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HOMENS DE FÉ

– Fé em Cristo. Com Ele, podemos tudo; sem Ele, somos incapazes de dar sequer um passo.

– Quando a fé se torna pequena, as dificuldades agigantam-se.

– Jesus sempre ajuda.

I. LOGO DEPOIS DO MILAGRE da multiplicação dos pães e dos peixes, o


próprio Senhor despediu a multidão e ordenou aos seus discípulos que
embarcassem1. Já devia ter caído o sol. Jesus, depois daquele dia de trabalho,
de solicitude pelos que o tinham seguido, sentiu uma imensa necessidade de
orar. Subiu a um monte vizinho e ali permaneceu sozinho, noite adentro, em
diálogo com seu Pai do céu.

Do alto do monte, Jesus vê os Apóstolos já longe da margem, e percebe o


momento em que a barca, batida pelas ondas porque o vento lhes era
contrário, passou a estar em perigo. Pôde divisar a pobre embarcação no meio
do lago, pois era plenilúnio e a Páscoa estava já próxima. Por volta da quarta
vigília da noite, cerca de três horas da madrugada, antes de o dia
despontar, foi ter com eles caminhando sobre as águas.

Os discípulos, ao verem a figura nebulosa que se aproximava deles pelo


mar, tiveram medo: É um fantasma, disseram. E começaram a gritar. Mas
Cristo deu-se a conhecer imediatamente: Tende confiança, sou eu, não temais.
É a atitude com que Cristo se apresenta sempre na vida do cristão: dando
alento e serenidade.

Pedro ganha confiança e, levado pelo seu amor, que o faz desejar estar
quanto antes com o Mestre, faz-lhe um pedido inesperado: Senhor, se és tu,
manda- me ir até onde estás por sobre as águas. A audácia do amor não tem
limites. E a condescendência de Jesus também é inesgotável. E ele disse- lhe:
Vem. Pedro, descendo da barca, começou a andar sobre as águas em
direcção a Jesus.

Foram momentos impressionantes para todos: Pedro trocou a segurança da


barca pela da palavra do Senhor. Não ficou aferrado às tábuas da embarcação,
mas dirigiu-se para onde Jesus estava, a uns poucos metros dos seus
discípulos, que contemplam atónitos o Apóstolo por cima das águas
embravecidas. Pedro avança sobre as ondas. Sustentam-no a fé e a confiança
no seu Mestre; só isso.

Pouco importam o ambiente, as dificuldades que rodeiam a nossa vida, se


sabemos avançar cheios de fé e confiança ao encontro de Jesus que nos
espera; pouco importa que as ondas sejam muito altas ou o vento forte; pouco
importa que não seja do natural do homem caminhar sobre as águas. Se
olhamos para Jesus, tudo nos é possível; e esse olhar para Ele é a virtude da
piedade. Se pela oração e pelos sacramentos nos mantemos unidos a Jesus,
caminharemos com firmeza. Deixar de olhar para Cristo é naufragar, é
incapacitar-se para dar um passo, mesmo em terra firme.

II. A FÉ, INICIALMENTE GRANDE, tornou-se pequena depois. Pedro tomou


consciência das ondas, dos ventos (São João diz que eram fortes), de como
era impossível para o homem caminhar sobre as águas; preocupou-se com as
dificuldades e esqueceu-se da única coisa que o mantinha à superfície: a
palavra do Senhor. Perante os obstáculos, de que agora tomava consciência, a
sua fé diminuiu; mas o milagre estava ligado a uma plena confiança em Cristo.

Deus pede às vezes “aparentes impossíveis”, que se tornam realidade


quando nos conduzimos com fé, de olhos postos no Senhor. Certa vez, o
Fundador do Opus Dei, Mons. Josemaría Escrivá, dizia a uma filha sua que
partia para outro país onde encontraria as lógicas dificuldades próprias dos
começos de um trabalho apostólico: “Quando te peço uma coisa, filha, não me
digas que é impossível, porque já o sei. Mas desde que comecei a Obra, o
Senhor pediu-me muitos impossíveis... e foram saindo!”2 E foram saindo!:
trabalhos apostólicos em muitos países..., multidões de simples leigos, de
todas as condições sociais, que se dispuseram a santificar-se no seu lugar de
trabalho, santificando esse mesmo trabalho e santificando os outros através
desse trabalho. Dizia-lhes Mons. Escrivá de mil formas diferentes: “São
precisos homens de fé, e renovar-se-ão os prodígios que lemos na Sagrada
Escritura...” E esses prodígios realizam-se todos os dias na terra... Sempre foi
assim na história da Igreja.

É Deus quem nos mantém na superfície e nos torna eficazes no meio de


“aparentes impossíveis”, de um ambiente que não raras vezes é contrário ao
ideal cristão. É Ele quem faz que caminhemos sobre as águas, e a condição é
sempre a mesma: olhar para Cristo e não deter-se excessivamente a
considerar os obstáculos.

São João Crisóstomo, ao comentar este episódio do lago, sublinha que


Jesus levou Pedro a saber por experiência própria que toda a sua fortaleza
procedia d’Ele, ao passo que de si mesmo só podia esperar fraqueza e
miséria3; e acrescenta: “Quando falta a nossa cooperação, cessa também a
ajuda de Deus”. No momento em que Pedro começou a temer e a duvidar,
começou também a afundar-se.

