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Inteligência Estratégica

Seminário Internacional Inteligência Estratégica


15 -17/10/2007

São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba


Sumário

Sumário ................................................................................................................................. 2

Introdução ............................................................................................................................. 3

O contexto : globalização, informação, sociedade ............................................................. 4

A Inteligência Estratégica .................................................................................................... 5

Partindo de uma definição... .................................................................................... 5


Principais vantagens da Inteligência Estratégica .................................................. 6
Importância da ética................................................................................................. 7
O que a IE não é........................................................................................................ 8

Principais conceitos .............................................................................................................. 9

Informação ................................................................................................................ 9
Ciclo da inteligência................................................................................................ 12
Qual é a cor da sua informação ? .......................................................................... 13
Avaliar uma fonte ................................................................................................... 14

Situações francesas e brasileiras ....................................................................................... 15

Na França ................................................................................................................ 15
No Brasil .................................................................................................................. 17

Conclusão ............................................................................................................................ 18

Links e livros ....................................................................................................................... 19

2
Introdução

Este documento sobre a Inteligência Estratégica (IE) foi realizado no âmbito do primeiro
seminário internacional sobre o assunto organizado pela Câmara de Comercio França Brasil
(CCFB) com apoio técnico da Crescendo Consultoria e do Centro Franco-Brasileiro de
Documentação Técnica e Cientifica (CenDoTeC). O evento ocorreu em São Paulo, Curitiba e Rio
de Janeiro nos dias 15, 16 e 17 de outubro 2007. O seminário contou com a participação de três
responsáveis franceses famosos: Alain Juillet, Philippe Clerc e Henri Dou.

O relatório foi realizado para apoiar a difusão do tema feita por o intermediário desse evento. Ele
é estruturado para apresentar a IE de uma forma simples e resumida que facilita o
entendimento geral do assunto.

Assim, após uma rápida apresentação do contexto, a primeira parte apresenta e desmistifica a
IE, mostra as numerosas vantagens do desenvolvimento da IE nas organizações. Ela destaca
também o que a IE não é, em particular, diferenciando-a da espionagem, freqüentemente
associada à matéria.

Numa segunda parte, este relatório dá os principais conceitos associados ao assunto.


Abordaremos, então, a informação, o ciclo da inteligência, as diferentes cores de uma
informação e a avaliação de suas fontes.

Enfim, as situações francesas e brasileiras são detalhadas com um rápido histórico da IE em


cada país e as tendências atuais. Veremos que a relação franco-brasileira foi um fator de
desenvolvimento da prática no Brasil.

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O contexto : globalização, informação, sociedade

Competição

O cenário mundial com o fim da Guerra-Fria, a amplificação da globalização via a abertura e a


integração cada vez maior das economias mundiais, conhece um aumento contínuo da
competição. Uma competição que não se restringe às empresas, mas que toca também os
territórios e os países em geral. No caso particular do Brasil, o fim da ditadura e de uma
economia muito protegida no final da década 1980, simboliza esse movimento em direção a um
aumento importante da competição no território nacional. No caso dos “Países Desenvolvidos”
esse movimento se traduz por a chegada de potências emergentes, em particular do grupo
chamado “BRIC” (Brasil, Rússia, Índia, China). Esse movimento de abertura e integração global
traz oportunidades e ameaças para a economia e as empresas de cada país.

Incerteza

A emergência da sociedade da informação tornou o mundo muito mais veloz. A disponibilidade


das informações e a aceleração das comunicações entre qualquer parte do mundo, facilitam
mudanças rápidas do ambiente das organizações. Ademais, a convergência gradual dos grandes
campos da ciência traz novos competidores de setores diferentes e desconhecidos – exemplo da
foto digital. O aumento do escopo da competição, as evoluções permanentes e rápidas do
ambiente, a aparição de ameaças novas e mais difíceis de caracterizar trazem uma forte
incerteza quando é preciso tomar uma decisão.

