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Violaio Intercambio PERFIL com Jodacil Damasceno..... MARIO CASTELNUOVO-TEDESCO © centendrio deste célebre compositor, em artigos de Moacyr Teixeira e Gilson Antunes pag. 8 pag. 4 O luthier Roberto Gomes esteve na 14% Convengao do Guild American Luthiers, onde entrou em contato com as mais novas tendéncias do mercado, como este violéo de Robert Ruck (pag. 10) LAURINDO DE ALMEIDA Veja matéria sobre um dos maiores divulgadores de nossa misica no exterior.. pag. 10 Editorial + 995 foi um ano tfpico brasileiro: cheio de cortes de verba, pessoal eventos, mas com um diferencial - cada vez mais o brasileiro aprende a se adaptar & crénica crise econdmica. $6 que é bom saber até quando este “ajuste” pode comprometer o andamento das questées culturais. No nosso caso, dois exemplos: o II Semindrio de Violao (Festival de Campos de Jordao) quase nao aconteceu e s6 por empenho dos coordenadores conseguiu se realizar, ainda que com cortes. Jé o TV Encontro Nacional da UNESP simplesmente nao recebeu verba - mesmo sendo considerado um evento de importancia pela prépria UNESP. Mas, exemplo oposto foi dado por uma universidade ptblica com a publicagao do bom livro “ Histéria do Violao “, de Norton Dudeque, editado pela Universidade Federal do Parand. No ambito particular, dois novos semindrios alcangaram bons resultados: o I Seminario do Conservatério Mozart (SP) e o I Festival Villa- Lobos (MS). Também por esforco particular, 0 Quaternaglia langou seu primeiro CD, e a parceria Everton Gloeden e Tadeu do Amaral resultou no selo EGTA. Entre cortes e conquistas, a misica brasileira perdeu neste ano trés grandes divulgadores do Brasil no exterior: Tom Jobim; Rafael Rabello , recentemente, Laurindo de Almeida - fato mais noticiado 14 fora (temos noticias na Argentina, Inglaterra e Estados Unidos) do que aqui (leia pagina 10). E nao poderiamos encerrar o ano sem realizar uma pequena homenagem ao centendrio de um nome da musica mundial, que também se dedicou 4 obra violonistica - Tedesco (pagina 8). Expediente Editoragao eletrénica: Ricardo Marui Gomes, Moacyr Teixcira Neto Os artigos aqui veiculados sao de inteira responsabilidade de seus autores. Jornalista respons4vel: Teresinha Rodrigues Prada Soares MTb 19130 Colaboraram neste nimero: Gilson Antunes, Edelton Gléeden, André Egg, Roberto Endere¢o para correspondéncia/assinatura: Rua Angelo Guerra 18/92, CEP 11045- 510, Santos - SP, tel. (0132) 37-5660 com Teresinha Prada. Pégina 2 Agenda SAO PAULO + 15/11 - A Orquestra de Violdes de Tatuf se apresenta no ‘Teatro Procépio Ferreira, em Tatuf. No dia 21/11, 0 grupo realiza recital em Santos. +23 € 26/11- Turibio Santos toca na capital, no Maksoud Plaza. + 26/11 - Recital do Quaternaglia na Fundago Maria Luiza- ‘Oscar Americano, na capital. + 06/12 - Recital do Quatemaglia no Memorial da América Latina (capital), as 21h. * 18/12 - Recital de formatura em Composigo e Regéncia de Kleber Alexandre e Rodolfo Vilela. No Instituto de Artes da UNESP (capital), &s 20h. MINAS GERAIS + 26/11 - No Teatro Municipal de Pouso Alegre, as 20h30, recital de Maria da Penha Soares (violio) e Norberto Queiroz (flauta). No programa, Villani Cortes; Villa-Lobos; Guamieri; Dilermando Reis; Debussy; Satie; Handel e Ibert. RIO GRANDE DO SUL + Com financiamento da Prefeitura de Porto Alegre, realiza- sede 8 a 20 de dezembro o XVI Seminério Internacional de Porto Alegre - Instituto de Miisica Palestrina - R. Vigério José Indcio 843 -CEP 90020-100, tel: (051) 225-5354 e fax (051) 249-0171. * Concertos: 08/12 - Quarteto Zarate (Buenos Aires); 12/12 ~ Paulo Belinatti; 13/12 - Eduardo Isaac; 15/12 - Djalma Marques; 20/12 -Duo Assad, + Aulas com Paulo Belinatti; Djalma Marques; Werner Augstroze; Jorge Labanca; Paolo Ferrara ; Eustaquio Grillo