainda na dimensão critica d c   / k  1 obtivemos o

comportamento logarítmico esperado para o decaimento da concentração e a taxa de

reação. No caso da existência de regime estacionário, na presença de uma fonte

homogênea externa de partículas de espécie A , calculamos os expoentes críticos

para a taxa de concentração   


 d    
 e para o tempo de relaxação
 d 

  
 '   , dados no limite h  0 , e também o expoente para o decaimento da
 d    
120

concentração   d /   . Assim, finalmente verificamos que tais expoentes

1 1
satisfazem as seguintes relações de escala:  '  1,  '  .
 

O próximo capítulo será dedicado à aplicação do M.T ao estudo do crescimento

de uma cadeia polimérica.


121

Capitulo 4

4 O Método de Thompson aplicado ao estudo de


crescimento de polímeros.
Introdução

Uma cadeia linear de polímero é aquela na qual existe uma seqüência de uma

mesma estrutura química básica que se repete N vezes através de ligações para

formar uma macroestrutura ou macromolécula. Cada estrutura básica é denominada

de monômero, sendo que o processo que permite a ligação entre monômeros é

chamado de polimerização. O exemplo mais simples de polímero linear é o polietileno,

a saber:

 CH 2  N ou   CH 2  CH 2  CH 2   , onde a estrutura básica “  CH 2  ”


representa um monômero dessa macromolécula de polietileno.

Também podemos citar o poliestireno, o polioxietileno, dentre outros polímeros.

O número N de unidades repetidas numa cadeia é freqüentemente chamado


de grau de polimerização, podendo se tornar extremamente grande. Por exemplo, é
possível atingir N  10 5 com o poliestireno. A fabricação de tais cadeias longas sem

erros numa seqüência de 10 5 operações representa um avanço significativo na


Química.

Nesse capítulo, o nosso objetivo é usar o método das escalas e dimensões de


Thompson (M.T) para estudar o processo de crescimento de uma cadeia de polímero,
atingindo um certo número N de monômeros depois de um longo tempo.

Assim, para representar esse crescimento, vamos propor um modelo baseado


em reações químicas; no entanto, devemos produzir o efeito de um crescimento
encadeado de partículas ´A`, formando uma cadeia extensa ´B`, que continua
capturando ´A`, através de uma reação do tipo A  B  B , até que ´B`(cadeia) perde
sua capacidade de se ligar com ´A` e atinge um tamanho limite. Tendo atingido um
122

tamanho máximo, denominado Raio de Flory R F  , o nosso primeiro propósito será a


vF d 
obtenção do chamado “ expoente de Flory” v F , tal que R F ~ N , sendo o expoente

de Flory dado em função da dimensionalidade d  na qual a cadeia de polímero está

embebida. Depois, vamos obter o expoente de Fisher  d  , que caracteriza o grau de


decaimento da probabilidade de crescimento da cadeia no regime de tempo longo
P ~ exp x .

Por último, devemos obter de forma analítica o expoente de

crescimento g d  , que fornece o grau de crescimento da probabilidade da cadeia

 
inicial capturar monômeros P ~ x g . Assim, iremos encontrar uma relação entre  e
g , relacionando o final com o início do crescimento do polímero.

A 1ª seção desse capítulo será destinada ao estudo da flexibilidade de uma


cadeia de polímero, segundo a qual, a cadeia em crescimento fica caracterizada de
acordo com a escala L  e o número de monômeros obtidos num dado momento, de

tal maneira que, no regime de tempo longo ( t  , x   ou L   ), a cadeia

apresenta alta flexibilidade, ao contrário do micro-regime t  0  quando a cadeia inicial


se comporta de forma rígida ou com baixa flexibilidade.

Na 2ª seção, vamos elaborar uma ação que represente o crescimento de uma


cadeia de partículas A (monômero), sendo que esse crescimento obedece à restrição
de que a partícula A não pode ocupar aquele sítio já ocupado durante o crescimetno
da cadeia (SAW= ´Self avoiding walking`). Para isto, vamos nos basear nas reações
químicas limitadas por difusão do tipo A  B  0 , onde a segregação impõe uma
restrição interativa entre partículas. Assim, vamos pensar que o SAW apresenta uma
certa relação com o fenômeno da segregação quando passamos para uma escala de
comprimento recíproco LP no crescimento da cadeia, tal que tenhamos LP ~ L1 .
Uma das motivações para estabelecermos tal relação reside no fato de que, tanto a
segregação ( A  B  0 ) quanto a restrição do SAW  A  B  B  para a cadeia de
polímero apresentam o mesmo comportamento crítico para regime de campo médio,
que é, d c  4 , sendo ´ d c ` a dimensão crítica superior de campo médio.

A 3ª seção se destina à aplicação do M.T na ação elaborada para o


crescimento da cadeia, tendo por objetivo extrair o expoente de Flory v F d  . Também
123

iremos extrair um novo expoente vd  , que é um análogo ao expoente crítico do

comprimento de correlação  do modelo L.G.W, dado no inicio do crescimento do

polímero t  0  quando o comprimento de correlação na escala recíproca  P   .

Vamos relacionar v F (tempo longo) com v para tempo curto.

Na quarta seção, vamos obter o referido expoente de Fisher  d  , dado em

regime de tempos longos. Já, na 5ª seção, vamos estimar o expoente g d  nos


instantes iniciais do crescimento, o que é uma novidade, pois representa uma função
analítica com a dimensionalidade d do sistema. Ainda nessa seção, vamos relacionar
g com  , mediante uma função g   de escala para expoentes, que permite ligar o
comportamento de micro-regime t  0  com o de marcro-regime t    . Portanto,
até onde observamos, trata-se de um resultado novo.

Na sexta seção, temos o apêndice do capítulo, onde faremos considerações


adicionais para o estudo da cadeia de polímero, de forma a mostrar a consistência
interna das nossas proposições.

4.1 Flexibilidade de uma cadeia.


Com base em de-Gennes [142], podemos estudar uma cadeia polimérica,
levando em conta as várias escalas de medida (tamanho), com as quais “enxergamos”
o crescimento da cadeia. Assim, seria importante analisar a chamada flexibilidade da
cadeia [142, 143], sob o ponto de vista do parâmetro de persistência de uma cadeia
[142]. Esse parâmetro de persistência é definido da seguinte forma:

  
 P    exp  , (4.1)
 T 

sendo  P o comprimento de persistência da cadeia;   é o tamanho típico de um


monômero (da ordem de alguns angstrons); T é a temperatura do sistema
(monômeros em solução), no qual se forma a cadeia do polímero.  representa a
diferença de energia de ativação entre dois mínimos de configuração “trans-gauche”
[142, 143, 144, 146], sendo   0 . Cada configuração no polímero é caracterizada
por um certo ângulo de torção (rotação)  para um dado número de monômeros
124

(parcela da cadeia) que gira de tal ângulo em relação a um certo plano sobre o qual a
cadeia apresenta configuração trans, isto é,   0 .

A figura abaixo ilustra as possíveis configurações numa cadeia de polímero, em


função do ângulo  o :

o
0

 Cn
Cn-1


Cn-2
 = 0 trans
= 120º gauche (g+)
= -120º gauche (g-)
Cn-3

Figura 7: Configurações passíveis numa cadeia de polímero, extraída da referência [138],


p. 22.

Quando  o  0 , temos um mínimo de energia associado à configuração trans;

quando  o  120 o , temos um outro mínimo para a configuração gauche g  ;

enquanto que para  o  120 o , temos o mínimo da configuração gauche g  . Tais

mínimos se repetem de maneira periódica para   2n com   0 , e para   n ,

com   0 , sendo n  0,1,2,3, n . A figura abaixo nos mostra o gráfico da energia e

das configurações com dependência do ângulo  o .


125

Enegia E

gauche
gauche


trans

-180 -120 -60 0 60 120 180


Angulo

Figura 8: Configurações de energia numa cadeia de polímero, em função do ângulo  o .


Extraída da referência [138], p. 22.

A figura 8 ilustra a diferença de energia de ativação  entre as configurações


“trans-gauche”. Essa diferença de energia  aparece na equação (4.1), definindo o
comprimento de persistência  p da cadeia; pois, por exemplo, se  aumentasse,

então o sistema (cadeia) tornar-se-ia mais rígido ou persistente numa dada


configuração (trans), aumentando o comprimento de persistência para essa
configuração considerada. Na verdade,  p depende da razão  / T , que gera uma

competição entre  e a temperatura (T). Acontece que, sendo  fixo, então o


aumento da agitação térmica (temperatura) contribui para reduzir o comprimento de
persistência entre duas configurações, aumentando a flexibilidade da cadeia; ou seja,
a cadeia e suas configurações giram (mudam) mais rapidamente. Assim, em virtude
disso, podemos pensar que o comprimento de persistência  p representaria uma

espécie de passo de hélice de uma helicoidal (polímero). O aumento da temperatura


reduz o tamanho de  p , enquanto que a diminuição da temperatura dilata o passo  p .

De acordo com todo esse raciocínio, podemos definir um parâmetro que mede
o controle da flexibilidade global de uma cadeia, a saber:

P   
  N 1 exp , (4.2)
L  T 
126

l0
sendo N 1  onde L é o comprimento total da cadeia; N é o número de
L
monômeros na cadeia;  é uma grandeza adimensional, associada à flexibilidade.
Assim, baseando-se em (4.2), devemos observar que o comportamento flexível (alta
flexibilidade da cadeia) ocorre somente para  pequeno.

Estamos interessados apenas na dependência do parâmetro de flexibilidade 

com a escala L  L  , de tal maneira que, tendo por base a definição em (4.2),

vamos fixar a temperatura T constante, e também fixamos  . Assim, teremos a

função exp / T   C te (constante)  C ; portanto vem que   L  , ou então,


f p  f p L  , sendo ‘   f p ’ a função que dá a flexibilidade global da cadeia de
tamanho L [142]. Logo, vamos escrever:

C  C  p
f p ( L)    , (4.3)
L N L

sendo  p  C  .

Se C   L  f p  1 ; logo a cadeia apresenta grande flexibilidade na

escala L observada.

Agora, com base em (4.3), se quisermos obter um parâmetro de flexibilidade


variável f p para qualquer escala rolante em r , tal que r  L , de tal maneira que não

tomemos necessariamente a cadeia como um todo L, então vamos apenas definir um


parâmetro f p r  , sendo função de uma variável livre r , dada ao longo de todo o arco

da cadeia 0  r  L  , a saber:

p C 
f p r  
C
  , (4.4)
r r N r 

sendo N r  o número de monômeros associado a uma certa escala r escolhida na

cadeia  N r   N  , na qual o grau de rigidez da cadeia assume outros valores, de


forma a se tornar cada vez mais rígida no limite de r pequeno, isto é, numa
microescala. Já, no caso de r  L (toda a cadeia), então vem que N L   N ,
127

recaindo na relação (4.3), que dá a flexibilidade global da cadeia, isto é, a flexibilidade


numa macroescala, onde f p L  é pequeno.

Sendo   / L  N 1 , então, na verdade, estamos considerando aqui que

   a , sendo que   passa a ser um comprimento mínimo da cadeia, na ordem do


tamanho da unidade básica ‘a’, que é o tamanho do monômero. Logo, vamos escrever
(4.4) da seguinte forma:

p
f p r  
Ca C
  , (4.5)
r N r  r

sendo a / L  N 1 .

Podemos introduzir uma função G r   a / r , sendo G r  uma função de


correlação entre o 1º monômero (inicio da cadeia) e um outro qualquer localizado a
uma distância r ao longo do arco da cadeia. Assim sendo, vamos escrever (4.5) da
seguinte maneira:

f p r   CG r  , (4.6)

Com base em (4.6), podemos perceber que a função f p r  , que mede o grau

de rigidez da cadeia numa certa escala r , está diretamente relacionada com a função
de correlação G r  definida; portanto, quanto maior a correlação entre dois pontos ao

longo da cadeia, maior também será o grau de rigidez f p dada nessa escala r ao

longo do arco da cadeia. Em suma, dizemos que f p r  é uma função de persistência,

sendo diretamente proporcional à função de correlação G r  definida.

Analisando (4.5), concluímos que f p r  é uma grandeza adimensional. O

nosso objetivo aqui é obter um comprimento (alcance) de correlação que esteja


diretamente relacionado com a função de persistência f p r  . Como f p r  é

adimensional, podemos definir um comprimento  p r  da seguinte forma:

Ca 2 a p
 p r   af p r    , (4.7)
r r
128

sendo ‘ a ’ o tamanho da unidade básica (monômero), que tem um valor extremamente


pequeno.  p r  tem dimensão de comprimento e representa um alcance de

correlação (comprimento de rigidez) obtido a partir de uma escala r considerada para


medir a distância entre os dois monômeros ao longo do arco da cadeia, estando o 1º
monômero sempre na origem (semente) da cadeia. Quando r é pequeno,  p

apresenta longo alcance (alta rigidez). Quando r é grande (macroescala),  p

apresenta curto alcance, possibilitando uma alta flexibilidade ou baixa rigidez da


cadeia nessa escala. Assim, em virtude disso, vamos definir um volume  pd em d-

dimensões, representando um dado volume de coerência na escala r para o nosso


problema. Logo, vamos escrever:

d d
C d a 2d a  p
Vcoer . r    pd r    . (4.8)
rd rd

No regime macro, temos Vcoer  0 (cadeia flexível), enquanto que no regime

micro, temos Vcoer   (cadeia altamente rígida). O regime macro se dá para tempos

longos (final do crescimento da cadeia), enquanto que o regime micro se dá para


tempos curtos (início do crescimento da cadeia), em que  p   .

4.2 Elaboração de uma ação que forneça as características do


processo de crescimento de uma cadeia de polímero.
A elaboração de uma ação para crescimento de polímero requer alguns pré-
requisitos básicos mais algumas considerações adicionais, que serão fundamentadas
em argumentos heurísticos, tendo por base o princípio da física estatística de
polímeros e suas características básicas, já definidas na seção anterior.

Um pré-requisito fundamental na construção de uma ação para caracterizar o


polímero seria partir da equação para a reação química limitada por difusão do tipo
A  B  0 (com segregação), em que d c (dimensão crítica)  4 , o que será
argumentado de forma heurística.

Primeiramente, vamos apenas relembrar a equação de movimento para o caso


da reação química do tipo A  B  0 , com segregação d c  4  (veja seção 3.2):
129


  2  h   k 2 . (4.9)
t L

Vamos estudar a equação (4.9) no caso estacionário   /t  0 e


unidimensional  x  . Assim, escrevemos a seguinte equação:

d 2 x 
h   k 2 x   0. (4.10)
dx 2 L

Devemos lembrar que o valor médio  L


caracteriza efetivamente a

segregação [109], pois, no regime assintótico L    , vem que  L


 0 , levando

ao aumento da dimensão crítica para d  4 [109].

Em regime assintótico (para tempo longo) de difusão, L    , a equação


(4.10) pode ser aproximada por:

d 2 x 
2
 k 2 x   0 . (4.11)
dx

A função de concentração distribuída espacialmente em x   x  , sendo


solução de (4.11), fica dada da seguinte maneira:

6
 x   , (4.12)
kx 2

sendo   x  um certo campo escalar. Para x   , temos   x   0 , desaparecendo


no infinito de maneira assintótica.

