Sie sind auf Seite 1von 185
Universidade de Brasilia Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Levantamento de dados sobre a deterioracao de estruturas na regiio Centro-Oeste Eng* Andréia Azeredo Nince Orientador: Joao Carlos Teatini de S.Climaco Dissertagao de Mestrado em Estruturas Publicagiio E.DM 001/96 Brasilia - DF Margo de 1996 Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Levantamento de dados sobre a deterioragao de estruturas na regiao Centro-Oeste Eng" Andréia Azeredo Nince Dissertagao de Mestrado submetida ao Departamento de Engenharia Civil da universidade de Brasilia como parte dos requisitos necessarios para a obtencdo do Grau de Mestre em Ciéncias (MSc,) Aprovada por: Prof. Joao Carlos (Onentador - PRD - UnB) fA Prof, Antonio Alberto Nupomuceno (iaminador interno = Doutor = Un) Prof. Vahan Agopyan (Esaminador Esterno - PRD - EPUSP) Brasilia, 25 de Margo de 1996 Ficha Catalografica AZEREDO NINCE. Andréia Levantamento de dados sobre a deterioracdo de estruturas na regio Centro-Oeste [Distrito Federal] 1996 xv,.176 p., 210 mm x 297 mm (ENC/FT/UnB, M.Sc., Estruturas, 1996) Dissertagao de Mestrado - Universidade de Brasilia, Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil 1 Estrutura 2 - Durabilidade e Vida Util 3 - Desempenho 4- Manutengao 5 - Manifestacdes Patologicas 6 - Reparo/Reforgo Estrutural 1 ENC/FT/UnB Il - Titulo (serie) Referénci grifien Nince, A.A; 1996. Levantamento de dados sobre a deterioragio de estruturas na regitio Centro- Oeste, Dissertagaio de Mestrado, Publicagao N°-E.DM 001/96, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasilia, Brasilia, DF.,176 p Cessio de Direitos Nome do Autor: Andréia Azeredo Nince, Titulo da Dissertacio: Levantamento de dados sobre a deterioragao de estruturas na regiao Centro-Oeste. Grau: Mestre em Ciéncias Ano: 1996 E concedida a Universidade de Brasilia permissao para reproduzir cépias desta dissertagio de mestrado e para emprestar ou vender tais c6pias somente para propositos académicos e cientificos. autor reserva outros direitos de publicagao e nenhuma parte desta dissertagdo pode ser reproduzida sem a autorizagao por escrito do autor. Andréia Azeredo Nince Rua T 48 n° 646 Setor Bueno iii AGRADECIMENTOS Ao Professor Joao Carlos Teatini S. de Climaco, meu orientador,meu agradecimento, por sua dedicacdo, fundamental para o desenvolvimento do trabalho A Defesa Civil, a0 DER, em especial ao eng”. Samuel, ao Sérgio S. de Oliveira e ao Mauro L Faustino e a todos os profissionais da regido que propiciaram, acreditaram e apoiaram a realizago deste trabalho. Ao CNPg, pelo suporte financeiro. Aos Professores do Mestrado em Estruturas da ENC, em especial aos professores Eldon Londe Melo e José Humberto M. de Paula, que me ajudaram fornecendo alguns dados. ‘Aos meus colegas do mestrado, pela amizade e pelo grande apoio dispensados. E finalmente, a minha mde e a0 Leonardo, agradego todo apoio emocional e o incentivo que me deram nos momentos mais dificeis deste trabalho. iv RESUMO © enorme desenvolvimento da construgdo civil no Brasil, com predominancia ‘marcante das estruturas de concreto, no foi acompanhado por um desenvolvimento adequado da legislagao correspondente, normas técnicas e de pesquisas independentes na rea, resultando em sé ios problemas de deterioracao precoce das edificagdes, ¢ tendo ainda como caracteristica a auséncia quase completa de programas de manutengdo preventiva, Na regidio Centro-Oeste, de desenvolvimento mais recente, 0s problemas foram ainda agravados, devido a velocidade das construgdes, mao-de- obra pouco qualificada ¢ deficiéncias no controle de materiais. Além disso, em contraposi¢ao a0 avango da técnica, observa-se que os problemas estruturais continuam frequentes e que as causas s4o, provavelmente, similares aquelas do resto do pais. Através de entrevistas, com empresas e profissionais do setor de reparo estrutural e Orgios piblicos envolvidos com o problema, o presente trabalho apresenta um levantamento de dados do Distrito Federal ¢ das capitais da regiao, Goiania, Cuiaba e Campo Grande, com uma avaliagao dos problemas estruturais, {quanto s suas principais manifestagdes e causas mais frequentes, visando contribuir para a melhoria dos padres atuais de durabilidade e vida itil de nossas edificagdes. ABSTRACT The huge development of the construction sector in Brazil, with predominance of concrete structures, was not followed by an adequate development of the corresponding legislation, technical standards and independent research in this area, resulting in serious problems of constructions precocious deterioration, that also has the characteristic of an almost complete lack of preventive maintenance. In the recently developed Center-West region, the problem becomes still worse due to the construction speed, low trained workmanship and deficient materials control Moreover, in contrast with the technology progresses, it can be seen that the structural problems are frequent with causes which probably are similar to those of the rest of the country. By means of interviews at companies and professionals of the structural repair sector and public agencies involved with the problem, this paper presents a survey of data from the Federal District and the region states capitals, Goidnia, Cuiaba and Campo Grande, with an evaluation of the structural problems concerning their main manifestations and most common causes, aiming, the improvement of our present standards of construction service life and durability. INDICE Capitulo Pagina 1 - INTRODUCAO 2 - CONCEITOS BASICOS SOBRE O DESEMPENHO DE ESTRUTURAS 2.1 - DURABILIDADE 2.2 - DESEMPENHO 2.3- VIDA UTIL. 2.4-MANUTENCAO, 2.5 - PATOLOGIA E TERAPIA. 2.6 - MANIFESTACOES PATOLOGICAS 2.7 - DIAGNOSTICO 2.8 - INTERVENCAO 2.8.1 - Reparo estrutural 2.8.2 - Reforgo estrutural 2.8.3 - Substituigao 2.9- TECNICAS DE INTERVENCAO 2.9.1 - Introdugao 2.9.2 - Armadura adicional passiva 2.9.2.1 - Adigao de barras de ago 2.9.2.2 - Chapas coladas 2.9.2.3 - Grampeamento 2.9.3 - Armadura adicional de protensio 2.9.4 - Injegao de fissuras 2.9.5 - Remoldagem com concreto 2.9.6 - Remoldagem com argamassa de cimento 2.10 - MATERIAIS UTILIZADOS NAS INTERVENGOES vii o1 09 10 10 12 7 17 18 20 20 20 20 21 21 2 21 22 22 22 23 23 23 23 3 - REVISAO DE PESQUISAS COM LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE CAUSAS DE DEFEITOS EM ESTRUTURAS 3.1- INTRODUCAO 3.2- ANALISES QUANTITATIVAS DE DEFEITOS NAS ESTRUTURAS, 3.3 - ANALISE DE DADOS DA ESPANHA 3.4- ANALISE DE DADOS DA FRANCA 3.5 - ANALISE DE DADOS DA AMERICA DO NORTE. 3.6 - ANALISE DE DADOS DO BRASIL 3.6.1 -Estudos sobre Sao Paulo e regio Amazdnica 3.6.2 - Estudos sobre 0 Distrito Federal 4 - METODOLOGIA APLICADA NA COLETA DE DADOS 4.1 - INTRODUCAO 4.2 - DESCRICAO DO QUESTIONARIO 4.3 - CLASSIFICACAO DA EDIFICACAO QUANTO A LOCALIZAGAO 4.4 - IDADE APROXIMADA DAS EDIFICAGOES A EPOCA DA INSPECAO 4.5 - TIPO ESTRUTURAL PREDOMINANTE 4.6 - MANIFESTACOES PATOLOGICAS 4.7- CAUSAS DAS MANIFESTACOES SEGUNDO AS ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO 4.7.1 - Preliminares 4.7.2 - Causa das manifestagdes patolégicas atribuidas ao projeto estrutural 4.7.3 - Causa das manifestagdes patologicas atribuidas @ execugao 4.7.4 ~ Causa das manifestagdes patologicas atribuidas aos materiais 4.7.5 - Causa das manifestagdes patologicas atribuidas a utilizagdo da edificagao 4.7.6 - Outras causas de manifestagdes patolégicas 4.8 - TECNICAS E MATERIAIS DE INTERVENCAO MAIS EMPREGADOS, 4.9 - CUSTO APROXIMADO DA INTERVENCAO 4.10 - COMPATIBILIZACAO DA INTERVENCAO COM OUTROS SERVICOS 5 - ANALISE DOS DADOS COLETADOS NA REGIAO CENTRO-OESTE 5.1 - CONSIDERACOES INICIAIS. viii 27 28 32 34 36 39 39 40 47 50 51 52 93 34 55 55 35 56 58 58 59 59 60, 64 5.2 - ANALISE DO DISTRITO FEDERAL $,2.1 - Introdugao 5.2.2 « Idade aproximada das edificagdes 5.2.3 - Localizagdo do dano e/ou intervengo segundo o elemento 5.2.4 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao 5.2.5 - Manifestagdes patologicas nas edificagdes 5.2.6 - Causas das manifestagdes patologicas 5.2.7 ~ Materiais de intervengio 5.2.8 - Técnicas de intervengao 5.2.9 - Custo aproximado da intervengao em relagdo ao valor da edificagao 5.2.10 - Compatibilizagdo da intervengao com outros servigos 5.2.11 = Métodos de avaliagdo estrutural utilizados 5.2.12 - As 53 pontes do Distrito Federal 5.3 - ANALISE DE GOIAS 5.3.1 - Introdugaio 5.3.2 Idade aproximada das edificagaes 5.3.3 - Localizacao do dano e/ou intervengo segundo elemento 5.3.4 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao 5.3.5 - Manifestagdes patolégicas nas edificagdes 5.3.6 - Causas das manifestagdes patologicas 5.3.7 - Materiais de intervengao 5.3.8 - Técnicas de intervengao 5.3.9 - Métodos de avaliacdo estrutural utilizados 5.4- ANALISE DO MATO GROSSO DO SUL 5.4.1 = Introdugo 5.4.2 - Idade aproximada das edificagdes 5.4.3 - Localizagao do dano e/ou intervengdo segundo o elemento 5.4.4 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao 5.4.5 - Manifestagdes patolégicas nas edificagdes 5.4.6 - Causas das manifestagdes patologicas 5.4.7 - Materiais de intervengao 5.4.8 - Técnicas de intervengao 66 66 67 69 70 n 3 16 7 79 80 81 81 81 82 33 83 84 85 88 39 90 90 90 91 92 93 94 95 98. 98 5.4.9 - Custo aproximado da intervengdo em relagdo ao valor da edificagao 5.4.10 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados 5.5 - ANALISE DO MATO GROSSO 5.5.1 - Introdugdo 5.5.2 - Idade aproximada das edificagdes 5.5.3 - Localizagdo do dano e/ou intervengdo segundo o elemento 5.5.4 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengio 5.5.5 - Manifestagdes patologicas nas edificagdes 5.5.6 - Causas das manifestagdes patologicas 5.5.7 - Materiais de intervengao 5.5.8 - Técnicas de intervengao 5.5.9 - Métodos de avaliacao estrutural utilizados 5.6 - ANALISE COMPARATIVA 5.6.1 - Caracteristicas climéticas 5.6.2 - Idade aproximada das edificagdes 5.6.3 - Localizagao do dano e/ou intervengao segundo o elemento 5.6.4 - Razies para a necessidade de vistoria e/ou intervengao 5.6.5 - Manifestagdes patolégicas nas edificagies 5.6.6 - Causas das manifestagdes patolégicas 5.6.7 - Materiais de intervencao 5.6.8 - Técnicas de intervengaio 5.6,9 - Custo aproximado da intervengiio em relagdio ao valor da edificagio 5.6.10 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados 6 - CONCLUSOES 6.1 - CONSIDERACOES GERAIS 6.2 - SUGESTOES PARA MELHORAR A QUALIDADE DAS EDIFICACOES 6.3 - SUGESTOES PARA TRABALHOS FUTUROS REFERENCIA BIBLIOGRAFICA ANEXO A 99, 10 10 100 101 1 1a 1B 104 106 106 17 108 108 108 19 19 10 10 12 1B 113 1B 7 A.1 - QUESTIONARIO ANEXO B - TABELAS B.1- BRASILIA B.2- GOIANIA B.3 -CAMPO GRANDE B4-CUIABA xi 1% 14 m LISTA DE TABELAS ‘Tabela Pagina 2.1 - Indicagdo de intervalos de inspego (em anos) 13 2.2 - Classificagdo dos niveis de deterioragao do elemento 16 2.3 - Classificagdo dos niveis de deterioragdo da estrutura 7 2.4 - Tipos de manifestagdes patologicas 19 3.1 - Estatisticas relativas a causas de defeitos em edificagdes (Chamosa & Ortiz, 1985, Carmona & Marega, 1988) 28 3.2 - Diferengas de pecentagem existente entre projeto e execugaio 29 3.3 - Estadisticas parciales por campos (Chamosa & Ortiz,1985) 33 3.4 Manifestacion de las lesiones (Chamosa & Ortiz,1985) 34 3.5 - Distribuigdo das origens das manifestagdes patolégicas, por estado, na regitio Amazénica (Aranha, 1994) 40 3.6 - Estatisticas relativas a causas patologicas em edificagdes no DF (Campos & Valério,1994) a 3.7 - Estatisticas relativas a causas patologicas em edificagdes no DF (Oliveira & Faustino, 1995) 4B 4.1 -Tipos de edificagdes versos pavimentos - Goidnia, Cuiaba e Campo Grande 49 4.2 -Tipos de edificagdes versos pavimentos - Brasilia, 50 4.3 - Localizagdo das obras catalogadas - Centro-Oeste 52 4.4 - Anos de inspegdes e/ou intervengdes - Goidnia, Cuiaba e Campo Grande 52 4.5 ~ Anos de inspegdes e/ou intervengdes - Brasilia 53 4.6 - Tipo de estrutura predominante - Goidnia, Cuiaba e Campo Grande 3 4.7 - Tipo de estrutura predominante - Brasilia 54 5.1 - Caracteristicas climaticas de Brasilia 64 5.2 - Caracteristicas climaticas de Goiania o4 5.3 - Caracteristicas climaticas de Campo Grande 65 5.4 - Caracteristicas climaticas de Cuiaba 65 5.5 - Problemas mais freqiientes nas auto-construgdes 67 xii 5.6 - Diferengas entre projeto ¢ execugdo na regio Centro-Oeste 5.7 - Média das diferengas dos erros de projeto na regio Centro-Oeste 5.8 - Média das falhas de execugdio na regido Centro-Oeste 6.1 - Idade Aproximada das edificagdes na regitio Centro-Oeste 6.2 - Manifestagdes patologicas na regio Centro-Oeste 6.3 - Causas das manifestagdes na regido Centro-Oeste 6.4 - Média dos erros de projeto na regio Centro-Oeste 6.5 - Média das falhas de execuco na regitio Centro-Oeste xiii Ml ul 112 118 118 19 120 120 LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Modelo de equilibrio de uma estrutura de conereto (modificada - CASTRO, 1994) 2.2 - Fluxograma da metodologia para o célculo do Grau de Deterioragdo da estrutura (G,) - CASTRO, 1994) 2.3 - Classificagao dos materiais para reparo segundo a familia quimica CANDRADE, 1992; e SELINGER,1992) 3.1 ~ Ligdes de rupturas de estruturas na Europa (Matousek,1977) 3.2 - Causas e defeitos em edificagdes (Paterson, 1984) 3.3 - Avaliagao dos erros em estruturas de concreto (ACI, 1979) 5.1 - Idade aproximada das edificagdes de Brasilia 5.2 - Localizagdo do dano e/ou intervengao segundo o elemento - Brasilia 5.3 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Brasilia 5.4 - Manifestagdes patologicas das edificagdes - Bra: 5.5 - Causas isoladas das manifestagdes - Brasilia 5.6 - Causas associadas das manifestagdes - Brasilia 5.7- Problemas de projeto - Brasilia 5.8 - Problemas de execugiio - Brasilia 5.9 - Materiais utilizados na intervengdo - Brasilia 5.10 - Técnicas empregadas na intervengdo - Brasilia 5.11 - Custo aproximado da intervengo em relago ao valor da edificagao - Brasilia 5.12 - Compatibilizagio da intervengao com outros servigos - Brasilia 5.13 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Brasilia 5.14 - Idade aproximada das edificagdes de Goidnia 5.15 - Localizagao do dano e/ou intervengiio segundo o elemento - Goiania 5.16 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Goidnia 5.17 - Manifestagdes patoligicas das edificagdes - Goiania xiv Pagina 15 24 31 35 37 68 69 70 7 B 44 74 why 76 78 8 19 80 83 84 85 5.18 - Causas isoladas das manifestagdes - Goiania 5.19 - Causas associadas das manifestagdes - Goiania 5.20 - Problemas de projeto - Goidnia 5.21 - Problemas de execugao - Goiania 5.22 - Materiais utilizados na intervengao - Goidnia 5.23 - Técnicas empregadas na intervengao - Goinia 5.24 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Goiania 5.25 - Idade aproximada das edificagdes de Campo Grande 5.26 - Localizagao do dano e/ou intervencao segundo o elemento - Campo Grande 5.27 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengaio - Campo Grande 5.28 - Manifestagdes patologicas das edificagdes - Campo Grande 5.29 ~ Causas das manifestagdes - Campo Grande 5.30 - Problemas de projeto - Campo Grande 5.31 - Problemas de execugdo - Campo Grande 5.32 - Materiais utilizados na intervengao - Campo Grande 5.33 - Técnicas empregadas na intervengdo - Campo Grande 5.34 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Campo Grande 5.35 - Idade aproximada das edificagdes de Cuiaba 5.36 - Localizagao do dano e/ou intervengo segundo 0 elemento - Cuiaba 5.37 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Cuiaba 5.38 - Manifestagdes patologicas das edificagdes - Cuiabi 5.39 - Causas das manifestagdes - Cuiaba 5.40 - Problemas de projeto - Cuiaba 5.41 - Problemas de execugio - Cuiaba 5.42 - Materiais utilizados na intervengao - Cuiaba 5.43 - Técnicas empregadas na intervengio - Cuiaba 5.44 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Cuiaba 86 86 87 87 38 89 90 92 93 94 95 96 97 97 98 100 101 102 103 103 104 105 105 106 107 107 CAPITULO 1 INTRODUCAO 1 - INTRODUGAO Um dos fatores mais importantes para a melhoria da qualidade das edificacdes, prevenir defeitos fturos e aprimorar as técnicas de reparo e reforgo é 0 amplo conhecimento da evolugio e causas das patologias das edificagdes, através de levantamentos de dados sobre os tipos de manifestagdes de danos e sua origem. Nesse sentido, o trabalho apresenta um estudo realizado na regio Centro Oeste, que compreende 0 Distrito Federal e os estados de Goiis, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, através de uma pesquisa junto as empresas ¢ profissionais liberais da regio que militam no setor de reparos ¢ outros érgios com interesse no assunto, Esta pesquisa, de cariter pioneiro na regio, éa segunda do género em todo o pais abrangendo uma regio geo-politica completa, com a segunda maior rea do territério nacional. Somando-se a esta pesquisa aquela realizada na regido Amazénica (Aranha, 1994), observa-se que juntas, elas fornecem dados que atingem 64% do territério nacional Outro aspecto relevante no trabalho refere-se ao teor das informagdes coletadas, enfocando a qualidade do produto da indistria mais importante da regio Centro-Oeste, a industria da Construgao Civil. A regio é de desenvolvimento recente, principalmente a partir da década de 60, com a construgdo de Brasilia, e tem como fenémeno comum a migragao da populagéo do campo para as grandes cidades, gerando com isso um crescimento acentuado da atividade da construgao sem ter havido, salvo raras excegdes, investimento adequado em desenvolvimento de tecnologia, Os temas abordados no levantamento de dados desta pesquisa foram: tipo de edificagdes, idade aproximada, tipo estrutural, localizagio dos danos e/ou intervengdo segundo o elemento estrutural, razBes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao, tipos de manifestagdes patolégicas, causas das manifestacdes, erros de projeto, falhas de execugdo, materiais de intervengao, técnicas de intervengao, custo aproximado da intervengdo em relacao ao custo da edificagiio, compatibilizagdo da intervengo com outros servigos, e métodos de avaliagao estrutural utilizados. CAPITULO 1 INTRODUCAO, Um dos fatores mais importantes para a melhoria da qualidade das edificages, prevenir defeitos futuros e aprimorar as técnicas de reparo e reforgo ¢ 0 amplo conhecimento da evolugo ¢ causas das patologias das edificagdes, através de levantamentos de dados sobre os tipos de manifestagdes, de danos e sua origem. Nesse sentido, o trabalho apresenta um estudo realizado na regio Centro- Ceste, que compreende o Distrito Federal e os estados de Goids, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, através de uma pesquisa junto as empresas e profissionais liberais da regio que militam no setor de reparos e outros érgaos com interesse no assunto. Esta pesquisa, de carater pioneiro na regio, é a segunda do género em todo o pais abrangendo uma regio geo-politica completa, com a segunda maior area do territério nacional. Somando-se a esta pesquisa aquela realizada na regiao Amazénica (Aranha, 1994), observa-se que juntas, elas fornecem dados que atingem 64% do territorio nacional Outro aspecto relevante no trabalho refere-se ao teor das informagées coletadas, enfocando a qualidade do produto da industria mais importante da regio Centro-Oeste, a industria da Construgio Civil. A regio é de desenvolvimento recente, principalmente a partir da década de 60, com a construgio de Brasilia, e tem como fenémeno comum a migragao da populagio do campo para as grandes cidades, gerando com isso um crescimento acentuado da atividade da construgdo sem ter havido, salvo raras excegdes, investimento adequado em desenvolvimento de tecnologia, Os temas abordados no levantamento de dados desta pesquisa foram: tipo de edificagdes, idade aproximada, tipo estrutural,localizagio dos danos e/ou intervengio segundo o elemento estrutural, razbes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao, tipos de manifestagdes patoldgicas, causas das manifestagdes, erros de projeto, falhas de execugio, materiais de intervengao, técnicas de intervengo, custo aproximado da intervengio em relagdo ao custo da edificagao, compatibi da intervenc&o com outros servigos, e métodos de avaliagdo estrutural utilizados. E também importante observar no levantamento de dados que ocorre, em varias situagdes, uma superposigao de manifestagdes e causas de problemas patolégicos, acarretando em alguns itens analisados um percentual total maior que 100%, Como era de se esperar, a esmagadora maioria das obras catalogadas tem estrutura de conereto armado, material predominante nas construgies brasileiras. Evidentemente, sendo o tipo de estrutura mais usado, nele se registra a maior