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O documento discute as causas da falta de moradia no Brasil e a luta dos sem-teto. A especulação imobiliária e a priorização dos interesses dos proprietários são apontadas como as principais causas do déficit habitacional, ao invés da construção de novas casas. As ocupações de terrenos ociosos são vistas como uma forma legítima de os sem-teto lutarem por seu direito à moradia, dado que grande parte das propriedades urbanas cumprem pouco sua função social.
O documento discute as causas da falta de moradia no Brasil e a luta dos sem-teto. A especulação imobiliária e a priorização dos interesses dos proprietários são apontadas como as principais causas do déficit habitacional, ao invés da construção de novas casas. As ocupações de terrenos ociosos são vistas como uma forma legítima de os sem-teto lutarem por seu direito à moradia, dado que grande parte das propriedades urbanas cumprem pouco sua função social.
O documento discute as causas da falta de moradia no Brasil e a luta dos sem-teto. A especulação imobiliária e a priorização dos interesses dos proprietários são apontadas como as principais causas do déficit habitacional, ao invés da construção de novas casas. As ocupações de terrenos ociosos são vistas como uma forma legítima de os sem-teto lutarem por seu direito à moradia, dado que grande parte das propriedades urbanas cumprem pouco sua função social.
A proposta do livro responder a indagaes acerca das atividades dos sem-teto,
dentre elas, ocupaes e manifestaes. A inteno contribuir para o entendimento dos motivos que impulsionam milhares de famlias ao engajamento na luta por um pedao de cho. O material principal que embasa as anlises do autor sua participao na luta dos sem-teto. O livro est estruturado em cinco captulos, alm da introduo e de trs anexos. No captulo 1, denominado O problema da moradia no Brasil, o autor aponta que dentre os vrios problemas sociais existentes no Brasil, a falta de moradia um dos mais srios, estando o pas entre os que tm o maior dficit habitacional do mundo. Traz tona a questo da desigualdade social, uma vez que o Estado deveria garantir a todas as pessoas as mesmas condies e servios, independentemente da regio ou do bairro onde moram, porm, isso no ocorre. Quem mais sofre os impactos negativos das profundas desigualdades sociais so os trabalhadores mais pobres, que moram nas regies perifricas, nos bairros mais pobres das cidades. Boulos chama a ateno para o equvoco implicado no argumento comum de que faltam casas no Brasil, pois h uma quase equivalncia entre o nmero de imveis ociosos e o nmero de famlias sem-teto. Assim, em tese, no seria necessria a construo de um nmero exorbitante de imveis para resolver o problema do dficit habitacional. A principal causa desse dficit a especulao imobiliria, j que h um grande nmero de casas vazias e de terrenos sem construo, mantidos nessas condies para fins de especulao e obteno de lucros. H, assim, um impasse entre o direito propriedade de uns poucos e o direito moradia de milhes de pessoas. Por lei, todo cidado tem direito moradia digna, o que tambm no ocorre. Considerar moradia enquanto direito implica conceb-la a partir dos critrios da 1 BOULOS, Guilherme. Por que ocupamos? Uma introduo luta dos sem-teto. So Paulo: Scortecci, 2014. 100 p. Guilherme Castro Boulos professor, graduado em Filosofia pela Universidade de So Paulo e especialista em Psicologia Clnica pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. militante orgnico do MTST, membro da Coordenao Nacional do Movimento e atua na construo da Frente de Resistncia Urbana. 2 Mestre em Educao pelo Programa de Ps-Graduao em Educao, Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Marlia. Marlia, So Paulo, Brasil. e-mail: silvanegrao@gmail.com.
