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ABREVIATURAS
SIGLAS
CP - Código Penal
> maior
§ parágrafo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................09
2.4 Da Representação.......................................................................................................31
CONCLUSÃO.................................................................................................. ..........46
REFERÊNCIAS.........................................................................................................50
9
INTRODUÇÃO
1
INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO. Percepções e reações da sociedade sobre a violência contra a mulher.
Pesquisa Ibope 2006. Disponível em: <http://www2.fpa.org.br>. Acesso em: 04 de jun. de 2008.
2
FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. A mulher brasileira nos espaços público e privado. Pesquisa 2001.
Disponível em: <http://www.patriciagalvao.org.br>. Acesso em: 04 de jun. de 2008.
10
Capítulo 1
LEI Nº 11.340/06 – LEI MARIA DA PENHA
O tema ora tratado, qual seja, “violência doméstica contra a mulher” é dos
mais interessantes. Não que haja algo de atraente na violência, mas o estudo da
matéria entrou voga, especialmente a partir da evidência do aumento do número de
agressões físicas, morais e psicológicas contra as mulheres do país,
independentemente da classe social.
3
IBGE, Participação político -social (subtema: Justiça e vitimização) Suplemento da PNAD 1988. Amostra:
81.628 domicílios.
13
4
Cf. EM nº 016 – SPM/PR
5
Disponível em: <http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=227>. Acesso em: 04 de jul.
de 2007.
14
6
O CEJIL é uma ONG fundada em 1991 e existente no Brasil desde 1994, que tem por objetivo a proteção e
promoção dos direitos humanos junto aos Estados-Membros da Organização dos Estados Americanos.
7
O CLADEM é formado por um grupo que atua na defesa dos direitos das mulheres da América Latina e do
Caribe.
8
Comissão Interamericana de Direitos Humanos: relatório nº 54/01. Disponível em:
<HTTP://www.ceidh.org/annualrep/2000port/12051.htm>.
15
9
CEDAW/C/2003/II/CRP.3/Add.2/Rev.1, 18 de Julho de 2003 (CEDAW, A/58/38).
10
Idem. Disponível em: <http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=227>. Acesso em: 04
de jul. de 2008.
16
11
A Convenção foi aprovada em 09 de junho de 1994 e seu texto foi aprovado pelo Senado por meio do Decreto
Legislativo n. 107, de 31 agosto 1995. Foi definitivamente promulgada pelo Presidente da República por meio
do Decreto n. 1973, de 01 agosto 1996.
17
12
BITTENCORUT, Cezar Roberto. Juizados Especiais Criminais e alternativas à pena de prisão. Porto
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1997, p.52
19
Com efeito, é fato comprovado, no Distrito Federal, que pelo menos 60% das
pessoas que procuram os Juizados Criminais são mulheres vitimadas pela violência.
E, normalmente, tratam-se de mulheres de baixa renda, que não podem prover o
sustento familiar. A maioria dos fatos ocorre em razão da embriaguez do agente
e/ou por discussões irrelevantes. Ademais, observa-se que a mulher vítima de
violência não pretende pôr fim à relação afetiva, mas sim, à agressão, seja ela de
que ordem for, numa tentativa de renegociar o pacto doméstico.
O art. 69, caput, da Lei nº 9.099/95 determina, ainda, após o registro do fato
na Delegacia, o encaminhamento “imediato” da vítima e do agressor ao Juizado
Especial Criminal, para realização de audiência preliminar. Ocorre que, tal
encaminhamento nunca ocorre de “imediato” e não há previsão de medida
13
ARAÚJO, Letícia Franco de. Violência contra a mulher – A ineficácia da Justiça Penal Consensuada.
Campinas/SP: Lex Editora, 2003, p 155.
20
No que tange à transação penal, que seria a fase seguinte, melhor sorte não
obteve a Lei nº 9.099/95. Como já salientado anteriormente, as composições de
danos ajustadas nos termos da lei em comento não se constituem títulos executivos,
não havendo meios de executar o autor do fato no caso de descumprimento da
avença. Como obrigá-lo a cumprir um compromisso de cunho meramente moral?