concentragio de problemas. Através do levantamento de dados, pode-se verificar que a fase de execugo a maior responsavel pelos danos registrados nas edificagdes e as fissuras so as manifestagdes que mais se destacaram. Estes resultados, dentre outros, foram comparados com os obtidos em pesquisas semelhantes no estado de Sao Paulo, regio Amazénica, Espanha, Franga e América do Norte. Nesta comparagao observa-se que, em muitos casos, os resultados se assemelham, podendo-se concluir que no se trata apenas de caracteristicas de uma regidio, mas da propria mentalidade que ainda predomina na indistria, nao s6 em diferentes regides do pais mas também no exterior. Entretanto, pelo estégio de desenvolvimento social e econdmico do Brasil, nota-se o nivel mais grave de alguns problemas, relativos as diversas fases das edificagdes - planejamento, projeto, execucdo e utilizagtio, que apontam para a necessidade de se modificar varias praticas prejudiciais a qualidade dos produtos fornecidos pela Construgio Civil Cabe ressaltar, de inicio, a dificuldade encontrada na coleta de dados, devido a precariedade ou quase completa auséncia de arquivos técnicos, em virtude de nao existir uma preocupacio e mesmo uma metodologia padronizada, por parte dos érgaos relacionados com o setor e profissionais da fea, no sentido de armazenar adequadamente as informacées relativas aos servigos executados. A dificuldade citada fez com que a maioria dos dados fosse obtida através de entrevistas, sendo, Portanto, as informagées, em grande parte, fruto da meméria dos entrevistados Foram cadastradas 454 obras, contendo registros de intervengao ou inspegao da estrutura no periodo de 1972 a 1995. Estas 454 obras so divididas em: 299 obras do Distrito Federal e 155 obras dos outros estados, sendo 120 de Goids, 22 do Mato Grosso do Sul e 13 do Mato Grosso, englobando varios tipos de edificagdes, classificadas em convencionais e especiais, com sera visto nas Tabelas 4.1 € 4.2 do Capitulo 4. Cabe salientar 0 reduzido numero de obras cadastradas nos estados de Mato Grosso ¢ Mato Grosso do Sul, que reflete a dificuldade em se levantar este tipo de ocorréncia. Em particular, no Mato Grosso, apesar da boa vontade de alguns profissionais locais, ‘0 sentimento predominante foi de receio, dificultando 0 acesso as informagées sobre estruturas danificadas. Tal fato no ocorreu no Mato Grosso do Sul, no Distrito Federal e em Goias, principalmente nos dois ultimos estados devido ao conhecimento e confianga anteriores dos pesquisadores envolvidos neste trabalho com profissionais do setor. © questionario utilizado na pesquisa teve como base inicial um trabalho desenvolvido na Polytechnic of Central London por Jorabi (1986), adaptado e ampliado dentro da linha de pesquisa do Departamento de Engenharia Civil da UnB (Campos & Valério, 1994; Oliveira & Faustino, 1995), utilizando ainda subsidios de trabalhos de natureza semelhante de Chamosa & Ortiz (1985), Carmona & Marega (1988) ¢ Aranha (1994). Durante o trabalho, verificou-se a necessidade de se fazer uma anilise em separado das informagdes obtidas em cada estado, com a finalidade de nao descaracterizé-las, principalmente, pelas diferengas citadas na quantidade de informagdes coletadas em cada um e em virtude de algumas peculiaridades na coleta de dados que sero abordadas nos Capitulos 4 eS Capitulo 2 apresenta uma revisio bibliografica que aborda, de maneira sucinta, temas que esto direta ou indiretamente envolvidos com 0 trabalho proposto. Nesse capitulo faz-se a conceituagio de topicos como: durabilidade, desempenho, vida util, manutengio, patologia ¢ terapia, manifestagdes patol6gicas, diagndsticos, tipos, técnicas e materiais de intervencio, O Capitulo 3 apresenta uma revisio de pesquisas cujo objetivo assemelha-se ao deste trabalho, qual seja o levantamento de dados sobre causas de defeitos e manifestagées patologicas nas estruturas. Nesse capitulo sao analisados trabalhos realizados no pais e no exterior, que englobam: anilises sobre a regiio AmazGnica e estado de Sao Paulo bem como dados da Europa, Espanha, Franga América do Norte. O Capitulo 4 descreve todo o processo utilizado na coleta ¢ tratamento de dados. Nele se apresentam todas as definigdes e consideragdes empregadas na classificagdo dos danos e na intervengao estrutural © Capitulo 5 mostra uma andlise dos dados coletados, separadamente, para cada estado, que foi realizada com a ajuda de um programa computacional, desenvolvido na linguagem Clipper, com © objetivo de efetuar o cruzamento dos dados entre os diversos itens do questionario, Por fim, faz uma andlise comparativa, onde so mencionados as diferencas e semelhangas entre os estados analisados, O Capitulo 6 apresenta as conclusées do trabalho, com algumas sugestdes para a melhoria da qualidade das edificagdes e sugestdes para trabalhos futuros. CAPITULO 2 CONCEITOS BASICOS SOBRE O DESEMPENHODE ESTRUTURAS 2 - CONCEITOS BASICOS SOBRE O DESEMPENHO DE ESTRUTURAS 2.41 - DURABILIDADE presente trabalho propde-se a analisar as estruturas de uma forma geral, Entretanto, é marcante © predominio do conereto como material estrutural, sendo que no Brasil 19 entre as 20 edificagdes tém estruturas de conereto, Dessa forma, é natural que a andlise dedique maior atengao a este tipo de estrutura, apesar de serem também cadastradas estruturas de natureza diversa, principalmente metalicas ou mistas. Na década de 70, principalmente os norte-americanos € os nordicos introduziram a discuss sobre o fato de que as estruturas (de concreto) nao so eternas, ou seja, elas possuem uma vida imitada que deve ser prevista em projeto. Mais de vinte anos se passaram e a maioria das normas técnicas de projeto e execugao, em varios paises, ainda esto distantes da idéia de se projetar a partir de uma durabilidade definida ('Andrade, 1992). De acordo com Somerville (1987), ” Nao existe uma condigaio isolada chamada durabilidade, mas tum conjunto de agdes que deveria merecer atengaio compativel ao rigor dedicado em projeto, quanto a resisténcia, rigidez, estabilidade e funcionalidade.” Enfatiza, ainda, a importancia do planejamento, onde, na elaboragdo do projeto, deve ser considerada a totalidade da estrutura, com 0 objetivo de garantir sua estabilidade e durabilidade. Por este tema ser muito recente, do ponto de vista cientifico, com muitas divergéncias quanto sua definigdo, de acordo com a area de atuagdo, ¢ de interesse apresentar a definigo dada pelo CIB W80/RILEM 71-PSL (1983) que se refere & durabilidade como sendo “ a capacidade que um produto, componente ou construgao possui de manter o seu desempenho acima dos niveis minimos especificados, de maneira a atender as exigéncias dos usuirios, em cada situagao specifica.” CAPITULO 2 ae CONCEITOS BASICOS SOBRE 0 DESEMPENHO DE ESTRUTURAS 21 - DURABILIDADE presente trabalho propde-se a analisar as estruturas de uma forma geral. Entretanto, é marcante © predominio do concreto como material estrutural, sendo que no Brasil 19 entre as 20 edificagdes ‘ém estruturas de conereto, Dessa forma, é natural que a anilise dedique maior atengao a este tipo de estrutura, apesar de serem também cadastradas estruturas de natureza diversa, principalmente metalicas ou mistas. Na década de 70, principalmente os norte-americanos ¢ os nérdicos introduziram a discussto sobre 0 fato de que as estruturas (de concreto) no sao etemnas, ou seja, elas possuem uma vida limitada que deve ser prevista em projeto. Mais de vinte anos se passaram e a maioria das normas técnicas de projeto e execucao, em varios paises, ainda estao distantes da idéia de se projetar a partir de uma durabilidade definida (Andrade, 1992), De acordo com Somerville (1987), ” Nao existe uma condigAo isolada chamada durabilidade, mas um conjunto de ages que deveria merecer atengio compativel ao rigor dedicado em projeto, quanto a resisténcia, rigidez, estabilidade e funcionalidade.” Enfatiza, ainda, a importancia do planejamento, onde, na elaboragéo do projeto, deve ser considerada a totalidade da estrutura, com © objetivo de garantir sua estabilidade e durabilidade. Por este tema ser muito recente, do ponto de vista cientifico, com muitas divergéncias quanto & sua defini¢ao, de acordo com a area de atuacdo, é de interesse apresentar a definigdo dada pelo CIB W80/RILEM 71-PSL (1983) que se refere a durabilidade como sendo “ a capacidade que um produto, componente ou construgo possui de manter 0 seu desempenho acima dos niveis minimos especificados, de maneira a atender as exigéncias dos usuarios, em cada situagio specifica.” 2.2 - DESEMPENHO ‘Segundo Souza (1988), “O edificio, pode ser definido, segundo o conceito de desempenho, como um produto cuja fungao é satisfazer as exigéncias do usudrio quando submetido as condigdes normais de exposigao ao longo de sua vida util.” Resumidamente as exigéncias dos usuarios sto de seguranga, de habitabilidade, de durabilidade e de economia, Ou de forma simplificada, conforme John (1987), ““E 0 comportamento da estrutura durante 0 seu uso.” 0 Cédigo Modelo MC90 (CEB-FIP-1991) estabelece que “As estruturas devem ser projetadas, construidas e operadas de forma tal que, sob as condigdes ambientais esperadas, elas tenham sua seguranga, funcionalidade e aparéncia aceitavel durante um periodo de tempo, implicito ou explicito, sem requerer altos custos imprevistos para manutengao ¢ reparo.” Ainda segundo 0 MC90, 0 processo global de criar estruturas e manté-las em condigdes satisfatorias de uso requer ‘a cooperagao entre as quatro partes envolvidas: o proprietario, © projetista, 0 construtor eo usuario. A partir desta concepedo, para analisar 0 desempenho estrutural e as causas dos problemas patologicos deve-se observar a estrutura em sua totalidade, o que significa compeendé-la em trés ‘momentos distintos: planejamento, execucao ¢ utilizagao, Em sintese, 0 desempenho de cada estrutura sera sempre o resultado da integragdo entre execugao ¢ planejamento. A Figura 2.1 presenta, esquematicamente, um “modelo de equilibrio” para uma estrutura de conereto, sugerido por Selinger (1992), a partir do Bulletin d’Information n° 182 do CEB (1989), modificado por Castro (1994) com a incluso dos itens “manutengio” e “vida itil” 23 - VIDA UTIL E 0 periodo minimo em que se espera que a estrutura desempenhe as funcdes previstas, segundo. suas finalidades especificas e condigdes ambientais, sem perdas significativas na sua capacidade de utilizagao e nao exigindo custos elevados de manutengao e reparo (Somerville, 1987) Os componentes estruturais nas edificagdes determinam a vida itil maxima destas, pois estes 10 Mecanicas| ° Fisicas Quimica/Biolégicas conjunto | sobrecargas, | variagdo de sais de degelo, de : peso préprio, | temperatura, cides, dleool, dleo, agoes | brasdo, neve, gelo, graxa, gases,plantas i eee |i umidade ‘microorganismos proporgao da mistura mao de obra fator éigua/eimento lancamento agregados adensamento aditivos cura capacidade | —hipdteses de : normas cdleulos servico i Qualidade do Execugao concreto resisténcia rigidez | | coratildeaa seguranga | | funcionalidade Manutengao |——+| * Vida util Figura 2.1 - Modelo de equilibrio de uma estrutura de conereto (modificada - Castro, 1994) u elementos sao de dificil substituigdo, enquanto que os componentes nao estruturais determinam a freqiiéncia e os custos de manutengo ( John, V.M & Cremonini, R.A, 1989). 24 - MANUTENCAO Pode ser definida como sendo um conjunto de agdes de reduzido alcance, com o objetivo limitado de prevenir ou identificar os danos, e, quando a estrutura apresentar perda significativa da capacidade resistente, como forma de se evitar o comprometimento da seguranga da estrutura (CEB-FIP-1991). A manutengao dos edificios esta intimamente ligada 4s decisées tomadas durante as fases do processo de produgdo da construgo, ao controle de qualidade realizado ao longo dessas fases © a normalizag4o técnica utilizada (Souza, 1988). “E cada vez mais urgente criar uma consciéncia de que a manutengdo é fundamental para que as estruturas desempenhem as fungdes para as quais foram projetadas. E essencial fazer prevalecer, na pratica, 0 conceito de que a vida itil das estruturas, mesmo daquelas bem projetadas e construidas, depende muito dos niveis adequados de manutengao"(Castro, 1994), Embora 0 reconhecimento de sua importancia seja cada vez mais crescente, a precariedade da normalizagio ¢ da literatura técnica, mesmo nos paises desenvolvidos, comprovam a necessidade de evolugao nos estudos € pesquisas sobre o tema ‘A metodologia da Federagio Intemacional de Protensao ( FIP, 1988) para estruturas de concreto armado e protendido, apresenta uma classificagdo abrangente de intervalos de inspegdio manutengao, de grande interesse para a aplicagao em edificagdes usuais, apesar do carter de “recomendagao” e no ter forga de norma. Nessa metodologia, os intervalos de tempo para as inspegdes, apresentados na Tabela 2.1, so definidos de acordo com sua categoria e a classificagio da estrutura em classes, combinadas com © tipo de condigdo ambiental e de carregamento, da seguinte forma: 12 a) Classes de estruturas: Classe 1 - onde a ocorréncia de ruptura pode ter conseqiiéncias catastréficas e/ou onde a funcionalidade da estrutura é de vital importancia para a comunidade; Classe 2 - onde a ocorréncia de ruptura pode custar vidas e/ou onde a funcionalidade da estrutura € de consideravel importincia, Classe 3 - onde ¢ improvavel que a ocorréncia de uma ruptura leva a consequiéncias fatais e/ou onde um periodo com a estrutura fora de servico possa ser tolerado. b) Categorias de inspegao: Rotineira - realizada em intervalos regulares, com planilhas especificas da estrutura, elaboradas conjuntamente por técnicos responsaveis pelos projetos e pela manutengao; Extensiva - realizada em intervalos regulares, alternadamente com as rotineiras, com objetivo de inyestigar mais minuciosamente os elementos e as caracteristicas dos materiais componentes da estrutura, ©) Tipos de condigdes ambientais e de carregamento Muito severa - 0 ambiente ¢ agressivo com carregamento ciclico com possibilidade de fadiva; Severa - 0 ambiente é agressivo com carregamento estatico ou o ambiente € normal com dade de fadiga; carregamento ciclico com pos: Normal - 0 ambiente é normal com carregamento estatico. ‘Tabela 2.1 - Indicacdo de intervalos de inspegao (em anos) Classes de estruturas Condigdes 1 2 3 ambientais e de carregamento | Inspego | Inspegio | Inspeedo | Inspegio | Inspego_| Inspegio Rotincira |} Extensiva_| Rotineira | Extensiva | Rotineira } Extensiva Muito severa at 2z o 6 lov 10 Severa o 6 lo 10 lo = Normal 1o* 10 lor - bad sd * Intercalada entre inspegdes extensivas ** Apenas inspogdes superficiais. 13 A necessidade de se estabelecer programas objetivos para inspegdo de edificagdes usuais vem se tomando cada vez mais imprescindivel. Por este motivo, dentro da linha de pesquisa “Patologia, Tecuperagao € manutengéo de estruturas” do Mestrado em Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da UnB, Castro (1994) desenvolveu uma metodologia para manutengio de estruturas de concreto armado que tem por objetivo verificar o desempenho de edificagdes usuais, nos aspectos de seguranga, funcionalidade e estética, através de uma quantificagao do nivel de deterioracao, com base em dados coletados por meio de um caderno de inspecdo, aplicado por profissional especializado. Esta metodologia ¢ apresentada no fluxograma da Figura 2.2, que mostra os procedimentos a ‘serem seguidos, de forma sistematica, sendo os principais parametros assim definidos: (Castro et al, 1995) Fator_de Ponderacto (F,) - quantifica a importancia relativa de um dano, em fiungaio das caracteristicas da familia de elementos estruturais, tendo um valor pré-estabelecido naquela familia numa escala de 1a 10 Eator_de Intensidade do Dano (F,) - classifica o nivel de gravidade e a evolugao de uma manifestagao de dano em um determinado elemento, segundo uma escala de 0 a 4. O cademo de inspegao apresenta os possiveis danos, com critérios objetivos e detalhados para a atribuigao do F,a partir da inspegio, Grau do dano (D) - quantifica a manifestago de cada tipo de dano no elemento, através de uma formulagio baseada em uma analogia com 0 modelo proposto por Tuutti (1982), para o desenvolvimento do processo de corrosio em estruturas de concreto, Grau de deterioracio de um elemento (G,, )- € determinado em fungo das diversas manifestagdes dos danos detectados no elemento pela inspegio, e correspondentes graus calculados para cada dano. A Tabela 2.2 mostra os limites estabelecidos para os G,., que, segundo Castro, no devem ser 14 Dividir a estrutura em familias de elementos Para os elementos de cada familia Tntroduzir 0 Através de inspegao atribuir © Fator de ponderagdo de Fator de Intensidade do damo tum dano (Fp ) (F,) Calcular 0 Grau do dano (D ) Calcular 0 Grau de deterioragéio do elemento (Gate ) Caleular 0 Gram de deterioragao da familia de elementos (Gy ) Introduzir 0 Fator de relevéincia estrutural da familia (Fr) Calcular 0 Grau de deterioragdo da estrutura (Gy ) Figura 2.2- Fluxograma da metodologia para o caloulo do Grau de Deterioragdo da Estrutura (G,) - (Castro, 1994), 1s encarados como absolutos, mas como indicativos das medidas a serem adotadas Tabela 2.2 - Classificagao dos niveis de deterioragio do elemento awe | Medias sere soe Se Baixo 0-15 | estado acsitivel fe isso | observagto periédica © evessidade de intervengto a i medio prazo .¢0 | observagto periédica minuciosa e necessidade de ae 50-80 | jatervengdo' euro prazo . sn go _ | novessidade de intervengdo imeaiata para restabelecer Ceico, 80 | funcionalidede e/ou soguranga Grau de deterioracao de uma familia (Gy, ) - é a média aritmética dos graus de deterioragao dos elementos que apresentarem danos expressivos, ou seja, com um valor acima de um Gye ator de relevancia estrutural da familia de elementos (F,) - quantifica a importancia relativa de cada familia na estrutura, sendo sugerida a seguinte classificagaio: * Elementos de composig&o arquiteténica F.=10 * Reservatorio superior * Escadas/rampas, reservatorio inferior, cortinas, lajes secundérias * Lajes, fundagdes, vigas secundarias, pilares secundarios * Vigas e pilares principais Grau de deterioragio da estrutura (G, ) - é uma fiungao dos diferentes graus de deterioragio das diversas familias de elementos da edificacao, afetados pelos respectivos fatores de relevancia estrutural, ‘A Tabela 2.3 apresenta as medidas recomendadas por Castro, segundo o nivel de deterioragao estabelecido para a estrutura como um todo. Cabe esclarecer que a quantificagio do grau de deterioragio da estrutura néo deve, necessariamente, influenciar nas medidas a serem adotadas nos elementos isolados com manifestagdes relevantes de danos. 16 Tabela 2.3 - Classificacdo dos niveis de deterioragao da estrutura Pe Ge Medidas a serem adotadas sie | sca |apgunpsitne mainte ato | ano | share retin mina emi cin _| 0 | sameeren ‘A metodologia proposta por Castro foi testada com bons resultados, valendo ressaltar que o profissional experiente pode introduzir modificagdes para ajustar alguns parémetros, conforme as caracteristicas da edificagdo e sua estrutura 25 - TOLOGIA E TERAPIA Fazendo analogia de uma estrutura com um organismo vivo, foi adotada, para a avaliagao do desempenho, principalmente a partir das publicagdes dos livros de Eichler (1973), Blevot (1977) ¢ Cénovas (1988), uma terminologia similar & utilizada na Medicina, Dessa forma, os termos “Patologia” e “Terapia” na Engenharia Civil assumem as seguintes definigdes: - “Patologia pode ser entendida como parte da Engenharia que estuda os sintomas, os ‘mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construgies civis, ou seja, é 0 estudo das partes que compdem o diagndstico do problema” (Helene, 1992) - “Terapia ¢ 0 estudo das corregdes € solugdes dos problemas patologicos” (Figueiredo, 1989). 