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necessidade e do valor de uso, em contraponto concepo mercadolgica, pautada pelo
valor de troca, com vistas lucratividade. Transformar direito em mercadoria beneficia apenas uma nfima minoria, os mais ricos, e prejudica uma ampla maioria, os mais pobres. Ao longo da histria do Brasil, segundo Boulos, foram executados apenas dois programas habitacionais relevantes, quais sejam, o Banco Nacional de Habitao (BNH), durante a ditadura militar, e o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), a partir do governo Lula. O BNH, que tinha como objetivo primeiro a obteno de lucro, e no a garantia do direito moradia, financiou casas para a classe mdia, e no para os trabalhadores de menores faixas de renda. Aps a falncia do BNH, em 1986, houve um lapso de 20 anos sem uma poltica habitacional relevante, at ser implementado o MCMV, em 2009, durante o governo Lula. O MCMV teve como objetivo principal salvar o capital imobilirio. Esse Programa prioriza famlias com renda maior que trs salrios mnimos, excluindo a maior parte das famlias sem-teto que mais precisam e que menos condies tm de atenderem s exigncias do mercado imobilirio. Alm disso, aprofundou a lgica da moradia enquanto uma mercadoria lucrativa, reiterando o princpio de que as pessoas mais pobres devem morar em condies precrias e em regies mais perifricas. A ruptura com essa lgica demandaria transformaes profundas na lgica da cidade. No captulo 2, intitulado Que cidade essa? o autor coloca em tela a questo do planejamento urbano, do desenvolvimento catico e das desigualdades sociais. O caos das grandes metrpoles ou das grandes cidades no decorrncia do acaso, mas, sim, de uma lgica que visa ao atendimento dos interesses de uma minoria, em detrimento dos interesses e necessidades da maioria. Boulos destaca a lgica e a ttica de se expulsar e empurrar os trabalhadores mais pobres para as regies mais perifricas. Comumente, so vendidos a preos exorbitantes terrenos desprovidos de servios bsicos, como, por exemplo, gua encanada, rede de esgoto, luz eltrica, transporte coletivo. Entre bairros mais perifricos e bairros mais centrais e valorizados, os especuladores mantm grandes reas vazias, sem lote-las, com vistas a aguardar sua valorizao financeira e, assim, conseguirem maior lucratividade com o loteamento ou negociao dessas reas. O autor ressalta que a especulao imobiliria foi intensificada com o aval e com a participao do Estado, levando as periferias cada vez para mais longe. Os donos de grandes extenses de terras e de grandes construtoras nunca foram to poderosos quanto na atualidade. Exemplo disso a alta valorizao dos imveis, inclusive nas periferias, o que tende a expulsar os trabalhadores mais pobres para regies cada vez mais perifricas, j que a valorizao dos imveis resulta no aumento dos aluguis desproporcionalmente aos reajustes dos salrios. As cidades so um grande negcio para os capitalistas. Parte significativa das reas urbanas vazias propriedade das empresas imobilirias. Para que a situao chegasse atual configurao foi necessria a aliana entre esse setor e o Estado
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brasileiro. Essa aliana histrica no Brasil, envolvendo troca de favores, especialmente
financiamento de campanhas eleitorais. O Estado fundamental no s para dar dinheiro pblico para as empreiteiras, mas tambm para construir infraestrutura nas reas destinadas especulao, para realizar despejos ou remoes das comunidades, e promover alteraes na legislao, entre outras aes. Com o aval do Estado, construtoras e empreiteiras moldam as cidades conforme seus interesses, em especial no que se refere lucratividade. A consequncia desse processo um modelo de cidade marcado por profundas desigualdades e opresses, o que o autor denomina A Cidade do Capital, que tem por caracterstica principal a segregao, como se numa mesma cidade existissem duas, a dos ricos e a dos pobres, cada vez mais separadas. Exemplo disso so os muros que separam os condomnios fechados, cada vez mais comuns em cidades brasileiras. As regies mais pobres costumam ser marcadas pela inexistncia, insuficincia ou precariedade dos equipamentos e servios pblicos, enquanto nas regies mais ricas ocorre o inverso. O nico servio estatal eficiente nas periferias so os aparelhos repressivos, principalmente a polcia, quando se trata de