Ademais, a proibição da vítima retratar-se em razão do acordo firmado, revela-se
altamente prejudicial ao exercício de seus direitos.
Por fim, a análise da justiça consensual, que tem por espeque os ditames da
Lei nº 9.099/95, no que tange ao combate à violência contra a mulher, em suas
relações afetivas, mostra a ineficácia social do instituto, porquanto, a despeito de
promover a celeridade processual, não trata, de forma ampla, a questão da violência
sofrida pela vítima e não oferece soluções para os conflitos.
21
14
BASTOS, Marcelo Lessa. “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Lei Maria da Penha.
Alguns comentários. Texto extraído do “site” JUS NAVIGANDI, escrito em 11/10/2006.
15
DOTTI, René Ariel. Bases e alternativas para o sistema de pena. São Paulo: RT, 1998, p. 178.
22
interpessoais que está revestida a novel Lei Maria da Penha, como verificaremos a
seguir.
Capítulo 2
ASPECTOS INOVADORES E AFIRMATIVOS DA LEI Nº
11.340/06 NO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER
A Lei Maria da Penha determina, ainda, em seu art. 34, inciso III, a criação e
promoção de delegacias especializadas no atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar. A especialização de delegados e policiais civis e
militares é importante porque possibilita ações mais eficientes no tratamento deste
tipo de violência, especialmente no que tange à realização de medidas de caráter
urgente, no apoio dedicado à vítima e no trato do agressor.
Além das medidas que podem ser tomadas de pronto pela autoridade
policial, a Lei Maria da Penha prevê outras medidas protetivas de urgência em seus
artigos 22, 23 e 24, as quais constituem medidas cautelares úteis especialmente nos
casos de violência doméstica. A adoção de tais medidas deve preencher os dois
pressupostos básicos, quais sejam, o periculum in mora (perigo da demora) e o
fumus bonis iuris (aparência do bom direito).
2.4 Da Representação
A novel legislação determina, em seu art. 16, que a vítima só poderá desistir
da representação antes do recebimento da denúncia, em audiência designada pelo
juiz especialmente para tal fim e depois de ouvido o Ministério Público. Na hipótese
de não comparecimento da vítima na audiência do artigo acima, a persecução penal
seguirá normalmente seu trâmite, porquanto não houve a renúncia à representação,
sendo esta condição específica de procedibilidade.
De fato, a mulher em situação de violência, seja ela de que natureza for, que
recorre à Justiça para ver solucionado seu problema, está em seu limite máximo de
submissão aos maus tratos. A nova lei estimula esta mulher a dizer não às situações
que tem vivido, a enfrentar seu agressor por meio do aparelhamento estatal e lutar
por uma vida com mais dignidade.
Ao juiz cabe adotar não só as medidas requeridas pela vítima (art. 12, III, 18,
19 e § 3º) ou pelo Ministério Público (art. 19 e seu § 3º), mas também lhe é facultado
agir ofício no caso de determinação das medidas protetivas de urgência dos arts. 20,
22, § 4º, 23 e 24. Quando requeridas pela ofendida, o juiz deve decidir sobre elas
em 48 horas, evidenciado a preocupação da lei com a celeridade dos atos
processuais que garantam proteção à vítima.
Cumpre ressaltar que, nos termos do art. 21, a vítima deve ser comunicada
de todos os atos processuais. Esta inovação tirou a vítima da posição de mera
“prova processual” e lhe deu a condição de participante e destinatária principal da
atuação do Estado.
De outro lado, a alteração trazida pela Lei nº 11.34/06 ao art. 313 do CPP,
tornou possível a decretação da prisão preventiva, nos crimes apenados com
detenção, em razão de ter o agente descumprido qualquer medida protetiva
determinada pelo Juízo de primeiro grau.
Além disso, a Lei Maria da Penha alterou o art. 152 da Lei n 7.210/84 (Lei de
Execuções Penais), possibilitando ao juiz determinar o comparecimento obrigatório
do agressor a programas de recuperação e reeducação, trazendo à lume a
preocupação da lei com a reabilitação emocional não somente da vítima, mas do
ofensor. Assim, embora compulsória, essa conscientização acerca da nocividade do
comportamento, representa uma garantia à própria dignidade do ofensor, visto que o
procedimento certamente representa uma melhora em sua qualidade de vida.