Quando a fé se torna pequena, as dificuldades agigantam-se: “A fé viva


depende da capacidade que eu tenha de responder afirmativamente a esse
Deus que me chama e quer tratar-me e ser meu amigo, a grande companhia
da minha vida. Portanto, se eu lhe digo “sim, aqui estou” [...], se passo a viver
ao seu lado, robusteço a minha fé, porque a minha fé alicerça-se em Deus [...].
Pelo contrário, se me distancio de Deus, se o esqueço, se o empurro para a
periferia da minha vida, e esta submerge naquilo que é puramente material e
humano; se me deixo arrastar pelas evidências imediatas e Deus se desvanece
da minha alma, como posso ter uma fé viva? Se não procuro o trato íntimo com
Cristo, o que é que resta da minha fé? Por isso, temos de concluir que, em
última instância, todos os obstáculos à vida de fé se reduzem na sua génese a
um afastamento de Deus, a um separar-se de Deus, a um deixar de conviver
com Ele num trato face a face”4.

Pedro teria continuado a caminhar firmemente sobre as águas e teria


chegado até o Senhor se não tivesse afastado d’Ele o seu olhar confiante.
Todas as tempestades juntas, as de dentro da alma e as do ambiente, nada
podem enquanto estivermos bem ancorados na fé e na oração. A nossa fé
nunca deve fraquejar, mesmo que as dificuldades sejam enormes e a sua
violência pareça esmagar-nos.

“Que importa que tenhas contra ti o mundo inteiro, com todos os seus
poderes? Tu... para a frente!

“– Repete as palavras do salmo: «O Senhor é a minha luz e a minha


salvação, a quem temerei?... ’Si consistant adversum me castra, non timebit
cor meum’ – Ainda que me veja cercado de inimigos, não fraquejará o meu
coração»”5.

III. E DESCENDO DA BARCA, Pedro caminhava sobre as águas ao


encontro de Jesus. Vendo, porém, que o vento era forte, temeu e, começando
a afundar- se, gritou: Senhor, salva- me! No mesmo instante, Jesus
estendeu- lhe a mão, segurou- o e disse- lhe: Homem de pouca fé, por que
duvidaste? E, mal subiram à barca, o vento cessou.

Nos perigos, nos tropeços, nas dúvidas, é para Cristo que devemos
olhar: Corramos com perseverança para o combate que nos é proposto, pondo
os olhos no autor e consumador da fé, Jesus6, podemos ler na Epístola aos
Hebreus. Cristo deve ser para nós uma figura clara, nítida e bem conhecida. Já
o contemplamos tantas vezes que não podemos confundi-lo com um
fantasma!, como os discípulos no meio da noite. Os seus traços são
inconfundíveis, bem como a sua voz e o seu olhar. Olhou para nós tantas
vezes! É n’Ele que começa e culmina a vida cristã. “Se queres salvar-te –
escreve São Tomás de Aquino –, olha para o rosto do teu Cristo”7. O nosso
trato habitual com Ele na oração e nos sacramentos é a única garantia de
podermos conservar-nos de pé, como filhos de Deus, no meio de um mar
agitado como o que nos envolve.

Mais ainda, junto de Cristo, os conflitos e trabalhos que encontramos quase


todos os dias fortalecem-nos a fé, firmam-nos a esperança e unem-nos mais a
Ele. Acontece connosco o mesmo que com “as árvores que crescem em
lugares sombreados e livres de ventos: enquanto se desenvolvem
externamente com um aspecto próspero, tornam-se fracas e moles, e
facilmente são atacadas por qualquer coisa; mas as árvores que vivem nos
cumes dos montes mais altos, sacudidas por muitos ventos e constantemente
expostas à intempérie e a todas as inclemências, agitadas por fortíssimas
tempestades e frequentemente cobertas por neves, tornam-se mais robustas
que o ferro”8.

Pedro deixou de olhar para Cristo, e afundou-se. Mas soube recorrer


imediatamente Àquele a quem tudo está submetido: Senhor, salva- me!, gritou
com todas as suas forças quando se sentiu perdido. E Jesus, com um carinho
infinito, estendeu-lhe a mão e retirou-o das águas. Se vemos que
submergimos, que as dificuldades ou a tentação são superiores à nossa
capacidade de resistência, recorramos a Cristo: Senhor, salva- me! E Cristo
estender-nos-á a sua mão poderosa e segura, e passaremos incólumes por
todos os perigos e tribulações.

O Senhor tem sempre a sua mão estendida, para que nos agarremos a ela.
Nunca permite que nos afundemos, se fazemos o pouco que está ao nosso
alcance. Além disso, colocou ao nosso lado um Anjo da Guarda, para que nos
proteja de todas as adversidades e seja uma ajuda poderosa no nosso
caminho para o Céu. Procuremos a sua amizade, recorramos a ele com
frequência ao longo do dia, peçamos-lhe ajuda nas coisas grandes e
pequenas, e alcançaremos a fortaleza de que necessitamos para vencer.

(1) Cfr. Mt 14, 22-36; (2) P. Berglar, Opus Dei, Rialp, Madrid, 1987, pág. 270; (3) cfr. São João
Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, 50; (4) P. Rodríguez, Fe y vida de fe,
EUNSA, Pamplona, 1974, pág. 128; (5) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 482; (6) Hebr 12,
1-2; (7) São Tomás, Comentário à Carta aos Hebreus, 12, 1-2; (8) São João Crisóstomo,
Homilia De gloria in tribulationibus.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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