2.6 - MANIFESTACOES PATOLOGICAS Os defeitos nas edificagdes nao sao fenémenos novos. Na Mesopotamia, ha quatro mil anos atras, 17 © Cédigo de Hamurabi, conjunto de leis que regulava a vida no império, impunha cinco regras para prevenir defeitos nas edificagdes, que foi, provavelmente, a primeira norma sobre atribuigdo de responsabilidades sobre as patologias na construgo (Canovas, 1988). As manifestagdes patologicas podem ter suas origens em qualquer uma das fases do processo de produgao da construgao planejamento/projeto, especificagdes de materiais, execugao e utilizagaio. Em geral, as manifestagdes patologicas apresentam sintomas que passam por um processo evolutivo, com diferentes sinais externos, permitindo definir distinguir as diferentes causas, Normalmente, so agravadas pela ago de agentes agressivos, cuja atuagio dificilmente se da de forma isolada, mas sim como um conjunto de agentes ligados a uma série de causas. Os defeitos também podem ser produzidos por esforgos internos e/ou externos nao previstos em projeto, ou por algum procedimento equivocado nas etapas de execucao e utilizacao (Aranha, 1994) ‘Nas estruturas de conereto, as patologias se manifestam através de um conjunto de sintomas muito variado, como é mostrado na Tabela 2.4, que apresenta um resumo das principais ocorréncias, com uma definicgao sucinta Cabe salientar que ndo ¢ objetivo do trabalho uma abordagem extensa dos tipos de manifestagdes patolégicas. Registra-se ainda que existem ivergéncias sobre alguns dos termos empregados na literatura técnica desta area, principalmente, em fungao da atuagao ainda recente a ela dedicada pelas inst igdes de pesquisa ¢ ensino 2.7 - DIAGNOSTICO Segundo o CEB-FIP (1991), “Consiste em analisar o estado atual da estrutura, a partir de uma prévia inspecdo, com levantamento de dados e estudo dos mesmos. Em geral, incluem a avaliagao da capacidade residual da estrutura assim como a verificagiio da necessidade de intervengdo ¢ a identificagéo do seu grau de urgéncia, A e éncia de danos implica na necessidade de se determinar a natureza, o alcance, e a causa mais provavel dos mesmos.” Com este objetivo, Farias (1995) desenvolveu um programa computacional, visando analisar estruturas com problemas, onde podem ser simulados determinados tipos de danos, tais como perda de segdo de concreto ou aco ¢ resisténcia insuficiente dos materiais em relagao ao projeto. 18 ‘Tabela 2.4 - Tipos de manifestagdes patolégicas Tipos de manifestagio Definigao patologica Fungos ¢ bolor Microorganismos que surgem em locais timicdos com pouca ventilago Recalque ‘Deslocamentos dos elementos de fundagdo produzindo efeitos na superestrutura Desaprumo Elemento estrutural vertical nao alinhado segundo seu eixo. Fissuras Fratura do conereto quando excedida sua resistencia a tragio, devido a uma ou mais causas: retragao, sobrecarga, variagao de temperatura, recalque, secagem superficial, assentamento plistico, movimentagao de forma, reages quimicas expansivas, detalhes construtivos, etc Eflorescéncia Coneregao Desagregagao “Manchas superficiais brancas, na forma de véu, resultante de um processo fisico (lixiviagao) associado a presenga de dgua que dissolve ¢ Temove, até a superficie dos elementos estruturais, principalmente 0 hidréxido de célcio que, transformam-se em carbonato de calcio devido a combinacao de CO,, Precipitado mineral branco, escorrido ou alongado, que se forma na superficie dos clementos estruturais, devido a uma reago quimica que produz um produto que é expelido. seja por expansio ou por gravidade, erda da capacidade aglomerante do concreto endurecido com desprendimento de agregados, devido a algum tipo de ataque quimico expansivo, baixa aderéncia pasta/agregado, trago pobre e/ou abrastio. Esfoliagio Desprendimento de partes isoladas de concreto sadio, provenientes de choques, corrosio, ete Corrosio Segregagio Processo eletro-quimico de formagao sobre a armadura de xidos ¢ hidréxidos de ferro, provocados por carbonatagao do concreto e/ou ccontaminagao por cloretos. Quando o processo atinge estagios avangados a armadura perde segio. Falhas manchas decorrentes da falta de uniformidade do conereto durante sua execugo. Vazios formados devido a dificuldade de penetragdo do concreto durante seu langamento, Carbonatagdo Processo quimico de reagdo do CO, da atmosfera com a portlandita (Ca(OH),) da pasta de cimento, em presenga de agua, formando o O programa também ¢ util na carbonato de calcio que colmata os vazios ¢ reduz.0 pH do conereto. anilise de projetos de novas estruturas, onde podem ser verificadas as hipoteses de célculo ¢ a concepgao estrutural do projetista, permitindo determinar a provavel forma de ruina ¢ o fator de seguranca ao colapso 19 2.8 - INTERVENCAO 2.8.1 - Reparo estrutural O termo “teparo” refere-se a qualquer tipo de reposigao, restauragdo, e conservacdo da edificagao, com a finalidade de restituir a capacidade resistente original da estrutura (CEB-FIP, 1982). O sucesso do reparo sera resultado de um diagnostico correto, uma escolha adequada do método de execugdo e das técnicas adotadas. Todo reparo necessita de um posterior controle, com a finalidade de se conhecer a eficiéncia do mesmo, fazendo-o passar por inspecdes, ensaios nao destrutivos, e, se houver necessidade, de reparos parciais perante possiveis falhas nao previstas (Alonso & Andrade, 1992), 2.8.2 - Reforco estrutural Conjunto de agdes que tem por objetivo aumentar a capacidade resistente da estrutura acima dos niveis para a qual foi projetada (CEB-FIP, 1982). O reforgo nao implica necessariamente na existéncia de danos, como por exemplo, quando se faz uma adaptago da estrutura para ser utilizada com outra finalidade para a qual foi projetada. 2.8.3 - Substituico de elementos estruturais Trata-se da demoligao parcial ou total ea posterior execugdo de um elemento ou de parte de uma estrutura, Normalmente, este tipo de ado ocorre quando o nivel do dano, na estrutura, muito elevado, nao sendo mais viavel técnica e economicamente a simples aplicagao de um reparo ou a execugio de reforgo (Buenos, 192) 20 2.9 = TECNICAS DE INTERVENCAO 2.9.1 ~ Introducio ‘As técnicas de intervengio estrutural, envolvendo as agGes de reparo, reforgo ou substituigao, devem ser escolhidas levando-se em consideragio varios fatores, entre eles, 0 grau de deterioragao da estrutura, a facilidade e 0 custo de execugo (Buenos, 1992; Helene, 1992; Canovas, 1988; Climaco, 1990) As intervengdes devem ser realizadas através de projeto, que dependendo da qualidade, determina © sucesso ou o fracasso das mesmas. Porém, ndo é so a qualidade do projeto que garante sua eficiéncia, mas também sua execugdo que deve ser realizada por pessoas tecnicamente qualificadas ‘Nao é correto ou racional utilizar materiais especiais visando compensar uma execugo ruim ou inadequada. Pela razao apontada no item 2.1, as téenicas de intervengao mais pesquisadas e discutidas, devido @ complexidade do material, diversidade dos danos, produtos e métodos de reparo, séo as relacionadas com estruturas de concreto armado. Esta complexidade ja no ocorre com as estruturas metilicas, permitindo adotar medidas simples ¢ eficazes que correspondem, basicamente, a pinturas de protegao, substituigao e/ou acréscimo de elementos estruturais e vinculos AA seguir so apresentadas, sucintamente, segundo o objetivo deste trabalho as técnicas mais usuais de reparo/reforgo de estruturas de concreto, que serdio mencionadas nos capitulos seguintes, por terem sido utilizadas nas edificagdes cadastradas. 2.9.2 - Armadura adicional passiva 2.9.2.1 - Adicio de barras de aco Esta técnica consiste na incorporagio de novas barras de ago & armadura original da estrutura, Em 21 geral, 0 conjunto estrutural é posteriormente protegido por argamassa ou concreto moldado “in loco” ou projetado. Este sistema de reparo/reforco é 0 mais utilizado atualmente, devido a sua semelhanga com os métodos tradicionais de construgo, podendo mesmo ser executado por m&io de obra nao muito especializada, sob supervisio adequada 2.9.2.2 - Chapas coladas Consiste na colagem externa de chapas de aco aos elementos estruturais através de resina epéxi A técnica requer mao de obra especializada em todas as fases do processo, que vai desde a aplicagdo da resina a superficie do elemento a ser reforgado, a preparagao do substrato, espessura da chapa e da camada de resina, emprego de chumbadores, ete 2.9.2.3 - Grampeamento Consiste na colocagao de grampos de ago, unindo as duas partes do conereto divididas por fissura Este sistema de fechamento de fissuras € capaz de restituir a resisténcia local & trago da pega podendo, inclusive, aumenta-la. Porém, aumentando a rigidez local, se a causa da fissura nao for solucionada, o concreto podera fissurar na regio proxima aos grampos ou mesmo em outra regio. 2.9.3 - Armadura adicional de protensio Geralmente, ¢ utilizada em pegas de grandes vaos e/ou submetidas a carregamentos elevados ou repetidos, onde se deseja diminuir substancialmente as flechas ou quando as fissuras devem ser fechadas. Esta técnica utiliza fios ou barras protendidas aderidas a pega. O pré-requisito para utilizi-la é a existéncia ou a possibilidade de se criar na estrutura existente um mecanismo capaz de permitir a ancoragem dos cabos e uma transferéncia de Forgas satisfatéria, O concreto deve também estar em boas condigdes e com resisténcia suficiente para receber a protensao. 22 2.9.4 = Injecio de fissuras E 0 processo no qual pastas ou resinas so injetadas para preencher fissuras, de forma a restaurar © monolitismo do elemento ¢ evitar uma futura deterioragio da estrutura por corrosdo, O material a ser injetado deve ter viscosidade adequada a abertura das fissuras. 2.98 - Remoldagem com conereto Consiste em restituir/aumentar a capacidade portante do elemento estrutural, através de um aumento de seo, que pode ser global, lateral, lateral e base, etc, A alta adesdo a superficie do conereto velho deve ser garantida principalmente por meio de tratamento adequado com o apicoamento e limpeza do substrato. E usual o emprego de aditivos ou adesivos, em geral 4 base de epoxi, com o objetivo de melhorar a aderéncia, sendo esta necessidade, recentemente, questionada, a partir de evidéncias experimentais (Climaco, 1990). 2.9.6 - Remoldagem com argamassa de cimento Esta técnica tem os mesmos principios da remoldagem com conereto, porém existindo algumas situagdes em que 0 seu uso se torna mais adequado, principalmente nos casos de reparo de pequena espessura (< 50 a 100 mm), onde se deve proteger a armadura de agentes agressivos. As argamassas podem apresentar diferentes propriedades: boa aderéncia, elevada resistencia, baixa permeabilidade, retragdo compensada, elevada resisténcia a agdo de produtos quimicos, etc. Deve- se ressaltar que algumas das vantagens citadas sfo possiveis pela adigdo de componentes, obtendo-se entdo as argamassas modificadas, em geral por polimeros ou produtos minerais. 2.10 - MATERIAIS UTILIZADOS NAS INTERVENCOES Os materiais empregados devem ser cuidadosamente analisados do ponto vista da durabilidade, pois 0 setor de reparo vem se destacando, na indiistria da construgdo, pelo seu galopante 23 crescimento, langando no mercado freqiientemente novos produtos. O problema deste intenso crescimento é, que os fabricantes, em geral, se impdem ou sto exigidos a verificar todas as caracteristicas de tais produtos, sua eficiéncia e seu comportamento frente as exigéncias e periodo de utilizagdo. Deve-se salientar, que a maioria das informagdes, sobre as qualidades ¢ caractetisticas dos produtos existentes sto as fomecidas pelo priprio fabricante, nfo apresentando estudos mais detalhados, resultado de pesquisa independente. A falta de normalizagao também culta, tanto para os profissionais quanto para as instituigdes interessadas, a investigago das propriedades alegadas pelos fabricantes De uma forma geral, os materiais a serem utilizados nas intervengdes devem ter as seguintes caracteristicas * boa aderéncia frente ao concreto ¢ ago; * boa resisténcia mecénica; * trabalhabilidade adequada; * facilidade de aplicagdo, * propriedades compativeis com o concreto e 0 ago no tocante as condigées ambientes ¢ ages dependentes do tempo *Andrade (1992) e Selinger (1992) classificam estes materiais segundo sua composigio quimica, como mostra a Figura 2.3. rial de Od) Base Inorganica Base Organica ] 1e cimento) (resinas e polimeros) Argamassase | [Termoplastcos Termarigiso concretos coneretos ni tradicionaie tradicionaie, Mito (cimento , polimeros esinas) Figura 2.3 - Classificagao dos materiais para reparo segundo a familia quimica (7Andrade (1992); e Selinger (1992)) 24 CAPITULO 3 REVISAO DE PESQUISAS COM LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE CAUSAS DE DEFEITOS EM ESTRUTURAS 3 - REVISAO DE PESQUISAS COM LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE CAUSAS DE DEFEITOS EM ESTRUTURAS, 3.1 - INTRODUCAO A importincia social da construgdo civil, o volume de recursos que sua industria manipula e a grande quantidade de empregos que gera justificam o interesse de qualquer pais por conhecer a qualidade de suas edificagdes bem como a evolugdo de seu desempenho com o tempo. Uma maneira de compreender a qualidade das edificagdes é através da realizagdo de estudos quantitativos sobre 0 conjunto de obras danificadas. Estudos sobre defeitos em edificagdes tém sido desenvolvidos em diversos paises, através de entidades piiblicas e privadas, dentre estas destacando-se as companhias de seguro de construgio, conhecimento sobre a evolugao de defeitos em construgdes, ¢ a posterior analise dos problemas patolégicos, determinando a causa e/ou causas coadjuvantes dos mesmos, so fontes de ensinamento que podem possibilitar a corregdo de comportamentos futuros, e, em conseqiiéncia, evitar a reprodugio desses mesmos defeitos, Cabe, portanto, chamar a atengdo para a necessidade de se estimular o estudo quantitative de obras com problemas patologicos, principalmente com estruturas de concreto, pois no Brasil, 19 em cada 20 edificagdes so construidas com este material (Super interessante, 1995). Os problemas de estruturas de concreto tornaram-se tao fireqdentes que ja chamam a ateng&o da imprensa ndo especializada, como a matéria publicada nesta revista mostrando que nos Estados Unidos, estudos recentes indicam que cerca de 10% das estradas com pavimento de conereto estejam com problemas e, 230.000 das 575.000 pontes necessitam de tratamento, sendo que aproximadamente, 15.000 encontram-se em estado eritico, 27 CAPITULO 3 REVISAO DE PESQUISAS COM LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE CAUSAS DE DEFEITOS EM ESTRUTURAS 3.1 - INTRODUCAO A importancia social da construgao civil, o volume de recursos que sua industria manipula e a grande quantidade de empregos que gera justificam o interesse de qualquer pais por conhecer a qualidade de suas edificages bem como a evolugio de seu desempenho com o tempo. Uma maneira de compreender a qualidade das edificagdes ¢ através da realizagao de estudos quantitativos sobre 0 conjunto de obras danificadas. Estudos sobre defeitos em edificagdes tém sido desenvolvidos em diversos paises, através de entidades publicas e privadas, dentre estas destacando-se as companhias de seguro de construgao. conhecimento sobre a evolugdo de defeitos em construgdes, ¢ a posterior anilise dos problemas patologicos, determinando a causa e/ou causas coadjuvantes dos mesmos, sio fontes de ensinamento que podem possibilitar a corrego de comportamentos futuros, e, em conseqiéncia, evitar a reprodugio desses mesmos defeitos. Cabe, portanto, chamar a atengao para a necessidade de se estimular o estudo quantitative de obras com problemas patologicos, principalmente com estruturas de conereto, pois no Brasil, 19 em cada 20 edificagdes sao construidas com este material (Super interessante, 1995). Os problemas de estruturas de concreto tornaram-se tdo freqiientes que ja chamam a atencao da imprensa nao especializada, como a matéria publicada nesta revista mostrando que nos Estados Unidos, estudos recentes indicam que cerca de 10% das estradas com pavimento de concreto estejam com problemas e, 230.000 das 575.000 pontes necessitam de tratamento, sendo que aproximadamente, 15.000 encontram-se em estado critico, 27 3.2 - ANALISES QUANTITATIVAS DE DEFEITOS NAS ESTRUTURAS Serdo apresentados a seguir alguns estudos realizados em diferentes paises e épocas por diferentes pesquisadores. Cabe chamar a atengo para os resultados apresentados, pois, certamente, na coleta de dados nao houve padronizagdo dos questionarios aplicados e as interpretagdes dos dados podem também ter sido diferentes. Por isto, estas informagées devem ser analisadas com cuidado e nao entendidas como absolutas. A Tabela 3.1 apresenta, em termos percentuais, as principais causas das manifestagdes patologicas em estruturas, compiladas por Chamosa & Ortiz (1985), para a Europa, e incluindo o levantamento de Carmona & Marega (1988), para o estado de Sao Paulo - Brasil. ‘Tabela 3.1 - Estatisticas relativas a causas de defeitos em edificagdes (Chamosa & Ortiz, 1985; Carmona & Marega, 1988) wa |_compcpataspmangncn [vimana paamas on £2 | projet fexccusto|maternispso/nazfastrasfisuragdo] umidad] corrosto |eslocam | outras ma = > fol] = > Bélgica 3.000 12 8 7 13 - ceca fn alolsfe : Europa (média) = 14 10 6 - = Na Europa, os resultados indicam que, em média, 42% das causas de manifestagoes Patologicas so provenientes de erros de projeto chegando, em alguns casos, como a Inglaterra € a Bélgica, proximos & 50%. O projeto estrutural, compreendendo as fases de concepso, detalhamento ¢ célculos, segundo os dados, seria portanto, 0 maior causador de defeitos nas estruturas, Os problemas decorrentes da execucdo, seriam responsaveis, em média, por 28% 28 das_manifestagdes _patologicas. Apenas dois itens da Tabela 3.1, projeto e execucdo, ocasionaram 70% dos problemas patologicos das estruturas, Os problemas patolégicos relacionados aos demais aspectos envolvidos (materiais, uso/manuteng&o e naturais) correspondem apenas a 30% do total das causas. Os defeitos oriundos da qualidade dos -materiais wtilizados representam, em média, 14%, chegando, como no caso da Dinamarca e da Roménia, acima mesmo dos problemas de execugdio. Os problemas decorrentes de uso inadequado das edificagdes e falta de mamutencdo, representam 10% do total, e os problemas advindos de causas nafurais representam, em média, apenas 6%. Cabe ressaltar que 05 dados apresentam diferengas interessantes, possivelmente explicéveis pelas divergéncias quanto a classificagdo das causas, segundo a concepgao da pesquisa em cada pais. Para Inglaterra e Bélgica, por exemplo, a principal origem dos problemas sAo os projetos (49%) e, em seguida, a execugdo (29% e 24%). Jé na Franga e em Sao Paulo/Brasil, ocorre 0 contriio, ou seja, a execugdio € a causa predominante dos problemas patolégicos nas edificagdes, com 51% e 52%, respectivamente. ‘Tabela 3.2 - Diferengas de percentagem existente entre projeto ¢ execugdo Pais Projeto %) | Fxecugto (%) | ExecugtoProjeto S.PauloBrasil 18 32 289 REF. Alemanha 40 2 073 Baélgica 49 4 049 Dinamnarea 7 2 039 Franca ” 31 1 Inglaterra 0 2» 059 Roménia 8 2» 052 Tugostiv H 24 070 Espaha a 31 076 Europa (media) 2 28 067 Pela Tabela 3.2 percebe-se que os erros de projeto sobressaem as falhas de execucdo, 0 que chama a atengao, pois mesmo sabendo que na europa a fase de execucdio possuii equipamentos sofisticados e mao-de-obra qualificada, este fato desperta a curiosidade, pois com toda a 29 sofisticagao existente hoje, nos métodos de célculo, em se falando de avango na informatica € no aprimoramento das técnicas de célculo, € inacreditavel que existam mais erros durante a utilizagao de softwares especificos para céleulo do que de erros de execugao. Estes dados salientam © interesse para se saber quais foram as consideragdes feitas durante a coleta de dados e quais foram as interpretagdes, pois assim ter-se-ia condigdes de avaliar melhor os dados apresentados na Tabela 3.1 Quanto as manifestagdes predominantes dos danos, nao ha possibilidade de realizar uma média da Europa, tendo em vista que sto poucos os paises que possuem tais dados. Dessa forma, observa-se que, dos quatro paises cujos dados estdo disponiveis, pode-se formar dois grupos: Franga e Espanha onde as manisfestagdes predominantes sto fissuras, com 59%; e Inglaterra Bélgica, onde a wmidade é a manifestago de destaque. Os problemas de fissuras neste dois paises chegam a cerca de 1/3 do que representam para Franga e Espanha. A corrosiio, no caso da Bélgica, chega a ser até mais importante que as fissuras, perdendo porém na Franga, para a umidade. E oportuno lembrar, novamente, que essas divergéncias podem estar relacionadas com as diferengas na natureza e interpretag3o das perguntas realizadas durante os levantamentos. A Figura 3.1 apresenta um estudo sobre os danos nas edificagdes na Europa, realizado por Matousek em 1977, referenciado por Jorabi (1986), onde os erros de projeto e execucéio esto bem proximos, em torno de 55% © 53%, respectivamente, Os dados apontam 37% e 35% como sendo responsabilidade exclusivamente de projeto ¢ execugdo, e 18% de projeto associado com execuedo. Estes dados diferem dos da Tabela 3.1, principalmente com relagio a execucéio, cuja diferenga de 25% é proxima do valor apresentado pela Tabela 3.1 A Figura 3.1(b) apresenta percentuais de erros devidos aos itens da fase de projeto. Observa-se que concepgdo ¢ andlise estrutural so os itens que propiciam a maior frequéncia de erros, com 34% cada. Em seguida, o item derathamento/ especificacdes, com o percentual de 28%. A Figura 3.1(c) apresenta percentuais dos tipos de ruptura nas estruturas, Observa-se que em 63% dos casos ocorreu ruptura brusca e 37% das vezes as estruturas apresentam condigdes insatisfatrias de seguranga sem configurar ruptura brusca. 