Capítulo 3
DADOS ESTATÍSTICOS ACERCA DA EFETIVIDADE DA LEI
Nº 11.340/06
16
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Subsecretaria de Programas e Ações Temáticas e
Subsecretaria de Planejamento. Enfrentamento da Violência contra a Mulher – Balanço 2006-2007.
41
17
CAMPOS, Amini Haddad. Tribunal de Justiça de Mato Grosso: Exemplo de Funcionalidade da Lei Maria
da Penha. Mato Grosso: 2007.
45
CONCLUSÃO
A Lei nº 11.340/06, Lei Maria da Penha, veio como resposta à dívida estatal
para com uma parcela da população que se encontrava fora da proteção do direito:
as mulheres vítimas de violências. Em 22 de setembro de 2006, a Lei batizada em
homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de diversas atrocidades
cometidas por seu ex-marido, entrou em vigência com o objetivo de responder
satisfatoriamente à realidade de milhares de mulheres submetidas às mais variadas
formas de violência. A edição da Lei nº 11.340/06 representou um avanço
significativo no ordenamento jurídico, no que tange ao enfrentamento da violência
doméstica e familiar contra a mulher, antes tratada em esparcos dispositivos
isolados e sem força implementativa.
As medidas protetivas de urgência, por sua vez, são uma espécie de caro
chefe da Lei nº 11.340, porquanto permitem uma célere e efetiva proteção à mulher
vítima de violência, ou que está na iminência de sê-lo. O atendimento na esfera
policial é especializado de forma a resguardar de imediato a integridade física da
vítima. Outras medidas necessárias são encaminhadas ao Juízo em 48 horas, que
também as decreta no mesmo lapso de tempo.
Ora, tal quadro demonstra que a Lei Maria da Penha significou uma
ampliação dos institutos do Direito Penal, ao universalizar e afirmar o direito das
mulheres à não se submeterem à qualquer tipo de situação de violência. De fato,
não há dúvidas que a Lei Maria da Penha trouxe instrumentos importantes para uma
postura ativa do Estado perante o problema da violência contra a mulher, criando
instrumentos de atuação mais eficientes na prestação jurisdicional. O débito estatal
com relação às mulheres vítima de violência foi sanado com a edição da Lei Maria
da Penha e eventuais questionamentos acerca da inconstitucionalidade ou
impropriedade de seu conteúdo não devem se sobrepor à sua aplicação, que tem
sido extremamente positiva. A novel legislação de prevenção e combate à violência
doméstica e familiar contra a mulher não veio como cajado repressor e tirânico em
favor da mulher, mas meio eficaz de coesão familiar e de garantia da própria
dignidade humana.
50
REFERÊNCIAS
DOTTI, René Ariel. Bases e alternativas para o sistema de pena. São Paulo: RT,
1998.
52
HERMANN, Leda Maria. Maria da Penha – Lei com nome de mulher - Violência
doméstica e familiar – Considerações à Lei nº 11.340/2006 – Comentada artigo
por artigo. Campinas/SP: Servanda, 2007.
PINTO, Ronaldo Batista. A Lei Maria da Penha e a não aplicação dos institutos
despenalizadores dos juizados especiais criminais. Revista Magister: direito
penal e processual penal, n. 19, p. 92-97, agosto-setembro de 2007.
SILVA JÚNIOR, Edison Miguel da. Lei Maria da Penha: princípio da isonomia e
crimes de gênero sob a ótica da Lei n. 11.340/2006 e a proibição de aplicação
da Lei n. 9.099/1995. Justilex, v. 6, n. 61, p. 69-70, janeiro de 2007.
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VELASCO, Edson Durães de. LEI MARIA DA PENHA: Novos institutos penais e
processuais penais para o combate à violência contra a mulher. Trabalho de
conclusão de curso para obtenção de título de especialista em Direito Penal e
Processual Penal (Pós-Graduação), Instituto de Cooperação e Assistência Técnica –
ICAT – do Centro Universitário do Distrito Federal – UniDF, Brasília, 2007, 79 p.