as. presengas de Abel Carlevaro e Marlos Nobre (diretor artistico do Seminério). + Em Sio Paulo, o representante do evento ¢ a Escola de Miisica Companhia das Cordas: Rua Caminha de Amorim 446 - CEP 05451-020, tel.: (011) 262-1925. PARANA * 19/11 - No Palécio Avenida (Curitiba) as 20h30, ‘concerto com a Orquestra de Camara de Curitiba ¢ os solistas: ~ Luiz Claudio Ribas Ferreira - Giuliani, Concerto op. 30; ~ Mario da Silva Jr. - Gnattali, Concerto; ~ Orlando Fraga - Malcolm Amold, Serenata; = Otavio Camargo - Vivaldi, Concerto em Ré Maior. ‘XIV_OFICINA DE MUSICA DE CURITIBA A primeira fase (miisica erudita) acontece de 14 a 28/ 01, com os cursos de instrumentos, Didética e Estruturago Musical. Os professores de violio sero Giacomo Bartoloni (SP) ¢ Jaime Zenamon (PR). A segunda fase, de 28/01 a 11/02, IV Encontro de Misica Antiga, Oficina de MPB eo ‘Nicleo de Musica Nova. Ps professores de violio de MPB serio Paulo Bellinati (SP) e Mauricio Carrilho (RI). As inscrigdes vo de 01 a 30/11: Rua Carlos Cavalcanti, 533; fones (041) 224-1766 e 232-6991 - fax (041) 223-1798 224-6210, =. - | Cartas | Quero cumprimentar¢ Professor Antnio Guedes pelos excelentes coments sobre én, sempre intligentes, claro eobjeivo. Aprovelto _Loportuidade para sugerir a presenga na sq “Perf”. Eéeion Glieden, Sto Paulo (SP) Eom elicidade eprazerque vebo parahenizd-los pes inciaiva, coragem, disposigto,enfim, pelo amor a0 instrumento, assim como eu, que 50% iniiane, © que tenho de aprender os prncipios da Misca por mci de um curso livre, qu em minha escola (EEPSG Paulo Duarte) no € disponvel que eabendo do boleim a ouvir programa “Terpo de Concerta” da Radio USP. Anderson Diniz, Francoda Rocka (SP) Parabéns plo jorna que 0 méximo em ermos de informasoe qualidade dos artigos. Ana Maria Casto, So Bernardo do Campo (SP) Primeir, quero agradecer em nome de todos os que consideram a enorme ala do “Viol Inteimbio" etre os violonists, axa grande equie de colaboradores. Soube que por fla de na iniciatva dos violonista traicros,outalvez 60 mundo todo, ainda estamos muito distanes uns dos outros, mas acreito su as poucor 0“ VioloInercdmbio" ext de at ns aproximando mais eas, igoisso porque anes de conbecer esta rarafrma de intecimbio, me sentia completamente alienado, aqui no interior 4 Minas. Hoje vejo ue fo ¢ assim. Obrigado atodor vost. Gostara de sugcrr que foseextabclcido um contato som o musicslogoe historiador Paulo Castaga, para que fssem poblicado artigos bogriicos sobre grandes volonistas. Julio de Vasconcelos, Araxs(MG) Venho parabenizar “Viol Intecimbio” por seu trabalho de divulgagto| o vido em nosso ps. fazendo Votos para que este se tome uma Publicazto mensal, que digo que este muito me tem incentivado em contingarbtalhandoparaque o volo tenha em nosasociedade cada vez mais espaso. E através do intercimbio entre violonsts que ainformagio chega a todos e nosso trabalho se toma de melhor qualidade. Luciano Herilio,Sdo Joo del Rei (MG) 1 com prazer que tenho ldo os nimeros do peridico que vooks, tho sentlmente,metem remztido. As sila sempre bem arregimentadas, of artigos entrevistas expestas de formaclaracobjetiva io uma constant, © que vem, efetivamente, contribur para a divulgaio ¢informagio de assuntos pertinentes a instrument Gostara de paratenzd-ose desejar- Ines mais sucesso do que ver obiendo. Nesta oportunidade,comunico que meu aluno Gustavo Costa Gomes Moreira do Curso Técnico da Escola de Misca da UFRJ, obteve 0 To. Inga na categoria infanto-uvenil no TV Concurso de Volo Souza Lima realizado o caren ao. [Graga Alan, Rio de Janeiro (Rd). ie eeepc” Pégina 3 Perfil Jodacil Damasceno Reportagem Violao Intercambio Idade: 66 anos Natural de Conceigdo de Macabu - RJ Atividade atual: Professor do Ba- charelado de Violéo na Universidade Federal de Uberlandia ‘ale