Mudança organizacional

A sociedade da informação teve e ainda tem um impacto muito forte sobre a estrutura das
organizações, sobre as maneiras de trabalhar e sobre as modalidades de relacionamento entre
as pessoas. Novos comportamentos estão aparecendo. O líder enfrenta o desafio de adaptar
organizações a um contexto novo onde as vantagens competitivas são diferentes: agilidade,
adaptação... Ele ainda tem que lidar com as resistências culturais inerentes a qualquer processo
de mudança.

Sociedade

Com a sociedade da informação o poder do indivíduo e da sociedade aumentou. Com mais


informações e um acesso à uma variedade de fontes, a população fica mais atenta ao
comportamento das empresas e dos Estados. Os temas de desenvolvimento sustentável, meio
ambiente, responsabilidades sociais são cada dia mais fortes. As empresas e os lideres públicos
tem que tomar esses aspetos em conta para não perder uma espécie de “autorização social” de
atuar. Os valores e a reputação das organizações são aspectos que se tornam ainda mais
importantes.

Uma realidade experimentada por os líderes privados e públicos :

É cada dia mais difícil liderar

A IE é uma ferramenta necessária nesse contexto

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A Inteligência Estratégica

Partindo de uma definição...

Definição do relatório Martre, referência na França

“A inteligência estratégica pode ser definida como o conjunto das ações coordenadas
de busca, tratamento e distribuição, para uso, da informação útil para os atores
econômicos. Essas ações são feitas dentro da lei com todas as garantias para a
proteção do patrimônio da empresa, nos melhores prazos e custo. A informação útil é
a que é precisada por os diferentes níveis de decisão da empresa ou da coletividade,
para elaborar e pôr em prática de maneira coerente as estratégias e táticas
necessárias para cumprir os objetivos da empresa para melhorar o posicionamento
dela no ambiente competitivo. Estas ações, na empresa, se ordenam em um ciclo sem
interrupção que gera uma visão compartilhada dos objetivos da empresa.”

Tomando essa definição como base vamos mergulhar mais em detalhe no que é a IE e em que
ela consiste.

A primeira parte da definição nos mostra que a IE é uma “ação coordenada”: que é um processo
consciente, pensado e organizado para aproveitar as informações disponíveis. A gestão da
informação útil compreende três fazes “busca”, “tratamento”, “distribuição” que serão explicadas
no conceito de ciclo da inteligência que será apresentado mais na frente nesse documento.
Outro aspecto muito importante revelado na primeira frase é o “para uso”, em efeito, o objetivo
da IE é a ação: apoiando-se sobre as informações transmitidas pelo processo, a empresa tem
que tomar decisões para reagir às mudanças continuas que estão acontecendo.

A segunda parte destaca que a IE é um esforço totalmente legal que respeita todas as leis dos
países onde é aplicada. Outro ponto contemplado pela IE é a proteção da informação da
empresa. Algumas considerações básicas permitem melhorar rapidamente os aspectos de
segurança informacional. Geralmente, uma tomada de consciência já permite baixar muito esse
risco: por exemplo, não trabalhar nos aeroportos sobre um assunto sensível.

Em seguida, a definição introduz o conceito de “informação útil”, uma informação a valor


agregado que é precisada a diferentes níveis da empresa para facilitar a tomada de decisão. O
caráter útil de uma informação depende do contexto, falaremos desse aspecto quando
abordarmos o conceito de informação estratégica.

Enfim, a IE é um ciclo contínuo que gera uma visão compartilhada dos objetivos. Ponto muito
importante é que a inteligência estratégica se pratica em grupo e no dia-a-dia. É importante que
todos os funcionários se dêem conta que têm muitas informações a ser captadas, mas que não
são, simplesmente, porque as pessoas não estão atentas. De modo geral, todo mundo já faz IE
nas organizações, mas sem se dar conta, sem ser um processo consciente e estruturado. A troca
de informação dentro da organização e também com o exterior (com algumas precauções) é
muito importante, pois, permite avaliar e dar mais valor agregado à informação.

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Três práticas ligadas

Inteligência Estratégica: Gestão da informação estratégica. Trata essencialmente com o


ambiente exterior, pratica-se no tempo da informação que é muito veloz.

Gestão do conhecimento: O “Knowledge Management” é relacionado principalmente com o


ambiente interno da empresa, pratica-se com o tempo do conhecimento que é mais lento.