Ao analisarmos a solução (4.12), primeiramente observamos que neste


resultado já está implícito o fato de que a reação só ocorre quando há contato entre as
partículas. Então, podemos deduzir disso que, na interação apenas pela proximidade
das partículas, surge uma correlação (interação) praticamente infinita, e que pode ser
sempre relacionada a um comprimento  p   , de uma forma análoga ao que já foi

definido na seção anterior para polímeros. No entanto, pensemos que no caso das
reações, a questão essencial é que  p r  é sempre divergente (infinito), pois a reação

só ocorre para r  0 (distância “nula” entre duas partículas), tendo em vista que
130

 p r   r 1 . Com isso, podemos notar, com base em teoria de campo, que o campo

de distribuição   x  , que decai com uma certa potência da distância, comporta-se


como um campo não massivo (ausência de decaimento exponencial). No nosso caso,
vamos relacionar a massa de campo (m) com  p r  , sendo r a distância entre as

duas partículas interagentes; isto é, vamos escrever:

mr 2  m p r 2  Ar 2   -p2 r   r 2 . (4.13)

Conforme a definição (4.13) para a massa, no caso das reações químicas, só


vai existir reação (interação) para r  0 (contato), sendo  p   ; e portanto vem

A  m  0 (um análogo de campo sem massa).

Procuraremos agora introduzir a idéia de um campo de massa variável (rolante)

m  r   m  r   0 para r  0  , dado numa nova equação de movimento, onde não

tenhamos mais simplesmente interações k  por contato m  0  , como é o caso da


equação particular (4.11). Tal consideração implicaria numa nova interpretação física a
ser discutida mais adiante.

De um ponto de vista semi-qualitativo, poderíamos pensar que a presença

dessa variável ‘ mr    p2 r  ’ no sistema introduziria a seguinte modificação para o


2

campo de distribuição   x  , a saber:

1 x / p 1
 x   2
e  2 e  Ax , (4.14)
x x

sendo A  m   p-1 . Logo, quando fazemos m  A  0 (campo sem massa), temos

 p   . Como já sabemos que  p  r 1 , então r  0 quando  p   , significando


simplesmente uma interação de contato, que é o caso mais simples para reações
químicas, pois a função (4.14) no limite  p   recai na solução (4.12).

Quando m  0 , sendo variável m r   r ,


2 2
temos que  p  0 para r

grande, ou que a massa m   . Assim, neste limite de massa grande (  p  0 ), o


131

campo de distribuição  cairia muito rapidamente a zero, levando à predominância do


termo ou função de decaimento exponencial em (4.14), isto é,

 x   e
x / p
 e  Ax  e  mx . (4.15)

Sendo  um novo campo de distribuição em (4.14) e (4.15), então agora


vamos chamá-lo de  , já que não se trata mais de uma concentração num processo
difusivo. Por outro lado, vamos considerar que o campo  seja distribuído numa linha
que liga as duas partículas em interação; portanto, temos    r  , sendo r uma
certa distância na linha medida entre as duas partículas consideradas. Com isso,
vamos definir  da forma:

1 r /  p 1
   r   2
e  2 e  mr . (4.16)
r r

Queremos enfatizar aqui que a linha sobre a qual r é medido não precisa ser
necessariamente uma linha reta. Então, em virtude disso, podemos pensar que r seja
o tamanho de um certo arco de cadeia que liga duas partículas (Ex: dois monômeros)
correlacionadas, estando uma delas na origem do sistema r  0 . Assim, se

pensamos que  p  Ca 2 / r , conforme já foi definido para polímeros na seção anterior;

logo (4.16) ficaria escrito da seguinte forma:

1  r 2 / Ca 2
 r   e . (4.17)
r2

Na verdade, poderíamos interpretar (4.16) ou (4.17) como um campo de


correlação dado num ponto r da cadeia em relação a sua origem r  0  , onde se

encontra o monômero semente (inicial). Quando r  C a , a cadeia torna-se flexível

nessa escala, pois o campo de correlação  r  cai exponencialmente a zero. Quando

r  C a , temos escalas r  nas quais a cadeia torna-se mais rígida, sendo

  r   1 / r 2 (decaimento algébrico).

introduz massa no campo  r  , de tal forma que este


 r / p 2
/ Ca 2
O fator e ou e  r
passa a ter um alcance finito em r , justificando o fato de que a cadeia em crescimento
132

terá um limite máximo de comprimento de arco rmáx  L . Daí a necessidade do fator

de decaimento exponencial, que estaria associado a um termo de massa do tipo


1
“ mr   r   Ar   r  
2 2
 ” para ser introduzido na equação diferencial
 p2r 
(4.11), fazendo    e x  r . Logo, vamos pensar na seguinte equação diferencial:

d 2  r 
  Ar  r   B 2 r   0 ,
2
2
(4.18)
dr

r2
sendo B  k (taxa de “reação” ou interação); Ar 
2
 mr 
2
  r   2 4
2
p
C a
(parâmetro de massa variável (rolante) na escala r , que é a distância ao longo do
arco da cadeia, separando o 1º monômero de um n-ésimo monômero escolhido na
outra ponta da cadeia em crescimento.

Também, vamos escrever (4.18), explicitando mr  , a saber:


2

d 2  r  r2
2
 2 4
 r   B 2 r   0 . (4.19)
dr C a

No limite em que r é pequeno, o que corresponde a tempos pequenos ou


início do crescimento da cadeia de partículas interligadas (monômeros), o termo de
massa desaparece, enquanto o termo local de contato ou reação B 2 predomina.  
Assim, vem:

d 2  r 
2
 B 2 r   0 , (4.20)
dr

cuja solução já é conhecida das reações químicas, i. é,

6
 r   . (4.21)
Br 2

No limite para r grande (tempos longos) ou final de crescimento da cadeia, o


parâmetro de massa ‘ m 2  r 2 / C 2 a 4 ’ torna-se muito grande, predominando sobre o
parâmetro de interação B , ou seja, Ar   B para r   (grande). Daí concluímos
133

que ocorre a predominância de um parâmetro não-local mr  , pois não se trata mais
de uma interação por contato. Logo, percebemos que é a não-localidade do termo de
massa (parâmetro Ar   mr  ) que fornece a condição necessária para o
crescimento de uma certa cadeia extensa. No final do crescimento da cadeia ( r
grande), a equação (4.19) aproxima-se para:

d 2  r  r2
  r   0 , (4.22)
dr 2 C 2a 4

cuja solução é da seguinte forma:

 r   e  r
2
/ Ca 2  r /  p r 
e , (4.23)

Ca 2
sendo  p r   .
r

De fato, verificamos que a equação (4.19) contém as duas soluções (4.21) e


(4.23) no limite de r pequeno e grande respectivamente. Como o nosso objetivo será
o estudo da cadeia apenas em condições iniciais e finais, então, as aproximações que
fizemos em (4.19) já são suficientes para aquilo que propomos, que é a obtenção dos
expoentes de crescimento g  [142] para o início da cadeia, e de Fisher   [142]
para o decaimento de probabilidade em tempos grandes (parte final da cadeia),
incluindo também a obtenção do expoente de Flory  F  [142].

Sabemos que o termo de massa fornece a condição necessária para


crescimento, devido ao seu aspecto não-local das interações. Assim, quando
pensamos numa ação para esse termo de massa, obtemos o seguinte termo de ação:

1
Fm  Ar 2  2 r   1 mr 2  2 r   1 21  2 r  . (4.24)
2 2 2  p r 

Agora, o nosso objetivo será expressar (4.24) numa outra forma equivalente,

que nos será mais útil quando pensamos na cadeia de polímero. Para isso, é

importante sabermos que o tamanho de uma cadeia de polímero é normalmente dado


134

por uma distância R F medida sobre um certo eixo no espaço euclidiano em d-

dimensões, de onde se obtém um hipercubo de volume R Fd que contenha a própria

cadeia. R F é uma distância denominada raio de Flory [142], usado para medir o

tamanho máximo alcançado por uma cadeia de polímero em crescimento. Veja figura

abaixo (em 3D):

y
z

r
B
A

R C
R x

RF
Figura 9: Esboço de uma cadeia de polímero embebida num volume 3-D.

Na Figura 9, observamos o seguinte:

 
AB  L (arco AB ou tamanho total da cadeia ao longo deste arco);

 
AC  r (arco AC ou tamanho parcial variável da cadeia).Temos que

0  r  L . Quando o ponto C  B , então r  L , quando C  A , então r  0 (aqui,

consideramos a  0 ; i. é, o tamanho de cada monômero fica desprezível na prática);

AB  R F (distância AB ao longo do eixo x, que é o raio de Flory [142];


135

AC  R (distância AC ao longo de x, que é um tamanho ou segmento

parcial variável). Temos que 0  R  R F . Se C  B  R  R F ; se

C  A  R  0 . Observamos também o segmento CB  R ; assim podemos

escrever: AC  AB  CB , ou então, R  R F  R , sendo R um tamanho variável

subtraído da cadeia total R F  para obtermos R , que é apenas um pedaço

(segmento) variável da cadeia em crescimento. Em outras palavras, dizemos que R é

o tamanho em x que falta para a cadeia se tornar completa.

Vamos tomar o volume R d como sendo o volume de um hipercubo

d-dimensional que contenha uma parcela da cadeia em crescimento. Assim, vamos

escrever que R   R F  R  . Na figura 9, temos d  3 , sendo R   R F  R  ,


d d 3 3

3
 
onde ‘ R   AC ’ é o volume de um cubo variável, contendo uma parcela da
3

cadeia em crescimento. No início do crescimento da cadeia (t muito pequeno), temos

R d  0 , o que implica em R  R F ; ou seja, o raio subtraído da cadeia total é o

próprio raio de Flory. No final do crescimento da cadeia (tempos longos), temos

R d  RFd (volume de Flory), o que implica em R  0 ; isto é, o raio subtraído da

cadeia total é praticamente nulo, tendo a cadeia alcançado o seu tamanho máximo.

Como o parâmetro ‘ R F  R  ’ define também o crescimento da cadeia na


d

variável R ao longo do eixo cartesiano, então também podemos usá-lo como uma
outra forma de expressarmos o parâmetro de massa  p2 ; isto é, vamos escrever

1
 RF  R   R  .
d d
(4.25)
 2
p
136

Embora  p seja uma função de r (ao longo do arco da cadeia) conforme já foi

definido,  p está indiretamente associado a R ou R , já que r e R estão

relacionados de certa forma entre si. Isto acontece pois, quando R  0 , o volume
que envolve a cadeia também tende a ser nulo, e conseqüentemente o comprimento
de arco r da cadeia tende a ser nulo. À medida que a cadeia vai crescendo, tanto r
quanto R crescem. No limite em que R  R F (tempos longos) er  L , o

comprimento de correlação ao longo da cadeia torna-se muito pequeno  p  0 , e  


portanto a cadeia torna-se flexível (regime macro).

Vamos lembrar que no modelo L.G.W [8], tínhamos a seguinte relação entre o
comprimento de correlação  e o parâmetro de “massa”  variável, que era o
sintonizador da transição de fase em 2ª ordem no sistema, a saber:

1
   T  Tc  , (4.26)
2

sendo T a temperatura da rede de spins.

Na verdade, queremos estabelecer uma certa analogia entre (4.25) e (4.26).


Devemos lembrar que (4.26) foi obtido pela aplicação do M.T no 2º termo (termo de
1
massa =  r L M 2  x  ) na hamiltoniana L.G.W [8], de onde se estabelece a transição
2
de fase (ponto crítico) do sistema. No ponto crítico T  Tc  , tínhamos   0    ,

o que nos leva a um campo sem massa devido ao alcance infinito das correlações.
Nesse modelo de Landau, tínhamos duas fases:

i) T  Tc (fase desmagnetizada ou com parâmetro de ordem M  0 );

ii) T  Tc (fase magnetizada ou com parâmetro de ordem não-nulo  M  .

Tanto a fase magnetizada (ii) quanto a não-magnetizada (i) apresentam alcance finito
de correlação, i. é,    , sendo m  o ou   0 (campo com massa).

Já, em (4.25), poderíamos pensar analogamente num “ponto crítico” (momento

crítico ou instante inicial de crescimento), onde R  RF , sendo R   0  p   .


d
 
Com base nessa analogia, percebemos que o parâmetro de massa para crescimento
137

R d , ou o volume do hipercubo para a cadeia em crescimento seria o próprio


“parâmetro de sintonia” ‘  ’ para (4.25) (polímero), o que vamos chamar de

 p  R d . Logo, vamos escrever:

1
p. (4.27)
 p2

Também, de uma forma análoga ao modelo L.G.W, onde podemos estar num
regime fora do regime de campo médio, introduzimos um coeficiente variável (função)
r  p  na proporcionalidade (4.27), isto é,

~  p r  p  ,
1
(4.28)
 p2

 
sendo r  p  C te (constante) no regime de campo médio d  d c  .

Finalmente, de (4.28) e (4.24), podemos escrever o termo de massa para


crescimento (não-local) na ação, da seguinte forma:

Fm   p r L p  2 r  ,
1
(4.29)
2

sendo L p   p e  p  R F  R  ,
d

m 2 ~  p r L p .

Alternativamente à equação (4.18) ou (4.19), vamos escrever a seguinte


equação:

d 2  r 
2
  p r L p r   u L p  2 r   0 , (4.30)
dr

     
sendo B  u L p . Em regime de campo médio, u L p  C te e r L p  C te ; portanto,

como a equação (4.30) já inclui de forma explícita coeficientes que dependem de L p ,


138

ela naturalmente apresenta possibilidade de incluir regime fora do campo médio,


abaixo de uma dimensão crítica superior d c .

Algumas analogias entre polímeros e fenômenos críticos (modelo L.G.W) já


foram considerada na literatura. Primeiramente, vamos citar o trabalho de Raposo,
Oliveira, Nemirovsky e Coutinho-Filho [147], onde se estabelece a seguinte analogia:

N p1    T - Tc  [147], (4.31)

sendo N p o número de monômeros na cadeia em crescimento.

Nesse caso, quando   0T  Tc  ponto crítico  , então N p   (regime

macro), em analogia com polímeros. Logo, concluímos que, no trabalho [147], o


número de monômeros, que é proporcional ao tamanho da cadeia, faz o papel de um
“comprimento de correlação  ” para polímeros. Assim sendo, nesse caso [147], o
“ponto crítico” na cadeia de polímero seria o momento em que a cadeia se completa,
alcançando o seu tamanho máximo  grande  regime macro . Logo, teríamos
  RF (raio de Flory) nas proximidades de tal “ponto crítico”   0 , que ocorreria
para tempos longos, com base nessa analogia [147].

No nosso caso, conforme já definido em (4.27), a analogia já é outra, porém é


complementar ao trabalho [147]; isto é, temos um análogo de “ponto crítico”
   p  0 , que ocorreria para  p   ou N p  0 , já que  p  r 1  N p1 ; o que
significa tempos muito curtos ou início de crescimento da cadeia, quando ainda temos
poucos monômeros (N pequeno).

A vantagem dessa construção (relação 4.27) reside no fato de que podemos


estudar o sistema em duas “fases estruturais”. Podemos pensar numa “fase”
puramente desordenada (difusiva) de monômeros, antes do momento inicial que
ordena o crescimento da cadeia; depois a “fase” ordenada de crescimento, que se
 
inicia no “ponto crítico” ou momento crítico  p   , quando um dado monômero

semente torna-se o foco ou o ponto de partida para o crescimento.