a respeito de sua formagio musical e violonistica. Desde crianga eu tinha interesse pelo instrumento, mas ndo tina condigdes de estudar porque eu morava no interior do estado do Rio de Janeiro. Apenas aos 21 anos é que eu descobri que seria possfvel aprender a tocar violio e fui estudar com José Augusto de Freitas (discipulo de Quincas Laranjeira e Agustin Barrios). Um ano depois, conheci 0 trabalho de Antonio Rebello, que me demonstrou uma outra maneira de tratar 0 viol. Eu acabei estudando com elede 1952 a 1960, eas aulas eram bem interessantes, a0s sibados, das das duas da tarde as oito da noite, mais ou menos! O Rebello era uma pessoa fascinante, bastante humilde diante do instrumento, que ensinava a respeitar a arte de um modo geral, além de ser 0 melhor professor daquele momento (junto com Oswaldo Soares, que dava aulas mais para o pessoal da elite). Como formagio musical, naquele tempo no existia cadeira de Violio em entidades de ensino pablico, até mesmo 0s conservatérios estavam apenas comegando, entio passei a estudar Musica particularmente com Floréncio de Almeida Lima, que cra catedritico em Harmonia pela Escola de Mtisica do Rio de Janeiro. Depois de um certo tempo, fui encorajado por esse professor a entrar na Escola de Mésica, como ouvinte, j4 que no havia a cadeira de Violio. Depois, fiz um curso com oaustrfaco - aluno de Schenker -, outro com Guido Santorsola, que se hospedou virias vezes na minha casa, e um curso de Hist6ria da Misica com Walter Lourengao, na Casa de Rui Barbosa, no Rio. + Como era o ambiente violonistico nesse perfodo inicial, anos 50 e 60? Pégina 4 Com algumas excegdes como Dilermando Reis € Rogério Guimaraes e os dois professores, o ambiente naquele momento era muito amadorfstico. Tinhamos uma associago de violio, chamada ABV, que de vez em quando conseguia, com muitos esforgos, alguma coisa no aspecto profissional, como levar ao Rio de Janeiro Narciso Yepes, Maria Luiza Anido, Manuel Lopes Ramos ¢ outros. Essa coisa modificou um pouco quando Oscar Caceres chegou ao Brasil pela primeira vvez, em 1957. Chegando aqui ele procurou as pessoas ligadas ao violao - eu fui uma das primeiras pessoas a contaté-lo e ele comecou, a partir de entio, a fazer cursos de técnica e interpretagao violonfstica, quase todo ano, comegando a mudar a perspectiva do ensino do instrumento. E depois, com a vitéria de Turfbio Santos no Concurso de Paris é que comegou a mudar um pouco essa fisionomia de violio amador. As entidades comegaram a ver o violao por outro prisma, Porque poucos miisicos brasileiros conseguiram projetar 0 nome do Brasil no cenério internacional como o Turfbio fez. * Como foram as aulas com 0 Oscar Caceres? Ele chegou com uma outra perspectiva de escola, muito mais flexfvel do que Oswaldo Soares e Antonio Rebello, ensinando técnica e mecanismo de uma forma prética. Sobretudo eu e o Turfbio aproveitamos muito com orelacionamento pessoal, tocando juntos, fazendo duos, trios, comentando ¢ criticando 0 trabalho e isso foi muito importante. Eu considero ter recebido grande influéncia da escola do Caceres. Em uma ocasido, fui até o Uruguai e passei 40 dias estudando pra valer com ele, isso em 1961. * Como foi seu contato com Villa-Lobos e Segovia? Foi em 1957. Segovia deu seu tiltimo concerto no Rio neste ano ¢ Villa-Lobos deu uma palestra no Instituto de Canto Orfe6nico. Villa-Lobos colocava uma gravagdo ¢ comentava sua obra muita coisa de sua biografia. Quando ele colocou sua gravagao de violio, comentou seu contato com Segovia € isso foi muito importante para mim, Nesse momento, est4vamos juntos eu, o Tursbio e o Herminio Bello de Carvalho - que fazia parte de nosso relacionamento naquele ‘momento, ¢ estudava com o Rebello - e fomos assistir 4. essas palestras onde tivemos oportunidade de fazer comentdrios ¢ pedir explicagbes de como realizar determinados trechos dos Estudos, Isso me abriu uma nova perspectiva em relacao as obras do Villa-Lobos, pois ele tinha uma grande abertura quanto a interpretagao. Sobre o Segovia, eu tinha contato com Olga Coelho - que foi a esposa que mais tempo viveu com ele - que vivia me prometendo uma entrevista com o Segovia no dia em que ele viesse ao Rio. E assim foi feito, no de um maneira espontnea, pois ele a principio ficou meio desconfiado. O dialogo nao foi muito facil pois ele era uma pessoa que parecia se manter em uma redoma, e nao deixava vocé formar um dialogo. Mas eu perguntei sobre como se fazer escalas - com e sem apoio - ao que ele demonstrou ao violio e disse: “ Nem ‘com, nem sem *. E eu perguntei também sobre aquelas eas que levam o nome de Ponce e Scarlatti, ou Ponce ¢ Weiss ¢ ele me disse que aquilo era mesmo de Scarlatti. Nés viemos depois a saber, pelo Manuel Lopes Ramos, que essas obras sio de Ponce e foram feitas naqueles moldes de Fritz Kreisler. + Vocé chegou a produzir um programa de rédio, chamado “Violio de Ontem e Hoje”... Esse programateve a duracdo de mais ou menos quatro ou cinco anos. Foi iniciado pelo Herminio Bello de Carvalho, mas com meu material bibliogréfico (discos, livros etc.). Euera o assistente do programa e depois 0 dirigi. E a partir daf eu passei a ser recitalista - eu daya um recital por més -e fazia um programa semanal chamado “ Recitais de Poesia e Musica “ em que eu fazia fundo musical para declamagies de poesia. Esse programa durou um pouco além de 1964, quando teve aquele golpe militar, entdo nos saimos. Era um programa muito interessante porque divulgou muito o violZo naquele momento. + Fale a respeito de seus LP’s. Eu s6 tenho trés gravagbes, sendo apenas um disco solo meu, os outros so participagoes. A primeira vez foi num disco do Luis Bonfé, por volta do fim dos anos 50, Depois, o Waltel Blanco me chamou para fazer um disco a dois violdes, mas acabamos fazendo apenas aquelas Cirandas do Villa-Lobos, pois no deu tempo de preparar 0s arranjos. Em 1967, a dona Arminda Villa-Lobos me chamou para gravar um disco, € eu propus a ela gravar os Preltidios e as CangGes - que eu 4 havia realizado a primeira audigdo mundial da “Cangdo do Poeta do Século XVIII “eda “Modinha” das Serestas n® 5, Mas agora eu estive conversando ‘com 0 Everton Gloeden e estou com um projeto de gravar um CD em duo com um aluno meu ld de Uberlandia, * Como vocé foi para Uberlindia? Eu trabalhei numa empresa comercial até mais ou menos 1969, quando tive de optar pelo violo ou pelo meu emprego. Eu tinha familia, ¢ tinha medo de me dedicar apenas ao instrumento, mas no dia em que eu rompi com aquelas coisas, depois de 23 anos de trabalho, s6 me arependi de uma coisa: ni ter feito isso muito tempo antes. E eu tinha alunos, era muito procurado. Eu tinha uma escola de violdo em casa, de onde sairam muitos nomes que hoje sio profissionais como Léo Soares, Carlos Alberto de Carvalho, Marcos Allan, Marcelo Kayath, Graca Allan, Evandro Siqueira e muitos outros nomes de talento, inclusive misicos populares como Jards Macalé, Almir Chediak, Joyce, Miltinho (do MPB4)... realmente passou muita gente pela minha mio, Nesse meio tempo eu tinha conseguido fundar © curso de bacharelado em Violdo na Faculdade de Musica Augusta Sousa Franca. Antes eu jé havia brigado muito pela implantagao da cadeira de violdo na Escola de Musica da UFRJ e felizmente 0 Turibio conseguiu. E quando ele conseguiu eu ja tinha desistido dessa histéria toda e prestei concurso em Uberlndia em 1982. L4eu estou muito bem, gragas a Deus, é uma cidade que me dé qualidade de vida melhor do que no Rio, apesar de eu ter muitos lagos familiares no Rio. * Quais seus planos para o futuro? Quero escrever algo na drea de Pedagogia do instrumento. Na