Inteligência Competitiva: Traduzido do inglês “Competitive Intelligence” uma sob-parte da


Inteligência Econômica que é mais focalizado sobre o mercado e os concorrentes.

Principais vantagens da Inteligência Estratégica

Estruturando um processo de IE a organização vai experimentar várias vantagens que vão


chegar com o tempo. Lidando com o intangível, informação, essas vantagens são difíceis de
valorar financeiramente para as empresas.

• Antecipar e reagir rapidamente às mudanças do ambiente


Sendo informada logo, a organização tem uma capacidade de reação muito maior. Ela
pode adaptar-se à mudança que está ocorrendo, ou tentar influenciar a mudança num
sentido mais favorável para ela (normas, lobying...). Resumido, a IE permite adotar uma
atitude realmente pro-ativa.

• Identificar oportunidades / ameaças


Ficando atenta e fazendo circular a informação, a organização poderá identificar mais
facilmente novas oportunidades e ameaças.

• Redução dos riscos


A tomada de decisões num ambiente mais conhecido e mapeado é menos arriscada.
Cabe nessa vantagem o lado de proteção das informações da organização.

• Independência
A IE é alimentada por várias reflexões estratégicas: grau de dependência a um
fornecedor, grau de independência tecnológica...

• Transversalidade
A IE é um conceito que necessita de troca de informações dentro das empresas, em
particular, entre funções diferentes. Ela pode facilitar uma mudança cultural progressiva
para uma organização mais aberta.

• Funcionários implicados
O fator humano é central na IE. Ela se apóia e permite formar funcionários abertos,
pragmáticos que sabem em que jogo global eles estão atuando. A IE é uma filosofia que
pode se compartir entre todos.

6
Importância da ética

A IE traz, infelizmente, uma reputação sulfurosa vinculada aos serviços de inteligência


governamental. Os profissionais da IE desvinculam-se claramente dessa reputação, insistindo
sobre a importância dos aspetos éticos que são compartilhados por os praticantes.

Juntamos a esse documento as traduções da carta da Federação dos Profissionais da Inteligência


Econômica (Fépie) francesa e do código de ética da Sociedade dos Profissionais da Inteligência
Competitiva (SCIP) internacional de origem norte-americana.

Carta da Fépie:

“Artigo 1: Os profissionais da IE se comprometem a os termos da Carta

Artigo 2: Os signatários da carta se comprometem a usar unicamente meios legais durante o


exercício da profissão, qual seja o local da atividade.

Artigo 3: Os profissionais da IE se comprometem a não causar prejuízo aos interesses


fundamentais da França. Eles têm que informar o cliente quando a execução da prestação
pedida poderia causar prejuízo aos interesses superiores da nação. A missão teria que ser
redefinida ou abandonada.

Artigo 4: Os profissionais da IE se comprometem a aceitar unicamente contratos para os quais


eles têm a competência profissional ou a capacidade de montar uma equipe de trabalho
respondendo às necessidades.

Artigo 5: Os signatários da carta se comprometem a transmitir informações acessíveis


legalmente. Eles transmitem e usam unicamente informações verificadas de fontes credíveis.

Artigo 6: O contrato entre as partes tem necessariamente uma cláusula de confidencialidade


sobre as informações e os dados transmitidos e captados durante o contrato.

Artigo 7: Os signatários da carta se comprometem a respeitar a imagem da profissão, não


empregando práticas que poderiam prejudicá-la.

Artigo 8: Os profissionais da Federação se comprometem a não trabalhar para duas empresas


concorrentes sobre questões similares que poderia causar um conflito de interesses”

Código de ética da SCIP:

“- Sempre procurar melhorar o reconhecimento e o respeito da profissão

- Respeitar todas as leis, domesticas e internacionais

- Dar todas as informações relevantes, nome e organização, antes de cada entrevista

- Evitar o conflito de interesses

- Dar recomendações honestas e realísticas

- Promover esse código de ética dentro da empresa dos outros stakeholders e dentro da
profissão.

- Aderar realmente à política, aos objetivos e as regras da empresa”

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O que a IE não é

Começamos a mostrar na sessão precedente que o conceito da IE é geralmente mal entendido e


presta-se a confusão. Queremos nessa sessão quebrar algumas idéias falsas que podem ser
veiculadas sobre a matéria.