Tendo estabelecido essa analogia parcial dos polímeros com os fenômenos


críticos, precisamos agora completar o quadro definindo um análogo do parâmetro de
139

ordem para polímeros, que seja compatível ou caracterize as duas “fases estruturais”
que procuramos introduzir na física de crescimento de polímeros. De imediato,
concluímos que o parâmetro de ordem procurado está diretamente relacionado com
um certo número N p r  de monômeros ligados em cadeia. Assim sendo, faremos a

seguinte definição:

n p r  0t  0  " fase" de crescimento 


N p r    (4.32)
0 r  0t  0  " fase" sem crescimento ou desordenada 

É importante lembrar que, no modelo L.G.W, o parâmetro de ordem M  x 


aparece explicitamente na hamiltoniana L.G.W [8], atuando também como o próprio
campo escalar na hamiltoniana; ou seja, o campo de distribuição M x 
(magnetização) é o próprio parâmetro de ordem do modelo. No entanto, o campo de
distribuição  r  que aparece na equação (4.18) ou (4.19) ou (4.30) ainda não
contém nenhuma informação explícita do “parâmetro de ordem” para polímeros, que
foi definido em (4.32); pois  r  é apenas interpretado como um certo campo de
correlação ao longo do arco da cadeia.

Portanto, o nosso próximo passo será a elaboração de um novo campo  p r 

que também inclua a informação essencial do “parâmetro de ordem” definido em


(4.32), preservando as informações já obtidas para o do campo  r  .Para fazermos
isso, devemos procurar por uma certa implementação na equação (4.18), de tal forma
que sua nova solução  p r , n p   passe a carregar a informação do “parâmetro de

ordem” n p , que é o parâmetro que mede diretamente o crescimento da cadeia.

 
Então, se estamos em regime macro n p  N , e queremos incluir a presença

do parâmetro N no termo não-local ‘ A 2  ’ da equação (4.22), vamos pensar na


seguinte transformação por translação em  , dada para o termo de massa, tal que
tenhamos     P  N  na equação , sendo  p   p  N , r  . Assim sendo, a

equação (4.22) fica modificada para:

d 2  p N , r 
dr 2
 
 A 2  p N , r   N  0 , (4.33)
140

sendo A 2  r 2 / C 2 a 4  1 /  p2 .

A solução de (4.33) será da forma

 p N , r   N 1  e r /  p
, (4.34)

para regime de tempos longos, quando a cadeia está quase completa, i. é, r  L .


 
Então, quando fizermos r  L   p em (4.34), encontramos que  p  N , L   N , que

é o número total de monômeros na cadeia, representando o máximo valor do


“parâmetro de ordem” no crescimento.

Finalmente, vamos escrever uma equação diferencial, de forma a incluir


também o termo de interação ou “reação”.Assim, temos a equação geral abaixo:

d 2  p n p , r 
dr 2
 
 A 2  p n p , r   n p  B 2p n p , r   0 , (4.35)

ou simplesmente, escrevemos:

d 2 p
2
 A 2  p  B 2p  A 2 n p  0 (4.36)
dr

sendo 0  n p  N .

Como o nosso objetivo se restringe apenas à aplicação do M.T numa ação que
descreva o crescimento de polímeros a partir da equação (4.36), então não
 
precisamos obter uma solução  n p r exata para (4.36). Aqui, vamos enfatizar que

devemos apenas nos restringir em obter  para dois casos limites:

a): início do crescimento da cadeia n p  0 ;  


b): regime próximo ao final do crescimento do polímero n p  N .  
Nosso próximo passo será a busca de um novo termo que seja equivalente ao
termo de crescimento ' A 2 n p ' na equação (4.36), e que seja dependente de  p .

Assim sendo, a equação (4.36) apresentaria a seguinte forma equivalente:


141

d 2 p
 A 2  p  B 2p  HF p  p   0 (4.37)
dr 2

   
onde HFp  p  A 2 n p , sendo H uma constante. F p  p é uma certa função de  p .

 
Para obtermos F p  p que esteja em pé-de-igualdade com n p , representando

também o crescimento da cadeia, então, vamos retornar ao início dessa seção


(equação 4.10), onde encontramos o termo ‘ h  L
’ na equação de movimento para

reações A  B  0 em regime estacionário.

Acontece que, quando aplicamos o M.T nesse termo da ação, para reações
A  B  0 [109], tínhamos obtido que  L
~ L d / 2 [109], significando que, para

tempos muito longos t  , L    , a concentração média  L 


 0 . Em virtude
disto, o nosso interesse era estudar a equação (4.10) para reações em regime
assintótico L    , o que nos levou à equação (4.11). A partir daí, procuramos, de
uma maneira heurística, ampliar a solução de (4.11), de forma a incorporar outros
ingredientes, até chegar numa equação diferencial que expresse pelo menos em parte
o crescimento de uma cadeia de polímero, apresentando não-localidade nas
interações, e inclusive o parâmetro n p  N em regime assintótico na cadeia

L   ou L p  0 num espaço recíproco . Assim, devemos perceber que o regime


assintótico para polímeros é dado numa escala recíproca L p ~ L1 , comportando-se 
de maneira inversa ao regime assintótico para reações; i. é,  p n p  N , r  N  
(grande) para t   , enquanto que   x   0 para tempos longos t    nas
reações. Em vista disto, o mesmo comportamento inverso deve ocorrer para o termo
de segregação ‘ h  L
’, quando o valor médio  passa a ser obtido numa escala

inversa (recíproca) L p ~ L1 . Fazendo tal inversão de escala, vamos escrever as

seguintes transformações:

L  L p ~ L1 ;

  p ;
142

  p  p ,
L L1 Lp

~ L1 
d / 2
sendo  p 1
 Ld / 2 ; ou então, escrevemos  p ~ Lpd / 2 .
L Lp

Com isso, teremos a seguinte transformação para uma espécie de espaço

recíproco: h  L
 h  p
para
. Em regime assintótico (tempos longos), ‘ h  L

Lp

desaparece, enquanto que ‘ h  p ’ torna-se muito grande. Embora ‘ h  p ’


Lp Lp

mantenha a mesma forma do termo de segregação ‘ h  L


’ [109] para reações do tipo

A  B  0 [109], h  p , por estar num espaço recíproco, representaria um


Lp

crescimento, dado através do encadeamento de n p monômeros com o passar do

tempo.

O crescimento de polímero não se estabelece por um ‘Random Walk’ (RW) de


N passos. Na verdade, trata-se de um crescimento através de uma caminhada com
memória, isto é, um ‘Self avoiding Walking’ (SAW) [147, 148, 149, 150]. No SAW, a
partícula não pode mais visitar aquele sítio anterior que ela já visitou; por isto, ela
apresenta memória, gerando vínculo para seu movimento, e portanto um volume
excluído [151].

Os polímeros pertencem à classe de universalidade dos ‘SAWs’ d c  4  [152];

e isso sugeriu o uso de métodos de renormalização e de teoria de campos para


estudar o problema do volume excluído [152]. Um polímero em crescimento é
caracterizado pelo SAW, pois, cada sítio já sendo ocupado, não poderá ser ocupado
novamente pela partícula, restringindo seu movimento. Em outras palavras, quando
um dado monômero (A) entra na cadeia (B), ele passa a ocupar um espaço, onde não
se permite mais a entrada de outro monômero. Isto significa que o monômero A só
entra ou se liga na ponta final da cadeia B. É como se fosse uma “reação” do tipo
A  B  B , sendo B sempre uma cadeia linear resultante de n p monômeros A, isto é,

B  npA .

É importante notar que essa interação (ligação) de A (monômero) + B (cadeia)


 B (cadeia), embora seja não-local, pelo fato de B apresentar extensão (cadeia,
143

corda), se comporta de maneira similar à segregação na reação A  B  0 , no


sentido de que A só interage com B, não podendo haver interação de A com A e nem
se quer de B com B. De fato, no caso A  B  B , o monômero livre no espaço (A) só
pode ser capturado pela cadeia (B) em formação, não sendo possível a interação de
dois monômeros livres (A com A) e nem se quer da cadeia (B) com ela mesma (B com
B). Agora, começamos a perceber que a impossibilidade de haver a interação B com B
significa a impossibilidade da cadeia (ponta da cadeia) “morder” a si mesma. Logo, do
ponto de vista da caminhada, tal impossibilidade (restrição) cria uma memória no
processo de crescimento, portanto corresponde ao SAW.

Concluímos que, enquanto o termo ‘ h  L


’ introduz segregação [109] para

caracterizar a reação A  B  0 , com dimensão crítica superior d c  4 , o termo

‘h p ’, embora esteja associado a um certo crescimento no espaço recíproco,


Lp

introduz também restrições um tanto similares à segregação, mas que, estando na


escala recíproca L p ~ L1 , se transforma numa reação de crescimento do tipo

A  B  B (cadeia), regido agora por uma nova restrição do tipo SAW. E de fato,
sabe-se que o SAW apresenta d c  4 [147], [153], pois, para altas dimensionalidades

d  4 , os RWs e os SAWs tornam-se indistinguíveis [147], já que a memória no


SAW vai enfraquecendo com aumento da dimensionalidade (regime tipo campo médio
para d  4 ). O mesmo acontece para A  B  0 quando d  4 , pois o aumento da
dimensionalidade enfraquece (quebra) a segregação. Logo, concluímos que a
restrição do SAW d c  4 ocorre numa escala recíproca ao da restrição para a

segregação d c  4  .

O fato de que o SAW apresente d c  4 permite que tomemos emprestado das

reações A  B  0 o termo da forma ‘ h  L


’ ( d c  4 ) [109], porém representado num

espaço recíproco( h  p ), tal que caracterize o crescimento da cadeia A  B  B .


Lp

Como ‘  p ’ caracteriza o crescimento da cadeia, ele está diretamente


Lp

ligado ao “parâmetro de ordem” n p de crescimento. Assim, vamos pensar que


144

A 2 n p Para

 h p  HFp  p  , sendo h  H (constante) e F p  p    p , que
Lp Lp

é a função de crescimento (SAW) procurada para a equação (4.37). Logo, finalmente,


fazendo esta substituição em (4.37), obtemos a seguinte equação equivalente para o
crescimento da cadeia:

d 2 p
2
 A 2  p  B 2p  h  p  0. (4.38)
dr Lp

Sabemos que A 2   p r L p  e B  u L p  , sendo L p   p ; logo, escrevemos


que

d 2 p
2
  p r L p  p  u L p  2p  h  p 0. (4.39)
dr Lp

Finalmente, a integral de ação obtida para a equação (4.39) no volume


recíproco é a seguinte:

FLp   d d d rp   p  p    p r L p  2p  u L p  3p  h  p
1 2 1 1 
p  , (4.40)
Lp
2 2 3 Lp

 p  R F  R  ; L p r    p r   Ca 2 / r ,
d
onde sendo  dp  Ldp  Vp (volume de

coerência para o nosso modelo), e d d rp  dV p .  

4.3 O M.T aplicado na ação obtida para crescimento de


cadeias de polímeros.
Nessa seção, vamos aplicar o M.T na ação que elaboramos na seção anterior
para descrever o crescimento de polímeros. Assim, vamos reescrever a ação da
seguinte forma:

F   dVp   p  p    p r L p  2p  u L p  3p  h  p
1 2 1 1 
p  , (4.41)
Vp 2 2 3 Lp

145

sendo Vp  LdP ;  P  R F  R  , que é o parâmetro de sintonia do modelo. R F é o raio


d

de Flory [142], e R é o raio variável (rolante) subtraído do raio de Flory.

Aplicando a 1ª prescrição do M.T em cada termo de F , vem:

   p  dVp ~ 1.
2
1º termo: p (4.42)
Ldp

Sabendo que   2
p Lp  
 2
1
L  Lp2 ~ L2 , então, como a nossa análise

dimensional é dada na escala recíproca L p , de (4.42), obtemos que

Lp2  2p Ldp ~ 1   2p ~ L2p d . (4.43)


Lp Lp

  rL  dV
2
2º termo: p p p p ~ 1. (4.44)
Ldp

De (4.44), vem:

 p r L p   2p Lp
Ldp ~ 1 . (4.45)

Introduzindo (4.43) em (4.45), obtemos:

 p r L p L2p ~ 1 ,

ou

 p r  p  2p ~ 1 . (4.46)

 
De (4.46), vem:  p2 ~  p r  p  A 2  m 2 , que é exatamente o coeficiente do

termo de massa (não-local), que aparece na equação (4.38) ou (4.39). Também,

podemos escrever que  p ~ r  p    1 / 2


p
1 / 2
.

 u L  dV
3
3º termo: p p p ~ 1. (4.47)
Ldp
146

De (4.47), vem:

u L p   3p Ldp ~ 1 . (4.48)
Lp

Em analogia com as reações químicas, vamos escrever:  3p   2p  p .

Este desacoplamento já foi justificado [109] pelo fato das interações (entre A e B)
serem da forma bilinear.

Com base no desacoplamento já justificado [109], vamos escrever (4.48) da


seguinte forma:

u L p   2p p Ldp ~ 1 . (4.49)
Lp Lp

De (4.43), já sabemos que  2p ~ L2p d ; mas ainda não sabemos  p ,


Lp Lp

que pode ser obtido quando aplicamos a 1ª prescrição do M.T no 4º termo da ação
(4.41).

4º termo:  h  p
  p dVp ~ 1 . (4.50)
Ldp
Lp 

Fazendo h  1 por conveniência, de (4.50), obtemos

2
p Ldp ~ 1   p ~ Lpd / 2 . (4.51)
Lp Lp

Introduzindo (4.43) e (4.51) em (4.49), vem:

u L p Lpd / 2 L2p ~ 1  u L p  ~ L p
d 4  / 2
. (4.52)

Considerando a 2ª prescrição de Thompson (condição para campo médio) em

 
(4.52), devemos ter u L p ~ C te para d  4 , sendo d c  4 nesse modelo. Assim, com

base na 2ª prescrição do M.T, vamos escrever:

d  4  / 2
L d  4
u L p  ~  p . (4.53)
1 d  4
147

De (4.46), obtemos  p ~ r  p    1 / 2
 
 p1 / 2 . Então, se definimos  Fp  r  p 
1 / 2
,

podemos escrever  p ~  Fp  p1 / 2 . Na verdade, iremos mostrar que  Fp apresenta

dependência com a dimensionalidade (d) do sistema. A presença de flutuações (SAW)


existirá somente em regime fora do campo médio d  4  ; sendo que, no caso do

regime clássico de campo médio d  4 , teremos  Fp ~ C te , de tal forma que

 p ~ C te  1 / 2 para d  4 , ou seja, esse é o caso de uma cadeia ideal d  4  [142].

Sabe-se que esse regime clássico é descrito pela distribuição gaussiana


[142,147], pois o regime clássico é gaussiano. Do ponto de vista do G.R, dizemos que
tal regime é regido pelo ponto fixo gaussiano [147], pois pertence à classe de
universalidade dos modelos gaussianos [147]   1 / 2  .

4.3.1 Flutuação f na ação para polímeros.

Sabemos do capítulo 1 (seção 1.2), onde tratamos de fenômenos críticos


(modelo L.G.W) pela aplicação do M.T [8], que a 3ª prescrição do M.T dizia que
f dL ~ 1 , sendo f uma flutuação na densidade de energia livre, enquanto  L estaria
associado ao alcance das flutuações, que está relacionado com o comprimento de
correlação  e com a dimensionalidade (d) do sistema.

Aqui, no caso de polímeros, embora a situação física seja outra, o


escalonamento para a 3ª prescrição do M.T mantém a mesma forma; isto é, vamos
escrever que

d
f dFp ~ 1, ou f ~  Fp  
~ r  p 
d/2
.
(4.54)

‘ f ’ representa a flutuação da ação F, elaborada para o crescimento de uma

cadeia linear de polímero. Assim, ‘ f ’ representa flutuações na energia livre durante o

crescimento da cadeia.  Fp vai depender diretamente de  p e da dimensionalidade (d)

do sistema, no qual a cadeia está embebida.