oprimir, humilhar ou exterminar trabalhadores. No captulo 3, As ocupaes urbanas, Boulos aponta que apesar dos problemas que envolvem a questo da moradia no Brasil e a privatizao das cidades, as ocupaes de terrenos e prdios ociosos ou vazios ainda so vistas de maneira negativa, inclusive por setores de trabalhadores, que se manifestam contrrios a ocupaes. A viso contrria por parte de trabalhadores em relao s ocupaes decorrncia principalmente da atuao da mdia majoritariamente controlada pelos grandes empresrios , que criminaliza as ocupaes levadas a termo por movimentos sociais. Para se entender a raiz do problema da falta de moradia, conforme o autor, faz-se necessrio recorrer histria da formao social do Brasil, desde as Capitanias Hereditrias, quando grandes extenses de terras foram divididas entre aristocratas da poca, e transmitidas sucessivamente por herana. A formao das cidades tambm passou por processo semelhante. As terras foram repassadas entre famlias mais poderosas, que recorriam grilagem para roubar terras pblicas, configurando-se a invaso originria; os invasores so os grandes proprietrios. Assim, quando sem-teto ou sem-terra ocupam grandes reas vazias esto apenas retomando o que lhes pertence. O autor aponta que a legislao feita conforme determinados interesses que tendem a beneficiar os prprios legisladores, as respectivas fraes de classes sociais ou as empresas que os financiam. Nem sempre legalidade implica legitimidade, assim como nem sempre ilegalidade implica ilegitimidade. Exemplo disso quando se trata da funo social da propriedade, constante na Constituio Federal, que prev que toda propriedade tem que ter algum uso que resulte em benefcio para a sociedade. Deixar terras ociosas implica ilegalidade, o que deveria resultar em sanes por parte do Estado,
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mas que no acontece, dadas as imbricaes entre o Estado e as classes dominantes.
Quando trabalhadores ocupam uma propriedade que no cumpre funo social no esto cometendo um crime, mas, sim, exercendo um direito. Conforme Boulos, a transformao da moradia em mercadoria faz com que muitas pessoas no tenham acesso a esse direito. Dado o alto preo de mercado dos imveis, a maior parte dos trabalhadores no consegue comprar uma casa dentro das condies impostas pelo mercado imobilirio. Os programas habitacionais, como, por exemplo, o MCMV, no contempla os trabalhadores mais pobres. Devido aos altos aluguis, uma escolha dramtica imposta aos trabalhadores: ou pagar o aluguel ou comprar comida. Diante disso, a alternativa que resta a ocupao. No captulo 4, Quem so os sem-teto?, o autor argumenta que a viso que predomina na sociedade a de que sem-teto so aquelas pessoas em situao de rua ou de mendicncia ou no limiar da misria. Porm, essas pessoas so uma pequena parcela dos sem-teto no Brasil, que contabiliza cerca de 22 milhes de pessoas que no tm casa e aproximadamente 48 milhes que vivem sem infraestrutura e servios pblicos elementares em suas moradias. Ou seja, mais de 1/3 das populaes brasileiras sofre, em alguma medida, o impacto do problema da moradia. Portanto, sem-teto, no Brasil, no exceo, nem uma questo residual. No captulo 5, Organizao coletiva e poder popular, Boulos diz que ao se realizar uma ocupao h, para alm de uma casa, outras conquistas, como, por exemplo, o carter autoeducativo da participao e da vivncia nas ocupaes e em outras atividades coletivas dos trabalhadores. O autor aponta que o discurso dominante apresenta as ocupaes como causa do caos urbano ou da favelizao, argumento que coloca como imperativos o despejo de ocupaes j existentes e a represso a novas ocupaes. Esse argumento transforma vtimas em viles, pois as ocupaes so produtos da inexistncia de alternativas, em termos de moradia, para os trabalhadores. Estado e grandes proprietrios de terras so parceiros e responsveis solidrios neste processo, que diretamente vinculado especulao imobiliria. As ocupaes so respostas lgica da cidade do capital e nem toda ocupao resulta em favela. Alis, h casos de ocupao cuja lgica de organizao traz lies que contribuem para um novo modelo de utilizao do solo urbano, em contraponto ao modelo do capital. Boulos defende uma Reforma Urbana que seja levada a termo pelos prprios trabalhadores organizados, para que ocorra a apropriao do espao urbano em conformidade com os interesses coletivos. O modelo do capital, segundo o autor, transforma tudo em mercadoria, inclusive o espao de vida; transforma tambm os trabalhadores em consumidores passivos. um modelo de sociedade em que a pessoa vale conforme sua capacidade e sua disposio de pagar pelas mercadorias. O trabalhador considerado modelo para o capital aquele que se resigna e aceita passivamente as condies que lhe so impostas. Na perspectiva