Espionagem

A IE trabalha unicamente com informação obtidas de uma maneira totalmente legal. Os


profissionais da IE se comprometem a respeitar uma ética profissional irrepreensível. Sobre a
espionagem queremos acrescentar que apesar do caráter totalmente antiético da atividade, as
empresas que cogitam praticá-la correm riscos demasiadamente grandes que podem conduzir à
morte da organização.

A propagação da paranóia

A IE não procura a desenvolver a paranóia na organização bem pelo contrario. O objetivo é de


ter pessoas abertas, curiosas, pragmáticas que tem conciência de estar num ambiente
competitivo sem virar paranóica. É importante definir com os funcionários o que se pode falar
sobre a empresa.

Uma filha do marketing

A IE não se interessa somente em trabalhar sobre os concorrentes e o mercado. A IE se aplica a


todas as funções da empresa, cada funcionário qual seja sua função participa do processo de IE :
comercial, jurídica, pesquisa e desenvolvimento... As questões colocadas pela empresa não são
necessariamente vinculadas ao mercado.

“Business Intelligence”

A IE não é uma matéria que vem da informática. Evidentemente, a IE se pratica com


ferramentas (softwares, sistemas de informações, portais de informações...) que facilitam o
processo. Ressaltamos de novo a importância fundamental do fator humano na IE que pode ser
vista como um estado de espírito que cada um pode praticar e divulgar.

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Principais conceitos

Nessa segunda parte do relatório, apresentamos os principais conceitos vinculados à inteligência


estratégica. Vamos caracterizar o conceito intangível de informação para depois dar alguns
métodos que permitem gerenciá-la.

Informação

A informação é o conceito central da IE que visa a liderar a informação estratégica. Cada


mudança no ambiente, cada evento é sempre precedido por sinais informacionais. Essa seção
mostra as características de uma informação e como agregar valor a ela.

Do ruído até o evento:

Evento

Sinais fracos saiem do


As informações se
ruído. Alguns se
Ruído : conjunto de multiplicam e se
agrupam para formar
sinais fracos agrupam até o evento
informações, outros
acontecer
voltam ao ruído.

1 2 3

Fig 1: O sinal fraco, um anunciador de evento

9
Uma análise pós-evento nos permite ver qual foi o processo informacional que poderia ter sido
seguido para antecipar o dito evento.

1- Ruído
O ambiente está cheio de sinais fracos que formam uma soma de dados que é chamado ruído.
Estes sinais apareçam, disapareçam, são disponíveis mas a organização precisa ficar atenta para
captá-los.

2 - Informação
Desse conjunto é possível captar alguns sinais relacionado ao evento. Alguns são rumores que
vão voltar ao ruído, outros podem ser agrupados e formar informações com valor agregado
maior. Nessa etapa, a captação desses sinais fracos passa geralmente para canais informais
(rede de contatos, eventos sobre um tema...), mas também às vezes formais (depósito de
patente, de marca...). O trabalho é bem parecido ao de um jornalista que quer escrever uma
matéria nova.

3 - Evento
As informações, formadas a partir dos sinais fracos iniciais, se multiplicam, se agrudam e ficam
mais fáceis de captar. É possível captar informações em canais formais (jornal, base de dados...).
O evento, que já está em andamento, ocorre logo depois.

A partir desse timing podemos deduzir um dos objetivos principais da IE:

Captar e interpretar os sinais fracos o mais cedo possível para dar à organização uma
capacidade de ação, uma liberdade de manobra, que permite influenciar o evento.

Informação Estratégica ou não?

“Informação estratégica” é uma expressão que faz muitos executivos sonharem, mas vamos
quebrar logo esse mito porque nenhuma informação é estratégica em si. O caráter estratégico
de uma informação depende de dois critérios principais.

O mais obvio é segundo a organização, o indivíduo ou o projeto. Em efeito, segundo o tema de


interesse, uma mesma informação terá um peso totalmente diferente. Por exemplo, um trader
em comodities vai ter um interesse limitado em conhecer a nova molécula farmacêutica
desenvolvida por um laboratório, informação que poderia ser altamente estratégica para uma
outra empresa do setor.