30 it (LL61 “Yosnoswpy) wdouny DU sosnsnaysa ap svamdns ap Sadr] : ['¢ S14 seatesaoxa sparssaox9 osdejos s. 98dvj00/9 ouguinbat sano “ees” ENE? cenno "eiday eine “sped | y s BF ENN VN ort : 2 ¥ a tl x a 62 & sy 2 PU) eRe — MEO vosMQvImdnyS | os & (soswo pee) g spaninaisa wa vansdna 2p sodiy (2 oo saSeaisaadss— yermynnso i jomusueyeog) —— ostiyuy oysdoau03 sonng —ogdednog ed s $ ¥ 5 os B € (ost 269) z (sose> £64) Out sonefap sop ovsuposut ap asv. (0 oyatoid ap asvf vu soury (q orsforg os oot opesisi Sox [e101 op % Com o objetivo de aprofundar e detalhar os dados acima, serao discutidas, a seguir, algumas esquisas especificas, que analisam os seguintes paises ou regides: Franga (Albige,1978), Espanha (Chamosa & Ortiz, 1985), América do Norte (ACI, 1979) e Brasil (Carmona & Marega, 1988; Aranha, 1994; Campos & Valerio, 1994 e Oliveira & Faustino ,1995). 3.3. - ANALISE DE DADOS DA ESPANHA trabalho de Chamosa & Ortiz. (1985), apresenta resultados de uma tese de doutorado que analisa: as principais causas, manifestagdes patoldgicas, localizagdo do dano segundo 0 elemento estrutural, tipo de edificagdo, tipo predominante da estrutura, origem das ‘manifestacoes, e ambiente das obras danificadas de 586 e 116 casos, na Espanha e no Pais Basco respectivamente. Estas informagdes foram obtidas através de algumas entidades e laboratérios de ensaios ¢ controle de obras do pais que possuiam arquivos dos casos de patologias ocorridos em sua obras. A primeira constatagdio da pesquisa segundo a Tabela 3.3, com relagao a Espanha e seus valores médios, ¢ que o projeto tem responsabilidade por 51,5% dos casos de lesdes, sendo isoladamente responsével por 31,0% com os 20,5% restantes associados a outras causas. Os defeitos de execugdo so responsaveis por 38,5% dos casos, sendo causa tinica em 18,7% e 19,8% com superposigao. Os defeitos proprios de qualidade dos materiais aparecem com 16,2% dos casos. Erros devido ao mau uso e/ou provenientes da falta de manutengio, ou manutengdes inadequadas, representam 13,4% do total. As causas naturais excepcionais representam 4,0%. Estes resultados so semelhantes aos encontrados na média européia da Tabela 3.1. Os autores ressaltam também que as divergéncias existentes entre os varios estudos podem ser devidas a diferentes critérios de classificagao. De acordo com o item “A”da Tabela 3.4, a manifestagao patologica cuja ocorréncia chama a atengdo so as fissuras, com 59,2% dos casos. Os problemas de falta de estanqueidade e corrosio de armaduras tém também uma incidéncia alta, apresentando valores acima da média. As flechas excessivas esto principalmente relacionadas com lajes e 0 maior responsavel pelos danos é 0 projeto, com incidéncia também muito acima da média. a) ‘Tabela 3.3 - Estatisticas parciais das causas de danos nas edificagdes (Chamosa & Ortiz, 1985) Médias Tipos de Obra Bees Residéucias | Eolas | Indistria | Outros ‘A0%) 40.1 72 | 7 195 1969-73 460 136 165 Bee) 1974-78, 385 io | 212 1979-83 385 us 125 Projeto% sis 476 soa | sar | 492 Execugtors 385 330 6 | 393 | 40 Materias% 162 240 wos | 102 123 Uiilizagto Manutengto% Bs = ‘AgGes naturais imprevisiveist 40. 290 18g. ‘A - forncve a dstibuigto percentual dos casos de patologa entre populago dos distntos ‘campos B - fom informagdes sobre as tendéncins da evolu das putologias. C-- formece as porcontagens do “Causas das manif D - fornece dados da exiensto dos danos estraticas Em face ao alcance dos danos, a pesquisa mostra, segundo os valores médios do item “D” da Tabela 3.3, que em 25,2% dos casos houve a necessidade de se efetuar um reforgo estrutural, e em 8,3% das situagdes ocorreu ruina da estrutura, Segundo Chamosa & Ortiz, em dados nao apresentados nas Tabelas 3.3 ¢ 3.4, é importante destacar que 51% das ruinas ¢ 56,7% dos reforgos ocorreram nos 2 primeiros anos de vida da edificagdo, Revelam ainda que 20,4% dos casos de lesdes ocorrem durante e/ou logo apés & finalizagdo da construgo e que 72,2% dos trabalhos de reforgo ocorreram nos 10 primeiros anos da edificagéo A pesquisa de Chamosa & Ortiz registra uma tendéncia crescente para a ocorréncia de falhas de projeto, deficiéncias no controle da qualidade dos materiais e na forma de utilizacdo das 33 edificagdes, e uma tendéncia nitidamente decrescente para os defeitos provenientes de falhas na execugiio. Esta observagio chama a atengao para a necessidade de investigar responsaveis pelo aumento nas falhas de projeto e deficiéncia no controle de qualidade dos materiais, diante do aumento de eficiéncia ¢ qualidade na execugao. Tabela 3.4 - Manifestagdes de danos (Chamosa & Ortiz, 1985) Maia Maes panos Estati Deformagdes | Fissuras | Corrosio | Faltade | Umidade | Esfoliagto | Baixa ais weit —- Ace ne | 2 | a0 | 73 | 07 | 1s | 50 neo [imo] 6 | wo | r | as | wr | 79 | 22 wane} ous | ss | ora | oar | oor | oe | os was | 6s | 2s | 90 | os | ns | as | as m[ ss | a | 7 | me | so | sis | soo | woo we | ses | ara | aso | aos | sos | oar | sos | 262 c}ue] 2 | 2s fa | we | aso} ss | woe | on vw}ooe fos fons | a2 foo | ao |e | ase ww] so | 39 | ss | os | — |oss | as 34 - ANALISE DE DADOS DA FRANCA M. Albige realizou uma pesquisa para companhias de seguro na Franga, relatada por Paterson (1984), que levantou 10.000 casos de edificagdes com defeitos, no periodo de 1968 a 1978 Apesar de nio ser muito recente, este trabalho é a compilagéo mais extensa encontrada na literatura e fornece valiosas informagdes sobre as causas mais freqientes da deterioragaio em edificagdes. A Figura 3.2 expde de forma resumida os resultados mais importantes desta pesquisa A Figura 3.2(a) apresenta a distribuigdo das causas dos defeitos em termos de frequiéncia de ocorréncia € 0 custo financeiro para o reparo destes defeitos. A frequiéncia de ocorréncias de causas de defeitos relativas ao projeto ¢ da ordem de 43% e relativa a execugao é de 51%, sendo, portanto, a ocorréncia de defeitos causados por projetos 14% menor que o de 34 execugio. Os respectivos custos de reparos so, porém, equivalentes, A ocorréncia de defeitos por qualidade dos materiais é relativamente pequena se comparada com os defeitos de projeto e execugdo, O mesmo pode ser dito a respeito da manutencéo. (a) Causas de Defeitos S1% B% ‘eos (Casto de repare 31% 1 Freqaéncia de ocorréncia \ \ WSS Projeto Construgio (b) Erros de Projeto 7% SS Casto de reparo, 1 Freaincia de ocorréncia Concepeio Detalhamento Materiis Caleulo (©) Defeitos nos primeiros 10 anos = 5 Custos de reparo 16% 149% NNSA AS _ 2 3 4 8 6 7 8 9 wD Anos (0 = durante construcao) Figura 3.2 - Causas ¢ defeitos em edificagdes (Paterson, 1984) A Figura 3.2(b) apresenta as causas dos defeitos provenientes de erros de projeto, com os custos © a fregiéncia de ocorréncia. A frequéncia de ocorréncia devido a falhas de detalhamento € bem elevada, chegando a representar 78% dos erros de projetos, enquanto os 35 erros de calculo sdo menos frequentes. Isto significa que os sofisticados métodos utilizados na fase de calculo nao tém sido devidamente acompanhados pelo detalhamento adequado. Quanto aos custos de reparo, observa-se que, em termos relativos, os erros de célculo tém grande Tepercusso nos custos de reparo. Erros de calculo da ordem de 3% correspondem a 13% do custos de reparo. No total, 59% dos custos de reparo s4o devidos a erros de detalhamento durante a elaborago do projeto. A Figura 3.2(c) apresenta a evolugio dos defeitos nos 10 primeiros anos. De acordo com a figura, 11% de defeitos em edificagdes surgem durante a construgdo, antes mesmo da edificagao ter entrado em utilizagdo. Observa-se que a frequéncia de ocorréncias de defeitos decrescente a partir do primeiro ano (24%) € que 65% dos defeitos tornam-se aparentes dentro de até 3 anos apos a conclusdo da construgdo e 82% até 5 anos. Tal fato reforga 0 papel fundamental da manutengdo preventiva, principalmente nas primeiras idades, como parametro de garantia da vida util © durabilidade das edificagdes, no esperando 0 agravamento do problema e aumento de custos de reparo com a idade 3.8. - ANALISE DE DADOS DA AMERICA DO NORTE A pesquisa patrocinada pelo ACI (1979), reportada por Jorabi (1986), contém dados interessantes sobre a realidade da América do Norte e permite uma andlise mais detalhada dos dados relativos a crros de projeto © execug’io, comparando estruturas de concreto armado e protendido. Cabe ressaltar que este trabalho foi a tinica bibliografia encontrada que faz esta divisdo entre concreto armado e protendido, e ela nfo fornece os detalhes de como foram obtidas tais informagdes. As Figuras 3.3(a) e (b) apresentam os resultados da pesquisa com relagdo aos tipos de erros na fase de projeto e na fase de execucdo A Figura 3.3(a) apresenta percentuais de erros devidos aos itens da fase de projeto, diferenciando dois tipos de estrutura: conereto armado (com 47 casos) ¢ concreto protendido (com 109 casos). Observa-se que, para o concreto armado, 0 tipo de erro mais frequente € 0 de concepeao, com 55% dos casos. Em seguida, aparecem os erros devidos as cargas (21%), ao detathamento (18%) e aos ciilculos (10%). No caso do concreto protendido, 0 tipo de erro 36 ‘% do total registrado % do total registrado (a) ERROS NA FASE DE PROJETO Concreto Protendido: 109 casos; Concreto Armado: 47 casos 100 = Conereto Protendido al 55) Concreto Armado n+ {b) ERROS NA FASE DE CONSTRUCAO 105 Casos 100 a7 = Conereto Protendido » 4 [EQ Concreto Armado 20 " “on Cura interpretso—Formss Formas Dosage dedetaines Instalagdo——Retirada_—_conecrato Figura 3.3 - Avaliacao dos erros em estruturas de conereto (ACI, 1979) 37 mais freqiiente ¢ 0 de detalhamento, com 39% de casos. Erros de concep¢ao representam 35% das ocorréncias, Finalmente, cargas e detalhamento de fabricagdo representam 13% cada. Estes resultados indicam que na média dos dois tipos de estruturas de concreto, os erros devido ao projeto mais frequentes dio-se na fase da concepgiio, com 45% de ocorréncia. Em seguida, vem 0 detalhamento, com 29%, ¢ a avaliagdo das cargas, com 17% dos casos. Outro detalhe interessante, é 0 fato de que a diferenga entre os erros mais freqiientes no concreto armado e protendido ¢ praticamente a mesma, ou seja, sendo para 0 concreto armado mais grave 0 problema concepedo (difere de 20%) e no concreto protendido na fase de detalhamemto (difere de 21%) A Figura 3.3 (b) apresenta percentuais de ocorréncia devidos aos itens correspondentes a fase de execugao, diferenciando estrutura de concreto protendido e concreto armado, Observa-se que, neste caso, os dois tipos de estrutura tem comportamento semelhante. A armagdo & 0 item que registra a maior freqiiéncia de erros, 50% para o concreto protendido ¢ 34% para o conereto armado. Em seguida, para 0 conereto armado, pode-se dizer que a concretagem, cura € interpretagdo de detalhes tem percentuais de erros proximos, na média de 19%. O mesmo nio ocorre para o concreto protendido, onde a concretagem representa quase o triplo dos itens interpretagao de detalhes ¢ dosagem concreto, nao se registrando erros quanto a cura Comparando os resultados acima com os das pesquisas francesa e espanhola, verifica-se que, enquanto nos EUA 08 erros de projeto ¢ execugdo tém semelhantes responsabilidades pelos erros, na Franga os erros de execugdo sio bem superiores aos de projetos, enquanto na Espanha ocorre 0 contritrio, ou seja, os erros de projeto sio bem superiores aos de execucdo. Observa-se também que a Franga apresenta um niimero elevado de erros de projeto devido ao detathamento, chegando a 78% dos casos. Nos EUA, problemas rela nados ao item detalhamento representam menos da metade do niimero francés, No que diz respeito ao item concepgdo estes resultados se invertem, com a Franca apresentando nimeros em torno de 1/3 do que foi observado no estudo americano. Vale lembrar que esta grande diferenga pode residir na natureza do sistema de coleta de dados. Observe que os dados apresentados pelos USA com relagdo aos outros paises analisados, 38 mostram dados mais coerentes no que se diz respeito as causas das manifestagdes patol6gicas, pois projeto e execucdo apresentam semethantes responsabilidades pelos erros. 3.6 - ANALISE DE DADOS DO BRASIL. 3.6.1. - Estudos sobre Sao Paulo e regio Amazénica No Brasil, no existe ainda pesquisa sistematizada objetivando o levantamento de dados sobre os defeitos nas edificagdes, que possa fornecer dados confiaveis de Ambito nacional. O primeiro levantamento de maior divulgacao € o de Carmona & Marega (1988), coletado no Estado de Sao Paulo, cujos resultados foram agregados a Tabela 3.1. Os dados mostram que 52% dos defeitos nas construgdes so devidos 4 execugdo, 18% relativos a projetos e 13% devidos ao uso/manutengao. A manifestagao de dano predominante é a fissurag#o com 52% de casos. Os principais tipos de defeitos relatados referentes a execugao foram: erro de alinhamento das formas, desaprumo de pilares, falhas de concretagem ¢ uso inadequado de aditivos ‘Comparando-se com os resultados da Europa, observa-se que, no caso do Brasil (S.P), a causa principal dos problemas patologicos estaria nos defeitos provenientes da execugdo, onde o percentual atinge 52% das ocorréncias (quase o dobro da média européia). A anélise poderia nos levar a constatagao de que existem alguns fatores que esto na raiz dos nossos problemas, tais como baixa especializago da mio de obra, deficiéncia de gerenciamento, falta de equipamentos adequados e utilizagdo de tecnologias ultrapassadas, se comparadas a existentes na Europa. Entretanto, sobre as deficiéncias apontadas, parece muito elevado 0 percentual relativo execugio pois pesquisas posteriores apontam maior equilibrio nos niimeros relativos a projeto e execugio (Aranha, 1994; Campos & Valério, 1994). A pesquisa realizada por Aranha (1994) apresenta um levantamento estatistico de defeitos em estruturas de concreto armado na Regiio Amaz6nica, onde foram coletadas as seguintes informagses: tipo de obra, tipos de manifestagdes patolégicas predominantes, origem das ‘manifestacdes, elementos estruturais afetados, sistemas de reparo e reforco wilizados ¢ custo 39 de recuperacdo. Estas informagdes foram obtidas através da andlise de laudos técnicos de vistorias, projetos de recuperagdo estrutural, didrios de obras, pastas de entrega de obra emtrevistas junto ao corpo técnico da empresa com maior atuagdo no mercado regional neste setor da indistria da Construgao Civil, A Tabela 3.5 apresenta os percentuais das origens das manifestagdes patologicas, por estado, As maiores incidéncias de danos 68,75%, tiveram origem nas etapas de planejamento projeto ¢ execugdo, sendo 29,96% devido a projeto 38,79% a execugdo, O autor, observou também uma baixa concentragao de falhas com origem relacionada aos materiais, 5,39%, indice reduzido se comparado aos valores correspondentes da Tabela 3.1, talvez, pela dificuldade de identificagdo ou por terem sido relacionados nos defeitos oriundos da etapa de execucdo. Destaca-se ainda que 0 percentual de danos registrados na etapa de utilizagio, 25,86%, apresentou-se muito elevado. Este dado ¢ importante pois permite concluir que € deficiente a atengdo & mamutengdio preventiva nas obras pesquisadas, no que se refere ao “uso previsivel”, com 18,3%. Tabela 3.5 - Distribuigdo das origens das manifestagdes patolégicas, por estado, na regio Amazonica (Aranha, 1994) eg a BO v[~ [el }e[~[e[~[e] = eso ve fooar [ue foam | 1 |» | 2 | om [aw | m0 17 | s656 | a | suse Pa | so | — | — | amo | sem — |r fas] —|—-|-]— || so ou vw fair | a [20m | —|—]—] — | es | ane ——s s | 1087 | 2 | 606 | —~ | —| — | — | 35 734 as 2 few [o [use f« om [oo fun [s [oe] 2 [ow [me | 1m 3.6.2. - Estudos sobre o Distrito Federal 0 inicio da construcdo de Brasilia ocorreu por volta de 1958. O objetivo desta construgao era a transferéncia da capital do pais do Rio de Janeiro para a regitio Centro-Oeste. Brasilia fazia parte do plano de metas de Juscelino Kubistschek, entdo presidente do Brasil, que prometia fazer no Brasil 50 anos em 5. Com isto, Brasilia foi planejada, projetada e sua parte inicial 40 construida em 3 anos, tendo sido inaugurada em 21 de abril de 1960. A maior parte de suas edificagdes, ¢ composta de prédios destinados a orgdos publicos, residenciais ¢ monumentos, executadas basicamente em concreto armado, com reduzido nimero de edificagdes em estrutura metélica e conereto protendido. Brasilia continua sendo uma cidade em construgao, principalmente na parte residencial. Entretanto, mesmo sendo uma cidade relativamente nova, constatam-se intimeros casos de problemas patologicos nas obras existentes. © grupo de pesquisadores em Patologia, Recuperago e Manutengio de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da UnB vem desenvolvendo, desde 1994, um levantamento visando quantificar os principais problemas patologicos encontrados nas edificagdes do Distrito Federal bem como suas causas, cujos resultados preliminares séo descritos a seguir. A pesquisa inicial realizada por Campos & Valério (1994) apresenta levantamentos efetuados junto a firmas especializadas e profissionais envolvidos em recuperagao de estruturas, através de questionario, entrevistas e consulta de arquivos. Este questionario foi elaborado a partir de um modelo desenvolvido na Polytechnic of Central London, dirigido principalmente para instalagdes industriais. Verificou-se na pesquisa que a maioria das firmas do DF. que executaram trabalhos de recuperagao estrutural no mantém arquivos sistematizados com causas ¢ tipos de intervengio executados, ocorrendo com isso jificuldades no levantamento dos problemas patolégicos mais frequentes. A Tabela 3.6 apresenta as principais causas de patologias das 309 edificagdes coletadas, Tabela 3.6 - Estatisticas relativas a causas patolégicas em edificagdes no DF. (Campos & Valério, 1994), Local Newnere de sa principal de patologia (%) ious [pede | emmngse, | snmerst | savas. | smn Brasilia - DF. 309 u [oss [4 7 = Os resultados indicam os problemas de execugio como a principal causa de defeito nas 41 estruturas, com 35% dos casos, que nao difere muito dos resultados obtidos na regio Amazénica, O item uso/manutengao corresponde a 47% dos dados, sendo que 24% se devem a falta de manutengio ¢ utilizagao inadequada, um indice elevado, enquanto 23% referem-se a mudangas de uso das edificagdes, fato corriqueiro, principalmente para orgios piblicos, predominantes na cidade, constatando-se a cada mudanga de governo alteragGes significativas na utilizaglo das edificagdes. Os erros de projeto participam com 21% dos 309 casos analisados, valor que também nao difere muito dos dados encontrados por Aranha (1994) Juntos, os problemas relacionados com projeto e execugio, sio responsaveis por 56% das patologias, percentual ligeiramente inferior aos 69% constatado na regido Amazénica, apresentado no item 3.6.1 E importante observar que, no levantamento dos dados, ocorreu uma superposigao de causas de problemas patologicos, acarretando com isso, um percentual total maior que 100% A execugo, apontada como maior responsavel pelos defeitos nas edificagSes, aparece algumas vezes associada a deficiéncias no nivel de detalhamento dos projetos. No entanto, sto a falta de controle de qualidade de materiais e execugdo, as deficiéncias de mao de obra, a ma administragio e a auséncia de manutengdo das estruturas os itens preponderantes no aparecimento das principais patologias No que se refere ao controle de qualidade dos materiais utilizados nas edificagdes, outra pesquisa do Departamento de Engenharia Civil da UnB (Climaco, 1994) mostra que em 1992 apenas 10% do concreto estrutural utilizado na regio do DF. passou por controle tecnolégico de recepgdo. Isto indica, adicionalmente, falta de fiscalizagao da execugdo das obras pelos 6rgios competentes, reforgando ainda a necessidade de se introduzir agentes independentes no processo de controle de qualidade, como por exemplo, as empresas seguradoras. Outro aspecto peculiar a Brasilia, além da arquitetura arrojada, prende-se ao fato que na maioria das construgdes com mais de 20 anos o célculo estrutural foi feito com base na norma NB1/60, Esta norma generalizou 0 céleulo das segdes a ruptura, originando pegas fletidas mais esbeltas, sem, entretanto, exigir uma correspondente verificagao mais rigorosa de flechas € fissuragio em servigo. 