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dominante impera a lgica do individualismo e da responsabilizao dos trabalhadores,
inclusive pela falta de moradia. Ou seja, os problemas sociais so apresentados como se fossem questes individuais. As ocupaes organizadas pelos trabalhadores rompem com a lgica dominante, pois leva constituio de aes coletivas, cooperao e solidariedade entre os participantes, gerando valiosas experincias educativas. Alm de contriburem para a sada da condio de individualismo e de passividade poltica, tpica do modelo de democracia burguesa, as ocupaes podem resultar na formao de novos militantes para as lutas dos trabalhadores, bem como para avanos no processo de entendimento da possibilidade e da necessidade da luta para que os trabalhadores possam interferir nos processos e instncias que decidem os rumos da sociedade. No Anexo 1, Pinheirinho O Estado a servio da especulao, o autor retoma sucintamente alguns aspectos do caso Pinheirinho, apontando a expulso dos moradores como decorrncia do processo de crescimento do mercado imobilirio. O conluio entre Estado, por intermdio de seus governantes e gestores, e grandes empresrios do ramo imobilirio foi determinante para o violento processo de expulso dos moradores desse bairro, e a atuao do Estado foi fundamental para isso. O Estado massacra os trabalhadores, defende os ricos e premia os carrascos, como, por exemplo, os que executaram a expulso dos moradores do Pinheirinho. No Anexo 2, Vila Nova Palestina e a exploso de ocupaes em So Paulo, Boulos aborda a onda de ocupaes ocorrida em So Paulo e outras capitais brasileiras a partir de 2013, quando trabalhadores organizados ocuparam, com seus barracos, terrenos abandonados utilizados para fins de especulao imobiliria. Essa massa de milhares de trabalhadores resultado do processo de especulao e de valorizao imobilirias. Portanto, os sem-teto no surgem do nada, mas so resultado do processo de mercantilizao da moradia. A posio do MTST e da Resistncia Urbana no sentido de estimular a construo de lutas e ocupaes. No anexo 3, MTST: um contraponto popular ao consenso lulista, o autor apresenta argumentos com vistas a confrontar teoricamente o atual projeto hegemnico de sociedade. Faz uma anlise das polticas econmica e habitacional dos governos Lula e Dilma, em especial no que se refere ao MCMV, que atendeu parcialmente uma demanda por moradia fortemente represada. Contraditoriamente, o pesado investimento do governo para alavancar o setor da construo civil gerou uma valorizao indita dos imveis nos grandes centros urbanos brasileiros, o que impacta no preo dos imveis, tanto para fins de compra e venda, quanto para fins de aluguel. Os aluguis passaram a comprometer um significativo percentual da renda, comprometimento esse praticamente intolervel para muitas famlias de trabalhadores. Boulos destaca os desafios para se conseguir organizar os trabalhadores na luta para enfrentamento ao Estado e ao capital, pois amplos setores de trabalhadores no se reconhecem, por exemplo, na condio de sem-teto e, no raramente, posicionam-se contra os movimentos sociais, em especial no que se refere a ocupaes. No obstante essas
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condies adversas, o MTST e a Resistncia Urbana obtiveram importantes xitos nas
lutas, com aes diretas em diferentes Unidades da Federao, resultando na construo de uma pauta nacional centrada na crtica ao padro de desenvolvimento urbano imposto pelo capital imobilirio ao Brasil. Destaca ainda que, mesmo diante do consenso lulista e da paralisia de movimentos populares, o MTST manteve uma posio de enfrentamento e de questionamento das polticas governamentais. Alm de realizar inmeras ocupaes, o Movimento, no decorrer desse perodo, cresceu em termos de base e tambm em termos de Unidades da Federao nas quais atua. O autor ressalta a atuao do MTST na disputa unha pelo territrio urbano e no combate especulao imobiliria, o que implica combater o