Outro caráter fundamental é o tempo. É preciso ter a informação em bom tempo: não adianta
nada descobrir uma nova norma técnica no dia em que ela entra em vigor, essa informação teria
sido muito estratégica alguns meses antes.

Esses dois conceitos dão luz a uma regra importante da IE para transmitir informações
estratégicas:

A boa informação à boa pessoa ao bom momento

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O poder da troca: fazer viver uma informação

Para aproveitar ao máximo uma informação, você precisa fazer viver-la. No sentido que
compartilhando essa informação com outros funcionarios da organização ou especialistas
externos dá-se a possibilidade de avaliar sua qualidade, de juntá-la com outros elementos, de
poder descobrir elementos totalmente novos... Esse processo de troca agregará valor a um sinal
fraco, à uma informação. O esquema seguinte mostra como um sinal fraco (um dado) se torna
inteligência ao longo das trocas e do tempo.

Tomada de decisão Inteligência

Aplicação à uma situação ou a um


problema

Compreensão e interpretação
Conhecimento
pessoais

Contexto : conjunto de critérios e


espectatívas pessoais

Informação
Informação
Sentindo Geral

Estruturação dos dados

Dados Brutos Dados

Pensamento

Mundo real

Ações e fatos

Fig 2: Do sinal fraco à inteligência


(P. Degoul, Annales des Mines, avril 1992)

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Ciclo da inteligência

Na sessão precedente falamos do conceito de informação e da importância de captar e dar valor


aos sinais fracos o mais cedo possível. Uma pergunta natural é: como fazer isso?

O ciclo da inteligência foi desenvolvido por serviços de inteligência governamentais para cumprir
esse objetivo. Esse conceito fundamental da IE permite estruturar um percurso de inteligência
estratégica.

Fig 3: O ciclo da Inteligência em 7 etapas

1 – Planejar
Essa fase define as necessidades informacionais da organização. Os objetivos podem ser ad-hoc
(um projeto, um tema particular prioritário) mas a empresa / o serviço público tem que definir
temas que necessitam uma atenção continua. No caso de objetivos ad-hoc sera muito
importante definir as perguntas a serem resolvidas.

2 – Coletar
A coleta de informação é feita a partir de várias fontes que podem ser formais (internet, base de
dados, patentes, normas...) ou informais (rede de contatos, discussões com parceiros,
fornecedores, clientes, concorrentes...).

3 – Filtrar
O processo pode captar muitas informações e um primeiro filtro tem que ser aplicado para se
livrar do ruído.

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4 – Interpretar
Esta etapa de analise é o momento importante para trocar com outros funcionários da empresa.
A organização também pode contatar especialistas externos no assunto.

5 – Comunicar e memorizar
Difusão das informações analisadas, estruturadas, com valor agregado à boa pessoa, ao bom
tempo. Cada informação tem que ser estocada numa forma que permite facilmente achá-la e
usá-la.

6 – Aplicar / Tomar decisões


Como já falamos neste documento a IE apóia a tomada de decisões. O ambiente é mais
conhecido o que permite ter menos dúvidas no momento de decidir.

7 - Agir
Enfim, última etapa do ciclo: pôr em pratica as decisões e monitorar os resultados obtidos.

Esse ciclo virtuoso vai gerar outras perguntas que vão alimentá-lo. O objetivo é que ele seja
continuamente alimentado por todas as partes da empresa, cada uma fazendo seu próprio ciclo
de inteligência. No livro “Du renseignement à l’intelligence économique” Bernard Besson e Jean-
Claude Possin propõem que esse ciclo seja tão natural para a organizaçao quanto respirar para o
ser humano. Uma armadilha seria que os temas prioritários deixem a organização cega e surda:
é preciso ficar atento ao ambiente, obviamente o objetivo não é de se focalizar demais e deixar
passar outras informações importantes.

