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Sequncia 1.

Poesia Trovadoresca Outros materiais Textos informativos complementares 347

Manual p. 56

O cdigo do amor corts


O trovador [] serve a sua dona como o vassalo serve o suserano, com diligncia e fidelidade.
[]
Mas assim como o sistema feudal implicava vrios graus de vassalagem, assim tambm o
amor, que se revela na poesia provenal um longo e paciente aprendizado. Para se alcanar o
favor supremo da dona, era necessrio percorrer quatro estdios: o do aspirante, que se con-
5 some em suspiros (fenhedor), o do suplicante, que ousa j pedir (precador), o do namorado (en-
tendedor) e o do amante (drut). []
O amor portugus bem mais simples; e, se perde em complicaes e subtileza, ganha, sem
dvida, em emoo e sinceridade. Da hierarquia amorosa dos provenais s so conhecidos,
entre ns, os dois ltimos graus. E o ltimo, o de drut, que deu em portugus drudo, s o encon-
10 tramos nas cantigas de escrnio e maldizer. A poesia virginal da cantiga amorosa no podia ir
alm de entendedor. Esta expresso, sim, que frequente, e ainda mais a forma verbal entender
ua dona. []
O amor no podia falar uma linguagem desordenada, impetuosa; tinha de conter-se em cer-
tos limites de razovel moderao. A esta espcie de vlvula de segurana do afeto amoroso deu-
15 -se o nome de mesura.
A mesura , deve ser, a virtude suprema do amador, ao qual impe uma infinita pacincia, to
grande, que muitos a comparavam dos bretes, esperando, sculos e sculos, a vinda do rei
Artur. A vontade de no exceder a medida, o receio de que a amada sofra no seu prez, o desejo,
enfim, de servir pelo prazer de servir e no pela mira do galardo, encontram-se definidos em
20 mais duma cantiga e correspondem bem finura da nossa sensibilidade [].
Alm desta atitude submissa e tremente, outra obrigao tinha ainda o perfeito amador: a
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mais absoluta discrio que lhe vedava sobretudo divulgar o nome da amada. [] De resto, o se-
gredo, em todos os tempos e pases, foi sempre a alma do negcio e tambm a alma do amor. []
Enfim, o rasgo mais caracterstico do amor portugus a coita de amor, que faz ensandecer
25 e morrer o pobre namorado. A nossa cantiga impressiona pelo que tem de triste, de fatal, de con-
sumidor. [] A norma era, ao fim duma vida votada a um amor infeliz, no compartilhado, mor-
rer nas cantigas.
LAPA, Manuel Rodrigues, 1977. Lies de Literatura Portuguesa: poca Medieval. 9. ed.
Coimbra: Coimbra Editora (pp. 136-143) (1. ed.: 1934)
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