42 Outro fato que deve ser observado € que os drgios piblicos, via de regra, nao realizam atividades de manutengao preventiva. Sdo conhecidos os problemas com a falta de manutengo em escolas € os graves problemas das obras rodoviarias. O patriménio publico vem se deteriorando precocemente, com grande desperdicio de recursos, ¢ os usuarios so submetidos a desconfortos, quando nao, a riscos de vida. trabalho realizado por Oliveira & Faustino (1995) usou os mesmos procedimentos e fontes de consulta de Campos & Valério (1994). A diferenga dos trabalhos est na anlise mais detalhada que originou um questionario com maior refinamento, com base, principalmente nos trabalhos de Chamosa & Ortiz (1985) e Aranha (1994). Foi desenvolvido também um programa computacional, na linguagem Clipper, exclusivamente, para constituir um banco de dados que permitisse uma analise estatistica das informagdes coletadas. Esse programa permite © cruzamento dos dados entre os diversos itens do questionatio, informando os quantitativos e © percentual em relagdo ao total de casos catalogados. A Tabela 3.8 apresenta um resumo dos novos dados sobre o Distrito Federal ‘Tabela 3.8 - Estatisticas relativas a causas patologicas em edificagdes no DF. (Oliveira & Faustino, 1995). Local J Causa principal de patologia (96) pe i feng ete emer Beaiia-DF [260] 253 | soa [26 [61 [ a16 Su Os resultados confirmam, com pequenas alteragdes, as conclusdes obtidas na pesquisa anterior. © numero total de casos relatados na tabela acima néo confere com o total de 312 casos coletados na pesquisa, pelo fato de que 52 edificagdes sofreram reparo/reforgo por causa de mudanga de utilizagdo ou acréscimo de pavimento ou ampliagdo sem ter havido manifestagdes patologicas Destes 312 casos coletados por Oliveira & Faustino (1995), 299 foram aproveitados no presente trabalho sobre a regio Centro-Oeste. Os 13 casos restantes nao foram utilizados devido a insuficiéncia ou inconsisténcia de seus dados para uma andlise minuciosa. Vale 4B mencionar que desses 299 casos, 246 foram amplamente analisados, sendo que as 53 obras restantes correspondem a pontes inspecionadas pelo DER, em carter superficial, sem 0 objetivo de diagnosticar as causas das manifestagdes observadas. Por este motivo estas obras foram analisadas separadamente No presente trabalho, o questionario utilizado foi o mesmo empregado por Oliveira & Faustino (1995). Ao término do levantamento de dados na regiéo Centro-Oeste, constatou-se a necessidade de detalha-lo ainda mais. Cabe chamar atengdo para o fato de que 0 questionario foi elaborado para obter formagdes de obras de concreto armado, tornando-o assim, no muito eficaz na coleta de informagdes de outros tipos de estruturas. CAPITULO 4 METODOLOGIA APLICADA NA COLETA DE DADOS 4 - METODOLOGIA APLICADA NA COLETA DOS DADOS. 4. - ‘TRODUCAO. Os dados coletados nesta pesquisa so oriundos do Distrito Federal e dos estados de Goits, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que correspondem a regio Centro-Oeste, Apesar da referéncia geral, aos estados acima citados, cabe salientar que a grande maioria dos dados coletados sio das respectivas capitais, por este motivo, ao longo desta narrativa serao citados os nomes das capitais, ao invés dos nomes dos estados Os dados basearam-se em informagdes obtidas através de consultas aos arquivos de empresas € profissionais liberais da regio, com atuagdo na area de recuperagdo estrutural, e de entrevistas com os profissionais envolvidos. Cabe ressaltar a dificuldade encontrada durante a coleta de dados, devido a precariedade ou completa auséncia de arquivos com as respectivas informagies. Esta precariedade ou auséncia de arquivos ocorre em virtude de nao existir uma preocupacao e ‘mesmo uma metodologia padronizada, por parte dos érgdos relacionados com o setor € 0s profissionais da area, que permitam armazenar adequadamente as informagdes sobre os servigos executados A dificuldade citada pode ser verificada pelo fato de que todas as obras do estado de Goiis e Mato Grosso do Sul, e a maioria das obras do Dis Federal e do estado do Mato Grosso foram coletadas através de entrevistas, Sendo assim, cabe chamar a atengiio para a natureza dos dados obtidos e para a importancia de se registrar adequadamente estes dados, pois as informagdes, em grande parte, sfo fruto da meméria dos entrevistados, Durante a coleta de dados, observou-se a necessidade em no se fazer uma anilise unificada das informagdes obtidas na regido. Decidiu-se fazer uma andlise para cada cidade com a finalidade de nao descaracterizi-las, principalmente, porque a quantidade de informagies coletadas em cada 47 CAPITULO 4 METODOLOGIA APLICADA NA COLETA DOS DADOS 4.1 - INTRODUCAO Os dados coletados nesta pesquisa so oriundos do Distrito Federal e dos estados de Goias, Mato Grosso ¢ Mato Grosso do Sul que correspondem a regidio Centro-Oeste. Apesar da referéncia geral, aos estados acima citados, cabe salientar que a grande maioria dos dados coletados so das respectivas capitais; por este motivo, ao longo desta narrativa serao citados os nomes das capitais, ao invés dos nomes dos estados. Os dados basearam-se em informagoes obtidas através de consultas aos arquivos de empresas ¢ profissionais liberais da regitio, com atuagdo na rea de recuperagao estrutural, e de entrevistas com os profissionais envolvidos. Cabe ressaltar a dificuldade encontrada durante a coleta de dados, devido a precariedade ou completa auséncia de arquivos com as respectivas informagées. Esta precariedade ou auséncia de arquivos ocorre em virtude de nao existir uma preocupagao ¢ ‘mesmo uma metodologia padronizada, por parte dos érgios relacionados com o setor e os profissionais da érea, que permitam armazenar adequadamente as informagBes sobre os servigos executados. A dificuldade citada pode ser verificada pelo fato de que todas as obras do estado de Goids e Mato Grosso do Sul, ¢ a maioria das obras do Distrito Federal e do estado do Mato Grosso foram coletadas através de entrevistas. Sendo assim, cabe chamar a atengao para a natureza dos dados obtidos e para a importancia de se registrar adequadamente estes dados, pois as informagdes, em grande parte, sao fruto da memoria dos entrevistados Durante a coleta de dados, observou-se a necessidade em nao se fazer uma anilise unificada das informagdes obtidas na regidio. Decidiu-se fazer uma andlise para cada cidade com a finalidade de nio descaracterizé-las, principalmente, porque a quantidade de informagées coletadas em cada 47 uma difere muito, Neste capitulo, Brasilia foi separada das demais cidades que compoe a regito, pelas suas caracteristicas peculiares, que difere muito de todas as cidades do pais. O banco de dados compreende 454 edificagdes, onde 299 obras so de Brasilia e as demais 155 obras pertencem as outras cidade que compde a regio Centro-Oeste. As 155 obras se dividem em: 120 do estado de Goids, 22 do estado do Mato Grosso do Sul e 13 do estado do Mato Grosso, ¢ engloba varios tipos de edificagdes, que se dividem em obras convencionais e especiais, como mostram as Tabelas 4.1 ¢ 4.2. Cabe chamar a atengo paras as 299 obras de Brasilia, onde 53 obras foram analisadas separadamente, pois correspondem a pontes que foram inspecionadas pelo DER superfcialmente, sem a preocupagao de obter um diagnéstico. As tabelas apresentadas neste capitulo nao incluem estas 53 obras, Blas serdo devidamente analisadas no Capitulo 5. Além disso, a Defesa Civil forneceu alguns dados sobre os problemas mais freqiientes nas auto- construgdes, que foram apresentados na Tabela 5.5, no Capitulo 5, porém nao foram registradas nessas 299 obras, Foram cadastradas obras de 1972 a 1995, referindo-se ao ano € nao ao inicio da construgéo, mas quele da inspegdo e/ou intervengdo, As Tabelas 4.4 ¢ 4.5 mostram os percentuais obtidos das inspegdes e/ou intervengdes ao longo dos anos. Através das mesmas, observa-se que nos tltimos dez anos se intensificaram os trabalhos realizados no setor de reparo estrutural. Apesar de ser esta uma constatago preocupante, pode-se apresentar duas justificativas atenuantes: o primeiro, por ser um periodo mais recente em que os profissionais envolvidos com a area conseguem mais facilmente se lembrar de muitas obras por eles executadas, e 0 segundo, talvez, por ser recente uma maior preocupagao por parte dos profissionais e usuarios com a questo da qualidade, durabilidade e defesa do consumidor. cadastramento das obras foi realizado através de um questionario - Anexo A- , elaborado para sintetizar as informagdes desejadas. Inicialmente, o questionario foi elaborado utilizando como base um modelo desenvolvido na Polytechnic Central of London (Jorabi, 1986), sendo aplicado por Campos & Valério (1994). Em seguida, valendo-se dos trabalhos de Chamosa & Ortiz (1985) «¢ Aranha (1994), passou por algumas melhorias desenvolvidas no trabalho de Oliveira & Faustino (1995). Por fim, foi mais uma vez alterado no decorrer do levantamento realizado neste trabalho. A elaboragio deste questionario foi melhor explicada no Capitulo 3, item 3.6.2 48 E importante observar que no levantamento de dados, ocorreram superposigles nos segui ies itens; elementos estruturais afetados, razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao, manifestagdes patolégicas, causas das manifestagdes, problemas relacionados com projeto ¢ execugdo, materiais de intervencdo, técnicas de intervengao, compatibilidade de servigos ¢ métodos de avaliagao estrutural, acarretando com isso, percentuais acima de 100%. Tabela 4.1 - Tipos de edificagdes versos pavimentos - Goinia, Cuiaba e Campo Grande Classificngo Tipo No pavimentos No umidades % Res. Unifamiliar | 1 pavimento 6 39 46 pavimentos 2 13 # Res Mult familiar yas de 6 pavimentos 58 sid 1 pavimento 5 32 ; 2.43 pavimentos un 71 ComérciotServigo | 342 Pavanenios ie c mais de 6 pavimentos ° N 1 1 pavimento 1 45 Vv Eee 2.03 pavimentos 1 06 E N 1 pavimento s 32 c ‘Adm. Publica | 2.3 pavimentos 4 26 I imais de 6 pavimentos 2 13 ° N 1 pavimento 1 06 rN — 2.83 pavimentos 1 06 L i 426 pavimentos 1 06 mais de 6 pavimentos 1 06 1 pavimento 1 06 Escola 2.83 pavimentos 4 26 4486 pavimentos 1 06 Onin 1 pavimento 2 13 bis 2.83 pavimentos 2 1B Esportiva 9 aE Pontes/Viadutos ° 58 Reservat6rio 3 19 * + Outras 8 32 TOTAL 154 994 Observagio: : Tereja, Creche ¢ Estaglo Rodoviria ” Ammazém, Bueito, Canal de égua, Silos, Tore e Elevatéria # Das 61 Residéncias Multi familiares 1 nfo foi respondida neste item 49 Tabela 4,2 - Tipos de edificagdes versos pavimentos - Brasilia Classificagto Tipo No pavimentos No unidades % tamil 1 pavimento 3 12 Res. Unifamiliar | 2 25 pavimentos 9 37 2.43 pavimentos 7 28 Res. Multifamiiar | 4 26 pavimentos 2 130 ais de 6 pavimentox a | ts 1 pavimento 20 somércio! 2.03 pavimentos 102 c ComerciolServigo | 4 4 6 pavimentos 20 ° mais de 6 pavimentos 57 N v 1 pavimento 2 08 E Toei 2.43 pavimentos 1 od N © 1 pavimento 8 33 I 2.83 pavimentos 8 33. ° ‘Adm. Pablica | 456 pavimentos 6 24 N mais de 6 pavimentos 18 73 rN 1 1 pavimento 8 33 Hospital 2.43 pavimentos 2 08 4.26 pavimentos 4 16 1 pavimento un 45 Escola 2.83 pavimentos 6 za 4.46 pavimentos 1 os Oi 1 pavimento 4 16 utes 2.83 pavimentos 4 16 Esportiva 1s 61 Pontes/Viadutos 19 1 ESPECIAL Reservatério 6 24 ** Hiro - Sanitarias 6 24 2** Ouvas 13 33 TOTAL 246 100 Observacio: * Igreja, Creche, Embaixada ¢ Militar. ” Estagto de tratamento de gua, Interceptor, Fstagdo de tratamento de exgoto, + Rampas, Fonte luminosa, Torre, Terminal de carga aérea, Barragem, Tiel, Hangar, Passarcla ¢ Cemitério 4.2 - DESCRICAO DO QUESTIONARIO questionario para coleta dos dados de cada edificagao, objeto de inspegao e/ou intervencdo, ¢ dividido em quatro partes principais: 50 a) Dados gerais da edificagao: - Nome; localizagao da edificagao; regiao administrativa, - Tipo de edificag4o; nimero de pavimentos; - Idade aproximada, ano da inspegdo, ano da intervengao; - Tipo estrutural predominante. ) Caracterizagao dos danos - Localizagao dos danos e/ou do reparo/reforgo segundo o elemento; - Raziio para a necessidade de vistoria e/ou intervengao; - Manifestagdes patolégicas, - Causas das manifestacdes ©) Caracterizagao da intervengéo ~ Materiais utilizados no reparo/reforgo; - Técnicas de reparo/reforgo empregadas; - Custo aproximado do reparo/reforgo em relagao ao valor da edificacao; - Compativilizagao de servigos. 4) Métodos de avaliagio A seguir sio apresentados alguns dos dados obtidos, que permitem uma visto global do levantamento, objeto de anilise detalhada no Capitulo 5. 4.3 - CLASSIFICACAO DA EDIFICACAO QUANTO A LOCALIZACAO. As edificagdes foram classificadas de acordo com as caracteristicas de sua localizagao, que se divide em zona urbana, zona da periferia urbana, zona rural e zona industrial. ‘A maioria das obras cadastradas encontra-se na zona urbana, devido a maior densidade populacional dessa area e por ser a regido pesquisada pouco industrializada. A zona rural foi 51 considerada toda aquela fora do entorno das capitais. No Distrito Federal, as cidades satélites foram consideradas periferia urbana. A Tabela 4.3 mostra o resumo da classificagao, neste caso no houve separacao do Distrito Federal, pois as informagdes so bem homogéneas. Tabela 4.3 - Localizacao das obras catalogadas - Centro-Oeste Zona N° de casos % Urbana 302 783 Periferia urbana 6 160 Rural 31 7 Industrial 2 os Total 399 99.5 Observagio: 2 dos 401 casos nto foram respondidos neste item 4.4 - IDADE APROXIMADA DAS EDIFICACOES A EPOCA DA INSPECAO, As Tabelas 4.4 © 4.5 apresentam os anos onde foram realizadas as inspegdes/intervengdes, Tabela 4.4 - Anos de inspegdes e/ou intervengdes - Goiania, Cuiaba e Campo Grande Ano | Nrdecasos |__% Ano | Nrdecawos | 9% 1972 1 06 1987 2 13 1974 1 06 198s » ns 1976 1 06 1989 6 39 lore 2 1990 2 148. 1980 3 1991 8 52 1982 1 192 16 103 1983, 2 13 1993 16 0, 1984 7 45 1994 9.0 98s, 2 13 1995 4 9.0 1986 2 Total 34 ug Observagio: * 2 dos 155 casos no foram respondidos neste item, 52 Tabela 4.5 - Anos de inspegdes e/ou intervengdes - Brasilia Ano _| nedecasos | 9 Ano __| Nrdecasos | _% 1974 2 os 1986 3 12 1975 1 oa 1987 1 od 1976 1 oa 1990 9 37 1977 5 20 1991 2 08 1978 7 28 1992 “ 37 1979 9 37 1993 n 89 1980 1 oa 194 a4 98 1981 3 12 199s 9 37 1982 2 os Total 31 126 84 34 Observagio: — * 136 dos 246 casos nfo foram respondidos neste item. ++ 5 dos casos sofreram inspegdo e intervengo em anos. diferentes, por este motivo para uma mesma obra foi ccomputada duas vezes; assim, 0 somatério acima & igual a 115 a0 invés de 110. E bom ressaltar o fato de que os dados coletados a este respeito devem ser vistos com alguma reserva, pois esta informagao gerou muitas incertezas durante as entrevistas, em virtude da auséncia de registros anteriormente mencionada. 4.5 - TIPO ESTRUTURAL PREDOMINANTE ‘Tabela 4.6 - Tipo de estrutura predominante - Goiania, Cuiabé e Campo Grande de estrutura predominante decasos Concretoarmado 126 Concreto armado cfaje pré-moldada u a Concreto protendide 1 06 Alvenaria estrutural 1 06 16 103 155 100 53 Como era de se esperar, a maioria das obras catalogadas so de conereto armado, material predominante nas construgdes brasileiras. Evidentemente, sendo o tipo de estrutura mais usado, maior a concentragao do nimero de problemas. As Tabelas 4.6 e 4.7 apresentam as tendéncias de Goiania, Cuiaba, Campo Grande ¢ Brasilia Tabela 4.7 - po de estrutura predominante - Brasilia Concreto armado 813 Conereto armado c/laje pré-moldada 37 Concreto armado e/viga pré-moldada os Concreto protendido 37 Estrutura metiice 16 *Estrutura mista 85 * Outras Observagio:* — ~ Laje pré-moldada e estrutura metilica (1 ~ 0.4%): = Coneteto armado, madeira ¢ estrutura metilica (1 - 0.4%): + Madeira ¢ alvenaria estrutural (1 - 0.4%); = Concrete armado ¢ estrutura metilica (13 - 5.3%); = Concrete armade ¢ alvenaria estrutural (1 - 0.4%): + Concreto armado e protendido. laje pré-moldada e estrutura metilica (4 -1,6%). *” + Todas as pegas pré-moldadas (1 - 0.4%); 4.6 - MANIFESTACOES PATOLOGICAS Tanto o cadastro de Brasilia quanto 0 das outras trés cidades apresentaram casos em que a edificagio foi vistoriada e softeu intervengdo sem apresentar quaisquer indicios de manifestagdes patologicas, isto se deve ao fato de que estas edificagdes passaram por mudangas de utilizagio, acréscimo de pavimentos ou ampliag2o ou porque os erros foram detectados antes mesmo dos danos se manifestarem. Cada tipo de manifestagao patolégica, foi contabilizada como uma ocorréncia e foram agrupadas para cada tipo de edificagdo. 34 diagnostico da causa das manifestagdes patologicas na maioria das vezes no é tarefa facil. Em alguns casos, extremamente dificil identificar uma tinica causa, sendo a manifestagdo associada 4 um conjunto de causas que dificulta analisi-las separadamente. Por esta razAo, estes dados foram separados em causa isolada e causas associadas, como sera apresentado e devidamente analisado no Capitulo 5 7 - CAUSAS DAS MANIFESTACOES SEGUNDO AS ETAPAS DO PROCESSO. CONSTRUTIVO 4.7.1. - Preliminares © processo de produgao e uso de uma edificago pode ser dividido em quatro etapas: planejamento/projeto, materiais, execugao e utilizagao Cabe chamar a atengo que a etapa “planejamento/projeto” do processo construtivo engloba todos 05 tipos de projetos; o levantamento realizado considerou apenas o projeto estrutural, registrando- se 08 eventos associados aos demais tipos de projetos como no item “outras causas”. 4.7.2 - Causas das manifestagdes patolégicas atribuidas ao projeto estrutural Muitas das obras catalogadas tiveram como causa relatada o projeto estrutural, mesmo sem ter sido efetuada revisio de projeto. Isto se justifica pelas evidéncias das caracteristicas das manifestagdes patologicas, de acordo com a experiéncia do corpo técnico responsivel pelo trabalho. As causas coletadas atribuidas ao projeto estrutural so abaixo subdivididas, com uma descrigao sucinta dos erros mais comuns em cada etapa 55 a) Concepgao: ~ junta de dilatagao ( auséncia ou locagao inadequada); - langamento inadequado da estrutura; - disposigao incorreta de vinculos; - no previsdo da ago de agentes agressivos. b) Calcul = erros no dimensionamento de pegas estruturais aos Estados Limites Ultimos (E.L.U); - verificagao deficiente aos Estados Limites de Utilizagao ou Servigo (E.L.S); - consideragao incorreta de cargas. ©) Detalhamento: - cobrimento insuficiente da armadura; ~ concentragio excessiva de armadura em regides esbeltas, - armadura insuficiente ou mal posicionada em zonas de mudanga de diregdo de esforgos; ~ ancoragem insuficiente de armadura; ~ auséncia de armadura de suspensio; ~ auséncia de armadura para absorver momentos volventes, - aparelho de apoio com mau funcionamento; - apoio mal posicionado ou deficiente (Dentes Geber) 4.7.3 - Causas das manifestagées atribuidas a execucio As falhas de execugo sio de varios 0s tipos, desde a confecc3o de formas até erros construtivos basicos, A grande maioria esta vinculada ao emprego de mio-de-obra no devidamente qualificada © a precéria supervisio técnica, Os procedimentos inadequados cadastrados foram, a) Geometria: - segdes modificadas em relago as especificagdes de projeto; - deslocamento dos eixos estabelecidos em projeto 56 b) Armadura: - instalagdo incorreta da armadura com relagao ao projeto; = auséncia ou distanciamento excessivo dos espagadores, - falta de protegdo das armaduras quanto a deslocamentos ou deformagGes. ¢) Concretagem: - adensamento deficiente; - transporte inadequado, ~ altura de langamento excessiva, - interrupgdo da coneretagem de forma inadequada, - equipamentos e/ou velocidade de transporte inadequados, - falta de preparo do local a ser coneretado (formas ndo mothadas), - langamento inadequado, ocasionando movimentago das armaduras, - langamento em pontos localizados, sobrecarregando excessivamente as formas; ~ baixa umidade relativa do ar e/ou vento em excesso na superficie do concreto, sem cuidados especiais, ) Fundagio: ~ profundidade de estacas/tubuldes insuficiente; - locagao incorreta com relagao ao projeto. ¢) Cobrimento insuficiente de armadura: - ndo utilizagdo de espagadores, ~ utilizagao de gabaritos nao compativeis com o projeto para o dobramento dos estribos. f) Resisténcia insuficiente do concreto; - resisténcia inferior a resisténcia caracteristica especificada em projeto. 2) Cura: ~ falta de protegao da superficie do concreto contra a perda de égua de amassamento; - adogdo de sistema de cura inadequado ao tipo de exposigo da estrutura. 