Esse ciclo é um conceito antigo que hoje enfrenta varias críticas. Na verdade, esse conceito teve
origem na inteligência militar e cada etapa era realizada por pessoas diferentes. Hoje, o mundo
é tão veloz que um funcionário tem que cumprir várias, para não falar todas, as etapas do ciclo.
O objetivo é reduzir o tamanho desse ciclo e fazer girá-lo mais. Outra critica é que como as
organizações são complexas não se pode imaginar um sistema centralizado, uma
descentralização é necessária.

Qual é a cor da sua informação ?

Segundo a disponibilidade e o jeito de coletá-la, a informação pode ser classificada em três cores
diferentes: branca, cinza, preta.

A informação branca é uma informação totalmente livre, formal, fácil de achar (Internet, Base
de dados, patentes…) e que é obtida de uma maneira legal.

A informação cinza é uma informação menos accessível, informal (discussão, rede de contatos…),
que é obtida de uma maneira legal.

A informação preta é uma informação obtida de uma maneira ilegal.

A IE só trabalha com as informações de cor branca e cinza. E importante ressaltar que 90% da
informação útil para as empresas pode ser captada de maneira totalmente legal e corresponde a
informações brancas e cinzas.

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Avaliar uma fonte

Uma outra etapa fundamental é avaliar a confiabilidade de uma fonte. O tempo vai ser uma
dimensão importante no processo mais existe uma classificação para começar a avaliar as fontes:
avaliar a distância entre o transmissor e o receptor.

Fonte de primeiro nível: emite a informação, em conseqüência é uma fonte de maior confiança.

Fonte de segundo nível: transmite informação, menos confiável porque pode dar uma
interpretação da informação inicial.

Fonte de terceiro nível: recebe de uma fonte de segundo grau e transmite. De novo, existe um
risco de interpretação, mas desta vez, de uma informação que já pode ser interpretada.

A classificação segue segundo a distância com a fonte de primeiro nível.

Assim, é possível saber quão distante do emissor fica a organização quando ela recebe uma
informação. O principo geral é “mais perto do emissor inicial, melhor” porque a informação
recebida tem menos riscos de ter sido interpretada.

Evidentemente, uma informação emitida por uma fonte de primeiro grau não pode ser,
sistematicamente, considerada como confiável: sempre existe uma possibilidade de
desinformação. Sobre esse aspecto, a dimensão temporal é muito importante para verificar a
confiabilidade de uma fonte. O processo de IE tem que procurar outras fontes e verificar a
confiabilidade regularmente, especialmente no caso das fontes Internet.

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Situações francesas e brasileiras

Na França

Fig. 4: Histórico da IE na França

Fim da década 1980: primeiros conceitos.

A fim da década 1980 se densenvolvem os conceitos da IE.

1994: o relatório Martre.

O relatório Martre é o primeiro relatório público sobre o assunto. Ele é uma referência
incontornável para entender a visão francesa da IE. O Primeiro Ministro francês da época
começou a desenvolver uma política pública com a criação do “Comité pour la compétitivité et de
la sécurité économique” para aconselhá-lo, mas que foi rapidamente abandonada. O período
1994-2003 pode ser considerado como um período perdido, porque apesar das ações dos
pioneiros da IE francesa, não teve uma ação coordenada de um porte suficiente.

Caso Gemplus

Em 2000, a Gemplus, uma empresa de alta tecnologia que produz ships usados particularmente
em cartões de crédito e celulares, foi comprada por um fundo de investimento norte-americano
(Texas Pacific Group) suspeito de ser vinculado à CIA. O caso teve muitas repercussões na
impressa e foi apresentado como roubo de uma tecnologia francesa por os Estados-Unidos. O
caso foi muito comentado e serviu de ilustração sobre a vulnarebilidade das empresas francesas
e a necessidade de desenvolver uma verdadeira politica de IE.

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2003: o relatório Carayon.

O relatório Carayon deu um impulso muito forte para a divulgação da IE na França. A partir
desse momento se desenvolveu uma ação coordenada entre o governo, as “régions”
(equivalente francês dos Estados brasileiros), e representantes das empresas.

Uma verdadeira política pública da IE se organizou em volta dos temas de seguridade econômica
e Inteligência Territorial (IT). Essa vontade pública se traduziu por a nominação de responsáveis
da IE em vários ministérios franceses e, em particular, da criação do cargo de Alto Responsavel
à Inteligência Econômica com a nominação do Alain Juillet no fim do ano 2003. O conceito de
Inteligência Territorial cresceu para ficar hoje uma dimensão importante da IE.