consenso lulista, que no faz nem far o enfrentamento ao capital imobilirio. Articular e levar adiante esse enfrentamento um grande desafio, pois, majoritariamente, os subproletrios, ao mesmo tempo em que so os que mais sofrem os impactos das polticas econmica e imobiliria e so os grandes atores na luta dos sem-teto, so tambm o setor social que propicia a maior sustentao eleitoral a esse consenso. Boulos faz a defesa da construo de foras para enfrentamento ao atual consenso capitalista a partir das brechas e das contradies, buscando transformar a potencial frustrao popular em organizao para esse enfrentamento, dado o risco, sempre iminente, de implementao de medidas de cooptao dos trabalhadores para polticas de perfis ainda mais conservadores. Movimentos sociais podem ter um papel inesperado nas batalhas que viro. Para quem no mais acreditava no inesperado e no papel do inesperado na histria, o autor diz que as manifestaes populares de junho de 2013 propiciaram uma tima oportunidade para reviso de conceitos. Considerando-se que no sistema do capital todos os aspectos e instncias da vida so tornados mercadoria, a questo da moradia no exceo, nem mesmo um problema conjuntural, mas, sim, um problema estrutural. Portanto, medidas paliativas ou repressivas no resolvero esse problema, cuja soluo passa por um enfrentamento decidido ao capital imobilirio especialmente. Moradia e equipamentos pblicos esto entre as questes mais elementares que historicamente afetam, de maneira direta ou indireta, o cotidiano de amplos setores das classes trabalhadoras. O autor aponta relaes entre crise econmica, especulao imobiliria, preo dos imveis inclusive para aluguel , trnsito, transportes, alimentao, trabalho/(des)emprego, entre outros quesitos. Ou seja, os principais problemas que afetam os trabalhadores so interligados, com impactos mtuos entre si, o que repercute nas condies de vida dos trabalhadores. Movimentos sociais apresentam significativo potencial para fins de aglutinao de trabalhadores, pois abrangem setores que sindicatos e outras organizaes j no contemplam. Verifica-se, assim, o carter autoeducativo dos movimentos sociais para a auto- organizao dos trabalhadores para conquistas imediatas e mediatas e tambm para o processo de constituio de novas relaes sociais, em especial quando das ocupaes,
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pois rompem com iniciativas individuais, auto-organizando trabalhadores em coletivos,
potencializando suas foras, fazendo com que saiam da situao de isolamento. Por isso a importncia dos movimentos na produo dos prprios materiais de divulgao, informao e formao poltica, bem como na mobilizao de trabalhadores para enfrentamento dos problemas sociais que os afligem. Agindo individualmente os trabalhadores fazem exatamente o jogo das classes dominantes, pois sozinhos so facilmente desmobilizados, cooptados ou reprimidos, sendo, assim, remotas as chances de avanos ou de conquistas. O livro contribui para o entendimento do problema da moradia, a partir de um ponto de vista que no o das classes dominantes, mas, sim, dos sem-teto, demonstrando a falcia da tese do espao e desenho urbanos, por conseguinte, dos equipamentos pblicos, das obras ou intervenes do urbanismo, da arquitetura, da engenharia, entre outras reas enquanto neutros, portanto, passveis de serem tratados de forma apoltica, como se estivessem alheios ou acima dos interesses e dos conflitos entre classes sociais e suas fraes, como se fossem questes inerentemente tcnicas, logo, totalmente desvinculadas de aspectos polticos ou ideolgicos. Contribui, ainda, para a percepo de relaes entre a questo urbana e outras que impactam direta e cotidianamente as condies de vida dos trabalhadores, especialmente daqueles que moram em regies perifricas e mais pobres dos municpios. O livro colocado disposio num momento histrico oportuno, qual seja, o dos preparativos finais para a realizao da Copa do Mundo no Brasil, quando, no sem reaes incisivas de setores das classes trabalhadoras, diversas medidas esto sendo adotadas pelo Estado para deixar no s o meio, mas todo o campo livre para o jogo do capital, especialmente do capital imobilirio, fato que, contraditoriamente, resultou em mais um movimento, o Comit Popular dos Atingidos pela Copa.3
Submetido em: 07-06-2014
Aprovado em: 27-06-2014
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