37 h) Outras: - desforma precoce e/ou brusca; ~ execugiio inadequada de aterros, - uso de aditivos com teor excessivo de cloreto; - retirada precoce do escoramento, - impermeabilizagao mal executada; - juntas de dilatagao mal executadas, ~ demais casos de execugao incompativel com o projeto, 8 atribui 4.7.4 - Causas das manifestacées patolégi Além dos defeitos de execugao acima relacionados, a precariedade do controle de qualidade dos materiais é uma causa corrente de danos, valendo-se ressaltar a dificuldade em se detectar problemas advindos dos mesmos. Foram cadastrados os seguintes problemas relacionados com ‘os materiais: ~ baixa resisténcia a 28 dias do conereto usinado fornecido por Central; - pegas estruturais fabricadas com ago nao estrutural (estrutura metilica). 4.7.8. - Causas das manifestagdes patolégicas atribuidas a utilizacio da edificagio Segundo Bueno (1992) e Brito & Branco (1988) os procedimentos inadequados nesta etapa podem ser divididos em agdes previsiveis e imprevisiveis, ~ Agdes previsiveis: manutengao deficiente, presenca de ambiente agressivo ¢ sobrecargas, - Ages imprevisiveis: _incndio, abalos provocados por movimentagio de obras vizinhas, paralisagao da obra por longo periodo de tempo, choques acidentais ¢ abalos sismicos. Os abalos sismicos poderiam ser classificados como previsiveis, porém, como o custo adicional da estrutura seria elevado e a probabilidade muito baixa de ocorréncia no Brasil de sismos de intensidade relevante, no ¢ exigida por norma a 58 consideragao de seu efeito no projeto No levantamento dos 246 casos de Brasilia ¢ dos 155 de Goiania, Cuiaba e Campo Grande, a etapa de utilizagao foi subdividida em: = utilizagdo considerando principalmente problemas de sobrecargas no previstas ~ manutengao: auséncia ou deficiéncia, - ago imprevista: abalos provocados por movimentagao de obras vizinhas e paralisagdo da obra por longo periodo de tempo 4.7.6 - Outras causas de manifestagdes patolégicas Este item esta relacionado principalmente com obras defeituosas devido a projetos de fundagdes ¢ hidro-sanitarios deficientes, e, até mesmo a auséncia de projeto estrutural, caracteristica de obras de baixa qualidade, freqiientes em assentamentos de populagio de baixa renda 4.8 - TECNICAS E MATERIAIS DE INTERVENCAO MAIS EMPREGADOS O levantamento incluiu também os tipos de técnicas e materiais de reparo/reforgo utilizados nas intervengdes, que foram agrupados para cada tipo de edificagdo. No item “conereto moldado in loco” foram considerados: concreto convencional, concreto de alto desempenho (CAD), concreto aditivado e micro-concreto. As téenicas de intervengao estrutural nao foram separadas no questionario, porque quando existe a necessidade de se fazer um reforgo inevitavelmente serdo necessérios varios reparos. Cada tipo de técnica de intervengao efetuado em cada obra foi contabilizado como uma ocorréncia ¢ foram agrupados por tipo de edificacao. 59 49 - CUSTO APROXIMADO DA INTERVENCAO EM RELACAO AO VALOR DA EDIFICACAO, Trata-se de informagao de dificil obtencao ¢ s6 foi conseguida em Brasilia e Campo Grande, impossibilitando assim uma analise mais ampla da regiao Centro-Oeste. 4.10 - COMPATIBILIZACAO DA INTERVENCAO COM OUTROS SERVIGOS. Esta informago foi fornecida apenas em Brasilia, transformando-a em um dado sem parametro de comparagio com as demais cidades. Para o Distrito Federal, este item foi, dessa forma, analisado separadamente. 60 CAPITULO 5 ANALISE DOS DADOS COLETADOS NA REGIAO CENTRO-OESTE 5 - ANALISE DOS DADOS COLETADOS NA REGIAO CENTRO-OESTE 5.1 - CONSIDERACOES INICIAIS No Distrito Federal e nos estados de Goids, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a coleta de dados concentrou-se nas respectivas capitais: Brasilia, Goifinia, Cuiabé e Campo Grande, em virtude de serem polos urbanos, onde atuam as empresas e profissionais da area de reforgo estrutural Vale a pena chamar atengdo para 0 fato de que as cidades analisadas, por serem capitais de estados de economia fortemente agropecuaria, foram muito atingidas pela recess, a partir da década de 80, apresentando um crescimento desordenado, em fungao do constante éxodo da populagdo rural, concentrada em assentamentos de baixa renda, carente de infra-estrutura, e onde predomina a auto-construgdo sem suporte técnico e desordenada. Com a finalidade de nao descaracterizar os resultados de cada estado, e em particular cada capital, decidiu-se fazer uma andlise individual de cada uma, principalmente porque a quantidade de dados obtidos em cada cidade difere muito, conforme sera visto adiante. Cabe salientar que o enfoque deste trabalho esté voltado, principalmente, para a superestrutura Por esta razio, os problemas relacionados com fundagdes, apesar de registrados, no foram objeto de analise mais detalhada. Um ponto relevante da regido Centro-Oeste é sua extenso, estando Cuiabé e Campo Grande distantes de Brasilia 1133 e 1134 km, respectivamente, estando Goifnia situada a 209 km da capital federal. Isso faz com que haja diferengas climaticas que merecem registros, pois podem interferir no comportamento das estruturas, onde predomina 0 uso do concreto armado. 63 CAPITULO 5 ANALISE DOS DADOS COLETADOS NA REGIAO CENTRO-OESTE 5.1 - CONSIDERACOES INICIAIS No Distrito Federal ¢ nos estados de Goiés, Mato Grosso ¢ Mato Grosso do Sul, a coleta de dados concentrou-se nas respectivas capitais: Brasilia, Goiania, Cuiaba e Campo Grande, em Virtude de serem polos urbanos, onde atuam as empresas e profissionais da area de reforgo estrutural Vale a pena chamar atengo para o fato de que as cidades analisadas, por serem capitais de estados de economia fortemente agropecuaria, foram muito atingidas pela recessio, a partir da década de 80, apresentando um crescimento desordenado, em fungao do constante éxodo da populagao rural, concentrada em assentamentos de baixa renda, carente de infra-estrutura, e onde predomina a auto-construgao sem suporte téenico e desordenada. Com a finalidade de nao descaracterizar os resultados de cada estado, e em particular cada capital, decidiu-se fazer uma andlise individual de cada uma, principalmente porque a quantidade de dados ‘obtidos em cada cidade difere muito, conforme sera visto adiante. Cabe salientar que 0 enfoque deste trabalho est voltado, principalmente, para a superestrutura. Por esta razao, os problemas relacionados com fundagdes, apesar de registrados, ndo foram objeto de analise mais detathada, Um ponto relevante da regidio Centro-Oeste é sua extensio, estando Cuiabé e Campo Grande distantes de Brasilia 1133 e 1134 km, respectivamente, estando Goidnia situada a 209 km da capital federal. Isso faz com que haja diferengas climaticas que merecem registros, pois podem interferir no comportamento das estruturas, onde predomina 0 uso do conereto armado. 63 As Tabelas 5.1 a 5.4, apresentam as diferencas climéticas entre as cidades catalogadas. As temperaturas maxima ¢ minima das tabelas referem-se as médias mensais. A umidade relativa do ar sio médias mensais diurnas para Brasilia ¢ Goiania e médias mensais para Cuiabé ¢ Campo Grande De acordo com as Tabelas 5.1 a 5.4, as temperaturas méximas mensais de Brasilia, Goiania ¢ Cuiabé ocorrem nos meses de agosto a novembro, que correspondem ao final do inverno e toda a primavera, sendo 0 pior periodo o de agosto/setembro/outubro. Em Campo Grande as temperaturas maximas mensais ocorrem nos meses de setembro a fevereiro, ou seja, primavera ¢ vero, € 0 pior periodo ¢ a primavera. A capital que atingiu a maior temperatura maxima foi Cuiaba, com 33,8 °C Tabela 5.1 - Caracteristicas climaticas de Brasilia Estagdes do | Temp. maxima | Temp. minima | Variagio da Umidade sano c % temperatura | relativa (UR) Verio 285 176 109 70 Outone 286 156 130 a Inverno 27 105 2 34 Primavera 294 163 131 6 Ago/Set/Out 308 14.0 168 Observacio: Informagoes obtidas na estago UnB - I, do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia (periodo de 1972 a 1994) ‘Tabela §.2 - Caracteristicas climaticas de Goiania Estagdes do | Temp. maxima | Temp. mis Variagao da | Umidade ano eC *c temperatura_| relativa (UR) Verto 292 197 98 16 Outono 297 180 ny 70 Inverno 296 140 156 3 Primavera 309 19.0 ngs 6 _AgoySevOut BIE 175 B9 35 Observagi Informagdes obtidas na EMBRAPA (periodo de 1961 a 1990) 64 Tabela 5.3 - Caracteristicas climaticas de Campo Grande Estagdesdo | Temp. mésima | Temp. minima | Variagioda | — Umidade ano c 0 temperatura | relativa (UR) Verto 304 208 96 9 Outono 291 190 10.1 9 Inverno a2 152 120 a Primavera 307 19.1 116 6s Ago/SeVOut 299 78 121 61 Observagi Informagtes obtidas na EMBRAPA (periodo de 1985 « 1992). Tabela 5.4 - Caracteristicas climaticas de Cuiaba Estagdes do | Temp. mésima | Temp. minima | Variagao da Umidade ano c c temperatura_| relativa (UR) Verio 32.5 233 92 81 Outono 322 218 104 81 Inverno 32.0 176 Ma o Primavera 33.7 23 na n Ago/SevOut 33.8 206 13.2 66, Observasio: Informagdes obtidas pelo 9” Distrito de Meteorologia de Cuiaba através da tese de doutorado da prof. Gilda Tomasini Maitlli do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT. (periodo de 1970 a 1992) ‘As temperaturas minimas em todas as capitais ocorrem nos meses de junho a outubro, que correspondem ao inverno e quase toda a primavera, ficando com Brasilia a menor das temperaturas minimas, com 10,5 °C no inverno. A maior variagdo entre a temperatura maxima ¢ a minima ocorre em Brasilia - 17,2°C, que corresponde ao inverno, e a menor neste periodo ocorre em Campo Grande - 12,0 °C. As diferengas na umidade relativa do ar so importantes, principalmente nos periodos inverno- primavera, caracterizando-se Brasilia e Goidnia por serem bem mais secos que Cuiabé e Campo Grande, sendo 0 pior més 0 de agosto. 65 través destas informagdes conclui-se que os piores meses para concretagem na regio Centro- Oeste sio junho, julho, agosto, setembro e outubro, onde a variagao do temperatura é alta e a umidade relativa baixa, exigindo um controle maior durante a fabricagdo, transporte, langamento e cura do concreto. Outra questo importante a ser avaliada devido a alta variagiio de temperatura durante esses meses, refere-se as juntas de dilatagao que deveriam ser muito bem previstas e com manutengio preventiva adequada 5.2 - ANALISE DO DISTRITO FEDERAL 5.2.1 - Introdugio Brasilia com seus 35 anos, hoje, tem aproximadamente 2 milhdes de habitantes, sendo que 800 mil esto localizados no Plano Piloto. O restante da populagao esta distribuida nas varias cidades satélites do entorno, A cidade, principalmente o Plano Piloto, se difere da maioria das outras do pais, pelo fato de ter sido toda planejada, com uma concep¢ao altamente inovadora; por ter uma grande quantidade de edificagdes em concreto aparente; por concentrar grande nimero de obras publicas, muitas delas de porte; ¢ por ser parte do patriménio historico mundial da UNESCO. Por outro lado, apesar de seu planejamento, o entomno do Distrito Federal caracteriza-se, em grande parte, pela concentracdo de populagdo de baixo poder aquisitivo, com a proliferagdo de construgdes sem respaldo técnico, tanto no projeto quanto na execugao, predominando o sistema de auto-construgio. A Tabela 5.5 apresenta os problemas que mais ocorrem nessas regibes, através de dados fornecidos pelo Coordenador da Defesa Civil do Distrito Federal, com os bairros onde foram registrados 0s incidentes. Estas informagdes abrangem 0 periodo de 1990 a 1994, podendo-se notar que sio alarmantes os nimeros apresentados. 66 Tabela 5.5 - Problemas mais frequentes nas auto-construgdes Probiemas | 1990 | 1991 | 1992 | 1993 | 1994 Dessbamento | 9 | 8 vw | 0 | as Destothamento | 821 s20_|_ 108 Total 126 Observagao: Estes dados foram obtidos dos seguintes bairros: ~ Agrovila Sto Sebati: ~ Areal Aguas Claras; + Incra 08 - Brarlndi ~ Riacho Fundo + Samambaia: - Taguatinga © Anexo B contém todas as tabelas referentes as 299 edificagdes cadastradas em Brasilia, as quais foram divididas em 246 e 53 obras, pelos motivos mencionados no Capitulo 4, item 4.1, sistematizando todas as informagdes coletadas para cada tipo de edificagao 5.2.2 - Idade aproximada das edificacdes A Figura 5.1 apresenta os indices coletados a respeito da idade das edificagdes a época da avaliagdo e/ou intervengao. Neste item, em 11 obras (4,5%) no foi possivel obter essa informagio, sendo feita a anilise sobre as 235 edificagdes restantes, que corresponde a 95,5% do total. De acordo com a Figura 5.1, 0 periodo dos 0 primeiros anos apos o término da construedo & responsivel por 24,4%; e as edificagdes com /0 a 20 anos de idade apresentaram o maior indice de problemas, com 33,3%. Estas obras foram construidas no periodo de 1975 a 1985, quando se verificou um “boom” na construgao civil em Brasilia, caracterizado pelo processo construtivo em ritmo muito acelerado, sem correspondéncia de controle de qualidade e supervistio adequada e falta de manutengdo. Sem falar no problema da falta de manutengao, pois so obras, cuja idade jj requer algum tipo de manutengao As edificagdes com 20 a 30 anos de idade, periodo que corresponde de 1965 a 1975, apresentaram 0 segundo maior indice de problemas, com 17,1%, o que pode ser atribuido também 67 4 auséncia quase completa de manutengao. Pode-se explicar, em parte, a elevada intensidade desta causa no Distrito Federal pela concentragao na capital de um numero muito grande de edificagdes publicas, com uma administragdo, em geral, omissa quanto aos gastos com manutengdo, Além disso, muitas edificagdes residenciais, até 1989, eram “funcionais”, isto , pertenciam ao governo federal, sendo alugadas a funciondrios piblicos, que também se eximiam de qualquer responsabilidade no que se diz respeito a cuidados com os im6\ is que usuftuiam Em construgao - 15,0% & Até 5 anos - 11,0% D 5a 10.anos - 13,4% 1D 10a 20 anos - 33,3% 20 a 30 anos - 17,1% IM Mais de 30 anos - 5,7% 33,3% 13,4% Figura 5.1 - Idade aproximada das edificagdes - Brasilia As obras com os danos se manifestando jé na fase de construcdo apresentaram o terceiro maior indice de problemas, com 15%, que chama a ateng3o para a questo do controle de qualidade e da supervisdo durante as varias etapas do processo construtivo Outro fato interessante ¢ a baixa incidéncia de danos registrados nas obras com mais de 30 anos, com 5,7%, que pode indicar um retrocesso, com o tempo, na qualidade das edificagdes, nao acompanhando as evolugdes tecnologicas. Apesar da idade elevada, devido a uma provavel boa qualidade das obras, elas ndo sofreram tanto com a falta de manutengo. Mas o baixo indice pode talvez ser causado pela precariedade dos arquivos consultados, pois em se tratando de obras mais antigas, ha uma quase completa auséncia de registros de intervengdes eventualmente realizadas, além das empresas pesquisadas terem atuagdo mais marcante nos iiltimos 20 anos. 68 5.2.3 - Localizagao do dano e/ou intervengao segundo o elemento ‘A Figura 5.2, a seguir, apresenta os indices cadastrados a respeito do elemento afetado, seja por alguma manifestagao de dano ou por algum sistema de reparo/reforco nele aplicado, cuja soma € superior a 100% devido a superposigfo de elementos afetados. Para todos 0s tipos de edificagdes analisados, os elementos que mais apresentaram danos e/ou intervengdes foram as vigas (57,39), seguidas das lajes (41,19), pilares (29,3%) e paredes divisérias fachadas (22%). Estes dados coincidem com os obtidos na regiio Amazénica, mencionados no Capitulo 3, item 3.6 (Aranha, 1994). Fundagao - 16,7% Pilar - 29,3% O Viga - 57,3% B Laje- 41.1% @ Junta de dilatagio - 7,7% Cortina/parede - 10,6% Ci Parede divisoria/fachada - 22,0% Cobertura - 4,5% Elemento nio estrutural - 0,8% 3 Marquise - 2,4% Piso - 4,1% Escada - 3,3% Outro - 5,3% Figura 5.2 - Localizagio do dano e/ou da intervengdo segundo o elemento - Brasilia 0 item “Outro” da Figura 5.2 corresponde aos seguintes elementos: misula, rampas, apoio de viga, trelica e contraventamento metilicos, blocos de fundacéto, corpo de barragem de concreto, reservatério de dgua, canais e decantadores, ¢ casa de méquinas de piscina. 69 5.2.4 - Razées para a necessidade de vistoria e/ou intervenciio A Figura 5.3, a seguir, apresenta os indices coletados a respeito das necessidades de vistoria e/ou intervengdo, onde a soma € superior a 100% devido a superposigao de necessidades de vistoria e/ou intervengao. De acordo com a Figura 5.3, a maior necessidade de se fazer vistoria e/ou intervengao foi atribuida a comprometimentos da funcionalidade da estrutura aos Estados Limites de Utilizagdo (E.L.S), com 62,2%, seguida de razdes de ordem estética, com 26%, 70 ee TIEstética - 26,0% 50 DELS - 62,2% 40 DELU-15,4% Bi Acréscimo de pavimento ou 30 ampliago - 2,8% 20 i Mudanga de utilizagdo - 15,4% 10 M Outras - 1,2% 0 Figura 5.3 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Brasilia Sobre o total de casos registrados de comprometimento de seguranca aos Estados Limites Ultimos (E.L.U), com 15,4%, cabe ressaltar que a parcela 1,6% corresponde a ocorréncias de ruina com colapso total da estrutura, 2.4% a risco iminente de ruina e 11,4% a ruina de elementos isolados, As necessidades atribuidas a mudancas de utilizagdo da edificag#o apresentaram um indice relativamente alto (15,4%). Este indice pode ser explicado pelas caracteristicas da administragao publica, onde se constatam, a cada mudanga de governo, alteragdes significativas na u edificagdes agao das 70 item “Outras” da Figura 5.3 corresponde aos seguintes eventos: baixa resisténcia do concreto derectada ainda durante a construgdo, necessidade de adequar a estrutura d passagem de tubulagdes e suspeita sobre a qualidade de pecas metilicas da estrutura, sem dano aparente. 5.2.5 - Manifestacdes patologicas nas edificacdes A Figura 5.4 apresenta os indices cadastrados a respeito das manifestades patol6gicas, analisados ‘em um universo de 200 obras, que corresponde a 81,3%. As 46 edificagdes restantes foram catalogadas, pois passaram por algum proceso de intervengio, sem necessariamente, terem apresentado danos. Seu somatorio é superior a 100% devido a superposigdo de manifestagdes corresponde a 238,6%. Flechas - 26,0% CO Fissuras - 60,2% Ci Infiltragdes 23,2% Corrosio - 30,1% Esfoliagdo - 15,4% TI Desagregagdio - 4,1% © Segregagao - 7,3% DRecalque -15,4% Colapso parcial ou total - 11,8% 1 Armadura exposta - 13,0% i Carbonatago - 1,6% (D Outras - 30,5% Figura 5.4 - Manifetagdes patologicas nas edificacdes - Brasilia A manifestagao predominante no levantamento realizado foi a ocorréncia de fissuras (60,296), seguida de corrosdo de armadura (30, 1%), flechas excessivas (26%) e infiltragbes (23,2%) Fissuras (60,2%) em pegas de uma edificagao sio sintomas de que foi excedida em alguma regiao n da pega a resisténcia tragdo do material componente, Dependendo de sua natureza e abertura, podem indicar que foi atingido um Estado Limite de Fissuragao (ABNT, 1978) ou mesmo comprometimento da seguranga aos Estados Limites Ultimos (E.L.U). Sao sinais externos que permite investigar a patologia que esta afetando a estrutura. Por isto, ela foi a manifestagao, como era de se esperar, pela natureza do conereto armado, com o maior indice de ocorréncias no levantamento realizado. O processo de corrosdo (30,1%) é causado por um ou mais eventos: cobrimento deficiente, fissuras, infitragoes, presenga continua de umidade, meio ambiente agressivo e falta ou deficiéncia de manutengdo. Apesar de apresentar 0 segundo maior indice, ¢ a patologia que, em geral, mais prejuizo causa as edificagdes, pois sio varias as patologias envolvidas em seu proceso. O dano infiltragdes (23,2%) esta associado, principalmente, a problemas de projeto (concepgao arquiteténica e instalagdes) e a falta ou deficiéncia de manutengio. A ocorréncia de flechas excessivas (262%) € 0 resultado, em geral, de um ou mais fatores: problemas de projeto (concepeao e/ou detalhamento), mau posicionamento das armaduras na execugdo € mé utilizagao da estrutura, no que se refere & ago de sobrecarga superior ou incompativel com aquela prevista em projeto Os recalques (15,46) registrados ocorreram, principalmente, em fundagdes superficiais, comumente executadas sem uma prévia investigagao do subsolo. Observou-se que os fatores responsaveis pelos recalques foram: sobrecarga oriunda de acréscimo de pavimento ou ampliago, vazamento nas tubulagdes da rede publica por falta de manutengao, fundagdes assentadas em aterros mal executados, profundidades inadequadas e execugao incompativel com o projeto. O item “Outras” da Figura 5.4 corresponde as seguintes manifestagdes: biodegradagdo devido a cupins e fungos, concregdes, eflorescéncia, flambagem, deformacoes excessivas, perda de estabilidade, juntas de dilatagéio obtruidas ou com material elastémero ressecado, vibragbes excessivas, problemas de geometria como arqueamento de paredes e desaprumo, armadura com seedo reduzida e/ou com perda de secéo significativa. nR 5.2.6 - Causas das manifestacdes patolégicas As Figuras 5.5, 5.6, 5.7 e 5.8 apresentam os indices coletados sobre as causas das manifestagoes. Foram utilizadas 205 edificagdes para esta andlise, que corresponde @ 83,6 do total. As outras 41 obras passaram por algum processo de intervengdo devido aos seguintes fatores: mudanca de ilizagdio ¢ acréscimo de pavimento ou ampliagao. 