Universidade eu tenho duas disciplinas: Metodologia e Literatura do Instrumento, € hé uma deficiéncia muito grande de bibliografia nesse setor. Nao quero escrever mais um método de violdo além dos que jé existem, mas talvez uma sugestio para iniciago, porque eu tenho uma idéia na cabeca, que é fazer algo util para o sujeito que va aprender violio popular ou de ouvido, eu vejo ainda uma separacio muito grande nessas reas (popular e erudito) e eu acho que nao deve haver. Porque para ambos deve-se terum dominio do instrumento. Afora isso, tem aquele projeto do CD com o selo do Everton edo Tadeu do Amaral. Pégina Ss 142 Convencao do Gild of American Luthiers por Roberto Gomes Aconteceu em finais de julho passado a 14* Convengaio do Guild of American Luthiers na cidade de Tacoma, Washington (EUA). Esta associagao existe h4 23 anos tendo no inicio quase que somente associados americanos, mas atualmente conta com membros de 39 paises. No mais recente censo, registrou 2789 membros em todo o mundo. OGAL, como é mais conhecido, visa 0 intercimbio de informagGes de Luteria - 0 violao tem recebido mais destaque, ainda que nao deixem de lado os demais instrumentos de cordas. O GAL edita um jornal quatro vezes ao ano, com artigos, antincios de fornecedores etc. Também edita plantas de varios tipos de instrumentos de cordas, que vao desde um Hauser 1943 até uma balalaika russa. Para se associar e receber o “American Lutherie Journal” a cada trés meses, além de descontos nas plantas de instrumentos e antincios gratis, o custo para o Brasil € de US$ 46,00 anuais. Aqui vai o enderego: Guil of American Luthiers; 82222 South Park Avenue; Tacoma, WA 98408-USA; tele/fax 001-206-472-7853. Na Conyengio, o convidado de honra foi nada menos que José Romanillos, que fez uma palestra memordvel sobre a hist6ria do violao usando “slides” e, no dia seguinte, o tema foi construgao de Pagina 6 violao, onde demonstrou na pratica algumas de suas técnicas. Tive a oportunidade de conversar pessoalmente com ele, como ha varios anos atrés toquei em alguns de seus violdes, que sio excelentes, e li e reli varias vezes o livro que ele escreveu sobre a vida de Antonio Torres, confirmou-me a grande pessoa que ele € e a sua importncia para ahistéria do violo classico. Os cinco dias de duragdo da convengao foram uma maratona “luteristica”: palestras e workshops de manh, a tarde e a noite e depois se formavam grupos tocando e experimentando dezenas de violées dos quase 550 luthiers presentes. Tinha de tudo - flamenco, bluegrass, classico, jazz, rock etc. Fiquei bastante impressionado com a qualidade de viol6es de flamenco e luthiers famosos que tocam bem este estilo, como o Robert Ruck (para quem nao ouviu falar dele, 0 Manuel Barrueco é um dos violonistas que tocam em seus violdes) e 0 Richard Bruné (0 Segovia comprou dois de seus violdes um pouco antes de morrer). Tive a honra de ser convidado peloGAL para fazer uma palestra sobre o jacarand4- da-Bahia, que foi ilustrada por um video do programa “Globo Rural” da Rede Globo, realizado em 1993 sobre esta arvore/madeira tao fundamental para viol6es classicos de qualidade. Nao posso deixar de mencionar que esta rede de TV gentilmente me deu permissao para tal uso. Como na pentltima convengao me puseram para experimentar 14 violées claéssicos perante uma enorme audiéncia, nesta tiltima me convidaram de novo para a “Classic Guitar Listening Session”, s6 que desta vez havia 47 viol6es! Foi bastante cansativo, mas tive o prazer de tocar em uns seis violdes de excelente qualidade e 0 que mais recebeu comentarios foi o de Jeffrey Elliot (um de seus clientes é 0 Julian Bream), que eu gostei muito também, sé que o prego é proibitivo para a nossa tealidade - US$ 8000. Vale a pena se atualizar dos precos dos violdes de mestres famosos: José