Para podermos interpretar (4.54), vamos fazer as seguintes considerações:


148

Se  p     Fp    f  0 ; ou seja, não há custo em energia para

aumentar o alcance  p e  Fp , pois  p praticamente já diverge, significando que as

interações são fortes (início do crescimento da cadeia); e portanto qualquer monômero


 
no espaço circundante, num raio infinito  p   em relação à origem ou semente,

tem grande probabilidade de ser capturado ou se ligar ao monômero inicial (semente).


Como tal probabilidade é grande, temos um curto período de rápido crescimento da
cadeia, pois com o passar do tempo, essa probabilidade vai caindo.

Se  p  0   Fp  0  f   . Devido às intensas flutuações na densidade

de energia livre (ação), o alcance das correlações vai a zero (regime de alta
flexibilidade da cadeia), significando fracas interações entre o monômero semente e os
últimos que entram na cadeia (final do crescimento da cadeia). Portanto, também
podemos dizer que, somente monômeros no espaço circundante numa distância
 
praticamente nula  p  0 a partir da ponta final (B) da cadeia teriam probabilidade

grande de serem capturados; ou em outras palavras, a probabilidade de um


monômero mais distante ser capturado pela ponta final (B) da cadeia fica praticamente
nula quando  p  0 (regime macro). Por isso, a cadeia tende a parar de crescer,

alcançando um tamanho limite.

De forma análoga ao que foi feito no modelo L.G.W [8], consideramos aqui a
seguinte relação:

r L p 
F f ~ 1. (4.55)
u L p 

A relação (4.55) é válida desde que tenhamos

f   dVp   p  p  p   p r L p  p  p  r L p  p  2p  h  p
1 1 1 
p  (4.56)
Vp 2 2 3 Lp

149

r L p 
Assim, para que (4.56) satisfaça (4.55), devemos ter  p   p ,onde
u L p 

r L p  r  p 
definimos  Fp   . Logo, podemos escrever que  p   p /  FP , que é o
u L p  u  p 

análogo para o caso ‘ m 2  M 2 / M L2 ’ do modelo L.G.W [8], onde m representa uma

flutuação na densidade de magnetização, conforme a definição de Thompson [8].

Portanto,  p representaria uma flutuação do campo  p , que é responsável pela

 
flutuação na ação ( f ), tal que f  f  p . Substituindo (4.54) em (4.55) e dado (4.53),

obtemos:

 dd  42 
r L p  ~ L p
 d  4; (4.57).
1 d  4.

Sendo L p   p , então, finalmente,substituindo (4.57) em (4.46), obtemos

 p r  p  2p ~  p  pd  4  / d  2  . 2p ~ 1 ,

de onde tiramos que

 d  2  / 3d
p ~ p . (4.58)

Dado que  p  R F  R  , então, substituindo em (4.58), vem que


d

 p ~ R F  R 
 d  2  / 3
. (4.59)

Já sabemos que  p ~  p  , e que, ao ser comparado com (4.58) fornece

  d  2  / 3d , sendo um análogo para o expoente crítico do comprimento de


correlação. Isso acontece para o regime micro ou início do crescimento da cadeia,
150

quando R  R F (“ponto crítico”), e conseqüentemente  p   , com expoente

 d  
d  2 . Se d  4    1 / 2 , que é o expoente clássico já esperado.
3d

De (4.59), podemos obter um outro expoente, dado no regime macro da cadeia


ou final do crescimento do polímero. Trata-se portanto do expoente  F ou expoente

de Flory [142], [147]. Mas, antes disso, vamos lembrar que  p  r 1  n p 1  r  n p ,

sendo n p (“parâmetro de ordem”) o número de monômeros para um dado arco r da

cadeia. Quando r  rmax .  L  n p  N , que é o número total de monômeros na

cadeia em regime macro. Assim, podemos escrever (4.59) da seguinte maneira:

 p ~ n p1 ~ R F  R 
 d  2  / 3
, (4.60)

ou então,

n p ~ R F  R 
d  2  / 3
. (4.60a)

No regime macro, temos que R  0 e n p  N .Assim, aplicando esta condição

limite em (4.60a), finalmente obtemos:

RF ~ N 3 / d  2  . (4.61)

[142], então obtemos  F  3 / d  2  , que é exatamente o


F
Sendo R F ~ N
expoente de Flory [147] [142].

Para d  4 , devemos obter  F  1 / 2 (campo médio, cadeia ideal). Logo,


vamos escrever que;

3 / d  2 , 1  d  4;
F   (4.62)
1 / 2, d  4.

Analisando (4.62), observamos que, para d  1 , o SAW é rígido (memória


infinita), sendo que  F  1 . Obviamente, observamos que  F decresce enquanto a
dimensionalidade (d) do sistema cresce, já que o vínculo (memória) do SAW torna-se
151

menos relevante. Então, é de se esperar que, em altas dimensionalidades ( d  4 ), o


SAW e o RW não podem ser distinguidos.

Os resultados que obtivemos em (4.62) são exatos para d  1,2 e para d  4 .

No entanto, para d  3 F  0,6  , temos um resultado muito próximo aos melhores

resultados do G.R em d  3 [147] [154], e aos resultados provenientes de outras


técnicas [154], inclusive técnicas numéricas [155,156].

A maior novidade obtida até agora com a aplicação do M.T em polímeros foi a
obtenção de um expoente “crítico” de comprimento de correlação   , dado em regime
micro (início do crescimento da cadeia). E o mais interessante ainda é que podemos
relacionar  (regime micro) com  F (regime macro ou final do crescimento da
cadeia). Assim, com base em (4.58) e (4.61), obtemos a seguinte relação entre
expoentes:

 F  dv 1 , (4.63)

onde v  d  2  / 3d .

4.4 Obtenção do expoente de Fisher   .

Antes de procurarmos obter o expoente de Fisher   , vamos definir seu


significado com base na literatura [142]. Para isso, devemos ter em mente a função de
distribuição de probabilidade P  x  [142] ou P t  [142] para o crescimento da cadeia
de polímero, sendo x  t , que é o tempo medido durante o crescimento da cadeia, tal
que t  n p .

O comportamento típico da probabilidade P  x  é mostrado na figura 10:


152

P(x)

exp  x  

xg

0 x

Figura 10: Gráfico da probabilidade de crescimento Px  com o tempo t ~ x  numa


cadeia de polímero. Extraída da referência [142], p. 40.

Observamos na figura acima que, para tempos grandes, a probabilidade


 
P x  ~ exp  x  . Este decaimento exponencial vem do fato de que a cadeia começa
a perder a capacidade de atrair monômeros da solução, pois  p  0 nesse regime. O

expoente de Fisher  nos dá exatamente a maneira (a rapidez) com que a função


exponencial para a probabilidade cai para tempos longos. Já, o expoente g para
tempos curtos, que é o chamado expoente de crescimento da probabilidade de
absorver monômeros, será obtido na próxima seção.

Para tempos longos, tínhamos obtido uma aproximação dada pela equação

diferencial (4.22), cuja solução era um campo de correlação  r  ~ e


 r / p
. Então,
podemos pensar que essa função de decaimento exponencial mede também a
probabilidade da cadeia absorver monômeros para x   . Logo, podemos escrever
que

lim x  P  x   exp x   ~ exp r /  p  , (4.64)

sendo x  t . Na verdade, x representa uma grandeza adimensional, que é definida


da seguinte forma:
153

r'
x , onde r ' representa uma distância ou módulo de um vetor posição
RF
 
 
r ' r '  r '  , que dá a posição de um n p  ésimo monômero na cadeia em relação a
 
sua origem. Portanto, r ' não é medido ao longo do arco r da cadeia r '  r  , embora

r e r ' estejam relacionados. R F pode ser entendido como uma raiz de um desvio
1/ 2
médio quadrático, i. é, R F  r ' 2 ~ N  F ~ t  F , obtido para tempos longos [142].

Tendo em vista que x  r ' / R F , vamos escrever que


 r'  r
  
 RF p
e 
e , (4.65)

onde consideramos a equivalência entre essas duas funções para tempos muito
longos. Acontece que, para tempos muitos longos, sendo a cadeia muito grande,
porém finita; então devemos considerar um valor mínimo muito pequeno (não-nulo)
para  p   P min . quando t   . Logo, sabendo que n p   p 1 , então, teremos

n P max .  N ~  Pmi
1
no limite t   . Com isso, vamos reescrever (4.65) da seguinte

maneira:


 r' 
 
e  RF 
 e  Nr ~ e r /  P min  0 , (4.66)

onde  nos fornece o grau de rapidez do decaimento da probabilidade da cadeia


capturar monômeros em tempos longos. A relação (4.66) será o nosso ponto de
partida para estimarmos o expoente  ; no entanto, ela é ainda insuficiente para tal
estimativa. Portanto, precisamos de mais uma informação, que será obtida a partir de
R F , sendo R F ~ N vF . Assim, multiplicando ambos os membros deste escalonamento
por  P min , obtemos o seguinte:

 P min R F ~  P min N v F ~ N 1 N v F  N v F 1 . (4.67)

De (4.67), obtemos que


154

1
 1  1 v F 
N ~   . (4.68)
  P min R F 

Introduzindo (4.68) em (4.66), obtemos:

1 F 1
 r'   1 
exp.     exp.   (4.69)
 RF   P R F 
 min 

A identidade (4.69) implica nas duas igualdades seguintes:

 1
i ) :   1  
 F
 1 F 
(4.70)
ii ) : r ' ~ r ~ Nr  F   Nr1 /  ,
1
  P min

1
sendo r '  r 8 .

Em (4.70), a 1ª relação (i) fornece exatamente o expoente de Fisher  [142].


Então, sabendo que v F  3 / d  2  , e substituindo v F em (i), obtemos

  d  
d  2 , 1  d  4 . (4.71)
d  1

Em (4.70), a 2ª relação (ii) fornece basicamente uma mudança na escala de


1
medida r para r ' e vice-versa, onde temos: t ~ x ~ r '  r  . Então, também podemos

escrever que r '  r d 1 / d  2  .

4.5 Obtenção do expoente de crescimento ( g )


O expoente de crescimento g fornece o aumento da taxa de probabilidade da

cadeia capturar monômeros com o passar do tempo; isto é, P  x  ~ x g . No entanto, é


importante ressaltar que esta taxa de crescimento ( g ) é obtida somente nos instantes
iniciais do crescimento da cadeia (regime micro); ou então, nas proximidades do
 
“ponto crítico” de transição estrutural  p   , de acordo com aquela analogia

estabelecida com o modelo L.G.W.


155

Sabemos que o campo de correlação r  , dado no início do crescimento da

cadeia é da forma  r  ~ r 2 . Como este campo apresenta uma derivada negativa

 d 
 ~ 2r 3  , enquanto que, por outro lado, a probabilidade de crescimento é
 dr 
sempre uma função crescente (derivada positiva), então, podemos notar que deve
haver uma relação entre r  e um certo campo de distribuição de probabilidade P r 
crescente, que será definida da seguinte maneira:

g'
d
Pr  ~   
 1 r   ~ r g ' , (4.72)
 dr 

sendo g ' um certo expoente de ajuste que fornece a taxa de crescimento para P r  .

Em princípio, g '  g , embora seja correto afirmar que g ' e g [142] estejam
relacionados entre si de alguma maneira.

Paralelamente ao que foi definido em (4.72), vamos trazer outras informações


implícitas no modelo, no que diz respeito à probabilidade de crescimento P . Já é bem
sabido que o volume de correlação  pd é divergente no início de crescimento do

polímero. À medida que a cadeia cresce,  pd diminui, indo a zero para tempos longos.

Cada posição r ao longo do arco da cadeia está associada a um volume  pd , num

análogo de espaço recíproco, que apresenta a mesma dimensionalidade (d) do


espaço real no qual a cadeia está embebida. Então, quando  pd  t  0  , qualquer

monômero dentro de um raio de alcance infinito tem toda chance de ser capturado
pela origem da cadeia (semente). Assim vamos pensar na probabilidade de
crescimento P como uma certa função de  pd a ser estimada, i. é,

 
P  P  pd  P V p  (4.73).

 
Para estimarmos P  pd , precisamos ainda de novas informações para

compararmos com (4.73) e daí obtermos a função P .


156

Sabemos que, para tempo muito curto, temos B  A 2 , prevalecendo o


   
coeficiente B  u L p  u  p  
na equação diferencial. u  p representa a taxa de

reação (interação) dada pelo acoplamento (ligação) de cada monômero na cadeia em


crescimento  A  B  B  . Assim sendo, vamos pensar que a taxa de interação u  p  
forneça uma taxa de probabilidade de crescimento da cadeia por dimensão do espaço;
isto é, vamos escrever o seguinte:

PF  u  p  ~  pd  4  / 2 ~ n p4d  / 2 ,

ou melhor,

 pd  4  / 2 ,  d  4;
PF  u  p  ~  (4.74)
1C te   d  4campo médio .

Para d-dimensões, devemos aumentar os graus de liberdade para o


crescimento da cadeia, de tal forma que precisamos definir uma probabilidade P dada
da seguinte maneira:

 d d  4  / 2 ,  d  4;
P  P  u  p 
d
 d
~ p (4.75)
1C te   d  4campo médio 
F

Agora, observamos que a probabilidade P dada em (4.75) é de fato uma


 
função de  dp  Vp , sendo P  P  pd , o que está em acordo com a função P  pd  
dada em (4.73). Em outras palavras, dizemos que (4.75) é consistente com (4.73);
portanto, vamos pensar que (4.75) seja a função esperada para descrever P em

   
(4.73), sendo P  pd ~  pd
d 4  / 2
.

Tendo em vista que  p ~ n p1 , então vamos escrever que:

P ~ n dp 4 d  / 2 (4.76)
157

Por outro lado, já sabemos de (4.58) que n p1 ~  p ~  p d  2  / 3d , de onde tiramos

que:

n p ~  pd  2  / 3d . (4.77)

substituindo (4.77) em (4.76), obtemos

 d  2  4  d 
P ~p 6
. (4.78)

x   p  R F  R   V  t  r ' ,
d
Finalmente, sabendo que sendo

r '  r 1 /   r d 1 / d  2  (rel. (ii) em 4.70); então, introduzindo esta transformação em


(4.78), obtemos que:

 d 1 4  d 
P  Pr  ~ r 6
. (4.79)

É importante observarmos que a função (4.79) tem a mesma forma da função


(4.72) para a distribuição de probabilidade P r  , desde que tenhamos

g´
4  d d  1 . Logo, obtivemos um certo expoente de crescimento g ` , tal que
6
P ~ r g ` . No entanto, em princípio, queremos obter o expoente g [142], tal que

P ~ x g ~ t g [142].

Na verdade, como o expoente g é obtido num tempo extremamente pequeno

t  0, ou x  0 , então g ` também é obtido quando r  0 . Logo, em virtude desse


limite (instantes iniciais do crescimento da cadeia), podemos dizer de maneira
aproximada que x  r  0 ; e conseqüentemente, se tivermos que x g  r g ` quando
t  0 , concluímos que g  g ` . Assim, podemos escrever:

g  g d  
4  d d  1 . (4.80)
6
158

Aqui, em (4.80), a novidade é que obtivemos uma função analítica para g , isto

é, uma função da dimensionalidade g d  sendo 1  d  4 .

A função g d  para o expoente de crescimento está ilustrada na figura abaixo:

g
g máx 3
gmáx = para d=2,5 (dimensão
3/8 8
Fractal).
1/3

1 2 2,5 3 4 d

Figura 11: Função g(d) para o expoente de crescimento de uma cadeia de polímero.

Observa-se que, quando d  1  g 1  0; d  4  g 4  0 (regime clássico ou

campo médio). Quando d  3  g 3  1 / 3 , que concorda com a literatura [142].