Do lado privado, a ação dos representantes de empresas, câmaras de comercio e Medef,


contribuiu e ainda contribue a divulgar a IE em particular nas PME. Nas grandes empresas
francesas o posto de responsável da IE é cada vez mais implantado.

Foco sobre a “Inteligência Territorial”

A inteligência territorial tem como objetivo o desenvolvimento do território e em particular das


Pequenas e Medias Empresas (PME). Em efeito, as PME representam quase 2/3 dos empregos
privados franceses: a importância dessas empresas é fundamental para o crescimento dos
territórios franceses. Podemos destacar que a mesma situação prevale no Brasil e nas mesmas
proporções.

Para cumprir seu objetivo, os atores responsáveis da IT identificaram e trabalharam a partir de


quatro grandes orientações:

- Conhecer o território
- Conhecer os outros territórios
- Sensibilizar os atores locais
- Dar suporte aos atores locais

Três atores importantes, legítimos, e muito bem implantados no território francês pilotam em
cooperação o dispositivo de inteligência territorial.

Primeiro ator, “l’Etat”, corresponde ao nível Federal no Brasil, tem um poder muito importante (a
França não é uma república federativa). Esse ator é representado em cada território por o
intermediario dos “Préfets” e os “Sous-Préfets”. Os serviços dos “Préfets” atuaram em particular
sobre a seguridade econômica com o mapeamento das empresas que detêm tecnologias
sensíveis em cada território (cf. caso Gemplus).

As “Régions” são um equivalente francês aos Estados brasileiros, mas com menos poderes. A
região é o nível pertinente para implantar uma política de inteligência territorial.

Os representantes das empresas, Câmaras de comercio e Medef, participaram muito para a


difusão do conceito nas empresas francesas.

Em paralelo à política de IT, surgiu a política dos “Pólos de competitividade” que visa sustentar e
criar clusters no território francês. Os clusters procuram desenvolver a cooperação das
empresas, dos centros públicos e das universidades para gerar inovação e crescimento. De novo
o objetivo é fazer crescer PME com alto potencial que poderiam se tornar futuras grandes
empresas. Logo, essas duas iniciativas se juntaram e a IE se tornou uma dimensão dos pólos de
competitividade.

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No Brasil

A Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC) comemora este ano
os 10 anos do desenvolvimento da prática no país. A história da IE no Brasil começou durante a
década de 1990, numa época na qual era usada somente por empresas de grande porte e
alguns serviços públicos.

Em 1996 foi organizado o primeiro curso de IE no Brasil a partir da colaboração entre uma
professora brasileira, Gilda Massari, e dois professores franceses, Henri Dou e Luc Quoniam, da
Universidade francesa Aix-Marseille III. O Instituto National de Tecnologia (INT) assinou um
acordo de cooperação com a Universidade Aix-Marseille III que levou a um projeto de formação
integrando o INT, a Petrobras e a Telebras. Os dois professores franceses ficaram três meses no
Brasil para ministrar o curso baseado nos trabalhos do “Centre de Recherches Retrospectives de
Marseille” (CRRM) da Aix-Marseille III.

Logo em seguida nasceu dessa primeira parceria o primeiro curso de inteligência competitiva no
Brasil em nível de pós-graduação lato sensu. A formação foi desenvolvida pelas mesmas
instituições parceiras, mas desta vez em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia (IBICT) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1997 formou-se no
Rio a primeira turma em IE. O curso INT/IBICT foi disseminado para Brasília, Salvador, Natal e
Belo Horizonte através de várias parcerias com outras universidades brasileiras. O
desenvolvimento progressivo da IE no Brasil resultou na criação em 2000 da ABRAIC.

Como na França, a lógica dos clusters está ganhando espaço no Brasil com a multiplicação de
pólos tecnológicos, arranjos produtivos locais. Um exemplo é o Núcleo de Inteligência
Competitiva Setorial para farmácias (NICS farma) criado no Estado do Rio de Janeiro em 2002
que conta com 430 farmácias associadas. Aqui como na França, o par inteligência competitiva –
inovação começa a se desenvolver.