Romanillos - US$ 12000; Robert Ruck- US$ 3600 (uma bagatela no mercado internacional, s6 que uma lista de espera de dez anos); Richard Bruné - US$ 6000; Fletas, Hausers e Bouchets, de US$ 15000 para cima, podendo chegar a US$ 30000!! Durante a convengao, houve também uma exposigéo em dois salées enormes Ppois todo o evento foi realizado na Pacific Luteran University e, como em quase todas as universidades americanas, suas instalages sao de dar 4gua na boca. Havia mais de 120 expositores, luthiers, fornecedores de madeiras e todo 0 tipo de material e um luthier num ambiente destes tem de se segurar para no comprar tudo, pois, como os meus colegas de profissao sabem, é dificil e caro conseguir © necessdrio para nosso trabalho. No pentiltimo dia, 4 noite, houve o tradicional leilao do material doado pelos membros para levantar fundos para a Associagio, e sem diivida é o melhor momento de se comprar pois na maioria das vezes o material é de 6tima qualidade e pode sair até por 1/3 do prego de mercado. A parte desta avalanche de informagoes, é um momento 6timo para se fazer negécios, jé que varios comerciantes de violées finos vio a convengio procurando por bons violdes, € eu recomendo a meus colegas este tipo de encontro. Como sabemos, em nosso pais o mar nao esté pra peixe eo mercado internacional realmente existe e deve ser explorado por nés apesar da “burrocracia” federal. B uma pena porque temos tanta gente talentosa no Brasil e precisamos entrar no circuito internacional do violéo (violonista, compositor e luthier) imediatamente. Pigina 7 Castelnuovo-Tedesco 100 Anos por Gilson Antunes Esse ano se comemora o centendrio de Castelnuovo- ‘Tedesco, que foitalvez.0 mais prolifico compositor entre os nio-violonistas a escrever para o instrumento, Costuma-se cometer com ele a mesma injustiga que cometem com Torroba, Ponce e outros: os grandes dicionérios de mésica citam a relagio desses compositores com 0 viol&o apenas de passagem, e isto quando citam. Mas & inegivel que 0 instrumento tem sido a principal fonte de divulgacao desses compositores, principalmente a partir dos anos 50, sendo ‘que os violonisias, em recitais e gravagdes, 0 tiraram um pouco do quase completo anonimato. Mirio Castelnuovo-Tedesco nasceu em Florenga, Itétia, em 3 de abril de 1895. Os antepassados de Tedesco vieram da Espanha, dai a origem de seu nome, “Castilla Nueva”. Como a maioria dos judeus italianos naquela época, sua familia era formada por banqueiros. Seus estudos primérios foram realizados em sua propria casa a mando de seu pai, que temia pela precéria satide do filho. Sua mie Ihe transmitiu o amor pela mésica desde pequeno; aos 6 anos 0 Jevou para assistir& 6pera “Carmen” de Bizet ea 5a. Sinfonia de Beethoven, influéncias que seriam marcantes pelo resto de sua vida. Logo sua mile comegou a the ensinar piano as cescondidas pois o pai considerava isto “uma atividade de “senhoritas”. ‘Ags 9 anos, Tedesco compe a primeira pega, “Piccolo ‘Valsce” ¢ dedica a seu pai, que accita mas pede ao filho para Jevar a mésica apenas como passatempo. Assim, aos 12anos, ‘entra para o Conservatério Luigi Cherubini de Florenga. Suas, primeiras pegas sto em estilo descritivo, a exemplo dos franceses. Mais tarde, no mesmo conservat6rio, comega & ter aulas de Harmonia, Contraponto ¢ Fuga com Pizzetti, que seria seu principal professor. ‘Ao mesmo tempo em que faz seus estudos musicais, comegou a estudar Medicina na Universidade, Em 1915 serviu ao Exército na guerra ¢ trabalhouno setor de higiene. ‘Como tina uma sade muito fragile ficava constantemente ‘enfermo, os médicos opinaram que ele nio deveria ter uma carreira dupla ¢ sim decidir por uma. Assim, abandonow a ‘Medicina, dedieando-se inteiramente & Msi ‘Com o fim da guerra e diploma na mio, novos horizontes aparecem ao compositor. Apds