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Vol. 1
UNIDADE 7 - EMPRESA
1. Conceito de Empresa
Para Orlando Gomes e Elson Gottschalk: “Empresas são organizações nas quais há
um certo número de empregados, desenvolvendo uma atividade comum, sob a
autoridade de um chefe investido no poder de direção.”2
O Direito do Trabalho não tem pela empresa o mesmo interesse que tem a ciência
econômica, para ele o que é relevante são as relações interpessoais que se desenvolvem
no seio dela. Uma organização produtiva embora seja empresa na expressão econômica,
não o será na seara trabalhista quando não tiver empregados, como por exemplo empresa
unipessoal ou do produtor autônomo, que trabalha sem ajuda de empregados. Embora
sejam empresas no sentido econômico e do Direito Comercial.
2.1. Estabelecimento
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Pinto, José Augusto Rodrigues Pinto – Curso de direito individual do trabalho – 2ª ed. São Paulo :LTr. 1995
2
Gomes, Orlando e Elson Gottschalk – Curso de direito do trabalho – Rio de Janeiro : Forense , 1998
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Obra citada.
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b) subordinação hierárquica
3. Relevância do estabelecimento
Entendo que os direitos dos trabalhadores são adquiridos na empresa, via de regra,
porém existem aqueles que são auferidos junto ao estabelecimento. Ex.: inamovibilidade em
razão de atividade sindical.
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Direito do Trabalho Resumido - Edson Braz da Silva
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Está enunciado nos artigos 10 (Parte Geral) e 448 da CLT (na parte do contrato
individual do trabalho).
Existem empresas societárias cuja capital social está quase todo concentrado nas
mãos de um dos sócios, como por exemplo, aquelas sociedades em que um dos sócios
detém 99% do capital e o outro apenas 1%, geralmente marido e mulher, pai e filho, etc. Só
formalmente essas empresas são uma sociedade, pois, de fato, funcionam como
verdadeiras firmas individuais. Nesses casos também aceitaria a incidência do art. 483, § 2º
da CLT na hipótese de morte do sócio majoritário.
Para alguns autores, o tema deveria ser tratado como sucessão de empresas e outros
como sucessão de empregadores. Ousando divergir dos doutos, afirmamos que esses
fenômenos são distintos e não se confundem. A sucessão de empresas é uma coisa e a de
empregadores outra, por exemplo: a empresa Y, uma firma individual e sem empregados, foi
vendida para a empresa W, que assumiu todo seu patrimônio e as suas atividades. Como a
empresa Y era unipessoal, houve a sucessão de empresas sem que houvesse a sucessão
de empregadores. A empresa X, antes de ser vendida para a empresa G, dispensou todos
os seus empregados e quitou todas as suas obrigações para com eles. Ao absorver e dar
continuidade às atividades da empresa X, a empresa G o fez apenas com o seu quadro
funcional, sem aproveitar qualquer dos empregados da empresa X. Aqui há sucessão de
empresas e não sucessão de empregadores.
Délio Maranhão ensina: "O conceito de sucessão, em sua acepção mais ampla,
abrange todos os casos em que se verifica uma modificação do direito quanto ao respectivo
sujeito. Nas palavras de Coviello, sucessão, em sentido jurídico consiste ‘na substituição de
uma pessoa por outra na mesma relação jurídica’: a identidade da relação e a diversidade
dos sujeitos caracterizam a verdadeira sucessão." 4
4
SÜSSEKIND, Arnaldo... et al. - Instituições de direito do trabalho –- 17ª ed. vol.1 – São Paulo : LTr. 1997.
p.308.
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Com relação a este assunto, temos por importante saber que todo o patrimônio
envolvido na atividade da empresa fica afetado pelo trabalho de seus empregados como se
as obrigações da empresa para com seus empregados fossem do patrimônio dela, ou seja,
obrigações ob rem ou propter rem, que se transferem juntamente com os bens a que estão
unidas. Esses bens, corpóreos ou incorpóreos, responderão para com os direitos dos
empregados independentemente de quem seja os seus titulares.
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idem, p. 311.
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b) Conceito legal: “Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,
constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão,
para efeitos da relação de emprego, solidariamente responsável a empresa principal e cada
uma das subordinadas.” (art. 2°, § 2° da CLT)
a) pluralidade de empresas;
d) direção geral, ou coordenação do interesse econômico comum, por uma das empresas.