30 @ Projeto - 10,2% | O Execugio - 26,8% 1 Material - 0,8% & Utilizagao - 2.8% © Manutengao - 11,9% 5 Agdo imprevista - 4,1% © Incéndio - 2,4% © Outras - 0,8% Projeto ¢ Execugao - 8,1% 15 Projeto e Manutencao - 2,4% m Projeto e Outras - 0,4% 25 20 15 10 Figura 5.5 - Causa isolada das manifestagdes - Brasilia ‘De acordo com as Figuras 5.5 ¢ 5.6 a maioria dos problemas sao devidos a execugdo, manutencdo € projeto, sejam isoladamente ou associados uns aos outros. Execugdo corresponde ao indice 46,2%, manutengiio a 25,2% e projeto a 23,5%%, em valores totais, nfo levando em conta se foram considerados como causa tinica ou no. Juntos, execucdo e projeto, sao responsaveis por 45,1% dos danos encontrados nas obras catalogadas, sendo que a parcela de 26,8% corresponde exclusivamente a execugdo, 10,29 a projeto e 8,1% aos dois em conjunto. Este valor se aproxima do encontrado na pesquisa realizada na regio Amaz6nica, mencionada no Capitulo 3, item 3.6 (Aranha, 1994), Um item que se destaca é a mamutengdo, que chega a ser maior que o de projeto, permitindo concluir que em Brasilia ndo é usual a preocupagdo quanto a manutengao, fato que foi devidamente explicado no item 5.2.2 B © item “Outras” das Figuras 5.5 ¢ 5.6 corresponde aos seguintes fatos: auséncia de projeto estrutural, fabricagdo de estrutura metilica fora de especificagoes de projeto, demoligéio mal executada e projeto hidréulico deficiente, SProjeto, Execugo e Manutengio - 2,0% @Projeto, Execugao e Agio imprevista - 0,4% CExecugio e Manutengao - 6,9% TIExecugo e Materiais - 0,4% MExecugao e Agiio imprevista - 0,4% BE xecugo e Outras - 0,8% :xecugdo, Utilizagao e Manutengiio -0,4% BUtilizagdo e Manutengaio - 1,2% i Manutengdo e Ago imprevista ~ 0,4% Figura 5.6 - Causas associadas das manifestagdes - Brasilia Segundo a presente anilise, cujos dados so apresentados na Figura 5.7, os problemas causados por alguma falha de projeto estéo na sua maioria relacionados ao edilculo, com 53,4%, € a0 detathamento, com 48,3%, sendo a soma superior a 100% devido a superposigao de causas. 60 350 40 30 20 10 ° Ei Concepgao - 27,6% Caleulo - 53,4% DH Detalhamento - 48,3% Figura 5.7 - Problemas de projeto - Brasilia 74 Os problemas associados as falhas de execugdo, apresentados na Figura 5.8, esto relacionados em grande parte ao cobrimento deficiente (30,7%), concretagem (27,2%) e armaduras no que se refere a falhas de corte, dobramento e disposigao (31,1). Geometria - 7,9% Armadura - 21,1% 1 Concretagem - 27,2% ® Cobrimento deficiente - 30,7% TI Resisténcia insuficiente - 44% Fundagao - 7,9% i Dosagem ruim - 0,9% C Outros - 33,3% Figura $.8 - Problemas de execugio - Brasilia Deve ser feita uma ressalva quanto ao cobrimento deficiemte, pois ele pode ser classificado tanto como falha de execugio ou como falha de projeto. No caso de ser relacionado como falha de Projeto, 0 problema esta intimamente ligado ao detathamento inadequado das pecas estruturais, principalmente no que se refere ao espagamento minimo das barras de armadura, Na anélise dos dados do levantamento, nos casos de auséncia de informagdes sobre o projeto e detalhamento, a causa foi atribuida a falhas de execugao, pois, em geral, mesmo com projetos bem detalhados € comum a ocorréncia de erros de execugdo, pela auséncia de espagadores ou pastilhas para garantir 0 cobrimento adequado. Merece ainda ser mencionado que as disposigdes da NB1/78 (ABNT, 1978) si inadequadas quanto ao cobrimento, com relago @ maioria das normas internacionais, principalmente lajes, onde se especifica até 0,5 cm de cobrimento para concreto revestido no interior de edificios O item “Outros” da Figura 5.8 corresponde aos seguintes problemas de execugio: cura deficiente, erro de locagdo e desvios de geometria da estrutura, desforma e retirada de escoramento 75 precoces, néo observancia do projeto, juntas mal executada, aterro mal executado, fixagao inadequada de telhas, uso de aditivo & base de cloreto, impermeabilizagdo mal executada, erros de amarragiio da alvenaria @ estrutura, ligagdo inadequada dos elementos estruturais metélicos ¢ execuyiio de estrutura metilica com pegas de dimensdes insuficiemes com relagtio ao projeto 5.2.7 - Materiais de intervencio Foram analisadas 207 edificagdes, que comesponde a 84,15% das obras cadastradas. As outras 39 obras passaram apenas por inspegdo da estrutura, Seu somatorio também é superior a 100% devido a superposigo e corresponde a 240,9%, De acordo com a Figura 5.9 os materiais mais utlizados nos processos de intervengdo cadastrados foram: barras de ago para concreto armado (58, 1%), argamassa epéxica (53,3%) e resina epoxi (51,2%). 60 Concreto - 39,8% MConcreto projetado - 1,6% Ago em barras - 58,1% © Ago em chapas/perfis/cabos - 8,5% Argamassa convencional - 14,6% 30 40 a0 1 Argamassa modificada - 6.9% Argamassa epéxica - $3,3% 20 TResina epoxi - 51,2% | El Graute - 4,5% iq Outros - 2.4% Figura 5.9 - Materiais de intervengao - Brasilia Os indices elevados de aplicagao de resina e argamassa a base de epoxi deve-se a0 seu emprego na colagem de novas armaduras, recobrimento de armaduras expostas, injegdo de fissuras, 16 grampeamento e como ponte de aderéncia entre 0 conereto velho e 0 novo. Cabe ressaltar que, recentemente, o uso indiscriminado da resina epoxi é questionado, especialmente no que se refere & aderéncia, pois existem pesquisas na area que discutem sua necessidade em varios casos Resultados experimentais levantam algumas divvidas sobre a real eficiéncia do uso da resina como “primer” nas juntas estruturais de reparos, prineipalmente onde se usa a remoldagem com concreto novo sobre o substrato de concreto maduro € superficie com agregado gratido exposto, limpa € seca (Climaco, 1990) A Figura 5.9 apresenta o item “Outros” que corresponde aos seguintes materiais: mastique eliistico ou elastomero, material de impermeabilizagéo, inibidor de corrosiio, anti-corrosivo e solo-cimento. 5.2.8 -Técnicas de intervencio Segundo a Figura 5.10, as técnicas mais utilizadas foram: adigdo de barras de ago para conereto armado (57,3%), remoldagem com concreto (33,39) ou com argamassa (37,49), para a0 encamisamento ou aumento de seo, e injegdo de fissuras (25,6%). Aqui, como no item 5.2. a analise baseou-se em 207 obras ¢ seu somatorio é superior a 100% devido a superposigao ¢ corresponde a 202,8%. fato dos percentuais de materiais de intervengo utilizados nao coincidirem com as respectivas técnicas é conseqiéncia dos indices terem sido computados por obra e no pela quantidade de vezes em que foi empregado na mesma edificagdo com o uso de diferentes técnicas de intervengao. E 0 caso do ago e do conereto, onde os indices dos materiais empregados so inferiores aos das respectivas técnicas que os utilizaram, O item “Outras”da Figura 5.10 corresponde as seguintes técnicas: reparo ¢ execugaio de juntas, reforco de fundagéo, fundagao adicional, protegdo ami-térmica, impermeabilizagéo, acréscimo de elememo estrutural metélico ou de concreto, desmontagem de estrutura metiilica ¢ execugao de sistemas de drenos. 7 CG Adigao de barras - 57,3% IH Adigdo de chapas - 2,8% DD Protensio - 3,7% OO Grampeamento - 11.4% © Injegto de fissuras - 25,6% Remoldagem ‘com concreto - 33,3% © Remoldagem com argamassa - 37,4% (1 Recomposigao do revestimento - 14,2% Substituigao - 3,3% Outras - 13,8% ae Figura 5.10 -Técnicas de intervengo - Brasilia 5.2.9 - Custo aproximado da intervengiio em relacao ao valor da edificacio Estes dados se baseiam em 198 obras cadastradas, que correspondem a 80.4% do total, e foram obtidas através de entrevistas. A Figura 5.11 mostra que na maioria das obras 0 custo da intervengdo nao ultrapassou 25% do custo da edificagiio (70,7%). 80 70 60 50 Gi Menos de 25% - 70,7% 40 25 a 50% - 6,9% 30 HM Mais de 50% - 2,8% 20 10 0 Figura 5.11 - Custo aproximado da intervengao em relagdo ao valor da edificagdo - Brasilia 8 Cabe chamar atencao para o nivel de informagao sobre os custos, que € muito precario devido ao no acesso 4 todos os itens envolvides, tais como interdigao, alugueis, lucros cessantes, etc. 5.2.10 - Compatibilizacao da intervencao com outros servigos A anilise destes dados foi realizada sobre 107 edificagdes coletadas, que corresponde a 43,5%. Seu somatério é superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 68,6% Esta informagao ¢ interessante, pois com ela tem-se uma visio global dos custos de uma intervengdo e da necessidade em se contratar empresas ou profissionais especializados. Estes dados deixam bem claro que nem sempre uma intervengdo € simplesmente um trabalho localizado, € que seu custo nao engloba s6 a mio-de -obra € 0 material, mas também todos os custos indiretos, como so apresentados na Figura 5.12 iInstalagao hidrailica e elétrica- 21,1% IZInstalagao telefone © ar condicionado - 8,1% |DOutros espacos - 26,8% [Outros - 12,6% ao da intervencdo com outros servigos - Brasilia Na Figura 5.12.0 item “Outros” corresponde a problemas causados pelos servigos de intervengao em: fundacdes, esquadrias, equipamentos, impermeabilizagdo, tréfego de veiculos, redugéio de é direito, interdigéo de pista, instalagdes para tratamento de agua, ¢ imerdigdo da edificagdo 2 ow da drea do entorno nos servicos de intervengao. 79 5.2.11 - Métodos de avaliacao estrutural utilizados (Os métodos de avaliacao foram relatados em 239 obras, que corresponde a 97,2% do total. Nas outras 7 edificagdes nao se obteve esta informagdo. A Figura 5.13, a seguir, mostra que os métodos mais empregados foram: vistoria técnica (87,8%), revisdio de projeto estrutural (43,19) ¢ acompanhamento de fissuras (14,2%). 1 Revisio de projeto - 43,1% 1 Deslocamentos - 9,3% |B Esclerometria - 9,8% Ensaio de amostra concreto - 69% 'B Ensaio de amostra de ago ~4,9% 1M Pacémetro - 1,6% 'D Teste de carga - 6,1% | Acompanhamento de fissuras - 14,2% 1D Vistoria - 87,8% Outros - 5,3% Figura 5.13 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Brasilia Aqui também se observa que o somatorio é superior a 100% devido a superposigao e corresponde a 189%, Na Figura 5.13 0 item “Outros” corresponde aos seguintes métodos utilizados: controle topogrifico de deslocamentos, vistoria de fundagdes, estrutura, execugdo de pogo de visita, teste de carbonatagéo, andlise da estabilidade global, revisdo do projeto de fundagdo, execugéio de novo cdilculo estrutural, recomposigdo do projeto a partir da estrutura, devido d sua auséncia, € ensaio de elementos estruturais (tubos) de treliga espacial. 80 5,212 - As 53 pontes do Distrito Federal Essas pontes foram analisadas em separado pelas razdes apresentadas no item 4.1 do Capitulo 4 A maioria das inspegdes foram realizadas em 1990, com o indice de 96,2% em relagao ao total de pontes vistoriadas. A estrutura predominante, com 81,2%, ¢ constituida por concreto armado. A idade que mais se destacou como incidéncia de problemas foi a de 5 a 10 anos, com 69,8%, alertando para a necessidade de manutengao. Com relagdo 4 manutengdo, cabe chamar atengdo para 0 que ocorre hoje com todas as pontes e viadutos nao so do Distrito Federal, mas de toda a regido Centro-Oeste, com a pratica errénea de se reparar/reforgar apenas quando elas chegam a.um estado critico de utilizagZo, quando no, ao comprometimento da seguranga aos Estados Limites Ultimos (E.L.U). Os elementos estruturais mais afetados foram: lajes (37,796), taludes de encontro (35,8%), vigas (28,3%) e fundagdes (24,5%). Estes dados so diferem dos encontrados na regiaio Amaz6nica, mencionada no Capitulo 3, item 3.6 (Aranha, 1994), com indice referente a falude. ‘As manifestagdes que sobressairam foram: erosdes (47,2%), fissuras (32,19) e recalques (9,4%) 5.3 - ANALISE DE GOIAS 53.1 - Introducio Goiania foi inicialmente planejada para 50 mil habitantes, Hoje com seus 62 anos, possui quase um milhao. E a capital de um estado com economia predominantemente agropecuéria, com um setor industrial bem modesto. Suas edificagGes no diferem muito das outras cidades do seu porte, cujas obras predominantes sao residenciais e comerciais, © Anexo B contém todas as tabelas referentes as 120 edificagdes cadastradas em Goiinia, sistematizando todas as informages coletadas para cada tipo de edificagao. 81 5.3.2 - Idade aproximada das edi ages Esta andlise bascou-se nas informagGes obtidas em 119 obras, que corresponde a 99,2% do total de edificagdes coletadas Segundo a Figura 5.14, a idade predominante por ocasiio das vistorias/intervengdes, de acordo com o levantamento, é a etapa de construcdio, com 74,2% do total. Esse niimero elevado pode ser explicado pelo fato de a empresa que forneceu as informagées para esta pesquisa, ser também responsivel pelo controle tecnologico dos materiais. Por isso, detectava-se mais cedo os problemas existentes nas edificagdes e, principalmente, tinha-se acesso a uma informago que, sgeral, ndo vem a piblico. De qualquer modo, o indice apresentado é alarmante, e bem diferente das demais cidades pesquisadas 2,5% 12,5% CEM construgao - 74,2% TD Até 5 anos - 5,8% M5210 anos - 2.5% 10 a 20 anos - 12,5% 1 Mais de 30 anos - 4,2% 74.2% Figura 5.14 - Idade aproximada das edificagdes - Goidnia A segunda idade em destaque foi o periodo de /0 a 20 anos, devido provavelmente a falta de manutengao, Apenas 8,3% dos danos e/ou intervengdes ocorreram em edificagdes no period dos 10 primeiros anos apés a construgao. 82 5.3.3 - Localizacio do dano e/ou intervengao segundo o elemento Segundo a Figura 5.15, os elementos afetados que mais se destacaram foram os pilares, com 46,7%, seguidos pelas /ajes, com 34,2%, e vigas, com 31,7%. Estes dados diferem muito dos apresentados em Brasilia, onde lajes e vigas mostram resultados maiores que os pilares 50 Fundagao - 5,8% O Pilar - 46,7% B Viga - 31,7% DLaje - 34,2% D Junta de dilatagao - 0,8% | ECortina/Parede -3,3% 45 40 35 30 25 1 Parede diviséria/fachada - 20 5.8% 15 | S Marquise - 2.5% 10 OPiso - 3,3% M Escada - 0,8% 5 Outro - 6.7% 0 Figura 5.15- Localizacao do dano e/ou intervengao segundo 0 elemento - Goidinia Observe que 0 somatério é maior que 100% devido & superposigo corresponde a 141,6%. O item “Outro” corresponde aos seguintes elementos: calhas, piscina, consolo, reservati base de dorna de uma usina, tinel de descarga de um armazém e aparelho de apoio. 5.3.4 - Razées para a necessidade de vistoria e/ou intervencio A Figura 5.16, a seguir, mostra que 0 comprometimento de funcionalidade da estrutura aos Estados Limites de Usilizagdo (E.L.S) foi responsavel por 45,8% das razdes fornecidas para as vistorias e/ou intervengdes, seguido de problemas detectados no controle tecnolégico, com 20,9%, que faz parte do item “Outras” da Figura 5.16, ¢ do comprometimento de seguranca aos 83 Estados Limites Ultimos (E.L.U), com 19,2%. Cabe salientar que, desse ultimo indice, a parcela 5,8% corresponde a casos de ruina com colapso total da estrutura, $,8% a risco iminente de ruina © 7,6% a ruina de elementos isolados. 50 Estetica - 5,8% as DELS - 45,8% 40 35 DELU-19,2% 30 1D Acréscimo de pavimento ou 25 ampliagao - 2,5% a Mi Mudanga de utilizagao - 2,5% 15 10 BOutras - 24,2% 3 ty 0 Figura 5.16 - RazSes para a necessidade de vistoria e/ou intervengio - Goiania 0 item “Outras” corresponde aos seguintes eventos: corregdo de projeto, problemas detectados no controle tecnolégico, e reinicio de obra paralisada, 5.3.5 - Manifestagdes patolégi s nas edificacdes Estes dados foram obtidos de 94 edificagdes, que correspondem a 78,3% do total. As 26 obras restantes no necessariamente manifestavam patologias e foram cadastradas pois sofreram algum tipo de intervengao devido aos seguintes fatos: correedo de projeto, acréscimo de pavimento ou ampliagéio, mudanca de utilizagdo baixa resistencia do concreto detectada ainda durante a construgéio. O somatério ¢ superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 152,7%, Segundo a Figura 5.17, fissuras e segregagdes apresentaram os maiores percentuais cadastrados no levantamento, com 0 mesmo indice de 30%. O terceiro, colapso parcial ow total, com 15,8%. As 2 primeiras manifestagées em destaque refletem bem a questio de 74,2% das obras coletadas 84 estarem ainda na etapa de construcdo. Por isso, esses dados diferem dos encontrados em Brasilia, Flechas - 11,7% Ci Fissuras - 30% i Infiltragdes - 6.7% & Corrosao - 14.2% i Esfoliagao - 15,1% WM Desagregagio -2,5% Segregagaio - 30% Gi Recalque - 5,0% © Colapso parcial ou total - 15,8% & Armadura exposta - 7.5% i Outras - 14,2% Figura 5.17- Manifestagdes patologicas nas edificagdes - Goinia 0 item “Ourras”corresponde as seguintes manifestagdes: biodegradagdio de fungos, desvio de _geometria, concrecdes, eflorescéncia, pulveruléncia, juntas danificadas e armaduras com secdo reduzida devido ao alto nivel de corroséio. 5.3.6 - Causas das manifestacdes patolégicas Esta andlise abrangeu 115 obras catalogadas, que correspondem a 95,8%. As outras 5 edificagdes foram reparadas/reforgadas devido aos seguintes fatores: mudanca de utilizagdo, acréscimo de pavimento ou ampliagdio e corregéo de projeto na fase de construcéo. Execugdio e projeto juntos foram responsaveis por 65% das patologias existentes nas obras, A parcela de 45% foi responsabilidade exclusiva de execugdo, 15,8% exclusiva de projeto € 4,2% de projeto associado a execugdo. Em valores totais 0 projeto foi responsavel por 21,7% e a execugéio por 60,8%, segundo as Figuras 5.18 ¢ 5.19. 85 Projeto- 15,8% CO Execugiio - 45% © Material - 10,9% Utilizagao - 2,5% Manutengio - 1,7% J Agdo imprevista - 0,8% 1H Outras - 0,8% Figura 5.18 - Causa isolada das manifestagdes - Goidnia item “Outras"da Figura 5.18 corresponde a0 seguinte evento: projeto de fundagdes deficient. cH Re RUA HM oS Projeto e Execugo - 4,2% Projeto e Manutengao - 1,7% CIExecugio e Materiais - 9.2% DIExecugao ¢ Utilizagao - 0.8% CExecugdo e Manutengao - 0.8% MExecugdo e Agdo imprevista - 0,8% Figura 5.19 - Causas associadas das manifestagdes patologicas - Goiania De acordo com as Figuras 5.20 ¢ 5.21, a maioria dos problemas relacionados com 0 projeto estrutural é devida a falhas no detalhamento, com 56%, seguida de erros de cdilculo, com 28%, onde observa-se que assim como em Brasilia a soma é superior a 100% devido a superposig’io de causas, As falhas de execugio sdo, principalmente, devidas a concretagem (48,1%), resistencia do concreto insuficiente (16%) e espessura do cobrimento inadequada (13,3%). 86 60 50 40 | Concepgao - 20% =e IB Calculo - 28% 20 [CD Detalhamento - 56% 10 0 Figura 5.20 - Problemas de projeto - Goiania Di Geometria - 8,0% Armadura - 5,3% CO Coneretagem - 48,1% 1 Cobrimento deficiente - 13,3% Resistencia insuficiente - 16% Dosagem ruim - 9,3% © Outros - 34,7% Figura 5.21 - Problemas de execugio - Goiénia Observa-se que Brasilia apresentou mais problemas motivados pelo ciilculo e Goidnia mais problemas de defalhamento. Contudo, em Brasilia, a diferenga entre os problemas de cdilculo e detalhamento ¢ pequena, de 5,1%. Em Goiania, a diferenga é alta, igual ao valor correspondente a problemas de cdilculo, de 28%. Constata-se que Brasilia e Goinia também diferem quanto aos problema de execugio. Brasilia apresenta mais problemas de cobrimento deficiente e Goidinia problemas de concretagem, como se verifica no item 5.3.5, 87 © item “Outros’da Figura 5.21 corresponde aos seguintes problemas de execugio: cura deficieme, desforma e retirada do escoramento precoces, néio observancia de projeto, juntas mal executada, aterro mal executado, forma danificada ou deformada, uso de aditivo a base de cloreto, execuedo precéria das fundagées ¢ impermeabilizagao mal executada. 5.3.7 - Materiais de intervencao Estes percentuais baseiam-se em 60 obras cadastradas, 0 que corresponde a 50% do total de edificagdes registradas. Quanto ao restante, nao existe registro da forma de intervengio. O somatério corresponde a 65,8% devido a superposigao. Através da Figura 5.22 constata-se que os materiais mais utilizados na intervengao foram: conereto moldado in loco (29,24), graute mineral (16,6%) e barras de ago para concreto aarmado (15,8%). 