conhecer Manuel de Falla, compte sua primeira pera “Mandragola" -baseada em texto de Maquiavel -, que teve em Puccini um dos admiradores. Logo em seguida, 33 pecas baseadas em todas as tragédias © comédias de Shakespeare ¢ 0 “Concerto Italiano”para violino orquestra, que iniciou uma nova fase para 0 violino na Illia, pois a partir de entio outros compositores seguiram, seu exemplo e escreveram para o instrumento, Pigina 8 ‘No final dos anos 20, alguns nomes de peso como Gieseking, Heifetz ¢ Toscanini comegaram a interpretar suas obras. Além disso, Tedesco continuava sua carreira de concertista ao piano. E foi num de seus recitais no Festival de Veneza de 1932, em ‘que interpretou seu quinteto para piano ¢ cordas, que veio a conhecer Andrés Seg6via. Este envious uma carta a Tedesco ppor intermédio da mather do compositor, manifestando que adoraria tocar uma pera para violiio compostapor ele. Tedesco [por sua vez se sentiu lisongeado mas ndo tinha idéia de como compor para 0 instrumento. Seg6via entio Ihe enviou as “Variagdes sobre um tema de Mozart” de Sor e“Variages sobre Folias de Espanha” de Ponce, além de uma pequena anotacdo sobre a afinago do violdo, Tedesco resolveu escrever uma pega nos mesmos moldes, as “Variagdes Através dos Séculos” sua primeira obra ¢ 0 infcio de uma duradoura relago com 0 instrumento. Seg6via ficou empolgado. Logo outros pedidos foram aparecendo: a Sonata Homenagem a Boccherini (que é tida como sua melhor obra para viokio), Capricho Diablico (1935), Variations Plaisantes (1936), Tarantella (1937), etc. Em 1937 comegaram na Itélia de uma forma mais violenta as perseguigdes aos judeus. Tedesco resolve partir para oexilio, contando com a ajuda de Toscanini, Heifetz (que Ihe conseguiria um emprego na indiistria cinematogréfica) ¢ ‘Segévia, que partiu do Uruguai (onde estava radicado por causa dda guerra civil espanhola) para passar © Natal com Tedesco. ‘Como retribuigio ao gesto de amizade, 0 compositor decidiu cescrever como ditima pega, antes de partir, um concerto para violdo e orquestra. Seu Concerto em RE opus 99 & hoje tido ‘como um dos 3 mais conhecidos de todo o repertério violonistico ¢ 0 compositor chegou a escrever, mais tarde, que ‘considerava esta como sua dnica obra-prima para 0 viollo. Nos Estados Unidos, foi morar na Califémia ap6s fechar tum acordo com a Metro-Goldwin-Mayer, mas seu emprego nno cinema nio 0 agradou. “Para se escrever miisica no era necessério talento e sim ter um bom cronémetro”” A profissio no era muito levada a sério (até Mickey Rooney queria escrever uma sinfonial) ¢ além do mais, os direitos autorais {das mésicas que compunha nao the pertenciam. Esses trés anos que trabalhou para a MGM, ele chamou de “escravidio babillnica” © decidiu ndo renovar seu contrato mas trabalhar ‘como “free-lance” para outras companhias cinematogréficas. Assim, compés a tnica trilha sonora que realmente 0 agradou, para o filme que no Brasil se chamou “O Vingador Invisfvel”, de René Clair, baseado no livro “O Caso dos 10 Negrinhos” de Agatha Christie. [Nessa época comegou a dar aulas a alguns mésicos sérios, que o procuravam, entre eles o jovem André Previn © Christopher Parkening. Com o passar dos anos, Sego continuou sendo seu maior divulgador e a seqlncia de pegas aumentava, principalmente as camerfsticas: Quinteto para Violio e Cordas (1951); Fantasia para piano e viollo (1950); Romancero Gitano para violo € coro (1951) etc... Jovens vviolonistas comegavam a surgir, como John Williams e Oscar lia, sob a inflaéncia de Segévia, e todos iam incorporando pegas de Tedesco em seu repertério, numaatitude que continua até 0s dias de hoje. Mais tarde, sva relagio com Segévia foi ficando mais independente e suas obras para violiio foram caindo muito

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