Hoje pode-se observar no Brasil um interesse crescente sobre o tema com a multiplicação de
eventos, de formações profissionais e a criação de cursos de pós-graduação como o curso da
Fundação Instituto de Administração (FIA) “Monitoramento e Conhecimento Estratégico do
Ambiente” que teve início em agosto de 2007.

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Conclusão

Os sinais fracos são elementos muito poderosos que dão uma capacidade de antecipação e de
influência forte. É possível captá-los dentro e fora da organização. A inteligência estratégica tem
precisamente como objetivo o de captar, interpretar e dar valor a esses sinais. A empresa
precisa estruturar e organizar essa busca que todos já fazem inconscientemente. Nesse processo
o fator humano tem um papel fundamental e a tomada de consciência dos funcionários sobre
esse potencial é uma necessidade. A IE é uma atitude caracterizada pela curiosidade, pela
abertura e pelo pragmatismo. A implantação dessa prática nas organizações mexe com a cultura
existente; conseqüentemente a implicação dos líderes é fundamental.

Na França, a inteligência estratégica é uma prática que começa realmente a ser conhecida e
reconhecida mas que ainda nao é necessariamente bem entendida. Há uma ação forte e
coordenada dos diferentes níveis políticos em parceria com os representantes das empresas em
torno dos conceitos de segurança econômica e de inteligência territorial. Resultados muito
positivos foram obtidos em particular sobre: o conhecimento detalhado do território pelos atores
locais, a difusão do conceito nas empresas (em particular nas PME) e a formação de profissionais.

No Brasil a inteligência competitiva é um pouco mais recente mas está se desenvolvendo. A


relação franco-brasileira contribuiu desde o início ao desenvolvimento da prática no país por
intermédio de cursos de IE realizados em parceria. Ainda nao existe no Brasil uma verdadeira
ação coordenada e de grande porte para desenvolver a IE no país mas é possivel perceber que o
interesse sobre o tema cresce a cada dia.

Várias ações estão sendo estudadas para manter a dinâmica franco-brasileira em IE. Existe uma
vontade de se apoiar sobre a lógica dos pólos de competitividade franceses e dos pólos
tecnológicos brasileiros no sentido de trabalhar com os vértices de um triângulo formado por
empresas, instituições governamentais e universidades. A CCFB criou uma comissão IE que
servirá de base para as próximas iniciativas que visarão a dar prosseguimento à divulgação e ao
entendimento do tema. Enfim, a Embaixada da França no Brasil tem um projeto de portal
França-Brasil que também poderá servir de ferramenta de cooperação sobre o assunto.

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Links e livros

Links em francês

http://www.intelligence-economique.gouv.fr
http://www.acfci.cci.fr/innovation/index.htm
http://www.medef.fr
http://www.fepie.com
http://www.wmaker.net/rie_mag/
http://blogs.lesechos.fr/rubrique.php?id_rubrique=11

Links em português

http://www.abraic.org.br
http://www.int.gov.br
http://www.ccfb.com.br
http://www.crescendo-consult.com.br
http://www.cendotec.org.br

Documentos em francês

Relatório Martre “Intelligence économique et stratégie des entreprises”


Disponível no site http://www.ladocumentationfrancaise.fr

Relatório Carayon “Intelligence économique, compétitivité et cohésion sociale”


Disponível no site http://www.ladocumentationfrancaise.fr

Guia da União Européia “Intelligence économique. Un guide pour débutants et praticiens”,


Disponível no site www.cr-lorraine.fr

Documentos em português

Revista Puzzle N° 23, agosto-outubro 2006, “Inteligência Competitiva no Brasil”


Disponível no site http://www.revista-puzzle.com

Livros em francês

L’intelligence économique, Ch. Marcon et N. Moinet

Du renseignement à l’intelligence économique, B. Besson et J.C. Possin

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Relatório CenDoTeC
Realização Outubro 2007

Elaboração e realização : Maxence Motte, maxence@cendotec.org.br


Diretor da publicação : Pierre Fayard, pmfayard@cendotec.org.br

CenDoTeC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica


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