30 = 1 Conereto - 26,7% 20 Concreto projetado - 2.5% 15 WHA Ago - 15,8% Uy Argamassa epoxi - 1,7% 10 Yj Resina epéxi - 2.5% 5 1 Graute - 16,6% 0 a Figura 5.22 - Materiais de intervengao - Goidnia Percebe-se, nitidamente, a diferenga entre os materiais de intervengao utilizados em Brasilia e Goiania, A tendéncia de Brasilia ¢ empregar mais resina e argamassa a base de epdxi, com 120%, indice maior que 100% devido 4 superposi¢ao. Em Goiania prefere-se 0 uso do concreto, principalmente, o de alto desempenho (CAD), ¢ ainda uma preferéncia em trabalhar com graufe 88 mineral, que nao se observa em Brasilia 5.3.8 - Técnicas de intervencio Assim com no item 5.3.7, estes dados foram obtidos de 60 obras catalogadas. O somatério corresponde a 67,5% devido a superposigao Segundo a Figura 5.23 as técnicas predominantes foram: remoldagem com concreto (22,5%), remoldagem com argamassa (16,7%) e adigéo de barras de ago para concreto armado (12,5%). 25 Barras adicionais - 12,5% 20 O Remoldagem com concreto - 22,5% Is Remoldagem com argamassa - 16,7% lo Y Wi Injegio de fissuras - 0,8% Recomposigao de 5 L revestimentos - 2,5% Outras - 12,5% 0 Figura §.23 - Técnicas de intervengio - Goidnia 0 item “Outras”corresponde as seguintes técnicas: reforgo de fundagées, execugdo de jumas, impermeabilizagéio, substituicdo e acréscimo de elemento estrutural de concreto armado. Cabe chamar atengao para a porcentagem total deste item, assim como do item 5.3.7, que foi inferior a 100%. Isto pode ser explicado pelo fato de que estes percentuais foram sobre as 120 edificagées cadastradas, ao invés das 60 obras que passaram por algum processo de intervengao. 89 5.3.9 - Métodos de avaliacio estrutural utilizados Estes dados foram obtidos de 36 obras, que corresponde a 30% das edificagdes cadastradas. A Figura 5.24, a seguir, mostra que o ensaio mais utilizado na avaliagdo foi o ensaio de esclerometria do concreto, com 27,5%, seguido dos ensaios de amostras (testemunhos) de cconereto, com 15%. O item vistoria nao consta, porém todas as obras foram vistoriadas. Observe que o somatorio corresponde a 41,7% devido a superposigao 30 25 |BRevisdo de projeto -2,5% es DEsclerometria - 27,5% Ensaio de amostra concreto 1s - 15% Teste de carga - 1,7% 10 5 oO Figura 5.24 - Métodos de avaliagao estrutural utilizados - Goidnia Cabe salientar 0 baixo percentual de obras cuja intervengao realizou-se sem passer por uma revisiio de projeto estrutural. O alto percentual de ensaios nao destrutivos e ensaios de amostras (testemnnhos) de conereto deve-se ao fato da empresa pesquisada atuar na érea de controle de materiais, 5.4 - ANALISE DO MATO GROSSO DO SUL 5.4.1 - Introdugio Campo Grande tem aproximadamente 600 mil habitantes. E também um estado com economia 90 predominantemente agropecuaria ¢ com um setor industrial bem modesto. No que se refere a construgao civil as caracteristicas da cidade so bem semelhantes a Goidnia, e a diferenga maior reside no numero de habitantes. O estado do Mato Grosso do Sul nao possui firmas de Engenharia dedicadas apenas & area de recuperagdo. Os trabalhos sdo realizados por empresas locais atuantes também em outra érea, ou por empresas de recuperagdo de outros estados. Uma caracteristica apresentada pelo estado do Mato Grosso do Sul neste levantamento foi o grande indice de pontes existentes com incidéncia de problemas patologicos, bem maior que os outros tipos de obras. Isto pode ser observado nos dados, que serao analisados a seguir. Cabe salientar para 0 pequeno nimero de informagGes coletadas, 22 obras. Isso pode ser, em parte, justficado pelo fato do responsivel pelo fornecimento dos dados, preocupar em registrar somente os piores casos. A auséncia de arquivos ¢ dificuldades de contato com outros profissionais do setor também contribuiram para o niimero reduzido, O estado do Mato Grosso do Sul apresentou ainda como particularidade o fato de os problemas registrados em fundagdes serem mais acentuados que as demais causas. © Anexo B contém todas as tabelas referentes as 22 obras cadastradas em Campo Grande, sistematizando todas as informagdes coletadas para cada tipo de edificagao. 5.4.2 - Idade aproximada da edificacio Como se pode observar na Figura 5.25, o maior percentual de danos/intervengdes ocorreu ainda nna fase de construedo, com 50,0%. O segundo maior percentual fica com dois periodos cconsecutivos que englobam os /0 primetras anos de idade, apés a construgdio, com 36,4%. Ou seja, 86.4% dos eventos foram registrados dentro dos 10 primeiros anos da edificagdo, incluindo a fase de construgao. 91 9.1% 18,2% CEm construgaio - 50% BAté 5 anos - 18,2% 5a 10 anos - 18,2% 110 a 20 anos - 9,1% 18,2% Mi Mais de 30 anos - 4,5% Figura 5.25 - Idade aproximada das edificagdes - Campo Grande Observa-se que a baixa incidéncia de danos registrados nas obras com mais de 30 anos é comum 4s trés cidades: Brasilia, Goidnia e Campo Grande. Esta baixa incidéncia de eventos em edificagdes ‘mais antigas, pode indicar deficiéncia nos registros, pois pela idade apresentam maior dificuldade em fornecer detalhes, ou talvez uma melhor qualidade na execugao das mesmas. 5.4.3 - Localizagio do dano e/ou intervengio segundo 0 elemento Os elementos afetados predominantes foram: fundacdes (36,4%), seguidas de pilares (33,3%) e Jajes (28,6%), segundo a Figura 5.26. Um fato interessante a se observar é que o levantamento nao registrou problemas em vigas, 0 que € estranho, principalmente quando as lajes sfo afetadas item “Outros”da Figura 5.26 corresponde aos seguintes elementos: consolos, marquises, aparethos de apoio e tubulagoes. A questo dos pilares terem apresentado um alto indice (33,3%) de defeitos coincide com os dados encontrados em Goiania, cujo indice foi o maior (46,7%). Esta informagio serve de alerta para se verificar a qualidade de projetos ¢ execugao, pois trata-se do elemento mais importante 92 de uma estrutura, que esta sendo negligenciado. O somatério é superior a 100% devido 4 superposigao e corresponde a 130% 40 35 Ci Fundagio -36,4% 30 @ Pilar - 33,3% 25 Laje - 28,6% a 3 Cobertura - 4,5% Parede 15 diviséria/fachada - 4,5% 10 Outros - 22,7% 5 o Figura $.26 - Localizagao do dado e/ou intervengao segundo o elemento - Campo Grande 5.4.4 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervencio Pela Figura 5,27 observa-se que 0 comprometimenio da seguranca aos Estados Limites Ultimos (EL.U), com 40,9%, foi o motivo predominante para que houvesse a necessidade de vistoria e/ou intervengio, sendo que a parcela 9,1% corresponde a casos de ruina com colapso total da estrutura, 9,1% a risco iminente de ruina ¢ 22,7% a ruina de elementos isolados. E um indice discutivel, explicado pelo fato citado de a fonte principal de informagdes ter tido a intengaio de transmitir apenas os casos mais graves, 0 que levou a uma visio incorreta do todo, segundo motivo que gerou a necessidade de vistoria e/ou intervengao foi o comprometimento de funcionalidade da estrutura aos Estados Limites de Utilizagdo (E.L.S), com 36,4% O item “Outras"da Figura 5.27 corresponde aos seguintes eventos: erro de locagdo do terreno endo adequagdo de projeto & Normas especificas. 93 40 38 DELS - 364% ao DELU-40,9% as B Acréscimo de pavimento 20 ou ampliagao - 4,5% 15 Mudanga de utilizagio - i 9.1% 3 Outras - 9,1% 5 0 a Figura 5.27 - Razdes para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Campo Grande 5.4.5 - Manifestacdes patolégicas nas edificacdes Esta andlise foi feita em apenas 18 obras cadastradas, que correspondem a 81,8% do total de obras coletadas. As demais nao apresentaram manifestagdes, mas sofreram intervengaio devido a: acréscimo de pavimento ou ampliagdo, erro detectado antes que as patologias se manifestassem, rojeto inadequado segundo Normas especificas e erro de locagéio do terreno. O somatorio & superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 154,2%. ‘Nas manifestagdes, segundo a Figura 5.28, os destaques ficam para recalques e colapsos parcial ou total, com 31,8% cada. Estes indices, como ja foi explicado no item acima, so devido ao cadastramento concentrar-se nos piores casos, Os recalques podem ser justificados por problemas como: fundagdo executada com profundidade incompativel a0 projeto, falta de habilidade e cexperiéncia da mao-de-obra na cravagdo de estacas, estacas apoiadas em solo inadequado e acdo imprevista segundo destaque ficou com as manifestagdes de flechas excessivas e fissuras, com 22,7% cada 94 Um fato interessante, obscrvado durante a coleta de dados, foi a baixa incidéncia de relatos de problemas de corrosdo de armaduras, segundo as informagdes obtidas com os profissionais entrevistados. GFlechas - 22.7% DFissuras -22,7% nfiltragdo - 4,5% Corroséo - 4,5% BEsfoliago - 4,5% TM Desagregagao - 4,5% CiSegregagdio - 4,5% GReealque - 31,8% 5 Colapso parcial ou total - 31,8%| 5S Armadura exposta - 4,5% BOutras - 18,2% Figura 5.28 - Manifestagdes patoligicas nas edificagdes - Campo Grande 0 item “Outras” da Figura 5.28 corresponde as seguintes manifestagdes: deformagdes, perda de suporte das fundagdes e aparethos de apoio danificados. 5.4.5 - Causas das manifestacées patologicas Esta andlise foi feita em apenas 18 obras cadastradas, que correspondem a 81,8% do total de obras coletadas. As demais sofreram intervenao devido a: acréscimo de pavimento ou ampliagao, erro detectado antes que as patologias se manifestassem, projeto inadequado segundo Normas especificas e erro de locagéio do terreno. De acordo com a Figura 5.29 08 itens execugdo e projeto, com 59,1%, foram os maiores 95 responsaveis pela ocorréncia de patologias. A parcela de 36,4% foi responsabilidade exclusiva de execucdo, 13,6% exclusiva de projeto € 9.1% de projeto e execugéio. Considerando todos os dados que apresentaram como causa Unica ou uma das causas execugiio e projeto, tém-se as seguintes percentagens: 45,5% ¢ 22,7%, respectivamente. i Projeto - 13,6% CDIExecugio - 36,4% B Acdo imprevista - 4,5% Di Incéndio - 9,1% Outras - 13,6% Projeto e Execucao - 9,1% Figura 5.29 - Causa das manifestagdes - Campo Grande Estes dados so similares aos obtidos em Brasilia e Goiinia, onde a evecuciio também é a causa predominante de todos os problemas detectados. O item “Ouiras"da Figura 5.29 corresponde aos seguintes acontecimentos: drea do terreno inferior & fornecida aos projetistas, alteragdo de projeto sem a verificagao do projetista mudanga arquiteténica sem verificagéo do projeto estrutural. Pela Figura 5.30 verifica-se que os problemas relacionados com projeto estrutural so, principalmente, devido a concepedo e detalhamento, com 40% cada. Estes dados diferem dos outros estados analisados no que se refere 4 concepedo, que apresentou percentagem maior que céiculo, 0 que no ocorreu nos demais estados. Vale lembrar, novamente, que este item pode ser bastante influenciado pela subjetividade no relato, CC oncepgao - 40% HCAlculo - 20% GDetalhamento - 40% Figura 5.30 - Problemas de projeto - Campo Grande A Figura 5.31 aponta o item findagiio, com 40%, como 0 maior problema relacionado com a ‘execugao, seguida de armadiura, com 30%, e concretagem, com 20%, sendo 0 somatério superior 8 100% devido a superposigao. Dl Armadura - 30% i Concretagem 20% ‘obrimento deficiente - 10% CFundagio - 40% BDosagem ruim 10% MOutros - 20% Figura 8.31 - Problemas de execugao - Campo Grande © item “Outros” da Figura 5.31 corresponde aos seguintes problemas de execugio: locagdio errada de elemento estrutural e aparethos de apoio mal executados. o7 5.4.6 - Materiais de intervencio Foram analisadas 20 edificagdes, que correspondem a 90,9% das obras cadastradas. As outras ‘obras passaram apenas por inspegdo. O somatério ¢ superior a 100% devido a superposigao € corresponde a 172,6%. A Figura 5.32, a seguir, mostra, que os materiais mais utilizados foram: concreto moldado in loco (68,2%), barras de ago para concreto armado (59%), chapas/perfis metallicos e cabos de ago (18,2%) e resina epéxi (18,2%). CConereto - 68.2% WConcreto projetado -4,5%| Ago em barras - 59% Aco em chapas/perfis, + 18,2% EiResina epéxi - 18,2% OGraute - 4,5% Figura 5.32 - Materiais de intervencao - Campo Grande Observa-se que 0 concreto, assim como em Goiania, foi o principal material utilizado. A resina epoxi nao foi tao empregada quanto em Brasilia, mas o indice foi superior a Goidnia, As chapas’perfis metilico e cabos de ago foram mais utilizados do que em Goifinia e Brasilia. 5.4.7 - Técnicas de intervencaio AS técnicas de intervengdo mais utilizadas, segundo a Figura 5.33, foram: remoldagem com conereto (27,3%), adigdo de barras de ago para concreto armado (22,7%) © acréscimo de 98 elemento estrutural de concreto (22,7%). 70 @ Barra adicional - 22,7% 50 ZChapa adicional -9,1% Remoldagem com 40 conereto - 27,3% 30 GRemoldagem com argamassa - 4,5% 20 BProtensio - 4,5% DOutras - 68,2% 10 oO Figura 5.33 - Técnicas de intervengio - Campo Grande item “Outras”da Figura 5.33 corresponde as seguintes técnicas utilizadas: reforco de fundacdes, acréscimo de fundagées, reforco e ajuste em estruturas metilicas, substituigéo e acréscimo de elementos estruturais. O somatério é superior a 100% devido a superposigao e corresponde a 136,3% Em relagio a Brasilia © Goidnia, observa-se uma diferenga apenas quanto substiquigdo & acréscimo de elementos estruturais de concreto, que, em Campo Grande, destacou-se mais que as outras técnicas 5.4.8 - Custo aproximado da intervencao em relagio ao valor da edificacio Estes dados se baseiam em 16 obras cadastradas, que correspondem a 72,7% do total. Todas essas obras apresentaram um custo de intervengdo que ndo ultrapassou 25% do custo da edificagdo. 99 5.4.8 - Métodos de avaliacio estrutural utilizados ‘Os métodos de avaliagao mais utilizados, de acordo com a Figura 5.34 foram: revisdo de projeto estrutural, com 63,6%, seguido do ensaio de esclerometria do concreto, com 18,2% e ensaios de amostras (testemunhos) de ago e conereto, com 13,6% cada, O item vistoria no consta, mas todas as obras foram, obviamente, vistoriadas. O somatério é superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 118%. 2 DRevisio de projeto - 63,6% 60 GEsclerometria - 18,2% 0 [Ensaio de amostra concreto - 13,6% 40 TEnsaio amostra ago - 13,6% 30 TAcompanhamento de fissuras - 4,5% * WDeslocamento - 4,5% — | igura 5.34 - Métodos de avaliagdo estrutural utilizados - Campo Grande 5.5 - ANALISE DO MATO GROSSO 5.5.1 - Introducio Cuiaba, assim como Campo Grande, possui aproximadamente 600 mil habitantes e também nao conta com empresas dedicadas exclusivamente recuperagdo estrutural. Os trabalhos sao realizados por empresas locais que militam em outras reas, ou por empresas do ramo de outro estado. Cabe chamar atengdo para o niimero extremamente reduzido de dados coletados, 13 obras. A 100 explicagao para isto residiu no receio, nao expresso formalmente, de alguns profissionais locais. do setor em fornecer as informagdes, talvez pensando em proteger as firmas envolvidas do uso indevido dos dados, mesmo com a garantia do anonimato apresentada & época dos contatos, Apesar do numero muito reduzido, assim como em Campo Grande, com relagao a Brasilia ¢ Goiinia, decidiu-se por apresenta-los no trabalho, tendo-se 0 cuidado da anélise em separado e com dbvios prejuizos a avaliagao da regio Centro-Oeste como conjunto. © Anexo B contém todas as tabelas referentes as 13 edificagdes coletadas em Cuiaba, sistematizando todas as informagdes coletadas para cada tipo de edificagao. 5.5.2 - Idade aproximada da edificagio Observa-se, através da Fig.5.35, que o periodo de até 5 anos de idade da edificago apresentou © maior indice, de eventos com 53,8%, Em construgao - 15,4% DAteé 5 anos - 53,8% BBS a 10 anos - 23,1% 10.220 anos - 7.7% 53,8% Figura 5.35 - Idade aproximada das edificagdes - Cuiaba 0 periodo correspondente aos /0 primeiros anos de idade apés 0 término da construgdio acumulou 76,9% dos problemas ocorridos nas obras cadastradas. Esta percentagem foi maior que as encontradas nas outras trés cidades analisadas. Ao somar a este valor o do periodo de construgao, obtém-se 92,3% dos danos ocorridos. 101 5.5.3 - Localizagao do dano e/ou intervencao segundo o elemento Segundo a Figura 5.36, os elementos mais afetados foram: pilares e vigas, com 38,5% cada, e ajes, com 30,8%. O item “Outro”da Figura 5.36 corresponde aos seguintes elementos: calhas somatirio & superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 184,8%, 40 35 Fundagio - 15.4% OPilar - 38,5% *° CVigas - 38.5% 2s EBLaje -30,8% Cortina/parede - 23,1% 20 SParede diviséria/fachada 1s =23,1% CCobertura - 7,7,% i © Outro - 7.7% Figura 5,36 - Localizagio do dano e/ou intervengao segundo o elemento 5.5.4 - Rarées para a necessidade de vistoria e/ou intervencio Nos dados coletados, como pode ser observado na Figura 5.37, as unicas razdes relatadas para a necessidade de vistoria e/ou intervengao foram: comprometimento de funcionalidade da estrutura aos Estados Limites de Utilizagdo (E.L.S), com 92,3%, ¢ ao comprometimento da seguranga aos Estados Limites Ultimos (E.L.U), com 7,7%, que corresponde a caso de ruina com colapso total da estrutura fato de Cuiaba nao apresentar outras razdes além das duas citadas pode ser atribuido ao numero reduzido de edificagdes cadastradas. Entretanto, de uma maneira geral, elas foram as principais razdes que implicaram em vistoria e/ou intervengao na regio Centro-Oeste. 102 7.7% DELLS - 92,3% MELU-7,7% 923% Figura 5.37 - Razées para a necessidade de vistoria e/ou intervengao - Cuiaba 5.5.5- Manifestagdes patologicas nas edificagdes Esta analise baseou-se em 1 edificagdes, que correspondem a 84,6% do total de obras coletadas. As outras duas obras nfo apresentaram manifestagdes, mas foram reparadas por suspeita de problemas com o concreto. O somatério ¢ superior a 100% devido a superposigdo e corresponde 231%, lM Flechas - 7,,7% O Fissuras - 46,2% Oi Infiltracao - 7.7% D Corrosao - 23,1% | Esfoliagao - 15.4% | Z Desagregagio 7,7% Gi Segregagio - 38,5% Recalque - 15,4% Colapso parcial ou total -7,7% 5 Armadura exposta - 30,8% Ti Outras - 30,8% A Figura 5.38, a seguir, mostra que as manifestagdes que mais se destacaram foram: fissuras (46,2%), segregagdo (38,5%) e armaduras expostas (30.8%) Segregagdo ¢ armaduras expostas, so sintomas de mé qualidade da concretagem e/ou do detalhamento das edificagées catalogadas em Cuiaba. item “Outras”corresponde as seguintes manifestagdes: fungos, desaprumo e eflorescéncia, 5.5.6- Causas das manifestacées patologi De acordo com a Figura 5.39, projeto e execuedio, juntos, foram responsaveis por 77% dos danos ‘corridos nas edificagtes registradas. A parcela de 30,8% corresponde exclusivamente a projefo, 38, 5% exclusiva a execugdio e 7,7% a execugiio e projeto associados. Considerando todos os dados que apresentaram como causa ou uma das causas projeto e execuedio tem-se 46,2% e 61,6%, respectivamente. 40 os Projeto - 30,8% 1 Execugdo - 38,5% 30 Y © Material - 7,7% 25 5 Projeto e Execugdo - 7,7% 20 | D Projeto, Execugdo ¢ | ‘Agdo imprevista - 7,7% 15 | |B Execugao e Agdo imprevista - 7,7% 10 5 0 Figura 5.39 - Causa das manifestagdes - Cuiabi Pela Figura 5.40 constata-se que os maiores problemas causados por falhas de projeto esto relacionados ao cdilculo, com 50%, que coincide com os dados obtidos em Brasilia 104 Um fato interessante a ser observado ¢ que, concepedo e detalhamento apresentaram percentagens iguais, com 33,3%, que coincidem com as informagées encontradas em Campo Grande. Porém, em Cuiabé seus indices foram inferiores ao calculo, e em Campo Grande ocorreu 0 oposto. 50 40 30 DC oncepgao - 33,3% BC Alculo - 50% 20 |S Detathamento - 33,3% 10 0 Figura 5.40 - Problemas de projeto - Cuiabé © somatério nas Figuras 5.40 e 5.41 € superior a 100% e corresponde a 116,6% e 175%, respectivamente. Segundo Figura 5.41, verifica-se que os maiores problemas de execugao esti relacionados a: concretagem (62,5%), cobrimento deficiente (37,5%) e dosagem incorreta (25%). © Geometria - 12,5% Ci Coneretagem - 62,5% 1 Cobrimento deficiente - 37,5% EB Fundagio - 12,5% 1 Dosagem ruim -25% Outros 25% Figura 5.41 - Problemas de execugio - Cuiaba 105 O item “Outros’éa Figura 3.41 corresponde aos seguintes problemas de execugao: nao observancia do projeto e falta de impermeabilizagao. 5.5.7 - Materiais de intervencio Foram utilizadas 12 obras para esta anilise, que corresponde a 92,3% das edificagdes cadastradas. A outra obra ndo foi ainda recuperada. O somatério é superior a 100% devido a superposigao corresponde a 154%, 50 4s 40 35 30 25 20 15 10 S 0 TConereto - 46,2% [Ago em barra - 46,2% TD Aco em chapas’pertis -7,7% iResina epoxi - 7,7% AGraute - 46,2% Figura 5.42 - Materiais de interveneao - Cuiaba Os materiais predominantes foram: harras de ago para concreto armado, concreto moldado in Joco e graute mineral, com 46,2% cada, segundo a Figura 5.42 5.5.8 - Técnicas de interven¢io Assim como no item 5.5.7, esta anélise baseou-se em 12 das 13 obras cadastradas. O somatério € superior a 100% devido a superposigdo e corresponde a 138,6% -Da Figura 5.43 verifica-se que as técnicas de intervengao mais utilizadas foram: remoldagem com 106

Das könnte Ihnen auch gefallen