Para d  2  g 2  1 / 3 . Com isso, observamos que o gráfico da figura 11

revela uma simetria; ou seja, os valores de g para o intervalo 1  d  2,5 repetem no

intervalo ´2,5  d  4`, de mesmo tamanho d  1,5 . Portanto, existe um valor

máximo para g  g max  , que é g max  3 dado em d  2,5 (dimensão fractal), que é o
8
ponto de máximo no gráfico da figura 11. É importante salientar que este resultado
encontrado para [eq. (4.80)] não é exato, e pode ser que a simetria encontrada seja
devido a uma deficiência do método.

Finalmente, tendo em vista que obtivemos d  


d  2 (expoente de Fisher
d  1
para tempos longos) e g d  
4  d d  1 (expoente de crescimento para tempo
6
159

curto), dados de maneira analítica, em função da dimensionalidade (d) do sistema;


então, também podemos encontrar uma importante relação de escala entre os dois
expoentes  e g , relacionando diretamente o comportamento de regime micro (início

do crescimento  g ) com o macro regime da cadeia (final do crescimento   ). Para

isso, primeiramente, vamos obter d   a partir de (4.71), a saber:

d  d  
  2 . (4.81)
  1

Introduzindo (4.81) em (4.80) e efetuando os cálculos, vamos obter g   , isto é,

3   2
g  g   , (4.82)
2   12

ou então,

2g  1  3  2  0
2
(4.83)

A relação (4.82) ou (4.83) representa uma novidade, pois estabelece de forma


original a relação entre o comportamento inicial e final da cadeia de polímero e foi
obtida pelo professor Valery Kokshenev.

4.6 Apêndice

A 3a prescrição de Thompson estabelece que f Fd p ~ 1, sendo

 24dd2 d4.
 Fp  r  p 

  p
1

2 (4.84)
 
1 C te d  4.

Pela relação (4.84), observamos que  F p mede flutuações para  p , sendo

que, para d  4 ou dimensão crítica superior de campo médio,  Fp é C te . Isto significa

a ausência de flutuações no crescimento da cadeia (g=0 em d=4). Então, podemos


pensar que o crescimento de uma cadeia (g0) se deve, no fundo, à presença de
160

( 4d )
2(d 2)
flutuações, quando  F não é constante; isto é,  Fp   p d  4, ou então,
( 4d )
2( d 2)
LFp  L p .

Pela relação (4.51) tínhamos:

( d  2)
d d 
p ~ Lp 2
ou  p ~  p 2 . Dado que  p ~  p 3d
, então vem:
Lp p

(d 2)

p ~p ~ p
6
. (4.85)
p Lp

Assim, pensamos que

d d
p ~ LFp 2 ~  Fp 2  ? (4.86)
LF p

Substituindo (4.84) em (4.86), obtemos:

d ( d 4) ( d 4) ( 4d )


4( d 2) 
p ~ p ~p ~p p
12
12
. (4.87)
LF p F p

Em suma temos:

 6
(d 2)


a)  p ~  p d  4;
p
 p d  4.

  4d 
 6 d  4;
b)  P ~ P
 
 FP
 0  C te d  4.

( 4d )
2( d 2)
Facilmente podemos relacionar (a) com (b):  p  p , sendo
F p p
161

( 4d )
2( d 2) (4  d )
 Fp   p   p0  0  (expoente que transforma as escalas de
2(d  2)
0
correlação  p para as escalas  F p ). Então, escrevemos  p   p
.
 Fp

Dividindo (b) por (a) vem:

P   d 4
 FP d  4;
~ P (4.88)
P P   P
1
d  4,

onde  p  R F  R  .
d

Quando t  , (4.88) fica da seguinte forma:

 1
 Fd2 d  4
p 
F
~ N 4 (4.89)
p  1
 2  0 
p
d  4
N

Neste caso, como N é grande para t grande, então vem:

 p 
  Fp 
p   p ou   0 ,
 Fp p
 p 
 p 

o que significa que as flutuações durante o crescimento tornam-se insignificantes para


t grande (macro-regime). De fato, como a probabilidade está associada às flutuações,
então no regime de t grande, o crescimento ou probabilidade de crescimento tende a

se anular, pois  p p 0 .
 Fp p

Quando t é bem curto, vem:  p   p


, predominando as flutuações,
 Fp

pois  FP   . A existência de tais flutuações é responsável pelo crescimento rápido

da cadeia; portanto vem P ~ r g para t muito pequeno.


162

Sabemos que  
P ~ u  p   B d para t  1. Agora, vamos mostrar que
d

podemos definir P da seguinte forma alternativa:

d
 N Fp2

P ~ [ N Fp PN Fp ] ~  d
 , (4.90)
 V Fp 

sendo V Fp ~  Fp
d
 está associado às flutuações no volume de coerência  dp sendo
d 4 d 
d 2 d  2 
 d
Fp  p  p N Fp está associado às flutuações no número de monômeros para

um certo volume de coerência. P( N Fp ) é uma densidade flutuante, que é devido às

N Fp
flutuações fora do regime de campo médio (d  d c  4), i é, P ( N Fp )  .
V Fp

Sabemos que:

( 4d ) ( 4d )
2
p ~ d
~p  N Fp ~  p 6 d .
6

Fp ~N d
Fp (4.91)
 Fp

Assim, temos:

( d 1 )( 4  d )
N Fp
 N Fp Fp
d
p
6d
P( N F ) p ~ . (4.92)
 d
Fp

Substituindo (4.92) e (4.91) em (4.90) vem:

 
( 4d ) ( d  2)

p
d 6
P ~ N Fp PN Fp  . (4.93)

1
Sendo  p  t ~ r 
 r 1 F , e substituindo em (4.93), obtemos:

( 4  d )( d  2 ) ( d 1) ( 4  d )( d 1)

( d  2) (4  d )(d  1)
P~r 6
r 6
g . (4.94)
6

Assim, fica fácil verificar que P ~ u  p     N


d
Fp d
PN Fp  .

Também, podemos escrever que


163

 
d
   p  P ~[ 
d 2/d 2/d 2
P ~ N Fp PN Fp   p  p  p ]2( d  2) 
  Fp  Fp  Fp   Fp

2(d 2)
 ( 4d )
 4d 
  p 2( d  2)
  p
p p
 

 4 d 
d ( 4d )
 ~ np 2
d  4;
onde P ~  p p (4.95)
1 d  4,

para tempos muito curtos no crescimento da cadeia. Observamos que (4.95) é uma
outra forma alternativa de escrever a probabilidade de crescimento (P). Então, em

suma temos P ~ u  p     N d
Fp PN Fp  
d
 p
4 d 
p
.

4.7 Conclusões
A aplicação do M.T na ação elaborada para crescimento de polímero permitiu a
3 1
obtenção do expoente de Flory  F , sendo  F  d  4 e  F  d  4 (regime
d2 2

de campo médio ou cadeia ideal). Obtivemos também  


d  2 , d  4 e
3d
1
 , d  4 que é um análogo do expoente crítico do comprimento de correlação,
2

 
obtido quando  P    P ~  P , nos instantes iniciais do crescimento da cadeia. Com

isso, estabelecemos a seguinte relação:  F  d  .


1

Em segundo lugar, obtivemos o expoente de Fisher para tempos longos

 F  
1

d  2 , e finalmente fomos capazes de obter de forma analítica o
1   F  d  1
expoente de crescimento gd  
4  d d  1 . Assim sendo, relacionamos g com  ,
6
3   2 
através da função g   , que é um resultado novo. Em suma, como já
2   12
introduzimos um novo expoente  do comprimento de correlação  P  para tempo
muito curto, ficamos basicamente com 2 pares de expoentes; isto é, o 1o par de
expoentes  e g para instantes iniciais do crescimento, e o 2o par de expoentes  F e
164

 para os instantes finais do crescimento da cadeia. Logo, vamos fazer a seguinte


tabela resumida:

t0 t

a)  
d  2
c)  F 
3
3d d  2
b) g 
4  d d  1 d)  
d  2
6 d  1

Concluímos finalmente que, tendo formado um quadro completo de 4


expoentes (a, b, c e d da tabela), podemos obter relações das mais diversas entre
eles: a com c, a com b, a com d; b com c; b com d; c com d. Então, temos
basicamente 6 diferentes relações de escala entre os 4 expoentes na tabela, a saber:

 3  1 ; 31   2  1
1) a com c:  F   d  2) a com b: g 
1
 ,
2 3  12
2 31   F 2 F  1
3) a com d:   ; 4) b com c: g  ;
1    2 2F
3   2
5) b com d: g  6) d com c:   1   F  .
F
;
2   12

De onde temos em comum que: d 


2

  2  3  2 F  .
3  1   1 F

O próximo capítulo será dedicado à aplicação do M.T na teoria de campo


escalar  g 4 .
165

Capitulo 5

5 O método de Thompson aplicado à teoria de campo


escalar g. 4 .
Introdução

No presente capítulo, vamos usar o Método de Thompson (M.T) para estudar a


teoria de campo escalar g 4 , tendo por objetivo obter o comportamento do

acoplamento g dessa teoria com a escala de energia   ou comprimento  ~  1 .  


O objetivo é encontrar uma função g   que é solução de uma equação diferencial,
denominada equação diferencial do grupo de renormalização (G.R).

Podemos fazer uma analogia entre a teoria escalar - g 4 e a mecânica


clássica de um oscilador anarmônico unidimensional, cuja Lagrangeana é a seguinte:

2
1  dx  1
L m   kx 2   x 4 ,
2  dt  2

1 2
sendo v  x   kx   x 4 a energia potencial desse sistema. Assim, tendo por base
2
a Lagrangeana Lx , dx / dt , t  vamos pensar basicamente nas seguintes
transformações:


a) x t  para
  x 1 , x 2 , x 3 , t    x , x   : campo escalar no espaço 4-D de

Minkovsky;

b) d / dt 2 para

 uu   1 1   2  2   3  3      , onde o índice “0” está
associado à componente temporal. Introduzindo as transformações “a” e “b” na
Lagrangeana mencionada, vem:

1 u 1
L   u   m 2  2  g 4 ,
2 2

onde também pensamos em k para


  g (acoplamento), fazendo m  1
 m 2 ,  para

para o termo cinético do oscilador. Assim sendo, a nova Lagrangeana obtida é de
166

  
  
natureza relativística L  L ,  u , x , t  L ,  u , x u , cuja equação de movimento
é da forma:

 u

 u   m 2   4g 3  0 .

Devemos observar que, quando fazemos g  0 , a equação de movimento


acima recupera a equação de onda de uma partícula relativística livre, que é chamada

 
equação de Klein-Gordon:   u  u   m 2   0 .

Na 1ª seção desse capítulo, aplicaremos o M.T (a 1ª prescrição das escalas e


dimensões de Thompson) na Lagrangeana- g 4 com o propósito de extrair o
comportamento logarítmico do acoplamento g com a escala de energia. Além disso,

seremos capazes de obter a função  4  da equação diferencial do G.R para essa

teoria, dentro de uma certa aproximação, que, na linguagem de teoria de campo,


equivale à correção em 1´loop` na constante de acoplamento; ou seja, trata-se de uma
aproximação que é boa em regime de energias mais baixas.

As últimas seções serão destinadas a um apêndice e às conclusões, servindo


de motivação para o capítulo seguinte.

5.1 O método de Thompson aplicado à teoria g4.

Consideremos a Lagrangeana da teoria –  4 , dada da seguinte forma já


mencionada:

1  1
L(4)=       m 2  2  g 4 , (5.1)
2 2

sendo m 2  0.

Vamos tratar os termos da Lagrangeana acima com base numa análise


dimensional de escalas, o que fundamenta a 1ª prescrição do método de Thompson.
Assim, a 1ª prescrição heurística de Thompson será aplicada a cada termo de (5.1)
separadamente. Já sabemos que esta prescrição estabelece que: “Quando
consideramos a integral de (5.1) num volume de coerência ou característico l d em
d-dimensões, o módulo de cada termo integrado separadamente é da ordem da
167

unidade”. Aqui, vamos lembrar que tal prescrição de análise dimensional canônica fica
bem estabelecida nas vizinhanças de um dado ponto fixo da teoria [10], onde exista
uma invariância por transformação de escala. Nesse caso, temos um ponto fixo de
estabilidade infravermelha g   0 [10] para energias muito baixas l    .

Quando consideramos a integral de cada termo em (5.1) sendo da ordem da


unidade, estamos realmente fazendo uma certa análise dimensional de escalas em
cada termo da lagrangeana. Além disto, estaremos também considerando algumas
médias nas escalas, obtidas separadamente de cada termo integrado na lagrangeana.

Vamos estudar a lagrangeana   4 para o caso particular em 4-d, já que este


corresponde à dimensionalidade do espaço-tempo na teoria da Relatividade. Também,
já é sabido que a teoria   4 é renormalizável justamente em 4d. Então, fazendo d=4
e aplicando a 1a prescrição de Thompson ao 1º termo de (5.1), obtemos:

1
2 l 4
 
     x d 4 x ~ 1. (5.2)

Para o 2o termo de (5.1), escrevemos a seguinte integral:

1
2 l 4
 
2 m 2 x d 4 x ~ 1, (5.3)

onde supomos um ‘shift’ m para a massa do elétron. Podemos pensar que m


provém de uma certa interação, já que existe um acoplamento não nulo  g  0  . Logo,

se tomássemos g=0, então teríamos m=0. Assim, quando l    0  , teríamos

m 0, o que é de se esperar naturalmente para o regime de grandes comprimentos


de onda (limite do infravermelho).

Aplicando o método de Thompson ao 3o termo de (5.1), vem:

 g  d
4 4
x x ~ 1, (5.4)
l4

onde l ~ 1 ~  1 , sendo  a escala de energia e  o momento.


168

Agora, vamos considerar que a integral (5.2) seja feita num volume de uma
hiperesfera 4-d com raio l ao invés de um simples hipercubo 4-d com volume l 4 .
Logo, podemos escrever a integral (5.2) da seguinte maneira:

1
2 V 4 
 
     r dV4 ~ 1, (5.5)

 2l 4
onde temos V 4   , sendo dV 4   2 2 r 3 dr , com r variável. V 4  é o volume
2
ln 2 n / 2
hiperesférico 4-d. Para um caso geral n-d, temos V n   S n , onde S n  [157].
n n
 
2

Vamos introduzir um refinamento para a 1ª prescrição de Thompson, no


sentido de que poderemos encontrar uma maneira de estimar exatamente os valores
daquelas integrais, que são da ordem da unidade.

Quando pensamos a respeito da integral (5.2), observamos que seu integrando


 

   não está numa forma quadrática do tipo  2      2  , o que é devido à

derivada primeira    que aparece entre os dois campos ‘  s ’ no integrando de (5.2),


ou seja,      . 
O último termo da lagrangeana (5.1) não está numa forma quadrática, estando
numa forma quártica do tipo g 4 . Somente o segundo termo de (5.1) apresenta forma

1 2 2
quadrática em  , isto é, ‘ m  ’.
2

Como todas as integrais são da ordem da unidade, então, iremos escolher a


forma quadrática para ser o nosso ponto de referência, tendo exatamente o valor
unitário 1 . Assim, teremos a 1a prescrição do método de Thompson, estendida ou
aplicada numa forma em que possamos estimar exatamente o valor de cada integral,
sendo múltiplo da referência unitária estabelecida para a forma quadrática  2 [2o
termo de (1)]. Então, em geral, consideramos a seguinte forma quadrática para ser a
unidade:
169

   a   dV   1,
2
r 4 (5.6)
V 4

onde a é uma constante, podendo ser também um dado operador â, que vamos
considerar mais adiante.