“De início, estabeleça-se que da própria conceituação legal se extrai que o grupo
econômico previsto na Consolidação das Leis do Trabalho tem maior abrangência do que
aquele previsto na Lei n. 6.404/76, que regula as sociedades anônimas. De fato, enquanto
para efeito da lei comercial, o grupo econômico será constituído, necessariamente, mediante
convenção registrada, entre sociedade controladora e sociedades filiadas, devendo, estas
últimas, revestirem a forma de sociedade anônima ou em comandita por ações; para efeitos
trabalhistas, o grupo existirá desde que presente os requisitos indicados no § 2º do art. 2º da
Consolidação.” 7
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PINTO, José Augusto Rodrigues, obra citada, p. 153
7
CUNHA, Maria Inês Moura S. A. da - Direito do Trabalho, p.54
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A Lei n° 5.889/73, que cuida do trabalho rural, no artigo 3º, § 2º, alargou o princípio da
solidariedade das empresas componentes de grupo econômico, não exigindo no âmbito rural
o requisito subordinação das empresas grupadas à empresa-mãe ou controladora,
bastando que integrem grupo econômico ou financeiro rural.
Sobre conceito e regras gerais de solidariedade ativa e passiva, ver artigos 267/285
do Código Civil.
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CUNHA, Maria Inês Moura S. A. da - Direito do Trabalho, p. 57)
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Súmula TST
Jurisprudência:
PROCESSO: RR-522.520/1998.6 - TRT DA 3.ª REGIÃO - (AC. 5.ª TURMA)
CORRE JUNTO: 522519/1998.4
RELATOR: MIN. GELSON DE AZEVEDO
EMENTA: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SUCESSÃO. RECURSO DE REVISTA DA FERROVIA
CENTRO ATLÂNTICA S.A. Recurso de que não se conhece, porque deserto. RECURSO DE REVISTA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE. Os limites da competência do Ministério Público do Trabalho
estabelecidos no art. 83 da Lei Complementar nº 75/93, mais especificamente no seu inciso VI - ao prever a
possibilidade de interposição de recurso das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário,
tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei - hão de ser entendidos
à luz do art. 127 da Constituição Federal. A atuação do Ministério Público como fiscal da lei deve restringir-se
às hipóteses em que se pretende assegurar a observância dos valores e bens da ordem jurídica
predominantemente tutelados, quando esta se reporte a litígio em que apareça o interesse público ou direitos
que mereçam amparo especial. Na situação em exame, o Ministério Público recorre para defender interesse da
Rede Ferroviária Federal S.A., sociedade de economia mista, ente dotado de personalidade jurídica de direito
privado, que, inclusive, se encontra regularmente representado por advogado que manifestou recurso de revista
do acórdão do Tribunal Regional na parte que lhe foi desfavorável. Inexistente interesse público a ser
resguardado, não se conhece do recurso de revista. Publicado no DJ n.º 48. 10/03/2000. p. 82.
GRUPO ECONÔMICO
ART. 2º, §2º DA CLT - SOLIDARIEDADE - CONTRATO ÚNICO
EMENTA: Recurso Ordinário - Grupo Econômico - Solidariedade - Contrato Único. O parágrafo 2º do art. 2º da
CLT, não esgota a matéria no que diz respeito a grupo econômico. É preciso que se considere outras
situações, que a prática pode criar e que, resultando das diversas formas de aglutinação de empresas, nem por
isso se desvirtua a co-responsabilidade de todas as empresas envolvidas em determinada relação jurídica. Nas
empresas coligadas não existe o liame de dependência ou controle, mas mesmo assim são co-responsáveis
pelo direito dos trabalhadores que a elas prestam serviços. Assim, e ante o reconhecimento do contrato único,
não há qualquer prescrição a ser declarada, nos termos do Enunciado n. 156 do C. TST. TRT 1ª Reg. RO
18070/96 - Ac. 3ª T - Rel. Juiz José Leopoldo Félix de Souza - DJRJ de 5.11.98, pág. 169.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Sócio quotista - Teoria da desconsideração a pessoa jurídica
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conceder ao empregado a garantia de percepção dos seus créditos, já que o sucessor deve responder pela
totalidade das obrigações decorrentes da relação empregatícia. (sem referência)
PROC.: TRT 18ª R/AP-0208/98 – Ac. 3441/98 – EG JCJ SÃO LUÍS MONTES BELOS/GO
RELATORA: JUÍZA IALBA-LUZA GUIMARÃES DE MELLO
EMENTA: SUCESSÃO DE EMPRESAS. CONFIGURAÇÃO. O prosseguimento da empresa na mesma
atividade econômica desenvolvida pela anterior, servindo-se das mesmas instalações, dos mesmos
empregados e com certeza da mesma clientela, acarreta apenas a alteração jurídica da empresa, impondo-se o