A integral em (5.3) obedece à forma (5.6) acima; logo (5.3) também é uma
integral unitária com base no sistema de referência considerado. Conseqüentemente,
os valores para as integrais de escala (5.2) e (5.4) devem ser múltiplos da referência
unitária, dada pela integral (5.6); isto é, (5.2)e (5.4) devem ter valores constantes não
unitários, a serem estimados.

Como (5.3) e (5.6) possuem exatamente a mesma forma, então quando


1 2
comparamos as duas integrais, observamos imediatamente que a   m .
2

Sabemos que a integral (5.4) não obedece à forma (5.6), já que (5.4) está na
forma -‘  4 ’. Por isso, devemos fazer uma estimativa para o valor de (5.4), usando
(5.6) como referência unitária. Esta estimativa será feita mais adiante. Antes disso,
procuramos estimar exatamente a integral (5.2) ou (5.5).

Em (5.2), vamos tomar o valor médio na escala  


2
l
 
ou  2 l . Para fazer

isto, devemos considerar dV4  2 2 r 3 dr e inserir este diferencial de volume em (5.2).


Assim, depois de estimarmos o valor constante para a integral (5.2) (vide apêndice),
escrevemos (5.2) da seguinte forma:

0
   
2 2   r  r  2 r r 3 dr 
3
2
. (5.7)

De (5.7), colocando o valor médio [ 2 ]l para fora da integral, e aplicando as

duas derivadas  r (de escala r ) sobre r 3 no integrando, obtemos:

4 2 2
3
    6rdr  1 .
l
l

0
(5.8)

Finalmente, de (5.8), obtemos:


170

    
2
l
2
l 
1
4 2 l 2
. (5.9)

A constante 4  2 1
que aparece em (5.9) vem da simetria esférica
considerada para o espaço 4-d.

Com o objetivo de aplicar a prescrição de Thompson ao segundo termo de


(5.1), obtivemos a integral (5.3). No entanto, usando a 1a prescrição de Thompson na
forma refinada, consideramos a forma quadrática  2 em (5.6), sendo exatamente a
1
unidade, onde tínhamos a  m 2 . Logo, escrevemos:
2

1
2 V4
m    dV
2
r
2
r 4  1, (5.10)

sendo dV4  2 2 r 3dr.

De (5.10), obtemos:

1 2
2
m      l
2
l 0
l
2 2 r 3 dr  1 . (5.11)

Inserindo (5.9) em (5.11), e resolvendo esta integral, finalmente obtemos:

 m2
l
 2 ml  16l 2 , ou ml  4l 1 . (5.12)

Aplicando a 1ª prescrição de Thompson ao último termo de (5.1), tínhamos

 g  d
4 4
obtido que x x ~ 1. Agora, o nosso interesse é estimar um valor para esta
l4

integral, mas antes disto, vamos considerar esta integral no volume de uma
hiperesfera 4-d. Então, teremos:

 g   dV
4
r 4 ~ 1, (5.13)
V4

 2l 4
onde dV4  2 2 r 3 dr e V 4   l é o raio dessa hiperesfera.
2
171

A fim de estimar a integral (5.13), que apresenta  4 no seu integrando, vamos


nos lembrar que a forma quadrática dada em (5.6) tem um valor unitário:

 a   dV  1. Então, baseando-se nesta integral com integrando na forma


2
r 4
V4

quadrática, podemos tentar estimar o valor da integral (5.13). Para fazermos isto,
vamos introduzir a seguinte razão R de integrais:


 0
g 4  x dx
R= , (5.14)
 1 2 2
0 2
m   x dx

onde  x  aqui representa a solução de uma equação diferencial (equação de


movimento) obtida de (5.1) para o caso unidimensional (variável x), já que estamos
supondo um espaço isotrópico, onde temos as mesmas propriedades em qualquer
direção. Assim, por razões de simplicidade, escolhemos  x  para ser a solução
(uma solução tipo ‘soliton’) de uma equação diferencial obtida de (5.1) num caso
estacionário (tempo fixo), considerando somente a direção x, isto é,

d 2  x 
"  x   m 2   x   4 g 3  x   0, sendo "  x   , onde temos a solução
dx 2

x  
m
sech (mx).
2g

Devemos enfatizar que, na relação (5.14), usamos a função  x  (campo

 x  escalar, sendo a solução da equação diferencial) ao invés da quantidade

dimensional de escala para  2    obtida em (5.9).


r

Assim, se quisermos calcular a integral no denominador de (5.14), devemos


considerar esta integral entre os limites 0 e . Então, escrevemos:


m2 m 1 m3
0 2 2g
 sec h 2
mx d mx   . (5.15)
4 g


Aqui em (5.15) observamos que a integral 
0
sec h 2 u du  1, onde fizemos

u=mx.
172

Inserindo a solução para  x  em R (5.14), obtemos:

R=

0
sec h 4 u du 
  sec h 4 u du. (5.16)

 sec h u du 2 0
0

Podemos verificar que a integral

 q  2  
0
sec h q udu 
q  1 0
sec h q  2 udu, para q>2 [160]. Portanto, daí obtemos a

seguinte razão R q  :

R(q)=
0
sec h q udu

q  2 
. (5.17)

q  1
 0
sec h  q  2  udu

Para o caso da teoria -  4 , temos q  4 . Logo, a razão R dada em (5.16) pode

ser obtida imediatamente de (5.17) quando fazemos q  4 , isto é,

 2  2
R  R (4) =  0
sec h 4 udu  
3 0
sec h 2 udu  .
3
(5.18)

Agora, estamos aptos para estimar a integral dada por (5.13), considerando
(5.18). Assim, vem:

 g  dV
2
4
r 4  R 4   . (5.19)
V4 3

Na verdade, deveríamos considerar uma igualdade entre as seguintes razões


de integrais abaixo, a fim de estimar melhor a integral dada por (5.13), com base num
exame mais detalhado. Então, consideramos a seguinte igualdade:

 g  dV


4
V4
r 4 sec h 4 udu 2
 0
 R 4   , (5.20)
 

1 2 2 3
V4 2 m  r dV4  0
sec h 2 udu

onde a integral no denominador do primeiro membro de (5.20) acima foi considerada


unitária, devido à sua forma quadrática, como já foi frisado anteriormente. Portanto,
173

(5.20) e (5.19) e (5.18) se equivalem, já que os denominadores em (5.20) são


unitários.

Com relação ao 3o termo de (5.1), somos então levados à integral dada por
(5.19). Uma 1ª tentativa para avaliar (5.19) seria escrevê-la como um produto de
médias, isto é, um produto das quantidades dimensionais g  l ,  
4
l
e V4 l .

Considerando que   4
l
~ l 2   l 4 e V4 l ~ l 4 , obtemos de (5.19) que
2

 g  l l 4 l 4 ~ 1 , o que implica em  g  l constante, ou seja, uma quantidade que não

apresenta dependência na escala de comprimento l (ou energia  ):


 g  l   g l ~ l 0 ~ constante.

Devemos considerar que ‘ d  4 ’corresponde a um “tipo de dimensão crítica

superior” para a teoria -  4 . Em outras palavras, dizemos que, abaixo de ‘ d  4 ’,

flutuações são muito importantes para o problema, e acima de ‘ d  4 ’ d  4  , uma


descrição de “campo médio” seria boa para o problema. Assim, conclui-se que
exatamente ‘ d  4 ’ representa uma dimensão de linha de borda para a teoria -  4 , e
portanto devemos apurar melhor os nossos cálculos a fim de observar a dependência
do acoplamento  g l na escala de comprimento l ou de energia  ~ l 1 . Sabemos que

uma situação similar a esta ocorre quando se aplica o método heurístico de Thompson
à QED4 (próximo capítulo) [158], e também quando se trata das reações químicas
limitadas por difusão. (Ver capítulo 3).

Como uma forma de apurar melhor o cálculo de (5.19), vamos tomar a

quantidade  4     
r
2 2
r dentro da integral, mantendo a mesma forma que aquela
dada em (5.9), porém, agora com uma dependência na variável r de escala. Assim
2
1
sendo, tomando  4      2 2
  2 2  dentro da integral (5.19), escrevemos a
 4 r 
r r

seguinte integral:

2
1 2
2 2   g r  2 2  r 3 dr  , (5.21)
l  4 r  3
174

onde dV4  2 2 r 3 dr.

De (5.21), vem:

3 1 3
 g l  r dr   g  lnl   1 , (5.22)
16 2 16 2
l l

sendo a notação  g l   g  l .

Quando avaliamos (5.22), tomamos 1 como um ‘cutoff’ inferior na escala l .


Portanto, (5.22) apresenta uma dependência logarítmica na escala de comprimento l

(ou de energia   l 1 ).

Por uma questão de simplicidade na notação, vamos fazer  g  l   g l  g  l  ,


que representa essencialmente o acoplamento obtido na escala l ou  . Assim,

colocando l   1 em (5.22), obtemos:

3
 ln    g 1    . (5.23)
16 2

Diferenciando ambos os lados de (5.23) com respeito à variável  , obtemos:

dg 3
  g2 . (5.24)
d 16 2

A equação diferencial (5.24) concorda com aquela que é obtida pelo


procedimento do G.R quando a teoria -  4 é tratada pelo método de perturbação ao
3
nível de “1 loop”. Devemos observar que obtemos o coeficiente função  4  g2
16 2

[159] [161] [162] [163]; no entanto, a novidade aqui é que conseguimos obter este
resultado através de argumentos heurísticos de escalas e dimensões (M.T) [8].

Fazendo a integração de (5.24), considerando os limites  e  para as

escalas de energia e seus respectivos acoplamentos g(  ) e g(  ), teremos:


175

g 0 
g   . (5.25)
3   
1 g   0  ln 
16  0 
2

Observamos que (5.25) pode ser encontrado na referência [159], usando o


procedimento usual da teoria da perturbação com a técnica de regularização
dimensional para a teoria -  4 .

A relação (5.25) nos fornece a chamada singularidade de Landau, que


corresponde a um valor finito da escala de energia (  L ), onde g   L    , sendo

16 2 1 
 L   0 exp . g   0  . (5.26)
 3 

Somos levados a pensar que, nas escalas de energias mais altas, a equação
(5.24) e sua solução (5.25) devem ser modificadas a fim de se deslocar a
singularidade de Landau para uma escala de energia maior que  L . No esquema
usual dos cálculos perturbativos, isso é feito, considerando-se a teoria além do nível
de 1 loop [161] [162]. Assim, estaríamos pensando num limite onde a teoria
perturbativa começa a perder a sua validade (acoplamento forte). Um artigo recente de
I.M. Suslov [163] trata de uma teoria -n qualquer no esquema de expansão não-
perturbativa para todas as ordens em g (g grande), e depois aplica esta idéia na
obtenção da função (g) da teoria – 4 para o caso de g grande (acoplamento forte),
considerando todas as ordens.

5.2 Conclusões.
Nesse capítulo, o método de Thompson, que poderia ser considerado uma
maneira alternativa simples ao G.R, foi aplicado para estudar a teoria de campo
escalar   4 .

Aplicamos a 1ª prescrição das dimensões de Thompson para cada termo da


Lagrangeana- g 4 , mantendo a ordem da unidade para cada termo integrado
separadamente num volume de escala em 4-D. Além do mais, fomos capazes de
estimar o valor exato de cada integral, usando argumentos adicionais fundamentados
no próprio modelo estudado. Logo, obtivemos finalmente o comportamento do
176

acoplamento g   em 4-D, representado pela função  4 do grupo de renormalização,

dg 3 2
isto é,  4    g . A função  4 foi obtida numa 1ª aproximação pela
d 16 2
aplicação direta do método, o que representa a correção de 1 loop para o acoplamento
g dada pelo método perturbativo em teoria de campo; ou seja, uma aproximação para
g muito pequeno (escalas de energias mais baixas).

Tendo em vista o relativo sucesso do M.T no tratamento de teoria de campo


escalar, então, no próximo capítulo, estaremos motivados a explorar o M.T no estudo
da QED 4 ou Eletrodinâmica Quântica em 4-D, onde há campo fermiônico e sua

interação com o campo eletromagnético através do acoplamento   , que

 
corresponde à carga do elétron e 2 , variando com a escala de energia.

5.3 Apêndice
Sabemos que a integral (5.2) na seção 5.1 não está numa forma quadrática
 2 , devido à derivada primeira [  ] que aparece entre os campos  s [     ]. .
Logo, uma primeira forma quadrática mais simples a ser considerada aqui seria
  
alguma coisa do tipo    2 . Uma segunda forma quadrática já seria      2 . 
Obviamente, a diferença entre a primeira e a segunda forma quadrática reside no fato
 
de que a 1a forma apresenta derivada primeira   , enquanto que a 2a, apresenta

 
derivada segunda     . Aqui, estamos interessados na segunda forma quadrática,

pois a integral (5.2) apresenta duas derivadas em seu integrando, embora não esteja
na forma quadrática adequada.

A presença de duas derivadas no 1o termo de (1) caracteriza o comportamento


bosônico na análise dimensional, que é caso de spin 0. Já, no caso do 1o termo da
lagrangeana da QED4 (que será tratada posteriormente) teremos apenas uma única
derivada    , o que caracteriza o comportamento fermiônico na análise

1
dimensional, que é o caso de spin  (fermions).
2

Temos a 2a forma quadrática, que pode ser escrita da seguinte maneira:


177

   
     2                         2    2 , (A. 5.1)

onde  2      . Acabamos de expressar a 2a forma quadrática, de forma a ter

separadamente quatro termos. Logo, vamos fazer uma estimativa para cada termo
separadamente; mas antes disto, devemos pensar no caso mais simples da 1a forma
quadrática, que podemos escrever da seguinte maneira:

   
   2            . (A. 5.2)

Notamos que temos separadamente dois termos idênticos acima. De fato, a 1ª


forma quadrática é mais simples que a segunda (com 4 termos). Conseqüentemente,
já que queremos a forma quadrática  2 para apresentar uma integral unitária; logo,
 
tomamos a mais simples 1a forma     2   para ter valor unitário numa análise

dimensional de escala dada pela prescrição de Thompson. Então, primeiramente,


devemos escrever a integral para a 1ª forma quadrática:

     dV   1,
2
r 4 (A. 5.3)
V 4 

 
sendo que a representação    2  r em (A. 5.3) significa uma análise dimensional na

 
variável de escala r para ‘    2 ’. Tal representação é integrada no volume esférico

4D de escala V4 considerado, com raio l . ' dV 4  2 2 r 3 dr ' é a diferencial deste


volume 4-D.

Podemos extrair de (A. 5.3) o valor médio de  2 na escala l ; isto é,

 
2
l
~ l 3 . Este resultado representa um comportamento de escala que é similar ao

que seria obtido em QED4 para a amplitude   , de onde vem que

  l ~ l 3  2 2  l 3 para o 1o termo (termo cinético) da lagrangeana da QED4 .


1

[158]. Portanto, a presença de apenas uma derivada primeira no integrando, como no


caso de (A. 5.3) e no caso da QED4 [158, 159], leva ao mesmo comportamento de

 
escala l 3 , tanto para  2    em (A. 5.3) quanto para   l em [159]. Assim,

percebemos que a 1a forma quadrática em (A. 5.3) e em [159] são dimensionalmente


equivalentes na escala l .
178

 
Da integral (A. 5.3), dado que    2  2  , então obtemos a seguinte

integral:

1
   
V 4 
r dV 4  
2
. (A. 5.4)

A integral (A. 5.4) será útil para a obtenção da integral para a 2a forma
quadrática associada ao 1o termo da lagrangeana em (5.1). Aqui, temos a derivada
 
segunda  2      , que caracteriza o comportamento dimensional de escala da

teoria de campo escalar (campos bosônicos). Então, dado que


 2  2   2      2 2 , e colocando este resultado numa representação
dimensional na variável de escala r, escrevemos a seguinte integral:

     dV   2       dV  2   dV ,
2 2 2
r 4 r 4  r 4 (A. 5.5)
V 4  V 4  V 4 

onde dV4  2 2 r 3 dr.

A fim de estimar a soma das integrais em (A. 5.5), devemos observar que
temos justamente a derivada primeira de  dentro do integrando da 1a integral, no
segundo membro de (A. 5.5). Isto significa que, quando consideramos o
comportamento dimensional de escala de certas quantidades tais como ‘      r ’,

e ‘    r ’, estando todas elas apenas com derivadas primeiras, então podemos

notar que estas quantidades ficam em ‘pé-de-igualdade’ com relação à representação


dimensional na escala. Portanto, concluímos que uma estimativa para a 1a integral no
segundo membro de (A. 5.5) leva ao mesmo valor dado em (A. 5.4). Logo, vamos
escrever que:

       dV
1
4  . (A. 5.6)
V4 r
2

Seguindo o raciocínio acima, podemos observar que a 2ª integral no 2º


membro de (A. 5.5) apresenta em seu integrando a derivada segunda  2   aplicada
 
em somente um dos campos  s , isto é,   2  . Logo, quando pensamos em termos
179

de representação dimensional na escala, estimamos que, desde que a derivada   

seja aplicada duas vezes num mesmo campo  , ou seja        2  então, um  


2
1
termo como este apresenta valor ‘   ’ da escala unitária de referência. Assim,
2
escrevemos a seguinte integral:

     dV   4 .
21
r 4 (A. 5.7)
V 4 

Finalmente, introduzindo (A. 5.7) e (A. 5.6) em (A. 5.5), podemos estimar (A.
5.5). Logo, teremos:

    dV
1 1 3
2

2
4  2  2   . (A. 5.8)
V4 r
2 2 2

Vemos que o valor de (A. 5.8) é 3/2 da referência unitária na escala, dada por
(A. 5.3). A integral (A. 5.8) corresponde ao que designamos por 1ª. prescrição de
Thompson numa forma refinada, com o objetivo de estimar a integral (A. 5.5) da seção
(5.1), quando ela é colocada numa forma quadrática do tipo  2  2 . Isso é feito

justamente com o objetivo de obter o comportamento dimensional na escala para  2 ,

isto é,   2
l
.

Curiosamente, podemos observar que, com base em (A. 5.4) e (A. 5.7), vamos
fazer a seguinte estimativa geral por indução:

    dV   2
n 1
 r 4 n
. (A. 5.9)
V4

Para n=1,2, recuperamos (A. 5.4) e (A. 5.7) respectivamente. Para n=0 em (A.
5.9), recuperamos imediatamente a integral na forma quadrática  ,
2
que é a

    dV    dV
1
unidade, i.é, O
 4  2
r 4   1 (integral na forma quadrática, dada
V4
r
V4 2O
em (A. 5.6) na seção 5.1).
180

Capitulo 6

6 O Método de Thompson aplicado à Eletrodinâmica


Quântica – QED4
Introdução

A eletrodinâmica Quântica (QED) é a teoria que estuda a interação do elétron

relativístico com o campo eletromagnético. Essa teoria tem por base a teoria de Dirac,

que trata da equação da onda para um férmion relativístico livre. A solução da

equação de Dirac é dada pelos chamados campos espinoriais, que contêm

informações `a respeito da função de onda da partícula, acrescida do seu aspecto

 1
espinorial, que é basicamente o spin   , descrito pelas matrizes de Pauli. Além do
 2

mais, a solução dessa equação de onda contém informações da anti-partícula do

elétron, prevendo a existência do pósitron como sendo um “elétron“ com carga

positiva.

Quando estendemos a teoria de Dirac de forma a incluir o campo

eletromagnético livre e inclusive a interação do elétron com este campo através de um

e2
acoplamento   (estrutura fina), então estamos diante da QED, que será o foco
c

do nosso estudo no presente capítulo.

Na primeira seção, vamos introduzir a Lagrangeana física da QED e tratá-la

pelo método das dimensões e escalas de Thompson, que se fundamenta numa

análise dimensional.

Na segunda seção, faremos algumas considerações adicionais para o

problema, de maneira que vamos pensar no caso da QED4 (em 4-dimensões). Assim,
181

seremos capazes de obter o comportamento do acoplamento dessa teoria 4-D, sendo

uma função logarítmica na escala de energia   medida. Logo, vamos obter numa 1ª

aproximação a equação diferencial para o acoplamento   da teoria, que é chamada

de equação diferencial do Grupo de Renormalização (G.R) ou função Beta  4  da

teoria. Também, vamos obter o comportamento da massa do elétron na escala de

energia m  numa 1ª aproximação.

A terceira seção se destina às conclusões. A quarta seção é o apêndice do

capítulo, onde vamos obter a carga e a massa do elétron numa 2ª aproximação para

energias mais altas, através de uma extensão do Método de Thompson.

6.1 A Lagrangeana da QED tratada pelo Método de Thompson.


O ponto de partida é escrever a lagrangeana física da QED, a saber:

1 
£= i       m   F F  ie  A   , (6.1)
4

onde F    A   A  , e     0 ,

e   e 2 (constante de acoplamento).

Em (6.1)   representa os campos de férmions; e e m são respectivamente a


carga e a massa de repouso do elétron; A  é o quadrivetor potencial eletromagnético

e   são as matrizes de Dirac.

Nesse modelo, não há o fenômeno de criticalidade (transição), pois o ponto fixo


do GR da teoria ocorre somente para   0 ou    , sendo    0 um ponto fixo
trivial. Logo, estamos preocupados em aplicar apenas a 1ª prescrição heurística de
Thompson, que estabelece a seguinte condição de escala: “Quando consideramos a
integral da lagrangeana em (6.1) num volume de coerência l 4 em 4 – dimensões, o
módulo de cada termo integrado separadamente é da ordem da unidade”.
182

De fato, quando consideramos a integral de cada termo da lagrangeana da


ordem da unidade, estamos na verdade fazendo uma certa análise dimensional de
escala em cada termo de (6.1). Assim sendo, vamos obter alguns valores médios na
escala l para certas grandezas extraídas de cada termo de (6.1) integrado no volume

l 4 , que representa um volume de escala característico (de coerência) com o qual


investigamos os termos de (6.1).

A idéia básica da análise puramente dimensional na escala l é bem comum e


já foi aplicada por Ryder [159] para avaliar, por exemplo, a dimensão de £ na Q E D
para d-dimensões, onde se obtém facilmente que £ l  l  d  d em d – dimensões,

sendo l a escala de comprimento e  a escala de momento. Também se obtém a

   
dimensão do campo quadrático  2 ; que é  2  d 1 , que dá  2  3  l 3 para

d  4 (1o termo da lagrangeana em (6.1)).

De uma forma semelhante, usando a análise dimensional no 3º termo em (6.1),


   
obtemos A2  d  2 , sendo A2  2  l 2 no caso d  4 .

Portanto, devemos fundamentar a 1ª prescrição de Thompson numa análise


dimensional na escala mais algumas condições heurísticas adicionais, o que nos
permite obter valores médios na escala l relacionados às dimensões dos campos

 , A 2 , e também da massa e da carga (acoplamento  ).

Considerando as formas quadráticas do tipo   , F  F em cada termo da

lagrangeana a ser integrado, tomamos o módulo da integral para cada termo de £


exatamente igual a unidade. Assim, fazendo isto para o primeiro termo de £ em (6.1),
vem:

 i     d x 1.


4
x (6.2)
l4 x

Observamos que a dimensão          l


l  l
1
, pois, estamos considerando
apenas uma análise dimensional de escala para os operadores, de forma que
podemos desprezar tanto a ordem dos operadores quanto o aspecto espinorial dos
mesmos nessa análise dimensional de escalas.
183

Do ponto de vista da análise dimensional, sabemos que a derivada primeira


 
    l  l 1 reflete uma característica dos férmions [159]. Por outro lado, quando

estamos lidando com teorias de campos escalares (Ex.: teoria   4 ), a derivada


segunda caracteriza o comportamento bosônico numa análise dimensional de escala;
    l
isto é,       2 l
2
.

É interessante notar que a integral em (6.2) leva a uma certa análise


dimensional de escala para a quantidade    dentro da integral. Quando esta

quantidade é tomada para fora da integral como um valor médio na escala l (volume

de coerência l 4 ), então, de (6.2) obtemos:    l    l ~ l 3 , sendo  um

comprimento de onda.

Aplicando a 1ª prescrição de Thompson ao 2º termo de (6.1), deveríamos

considerar a integral dada por   m 


l4
x d 4 x  1 . No entanto, uma análise mais

cuidadosa revela que esse procedimento não funciona muito bem; pois, devido ao
acoplamento entre os campos  e A , que gera a interação, teríamos um

incremento de massa (m) a ser considerado na relação acima ao invés de m, já que


m iria para zero quando l  ou   0  , de forma a satisfazer uma condição de

escalonamento. Então, após essas considerações, podemos escrever:

  4 m x   x d 4 x  1 . (6.3)
l

De (6.3), obtemos:

m l    l l 4  1 (6.4)

ou ml   l .l 4  1 . (6.5)

Como já sabemos, temos    ~ l 3 . Substituindo este resultado em (6.5),


obtemos:

ml ~ l 1 . (6.6)
184

O resultado (6.6) é consistente com a condição de escalonamento (‘scaling’),


onde fizemos

ml  0  l  .

Aplicando a 1ª prescrição de Thompson ao 3º termo de (6.1), vamos pensar em


termos do comportamento de análise dimensional na escala para a densidade de
energia do campo eletromagnético; isto é, vamos escrever:

1
8 
l4
E   B  d
2
x
2
x
4
x  1. (6.7)

A integral (6.7) implica que [ E ]l  [ B 2 ]l ~ l 4 . Sabemos que B = xA; então

quando fazemos uma análise dimensional para A, obtemos:

A   B   l
2
l
2
l
2
~ l 4  l 2  l 2 , (6.8)

onde temos  l ~ l 1 .

Com relação ao último termo da Lagrangeana (6.1), é melhor considerar um


termo que é quadrático no potencial eletromagnético A  . Esta escolha fica justificada

primeiramente pelo fato de que estamos levando em conta que a densidade de


energia do campo eletromagnético vai com [B2], que se comporta como [A2]l-2 em
termos de análise dimensional na escala. Também, paralelamente a esta
argumentação, devemos enfatizar que o nosso interesse central aqui consiste na
obtenção da constante de acoplamento   e 2 ao invés da carga elétrica pura e. Além
do mais, sendo o campo A flutuante na presença da carga, através de emissão e

absorção de fótons virtuais, então, espera-se que a média eA seja nula. Por isto,

devemos considerar um segundo momento para o campo A , de maneira que

tomemos a média quadrática A 2  0 , sendo   e 2 . Portanto, devemos pensar


l

numa contribuição efetiva para a ação, mediante um produto de integrais, que vai
corresponder a uma média para o quadrado do último termo de (6.1) num espaço de
8-dimensões. Então, baseando-se nessas considerações, escrevemos:
185

l   x   x'  
i 2  8 e    A   e '   '  '  A '  d 4 x d 4 x '  1 , (6.9)

onde o índice ’ é um índice mudo. Logo, podemos escrever (6.9) na seguinte forma
compacta, representando um 2º momento para a ação de interação:

l
  
2

i 2  8 e 2  x A 2 d 8 x  1 , (6.10)

onde e 2 = .

6.2 Algumas elaborações a mais para o Método de Thompson


Q
E
D
4

aplicado à .
Agora, vamos considerar a integral (6.2) avaliada num volume de uma hiper-
esfera 4  D , uma vez que estamos interessados num espaço-tempo isotrópico
4  D , sendo a escala de comprimento l o raio desta hiper-esfera.

ln
O volume de uma n – D hiper-esfera é dado por Vn  S n [157], onde temos
n
n
2 2
S n  n [157].
 2 

2l4
Em 4  D , obtemos V4  , sendo dV4  2 2 r 3 dr , onde r é a variável
2

radial de escala. Estas considerações nos permitem escrever a integral (6.2) da

seguinte forma:

2 2   r   r r 3 dr     l 6 2  r 2 dr  1 .
l l
(6.11)
0 0

De (6.11) obtemos que

1
  l   l  , (6.12)
2 2 l 3
186

onde "2 2 l 3 " representa a magnitude da “superfície” dessa 4-D hiper-esfera, que
apresenta 3-dimensões.

A grandeza  l representaria a dimensão de uma amplitude quadrática


média de campo para férmions, onde a média é tomada numa escala de comprimento
l , sendo l   1 . Logo, esta amplitude tem a dimensão de  3 (o cubo da energia).

A constante “ 2 2 ” que aparece em (6.12) é uma conseqüência da simetria


esférica que consideramos para o problema.

Agora, vamos avaliar o termo de massa dado pela integral (6.3) no volume de
uma hiperesfera 4-D de raio l .

Assim, obtemos:

 2 2  mr   r r 3 dr  1.
l
(6.13)
0

A integral (6.13) nos leva a

4
 2l
m l    l  1. (6.14)
2

Introduzindo (6.12) em (6.14), obtemos:

m l  ml  4l 1 . (6.15)

Considerando o terceiro termo da lagrangeana (6.1), e tomando a integral (6.7)


no volume de uma hiper-esfera 4-D de raio l dV 4 
 2 2 r 3 dr , onde os campos

quadráticos possuem o mesmo comportamento na escala, isto é, E 2    B 


l
2
l ~ l 4 ,
então escrevemos:


2
E  r
l

0
2
r
3
dr 

2
B  r
0
l
2
r
3
dr  1. (6.16)

A integral (6.16) nos leva a


187

8
E   B 
2 2
 ~ l 4 . (6.17)
l 4
l l

Usando a definição B =  x A, e dado a relação (6.17), somos levados a

considerar a seguinte relação de escala para A 2  


l :

8
B 
2
l 2  A 2  l  , (6.18)
l 2
l

onde usamos que  2   l l


2
.

É interessante notar que a relação (6.18) é compatível com o comportamento

de escala para um potencial gerado por uma carga pontual estática; isto é, temos

1 l
 
 ~ , o que nos leva naturalmente a  2 l ~ 2 , onde   A4 e A   A,  . Assim,
r l

tais considerações permitem escrever (6.18) numa forma mais geral e compacta:

A 
2
 l 
8
l 2
. (6.19)

Quanto ao 4º termo de £ em (6.1), as considerações anteriores nos levam à


integral dada por (6.10). Agora, o nosso objetivo é de avaliar a integral (6.10) dada no
volume de uma hiper-esfera 8  D . Dado que temos o volume

 4 l8 4r 7
V8   d 8 x  dV8  dr ,
24 3

então escrevemos (6.10) da seguinte forma:

4
  r  r A2 r r 7 dr  1,
2

3 V8
(6.20)

onde   e 2 .
188

Uma primeira tentativa a fim de avaliar (6.20) seria escrevê-la como um produto

de médias, isto é, um produto das médias    ,  2



  e V  . Sabendo
, A2
 8 

que  2 ~ l 6 , A2  l ~ l 2 , V8 l ~ l 8 , obtemos que [ ]l  l 6  l 2  l 8 ~ 1, o que


l

implica que  l é uma constante, ou seja, é uma quantidade que não tem

dependência na escala de comprimento l (ou energia  ):   ~ l  ~ constante.