reconhecimento da sucessão de empregadores. (Data do Julgamento: 22.05.1998)
dever de vigiar (culpa in vigilando), ou de cuidar da coisa que se tem sob guarda (culpa in custodiendo), ou na
omissão diante do dever de agir (culpa in omittendo) ou quando o agente escolhe mal a pessoa a quem será
confiada uma certa tarefa (culpa in eligendo). Se o empreiteiro não paga o que deve aos empregados, por
exemplo, resta ipso facto demonstrada sua inidoneidade e, por conseguinte, a culpa in eligendo do dono da
obra” (Juiz Mário Sérgio Bottazzo). Recurso Desprovido. (sem referência)
ato de cisão. Caracterizada, portanto, a sucessão de empregadores. Agravo de petição a que se nega
provimento. (sem referência)
econômico-jurídica passou de um para outro titular e não houve solução de continuidade na prestação de
serviços. (Data do Julgamento: 17.03.1998)
foi desativada irregularmente, não tendo sido encontrados os sócios remanescentes, que se mudaram sem ao
menos informar para onde, no intuito de frustrar a aplicação do Direito do Trabalho. (TRT – 3ª R – 4ª T – Ap. nº
1834/97 – Rel. Antônio Marcellini – DJMG 31.01.98 – p. 5)
SOLIDARIEDADE. Caracterização
EMENTA: Trabalhando o empregado, inicialmente, para empresa de processamento de dados pertencente ao
mesmo grupo do Banco para o qual foi transferido, evidenciada a figura da solidariedade ativa ou, como
chamam alguns, a do empregador único. (TRT – 1ª R – 7ª T – RO nº 15404/94 – Relª Juíza Maria de Lourdes
Sallaberry – DJRJ 31.03.97 – p. 92)
Empreiteiro
EMENTA: Responsabilidade solidária. A empreiteira principal é responsável pelas obrigações trabalhistas
daqueles empregados contratados pela subempreiteira para execução dos serviços a que se obrigou e
transferiu, embora não seja a empregadora direta, o que a desobriga de anotar a CTPS. (TRT – 8ª R – 3ª T –
RO nº 54/97 – Relª. Juíza Odete Alves – DJPA 13.03.97 – p. 3)
Efeitos
EMENTA: Sucessão de empresas – Contrato único de trabalho – Efeitos. Caracterizada a sucessão de
empresas nos moldes previstos nos arts. 10 e 448 da CLT, a rescisão contratual procedida é nula e os efeitos
decorrentes do pacto laboral incidem sobre todo o período contratual, tendo em vista a unicidade do contrato de
trabalho. Sendo assim, somente é aplicada a prescrição qüinqüenal em relação às parcelas a partir do
ajuizamento da ação. (TRT – 12ª R – 1ª T – Ac. nº 2503/97 – Rel. Juiz José Francisco de Oliveira – DJSC
25.03.97 – p. 105)
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contratuais. Recurso a que se nega provimento. (TRT – 10ª R – 1ª T – RO nº 4664/97 – Rel. Juiz Ricardo
Castanheira – DJDJ 20.02.98 – p. 21)
É permitida a apreensão de bens particulares dos sócios, gerentes ou não, quando não mais existirem bens
suficientes da empresa para saldar a dívida trabalhista. O entendimento foi mantido pela 1ª Turma do TRT-10ª
Região ao julgar recurso de sócio que, alegando ser minoritário, buscou a reforma da sentença que determinou
a penhora de suas cotas societárias, as quais, segundo ele, só poderiam ser transferidas a terceiros após
oferecidas aos demais sócios.
Segundo o juiz relator, Pedro Foltran, a jurisprudência vem interpretando ser permitida a apreensão dos bens
particulares dos sócios, gerentes ou não, por meio da teoria da desconsideração da personalidade jurídica: “O
objetivo é coibir fraudes cometidas por grande número de empresas que ‘anoitecem e não amanhecem’,
ajudadas pela facilidade com que se muda a sua razão social no Brasil, deixando grande rastro de dívidas,
principalmente as de cunho trabalhista”, explica. Ele citou várias decisões semelhantes adotadas no TRT, as
quais consideram ser possível definir o responsável pelo pagamento da dívida - que não o devedor, em face da
sua insuficiência patrimonial - na fase executória. Para o juiz, o fato de o contrato social restringir a
transferência de cotas a terceiros não tem o poder de revogar a legislação que disponibiliza a partes e
magistrados os meios para executar a dívida quando o devedor não a salda de forma espontânea.
O autor invocou ainda a aplicação do Enunciado 205 do TST, pelo qual “o responsável solidário, integrante do
grupo econômico, que não participou da relação processual como reclamado e que, portanto, não consta no
título executivo judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo na execução”. Segundo o juiz Pedro
Foltran, o Enunciado não socorre o autor por tratar exclusivamente de situações envolvendo grupo econômico,
e não responsabilidade de sócio.
(1ª Turma - AP 484/2001) Fonte: T.R.T. 10ª REGIÃO
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Alterada em 08/08/2008
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