No entanto, devemos pensar que d = 4 deve corresponder a um certo tipo de


dimensão crítica superior para a QED4 . Em outras palavras, de forma similar ao que é
feito em Mecânica Estatística, pensamos que, abaixo de d = 4, flutuações são
importantes para o problema, sendo que acima de d = 4, uma descrição de campo
médio seria boa para tratar o problema. Portanto, d = 4 representaria exatamente uma
dimensão de “linha de borda” (“border-line”) para QED4 , que corresponde à dimensão
do espaço-tempo na teoria da Relatividade.

Assim sendo, como queremos melhorar nossa aproximação com o objetivo de


poder “ver” a dependência do acoplamento  l na escala de comprimento l ou de

energia   l 1 , então vamos tomar as quantidades   r e A2   r


como variáveis

dentro da integral (6.20); ou seja, vamos tomar (6.12) e (6.19) com dependência na
variável de escala r, dentro da integral (6.20). Com isto obtemos:

4  1
  8
2
 r 7 dr  1,
3 l   2 3  
 2 r   r 2  (6.21)

1 8
onde   r  e A 
2
 .
2 r 2 3 r
r 2

De (6.21), vem:

2 dr 2
 l   l
l

3 1 r 3
lnl   1. (6.22)

Para avaliar (6.22), tomamos 1 como um “cutoff” inferior na escala l . Assim,


(6.22) nos leva a uma dependência logarítmica para o acoplamento  na escala de

comprimento l .
189

Por uma questão de simplicidade de notação, escrevemos que


  l   l   l . Além disto, introduzindo l   1 em (6.22), obtemos:

2
ln     1   (6.23)
3

Diferenciando ambos os lados de (6.23) com respeito à variável  , vem:

d 2 2
   . (6.24)
d 3

A equação (6.24) coincide com aquela que é obtida pelo procedimento G.R,
quando a QED4 é tratada perturbativamente ao nível de 1 loop. Então, observamos
2 2
que obtivemos o coeficiente    , que pode ser encontrado em [165] e [161] e
3
também [162, 166-170]. A vantagem aqui é que obtivemos esse resultado através de
argumentos heurísticos, fundamentados numa análise dimensional de escalas.

Fazendo a integração de (6.24) pela consideração dos limites  0 e  para as

escalas de energia e seus respectivos acoplamentos  0  e   obtemos:

  0 
    . (6.25)
2   
1     0 ln 
3  0 

Observamos que (6.25) [171] nos leva à chamada singularidade de Landau,


que é um valor finito na escala de energia  L , tal que  L    , onde

3 1
 L   0 exp .    L . (6.26)
 2 

Como já é bem sabido, a singularidade de Landau é um efeito não físico e nos


revela o fato de que a solução para a “constante” de acoplamento     dada por

(6.25) não é apropriada quando a escala de energia se aproxima de  L . Então,


concluímos que, para energias mais altas, a equação (6.24) e sua solução (6.25)
devem ser modificadas a fim de ficarem “livres” da singularidade de Landau no regime
de energias mais altas. O regime de energias mais altas será estudado no apêndice
190

desse capítulo, fundamentando-se numa extensão (aprimoramento) para o Método de


Thompson (M.T).

Agora, quando olhamos para (6.25), observamos que, quando l    0  ,

então    0 . Mas este resultado é de interesse puramente acadêmico (ponto fixo


trivial). De fato, ainda no regime de baixas energias, o desvio do comportamento
clássico para     começa quando   m0 , onde m0 é a massa de repouso do

elétron. É como se a carga estivesse sendo colocada num meio dielétrico que polariza
na presença da carga, “blindando-a”. Em outras palavras, dizemos que os efeitos de
polarização do vácuo tornam-se evidentes quando l  l 0   c  m 01 onde  c é o

comprimento de Compton.

Portanto, de um ponto de vista experimental, devemos olhar para (6.25) no


regime de baixas energias com   m0  0 , sendo  0 ~ m0 ; isto é, consideramos o

parâmetro de escala de energia  fixada na massa de repouso do elétron m0  ,

sendo a escala de referência mais baixa em energia. Assim temos que


 0  ~ m 0   1 / 137 . Logo, para energias intermediárias, expandimos (6.25) numa
1ª aproximação, e obtemos

 2   
     0 1   0 ln  . (6.27)
 3  0 

De (6.27) [172], observamos que, quando    0  m 0 , então vem que

1
   0  .
137

6.2.1 Obtenção da massa m  

Uma maneira de avaliar m  seria comparar (6.3) e (6.9), considerando o

shift e 2 ou  em (6.9), pois, devemos pensar que     deve ser diretamente

proporcional ao shift de massa; isto é, m   tal que, em energias muito mais


baixas, teríamos o limite em que m    0 . Assim, escrevemos:

  m  d
V4
x
4
 
V4  V4
 
x  i 2    2 e'  ` `x ' A`2 x'
d 4 x'     x d 4 x  1,

(6.28)
191

onde consideramos o shift m  m  m 0 e      0 , sendo m  m  e     ,

com  0  1 / 137 .

Comparando os integrandos de (6.28), extraímos que:

m  i 2  e 2   x A2 x d 4 x , (6.29)


V4

desde que o índice linha (‘) em (6.28) seja mudo.

d 4 x  dV4  2 2 r 3dr,         1 / 2 2 r 3 e  A 2  
x r x
Colocando
  A 2   8 /  r 2
r

em (6.29), obtemos:

8 1
m    l l dr . (6.30)
 r2

Agora, vamos usar a seguinte notação:   l   l    , que representa o


desvio (incremento) médio de carga na escala l ~  1 , ou seja, um desvio médio na

escala l .

Tomando a integração indicada em (6.30) entre os limites


l    0  e  0 l 0 ~  0  c  10 14 m , que é equivalente ao regime de polarização
de vácuo, então vem:

8 1 8 
m     m0 , (6.31)
  0l0   0

ou

m 8 
 ,
m0   0 (6.32)

onde m 0  l 01 ~ c1 . De fato, temos a proporcionalidade ' m  '  obtida de (6.31),

o que nos leva à seguinte relação:


192

8 
m  m0  m0 .
 0 (6.33)

Finalmente, substituindo () obtido de (6.27) em (6.33), obtemos:

 16   
m  m0  1  2  0 ln . (6.34)
 3  0 

É interessante também notarmos que a correção quântica para a massa do


elétron poderia ser obtida de uma forma que é consistente com (6.34), usando o
seguinte raciocínio:

Vamos considerar a energia armazenada no campo elétrico, a saber

U el   E 2 dV3 , onde a integral é tomada num volume 3D. Agora, vamos escrever o
V3

campo elétrico E com seu valor clássico E 0 mais uma correção E devido às

flutuações quânticas. Consideramos que estas flutuações quânticas afetam somente a


energia u el através da contribuição quadrática em E, uma vez que o termo linear em

E apresenta média nula num tempo suficientemente longo. Assim, temos

E 2  E 02  E 2 , onde as barras significam médias sobre um tempo suficientemente


longo na escala de flutuações. Portanto, como estamos interessados principalmente
nos processos quânticos que se dão pela absorção e emissão de fótons virtuais,
podemos escrever:

E rms  E 2  2 ,
1
(6.35)

onde o índice “rms” significa a raiz do valor médio quadrático (‘root mean squared’).

É natural supor que Erms será diferente de zero somente na presença do


campo fermiônico, e este raciocínio nos leva a propor a seguinte relação:

E 2 rms   2  2 rms , (6.36)

onde consideramos rms


2
    r

1
2 r
2 3
. Isto quer dizer que rms
2
corresponde a

uma amplitude de campo médio na variável de escala r.  é uma constante de ajuste.


193

Introduzindo a relação de escala para   r em (6.36), obtemos a seguinte

proporcionalidade:

1
E rms  3
, (6.37)
r2

que deve ser comparada com a lei do inverso do quadrado de Gauss da contribuição
clássica. Neste ponto, gostaríamos de noticiar que a dependência das flutuações
quânticas do campo elétrico na escala de comprimento, como foi obtida em (6.37),
também foi proposta por V. Weisskopf [173] há algum tempo.

Agora, vamos fazer a integração de E2rms num volume 3D. Tomando como
limites de integração as variáveis r r   c  e  c (comprimento de Compton),

obtemos:

c  2 
 m c 2  mc 2  m0 c 2  r  2 3   4r 2 dr. (6.38)
 2 r 

A razão de considerar c como um corte para comprimento de onda longo é

que as flutuações quânticas não contribuem muito para a massa eletromagnética do


elétron acima deste valor.

A relação (6.38) implica que

 
mc 2  m0 c 2  C ln c , (6.39)
 r 

onde C é uma constante.

É importante enfatizar que (6.39) é consistente com o resultado obtido em


3
(6.34) e reproduz aquele obtido por Weisskopf [173], se fixamos C  m0 c 2 0 .
2

6.3 Conclusões
Nesse capítulo, vimos que o método de Thompson, que é alternativo ao grupo
de renormalização (G.R), foi aplicado ao estudo da QED. Assim, tratamos cada termo
194

da lagrangeana da QED em pé-de-igualdade com base numa análise dimensional nas


escalas de comprimento ou energia-momento. Fomos capazes de extrair o
d 2 2
comportamento do acoplamento   , mediante a equação diferencial    ,
d 3
2 2
sendo  4    . Em escalas de energias mais baixas, obtivemos
3
 2     16   
     1   0 ln  , e m   m o 1  2  0 ln  . Para o regime de
 3  0   3  0 
energias mais altas, numa 2ª aproximação (veja-se apêndice), obtivemos que

 2     8  2    
    0  ln 1   02 ln  e m  m    m 0 1   01 ln 1   02 ln   .
 3  0     3  0  

Se analisarmos o comportamento dimensional na escala para certas


quantidades, tais como a amplitude de campo para férmions ([   ] l ) , a dimensão do

quadrado do vetor quadripotencial [ Au2 ]l , o incremento de massa [m] l e o desvio de

carga [ ]l , sendo todas estas quantidades avaliadas na escala de comprimento l ,

então devemos observar que é possível organizar estes objetos dentro de uma
estrutura hierárquica. Desta forma, pensamos que a amplitude de campo para
férmions [   ] l
 (2 2 l 3 ) 1 vai como uma “superfície” 3-D de uma hiperesfera 4-D

de raio l , estando esta “superfície” imersa num espaço-tempo 4-D.

O próximo objeto nessa hierarquia corresponde à dimensão do quadrado do

vetor quadripotencial. Ela é dada por [ Au2 ] l  8l 2  , exibindo a lei do inverso do
1

quadrado da escala l . Isto representa uma estrutura bidimensional (2-D) também


imersa num espaço-tempo 4-D. Logo, poderíamos observar que, para este objeto, o
grau de liberdade na escala ( l ) foi reduzido de uma unidade. Assim, continuando a
redução de uma unidade no grau de liberdade, vem que o incremento de massa
‘ [m]l  4l 1 ’ pode ser entendido como uma estrutura linear (1-D) imersa outra vez

num espaço-tempo (4-D).

Finalmente, o excesso de carga (acoplamento) [ ]l comporta-se como uma

estrutura sem dimensão, ou seja, de ordem zero ou independente da escala (l 0 ).


195

Logo, ela pode ser pensada como uma estrutura O-D imersa num espaço-tempo 4-D.
Em suma, então temos a amplitude de campo para férmions “espalhada” num espaço
3-D (volume), o quadrado do potencial vetor numa superfície 2-D, a massa numa linha
(1-D) e a carga num ponto (0-D), de tal forma que procuramos relacionar estes objetos
da QED4 a uma ordenação hierárquica na topologia de um espaço-tempo 4-D.

No entanto, quando aperfeiçoamos os nossos cálculos, a carga (acoplamento)


passa a exibir uma dependência logarítmica na escala de comprimento (l ) . Este
resultado poderia ser considerado como um certo regime intermediário entre um ponto
l 0
  
~ cons tan te e uma linha l 1 . Isto pode ser interpretado como a carga adquirindo
uma característica fractal nessa estrutura topológica do espaço-tempo, que é devido à
influência das flutuações quânticas introduzidas pela polarização de vácuo, de tal

forma que obtemos  l  ~ ln l  . Essas flutuações quânticas também modulam o


1

comportamento do excesso de massa.

O caráter fractal de uma trajetória quântica foi considerado por Notalle [177] no
estudo da QED. Ele mostrou que, devido à polarização do vácuo, os diagramas de
auto-energia em QED nos conduzem a certas características fractais [174].

6.4 Apêndice: Obtenção da massa e da carga do elétron numa


2a aproximação ou para energias mais altas – Uma
extensão do Método de Thompson.
6.4.1 Obtenção de    numa 2ª aproximação.

Quando introduzimos uma carga (qo) num determinado meio dielétrico, surge
uma polarização neste meio, induzida pela carga qo. Assim sendo, sabemos que,
devido a essa polarização, medimos uma carga efetiva q menor que qo, isto é, q< qo.
No caso da polarização ser intensa, teríamos que q < < qo.

Usamos desse exemplo clássico da polarização, pois podemos estabelecer um


análogo com o caso da polarização quântica do vácuo, quando procuramos medir a
carga do elétron no vácuo quântico para altas escalas de energia, ou quando l   c ,

de forma que, neste caso, a polarização do vácuo torna-se muito intensa (mais de 1
loop na teoria perturbativa usada em QED). Então, de acordo com a QED, temos uma
carga nua para o elétron e B (não renormalizada) e uma carga física, medida na escala
196

de energia   l 1 ; isto é, e  e  ; ou melhor, e 2        (acoplamento


renormalizado).

Assim, com base na analogia com o fato de que a carga medida (     ) é

decorrente do efeito de blindagem gerada pela polarização de vácuo, então, vamos


pensar que há uma carga interna a esta polarização (blindagem), e vamos defini-la
como e02  e I2  e 2 , sendo e 2    a carga medida.

A carga interna à blindagem (eI) é na verdade uma carga finita, cujo valor
sempre interpola a carga medida   e a carga nua  B  , sendo esta última infinita;

portanto, vamos escrever que      B . Logo, para altas energias, devido à intensa

polarização de vácuo, vem que;      I   B sendo que, para energias bem mais

baixas,temos      I   B quando a polarização diminui.

Em virtude da introdução do conceito de ‘carga interna’ à blindagem, então,


de um ponto de vista mais qualitativo, podemos definir uma lagrangeana interna (£I),
 
cujos parâmetros  I , m I , I e A I interpolam os parâmetros da lagrangeana física £

e da lagrangeana nua £B. Embora a lagrangeana £I não seja operacional como £, já
que não podemos ter acesso direto aos parâmetros internos dela, a sua introdução
tem por objetivo tentar estabelecer que, no regime de energias muito mais altas, os
seus parâmetros crescem drasticamente em relação aos parâmetros medidos
(  I  ,  I  , etc); sendo que, no regime de energias mais baixas, o que equivale
ao regime de 1 loop pelo método perturbativo, temos que os parâmetros internos são
aproximadamente os mesmos medidos, quando  I    I  , etc. . Logo, vamos
definir £I:

1  I
£ I = i I      I  m I I  I  FI F  ie I I   AI  I . (6.40)
4

Os parâmetros internos de £I, embora finitos, crescem com o crescimento da


escala de energia   l 1 . Quando  fica muito grande (l   c ), os valores dos

parâmetros internos de £I se distanciam ainda mais dos parâmetros (externos) de £


medido. Assim, com isso, vamos pensar em termos de certas funções na escala de
energia  , mapeando as quantidades ou parâmetros de £ para £I. Então, vamos

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